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domingo, 1 de agosto de 2021

Largue o cel e olhe para o céu #23

M20 - Nebulosa Trífida

Aléxia Lage



Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #022 - M20 - Nebulosa Trífida.

M20 é conhecida como a Nebulosa Trífida e se localiza na constelação Sagittarius (Sagitário). Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação.

Para entender a origem de Sagitário e sua conformação, é preciso compreender a influência das mitologias nas denominações celestes. A constelação é representada como um centauro, uma criatura mítica com a parte inferior como a de um cavalo com quatro patas e, a superior, com o torso e a cabeça humanas, com uma capa atada ao pescoço e empunhando um arco e flecha (Figura 01), apontada para a constelação vizinha de Escorpião (Scorpius) (Figura 02). Sagittarius é uma constelação de origem suméria, representando o deus da guerra e da caça, concebido como um arqueiro centauro com asas. Posteriormente, os gregos teriam adotado o centauro, sem as asas (RIDPATH, 2018). Para Eratóstenes, que nós conhecemos como aquele que calculou a circunferência da Terra em tempos idos, tratava-se de Crotus, filho de Eupheme, a enfermeira das musas, e não um centauro, pois este não utilizava arcos, além de possuir uma cauda de sátiro (uma mistura de corpo de homem e bode) (ERATÓSTENES, 1999). Alguns acreditam, erroneamente, que Sagitário representa Quíron, um centauro sábio e erudito, porém ele na verdade é representado na constelação Centaurus. Hyginus, escritor romano, disse que há um círculo de estrelas aos pés de Sagittarius “jogado como por uma pessoa em um jogo”, se referindo à constelação Corona Australis (Figura 02) (RIDPATH, 2018).

Figura 1 - Constelação de Sagittarius conforme visualizada no software Stellarium.
Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).


Figura 2 - Constelação de Sagittarius, Scorpius e Corona Australis, conforme visualizadas no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)


Sagittarius pode ser vista em latitudes entre + 55° e -90°, tendo como constelações vizinhas Aquila, Scutum, Ophiucus, Serpens, Scorpius, Telescopium, Corona Australis, Microscopium e Capricornus (CONSTELLATION GUIDE, 2020) (Figura 3).


Figura 3 - Constelações de Aquila, Scutum, Ophiucus, Serpens, Scorpius, Telescopium, Corona Australis, Microscopium e Capricornus, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha branca delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).


Oficialmente, a constelação recebe a designação Sagittarius, a abreviatura Sgr e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pelo genitivo Sagittarii. As estrelas principais de Sagittarius são: Rukbat (α Sagittarii ou α Sgr), β1 Sgr e β2 Sgr (dupla ótica), Alnasl (γ Sagittarii ou γ Sgr), Kaus Media (δ Sagittarii ou δ Sgr), Kaus Australis (ε Sagittarii ou ε Sgr), Kaus Borealis (λ Sagittarii ou λ Sgr), Nunki (σ Sagittarii ou σ Sgr) e μ Sagittari ou μ Sgr e (Figura 4) (RÉ; ALMEIDA, 2000) (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

Figura 4 - Constelação de Sagittarius conforme visualizada no software Stellarium e as suas principais estrelas. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

É também nesta constelação que se localiza M20, a Nebulosa Trífida, também denominada no New General Catalog como NGC 6514 (Figura 5).

Figura 5 - Nebulosa Trífida. Fonte: (TODD BOROSON/NOIRLAB/NSF/AURA, 2020).

Trífida, segundo o Grande Dicionário Houaiss, é uma palavra que significa “que tem três partes ou que pode ser desdobrado em três partes” (“Trífida”, 2012). Esta nebulosa aparenta estar dividida em três partes, por isso então o seu nome.

M20, na verdade, é composta por vários objetos do céu profundo: uma nebulosa de emissão, uma nebulosa de reflexão, uma nebulosa escura e um aglomerado estelar aberto. Ao visualizar-se esta nebulosa, faz-se necessário explicar com um pouco mais de detalhe de que se tratam esses objetos que a compõem. A cor avermelhada que se vê na M20 está relacionada com a nebulosa de emissão, composta por nuvens gasosas de hidrogênio muito aquecidas, onde estão se formando novas estrelas. Essas nuvens são energizadas pela luz ultravioleta de estrelas adjacentes, ou seja, elas estão emitindo luz devido à ionização do gás nelas existentes. Já a cor azulada se deve às nuvens de poeiras interestelares, que apenas refletem a luz de estrelas próximas, e por isso foi caracterizada como uma nebulosa de reflexão. São também regiões formadoras de estrelas. A nebulosa escura consiste de nuvens de poeira absorventes e bloqueantes da luz visível dos objetos que se localizam atrás dela. A aparente divisão em três partes de M20 se deve a esta nebulosa, que é conhecida pela denominação Barnard 85 (B85). E, o aglomerado aberto localizado no centro da Nebulosa Trífida, conhecido como C1759-230, que é envolvido pela nebulosa avermelhada de emissão (MESSIER OBJECTS, 2015).

A Nebulosa Trífida foi descoberta por Charles Messier em 1764, sendo registrada como o vigésimo objeto em seu catálogo. Edward Emerson Barnard, por sua vez, publicou em seu primeiro catálogo a nebulosa escura, identificando-a como B85, em 1919. Com diâmetro linear de mais de 40 anos-luz, sua idade é estimada em 300 mil anos. O observatório espacial Spitzer descobriu, em 2005, 30 estrelas embrionárias e 200 estrelas formadas recentemente. Acredita-se que as estrelas muito jovens e massivas já tenham se tornado em supernovas, as quais podem ser responsáveis pelas faixas de poeira observadas em M20 (MESSIER OBJECTS, 2015).

Para localizar M20, basta utilizar o asterismo Bule de Chá, formado por estrelas da constelação de Sagitário. A Nebulosa Trífida se localiza cerca de 6° da estrela Kaus Borealis (λ Sgr) (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020) (Figura 6).

Figura 6 - Localização da Nebulosa Trífida em relação à estrela Kaus Borealis (λ Sgr). Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Utilizando binóculos, M20 aparenta ser um fragmento difuso de formato circular. Com magnitude aparente de 6.3, M20 é muito brilhante, mesmo quando visto de um pequeno telescópio (80mm), revelando suas faixas de poeira escuras. Já em telescópios maiores (150mm), o formato irregular de M20 já se evidencia, assim como as três faixas escuras que surgem a partir de sua região central (MESSIER OBJECTS, 2015).

O texto foi útil para você? Agradecemos a todos aqueles que puderem enviar seus comentários, críticas e sugestões para a coluna e o material por ela disponibilizado, por meio do email skyandobservers@gmail.com.


EDIÇÕES ANTERIORES


Referências:

O asteroide (2) Pallas em 2021.

Antônio Rosa Campos

Em 11 de setembro próximo, o asteroide Pallas estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.194), quando então sua magnitude chegará a 8.5 (CAMPOS, 2020), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de pequeno porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (CHEVALLEY, 2017), objetivando sua localização nos próximos dias.



Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 2 Pallas foi descoberto em 28 de março de 1802 pelo astrônomo alemão Wilhelm Olbers (1758 - 1840) no Observatório de Bremen. Seu nome é uma homenagem a Palas, filha de Tritão, a quem Júpiter confiou-lhe a educação de Minerva que não tinha mãe. (MOURÃO, 1987).

Pontos de interferometria realizado em 1983 indicou a presença de um grande satélite. Em 1926, van den Bos e Finsen relataram uma observação visual que Pallas era duplo (Apud. Finsen, W.S., 926. In Report of Union Observatory, Mon.Not,R.astr.Soc., 86, 209.) Não há evidências que ocultações secundárias foram obtidos na época das ocultações primárias de estrelas ocorridas em 29 de maio de 1978 e 29 de Maio de 1983. Ambos os eventos foram bem observados.

E importante ainda mencionar que durante o período de sua oposição ocorrida em 2019, (2) Pallas foi registrado por câmaras fotográficas e pequeno instrumental, isso da região urbana de Porto Alegre e também no município de Arambaré, RS – Brasil, conforme reporta o observador brasileiro Carlos Arlindo Adib com as seguintes estimativas:

Na exposição fotográfica realizada pelo astrofotógrafo brasileiro Gilberto Klar Renner apresentada na figura 2, o asteroide Pallas encontra-se identificado com a letra inicial “P” muito próximo a estrela HD 118775 mV: 88, uma estrela amarela classe espectral G0 com as coordenadas equatoriais: AR=3 38 38.3, Decl: +22 43 30 (J2000.0), na constelação de Boötes.

Uma gigantesca Bola de Golfe

Recentemente observações de alta resolução angular do asteroide Pallas realizadas com o instrumento de imagem SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) do VLT (Very Large Telescope) do ESO evidenciou que (2) Pallas registra uma violenta história colisional, com inúmeras crateras com mais de 30 km de diâmetro preenchendo sua superfície e duas grandes bacias de impacto que podem estar relacionadas a um impacto de formação famíliar.

Esse alto nível de detalhe somente foi possível evidenciar com a utilização do dispositivo de Otica Adaptativa que acompanha o instrumento de imagem SPHERE. As imagens altamente sugestivas fazem com que (2) Pallas se assemelhe a uma gigantesca bola de Golfe conforme apresentado na figura 3.


Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2021. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2020. 137p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2021 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/1ESmvylsxCV-akd40ttTsAJq2kW_GgVGX/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2020.

Chevalley, P. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 4,0, March. 2017. Disponível em:  <https://www.ap-i.net/skychart/en/news/version_4.0>. - Acesso em: 04 Jan. 2019.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

Cooper, T. P. Suspected Binary Asteroids and Satellite of Asteroids. SAO/NASA Astrophysics Data System (ADS), jan. 1986. Available in <http://adsabs.harvard.edu/full/1986MNSSA..45...73C> - Acesso em: 29 jul. 2013.

Adib, C.A. Correspondência Pessoal (e-mail Fw: Nova foto registrando 2 Pallas (2019/05/13), <adibcd@yahoo.com> to: <Sky & Observers <skyandobservers@gmail.com> em 15 de mai de 2019 18:29.

O asteroide (64) Angelina em 2021.

Antônio Rosa Campos 

Em 14 de setembro próximo, o asteroide Angelina estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.517), quando então sua magnitude chegará a 11.5 (CAMPOS, 2020), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (CHEVALLEY, 2017), objetivando sua localização nos próximos dias.



Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 64 Angelina foi descoberto em 04 de março de 1861pelo astrônomo alemão Ernest Wilhelm Tempel (1821 - 1889) no Observatório de Marselha. Seu nome é homenagem de Benjamin Vals à estação astronômica do Barão de von Zach em Notre Dame des Anges, sobre as montanhas de Mimet, próximo a Marselha. (MOURÃO, 1987).

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

4 = Na carta celeste acima apresentada encontram-se ilustrada a presença do Planeta Netuno (Mv= 7.8) localizado nas coordenadas equatoriais Celeste (2000.0); ascensão reta (α): 23h31m36.6s e declinação (δ): -04°20'25", portanto acessível a instrumentos de pequeno porte.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2021. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2020. 137p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2021 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/1ESmvylsxCV-akd40ttTsAJq2kW_GgVGX/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2020.

Chevalley, P. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 4,0, March. 2017. Disponível em:  <https://www.ap-i.net/skychart/en/news/version_4.0>. - Acesso em: 04 Jan. 2019.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

O asteroide (40) Harmonia em 2021.

Antônio Rosa Campos

Em 02 de outubro próximo, o asteroide Harmonia estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = -0.228), quando então sua magnitude chegará a 9.3 (CAMPOS, 2020), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de pequeno porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (CHEVALLEY, 2017), objetivando sua localização nos próximos dias.



Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 40 Harmonia foi descoberto em 31 de março de 1856 pelo astrônomo alemão Hermann Goldschmidt (1802-1866) no Observatório de Paris. Seu nome é uma alusão a Harmonia, filha de Marte com Vênus, esposa de Cadnus, o fundador de Tebes. Ela introduziu a arte e a música na Grécia. Este nome foi sugerido pelo astrônomo francês Leverrier no desejo de "estabelecer o último monumento à felicidade do restabelecimento da paz", logo que a Guerra de Criméia acabou o acordo de paz foi assinado em Paris em fevereiro de 1856. (MOURÃO, 1987). 

Hermann Mayer Salomon Goldschmidt teve seu nome imortalizado na superfície lunar, quando uma cratera localizada próxima do polo norte lunar (diâmetro: 113 km, profundidade: 1,3 km, coordenadas selenográficas LAT: 73° 00'  00"N, LONG: 003° 48' 00"W) foi nomeada oficialmente em 1935 pelo Working Group for Planetary System Nomenclature (WGPSN), da International Astronomical Union (IAU). Os descobrimentos de Hermann Goldschmidt são ao total 14 asteroides.

Esse relevo foi registrado fotograficamente em 07 de agosto de 2011, (22:58:02 UT). Essa imagem poderá ser visualizada em: http://vaztolentino.com.br/imagens/7590-O-grande-descobridor-de-asteroides-Hermann-GOLDSCHMIDT

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2021. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2020. 137p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2021 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/1ESmvylsxCV-akd40ttTsAJq2kW_GgVGX/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2020.

Chevalley, P. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 4,0, March. 2017. Disponível em:  <https://www.ap-i.net/skychart/en/news/version_4.0>. - Acesso em: 04 Jan. 2019.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

Tolentino, R.J. V. Vaz Tolentino Observatório Lunar. O grande descobridor de asteroides Hermann GOLDSCHMIDT. ago. 2011. Disponível em: <http://vaztolentino.com.br/imagens/7590-O-grande-descobridor-de-asteroides-Hermann-GOLDSCHMIDT> - Acesso: 13 Nov. 2017.

30 Anos sem Jean Nicolini

Nelson Alberto Soares Travnik

Laureado pela Sociedade Astronômica da França, SAF, com o prêmio “George Bidault d’ Isle”; perpetuado no Observatório Municipal de Campinas com seu nome, na rodovia Americana – Nova Odessa e no Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica de Ronaldo R. de Freitas Mourão, Jean Nicolini nasceu em São Paulo, capital, no dia 09/04/1922 e faleceu no dia 23/07/1991 por volta das 13:30, quando seu Volkswagen colidiu violentamente na mureta de concreto de um viaduto na cidade de Americana/SP, para onde se dirigia para cumprir atividade no Observatório Municipal dessa cidade. Estava vindo de um congresso na cidade de Montevideo, Uruguai.  Jean juntamente com Nelson Travnik e Guilherme Grassmann haviam fundado o Observatório em 04/08/1985. Foi um duro golpe pois, apesar dos seus 69 anos, gozava de excelente saúde e disposição, ainda apto a desenvolver relevantes serviços em ambos os observatórios onde trabalhava.

Jean era filho de Noel Nicolini e Jeanne Cabrit Nicolini, ambos de origem francesa o que vem explicar sua identidade com esse país. Sua devoção a ciência do céu aconteceu com a leitura dos livros de Camille Flammarion (1842-1925), o “Poeta do Céu”, o “Mestre de Juvisy”. Jean está sepultado no cemitério de Sousas, sub-distrito de Campinas. 

UMA VIDA DEDICADA A ASTRONOMIA

Jean era leitor voraz de história antiga, arqueologia, dos grandes clássicos e amante da música erudita principalmente do ciclo barroco. Astronomia era, contudo, a razão de sua existência, o Sol que banhava sua fronte. Em 15/10/1948 com 26 anos fundava o seu Observatório do Capricórnio em São Paulo, capital, Vila Olímpia, nome escolhido por São Paulo (lat. – 23º 54’) estar próxima a latitude do Trópico da Capricórnio (-23º 27’). Mais tarde ele seria transferido para Atibaia e por fim incorporado por convênio ao Observatório Municipal de Campinas inaugurado em 15/01/1977). Jean era membro ativo das SAF, ALPO, BAA, AAVSO e colaborou com o Observatório de Meudon, França, na determinação do período de rotação do planeta Vênus. Participou do “International Mars Comitte” em 1954 para elaboração do mapa meteorológico de Marte e de 1961 a 1991 era “Standard Observer” da AAVSO. Foi observador credenciado da NASA-JPL-SMITSONIAN INSTITUTION no projeto LION para observação de TLP’s durante as missões Apollo 8 a Apollo 13. 

UM GRANDE INCENTIVADOR

Jean foi co-fundador da Associação dos Astrônomos Amadores de São Paulo, AAASP, (1949), da Sociedade Interplanetária Brasileira, SIB, (1952), da Sociedade Brasileira de Selenografia, SBS, (1956) e da União Brasileira de Astronomia, UBA, (1976). Entre seus maiores colaboradores destacavam-se Rubens de Azevedo, Rômulo Argentiére e Frederico Funari. Nunca deixava de responder uma carta que recebia de todo País, despertando inúmeras vocações. Uma das mais profícuas atenções foi a que dispensou ao jovem Rogério Marcom, mais tarde físico da Unicamp e fundador do seu Observatório Solar Bernard Lyot que ainda é referência nacional em heliofísica. Jean escreveu dois livros: “Marte, o Planeta do Mistério” e “Manual do Astrônomo Amador”, este último ainda uma referência para os astrônomos amadores. Jean desempenhou inúmeros cargos em associações de astronomia do Brasil e exterior. Era casado com Áurea Nicolini, esposa devotada e fiel colaboradora. Teve dois filhos: Ulisses (já falecido) e Leonardo.

Graças ao Jean, o qual desde 1956 mantinha intenso intercâmbio de observações e com o endosso do prefeito da Campinas, Dr. Lauro P. Gonçalves, amador de astronomia, fui convidado a vir para Campinas compor a equipe do Observatório Municipal na ocasião, o primeiro desse gênero no Brasil e que desde 1991 recebe o nome de Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini. De 1985 a 1996 exerci a direção do mesmo, ano do qual requeri minha aposentadoria, continuando a trabalhar no Observatório Municipal de Americana desde sua fundação em 04/08/1985, até quando do incêndio em 08/10/2014 e a partir de 02/10/1992 também no Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum, no qual permaneço até a presente data.


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