Translate

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Eclipse Total da Lua em 31 de janeiro 2018

Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil - AWB

I – Introdução

Em 31 de janeiro próximo teremos a ocorrência do primeiro eclipse lunar deste ano, cuja região de visibilidade total engloba grande parte do leste Asiático e do oceano pacífico, (ilhas da Polinésia, Estados Federados da Micronésia e Melanésia) Oceania e oeste da América do Norte, conforme apresentado na figura 1.

Ele será observado próximo à linha do nascer (horizonte leste) na região subcontinental indiana, Oriente Médio, região da Ásia central até a região da cordilheira dos Montes Urais na Rússia, abrangendo assim grande porção do leste europeu.

Uma pequena porção da costa oeste da América do Sul (região da Cordilheira dos Andes: Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), América Central (incluindo partes das ilhas do Caribe) e América do Norte, acompanharão este fenômeno com a Lua muito próxima de seu ocaso. O instante máximo ocorre às 13h29m51s (TU), quando a lua então estará no zênite em algum ponto sobre o pacífico norte entre as coordenadas de Latitude 17.000N e 161.000W; a duração da totalidade encontra-se estimada em 76.9 minutos (CAMPOS, 2017).

Os instantes de contato primários e as principais fases deste eclipse, também são apresentados na figura acima com tempos estimados em UTC = Tempo Universal Coordenado (em inglês: Coordinated Universal Time) sendo que a figura 2 apresenta as condições de umbra e penumbra no instante da totalidade.

II – Avaliações da coloração segundo a Escala de Danjon

Outro fato curioso é que a Lua permanecerá poderá ficar brilhante durante todo o evento, caso não haja influência significativa de aerossóis provenientes de grandes explosões vulcânicas; sua magnitude umbral deverá ser 1.317.

Felizmente temos como avaliar essa coloração. O astrônomo francês André-Louis Danjon (1890 - 1967) propôs uma escala de cinco pontos úteis para avaliar o aspecto visual e o brilho da Lua durante a fase de totalidade dos eclipses lunares. Os valores "L" (inseridos na tabela 1) para várias luminosidades são definidos da seguinte forma:


III – Conclusão

Um eclipse mais claro ou escuro, certamente a gigantesca tela lunar revelará essa informação aos observadores somente durante a ocorrência deste eclipse. Da mesma forma que os eclipses de 09 dezembro de 1992, 29 de novembro de 1993 e 16 maio de 2003 mostraram-se significativamente mais escuros que o previsto. Os eventos vulcânicos responsáveis por esses efeitos foram identificados, destacando-se dentre eles: a violenta explosão do Monte Pinatubo em Junho de 1991 e a erupção do Monte Reventador em Novembro de 2002 (VITAL, 2007).

Boas Observações!

Referências:

- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2018. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2017. 136p. Disponível em: < https://goo.gl/kniuMW> Acesso em 02 Dez.

- ________________. O Eclipse Total da Lua em 04 de abril 2015! – Sky and Observers. Disponível em <https://goo.gl/a854A4> Acesso em: 16 Dez. 2017.

- CHEVALLEY, Patrick. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 3.8, March. 2013. Disponível em:   <http://ap-i.net/skychart/start?id=en/start>. - Acesso em: 26 Nov. 2015.

- VITAL, Hélio Carvalho. Monitorando Explosões Vulcânicas na tela Lunar. REA/Brasil. REPORTE Nº 12, págs. 67/69. 2007. Disponível em: < http://www.rea-brasil.org/reportespdf/reporte12-artigo11.pdf > Acesso em: 05 mar. 2015.

O Planeta anão (1) Ceres em 2018

Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil - AWB

Em 31 de janeiro próximo, o Planeta anão Ceres estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.995), quando então sua magnitude chegará a 6.9, portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de pequeno porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa, objetivando sua localização nos próximos dias. 


Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 1 Ceres foi descoberto em 01 de janeiro de 1801 pelo astrônomo italiano Giuseppe Piazzi (1746 — 1826) no Observatório de Palermo. (Mourão, 1987). Tendo recebido inicialmente a designação de Ceres-Ferdinandea, em homenagem à deusa romana da agricultura e a Ferdinando IV (1751 - 1825) rei da Sicília (Schmadel, 2003). (1) Ceres foi designado como Planeta Anão (Dwarf Planet) durante a 26ª Assembleia Geral da União Astronômica Internacional, ocorrida entre 14 a 25 de agosto de 2006, em Praga na República Checa (IAU, 2006).   



Em 2015 a missão espacial DAWN realizou esta fotografia da superfície de (1) Ceres com a cratera 'Occator aqui representada em cores falsas apresentando diferenças na composição da superfície. Esta cratera mede cerca de 60 milhas (90 quilômetros) de largura. A coloração azul está geralmente associada com um material brilhante, e parece ser consistente com sais, tais como sulfatos. É provável que os materiais de silicato também estão presentes (DAWN, 2016).


Notas:
1 = Nota: (au)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) OAM (2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

Referências:

- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2018. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2017. 136p. Disponível em: < https://goo.gl/kniuMW> Acesso em 02 Dez.

- CHEVALLEY, Patrick. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 3.8, March. 2013. Disponível em:   <http://ap-i.net/skychart/start?id=en/start>. - Acesso em: 26 Nov. 2015.



- Dawn Home (NASA-JPL). <http://dawn.jpl.nasa.gov/multimedia/images/image-detail.html?id=PIA20180> - Acess in. 11 Jan. 2017.

O asteroide (19) Fortuna em 2018

Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil – AWB

Em 01 de fevereiro próximo, o asteroide Fortuna estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = -0.997), quando então sua magnitude chegará a 10.1, portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio e pequeno porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa, objetivando sua localização nos próximos dias. 

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 19 Fortuna foi descoberto em 22 de agosto de 1892 pelo astrônomo inglês John Russel Hind (1823 - 1895) no Observatório de Londres. Seu nome é alusão a uma das mais poderosas divindades dos antigos, a deusa da fortuna. (MOURÃO, 1987).

John Russell Hind teve seu nome imortalizado na superfície lunar, quando uma cratera de 29 Km de diâmetro e 3 Km de profundidade, localizada nas coordenadas selenográficas LAT: 07° 54' 00? S e LON: 007° 24' 00? E, foi nomeada oficialmente em 1935 como HIND, pelo Working Group for Planetary System Nomenclature (WGPSN), da International Astronomical Union (IAU). Hind também descobriu e observou estrelas variáveis, além de descobrir Nova Ophiuchi 1848 (V841 Ophiuchi), a primeira nova dos tempos modernos (desde a supernova SN 1604).

Esse relevo foi registrado fotograficamente em duas oportunidades pela equipe do Vaz Tolentino Observatório Lunar (VTOL), em 24 de agosto de 2012 e 01 de maio de 2013. A composição de ambas imagens poderá ser visualizada em: http://www.vaztolentino.com/imagens/7587-Cratera-HIND

Notas:
1 = Nota: (au)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) OAM (2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

Referências:

- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2018. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2017. 136p. Disponível em: < https://goo.gl/kniuMW> Acesso em 02 Dez.

- CHEVALLEY, Patrick. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 3.8, March. 2013. Disponível em:   <http://ap-i.net/skychart/start?id=en/start>. - Acesso em: 26 Nov. 2015.



- TOLENTINO, Ricardo J. Vaz; (VTOL) Disponível em: <http://www.vaztolentino.com/imagens/7587-Cratera-HIND> - Acesso: 13 Nov. 2017.

O asteroide (51) Nemausa em 2018

Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil – AWB

Em 09 de fevereiro próximo, o asteroide Nemausa estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.789), quando então sua magnitude chegará a 9.8, portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio e pequeno porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa, objetivando sua localização nos próximos dias. 


Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 51 Nemausa foi descoberto em 22 de janeiro de 1858 pelo notável aluno da escola de Marselha, A. Laurent que observava no Observatório particular de Benjamin Valz, em Nîmes. Seu nome e uma homenagem à cidade e a fonte dedicada ao deus Nemausus. Forma feminina de Nemausum, nome latino de Nîmes, cidade onde foi descoberto. (MOURÃO, 1987).

Em 1939 (51) Nemausa foi selecionado por Bengt Strömgren (1908 - 1987) do observatório de Copenhagen com o objetivo de melhorar os catálogos fundamentais das estrelas; uma das ocultações favoráveis para a determinação de curva de luz, tamanho e forma foi à ocorrida em 11 de setembro de 1983, quando então (51) Nemausa ocultou a estrela 14 Piscium, visível numa faixa densamente povoada dos Estados Unidos de modo que um perfil detalhado pode então ser determinado; entretanto não foi observada nenhuma ocultação secundária nesta oportunidade.

Notas:
1 = Nota: (au)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) OAM (2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

Referências:

- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2018. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2017. 136p. Disponível em: < https://goo.gl/kniuMW> Acesso em 02 Dez.

- CHEVALLEY, Patrick. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 3.8, March. 2013. Disponível em:   <http://ap-i.net/skychart/start?id=en/start>. - Acesso em: 26 Nov. 2015.




- DUNHAM, E.W. et al. “Results from the Occultation of 14 Piscium by (51) Nemausa”, Astronomical Journal 89: 1755-1758, 1984.

A curiosa trajetória de uma luneta por três observatórios paulistas

Nelson Alberto Soares Travnik (*)
nelson-travnik@hotmail.com
Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum

Década de 1920. Dois anos somente após a assinatura do armistício com o Tratado de Versailles, impondo a Alemanha exorbitantes reparações de guerra. Os sons do ‘Charleston’ invadem os salões e os Ford ‘bigode’ inauguram os congestionamentos. No Brasil, a cosmografia é parte do currículo escolar e a maioria das pessoas sabem que o Sol é uma estrela e a Lua não tem luz própria. Não há TV, computador e nem sequer o plástico. Em São Paulo, capital, um mapa da cidade mostra as localizações do Observatório de São Paulo – mais meteorológico do que astronômico – na Avenida Paulista nº 69 e o Observatório de São Bento no Alto de Santana.

Observatório de São Bento

A Ordem dos Beneditinos, resolve montar um observatório astronômico e para isso importa á renomada firma alemã C. A. Steinheil de Munique, uma luneta com objetiva de 175 mm e 2625 mm de distância focal, equipada com micrometro filar, helioscópio de polarização e câmara astrográfica, no valor de 6.000 Marcos-Ouro bem como uma cúpula com 5 m de diâmetro com revestimento externo de cobre e interno de madeira, no valor de 5.000 Marcos-Ouro. A luneta e a cúpula chegam ao Brasil em recibo datado de 15/11/1921, em nome do Rev. Abade Miguel Kruse. Uma outra encomenda constante de duas pêndulas astronômicas no valor de 1.756 Marcos-Ouro é feita à firma alemã de Berlin, Strasser u. Rohde pelo também Abade Miguel Kruse. Elas chegam ao Brasil em 03/05/1924 em nome de O. Ildefons Stehle. Tudo é cuidadosamente montado em um prédio construído pela Ordem no Alto de Santana e denominado Observatório de São Bento por volta de 1930. Um padre de nome D. Theodoro Kok faz parte do projeto. As atividades do Observatório não são conhecidas, mas a sua importância é refletida pela observação do eclipse lunar de 28/10/1939 mencionado pelo Dr. Alypio Lima de Oliveira (1886-1956), diretor da Diretoria do Serviço Meteorológico e Astronômico do Estado de São Paulo e autor do projeto do novo Observatório de São Paulo no Parque do Estado, bairro Água Funda. A utilização da luneta Steinheil foi utilizada nesse eclipse pelo Observatório de São Paulo em razão de que, sua luneta Carl Zeiss também com objetiva de 175 mm não estar na época ainda instalado. Por volta de 1940 surge um imprevisto: o monge responsável pelos trabalhos do Observatório, por razões insondáveis, abandona o sacerdócio e abandona tudo. Desapontados pelo episódio e na falta de um substituto à altura, a Ordem decide fechar o Observatório e transfere os instrumentos para um galpão em Arujá. O belo Observatório de São Bento precocemente chega ao fim.

Observatório Astronômico Bandeirante

Em 1951, um astrônomo amador e próspero comerciante na capital, João Octavio Nebias, ciente do abandono dos instrumentos, procede a compra de todo o patrimônio por Cr$50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros), segundo depoimento prestado por ele ao astrônomo Paulo Marques dos Santos do IAG-USP. O novo proprietário instala então em 1952 nos fundos de sua residência à então na época, rua Estrada da Cantareira nº 3344, o seu Observatório Astronômico Bandeirante que é registrado sob nº 267.514 na Empresa Mercúrio de Marcas e Patentes Ltda., no dia 24/05/1954. Na instalação dos instrumentos recebeu auxílio do insigne astrônomo Abraão de Morais (1917-1971) e do prof. A. Schutz. O Dr. Alypio Leme de Oliveira é também um dos que visitam o Observatório atestando assim a importância de suas instalações. Pouco se conhece sobre os trabalhos do Observatório e, mais tarde, as luzes da cidade vão gradativamente se aproximando do Observatório. É cogitada então a transferência do Observatório para a Fazenda Bom Jardim da família. Para lá é levada a parte óptica da luneta e acessórios. Mas João Octavio Nebias doente e em idade avançada vem a falecer não vendo o projeto ser realizado.

Observatório Astronômico de Piracicaba

Soube da existência do Observatório Bandeirante em 1986 graças ao colega do IAG-USP, Paulo Marques dos Santos. Por duas ocasiões fui visitar o Observatório em companhia do colega de Americana, Guilherme Grassmann. Àquela época encontramos o Observatório já desativado e seu proprietário já bastante idoso. Em 1989 soubemos do seu falecimento. Segundo sua esposa, todo o patrimônio do Observatório estava sob os cuidados do herdeiro, José Octavio Nebias. Em contato com ele, adiantou disposto a vender tudo uma vez que ninguém da família se interessava na utilização dos instrumentos. Acertamos então um preço para a luneta cujo recibo é datado de 30/08/1991. Não fiquei sabendo do destino das duas pêndulas astronômicas bem como um cronometro de marinha adquirido posteriormente pelo proprietário. Na ocasião, a aquisição do refrator só me foi possível com a venda de um terreno que possuía na cidade de Matias Barbosa, MG, ode vivi de 1944 a 1976 e onde havia fundado o Observatório Astronômico Flammarion (1954-76). Houve certa relutância na venda da luneta pois ela estava atrelada a cúpula de 5 m e era desejo vende-la junto com o mesmo. Não dispondo de mais recursos, prometi ao Sr. José O. Nebias que iria encontrar um comprador para ela o que de fato aconteceu com a implantação do Observatório Municipal de Diadema para o qual foi vendida a Prefeitura e que se encontra lá até hoje. A primeira oportunidade de instalação da luneta Steinheil foi para um projeto do Clube de Astronomia de Vinhedo, CAV, presidido pelo físico e colega, Paulo Bedaque Sanches, visando à construção de um observatório municipal naquela cidade. Levado ao prefeito José Carlos Gasparini, o projeto foi encaminhado à Câmara Municipal e aprovado por 10 votos contra 4. Houve até escolha do terreno e lançamento da Pedra Fundamental, mas logo tudo ficou esquecido. Mais tarde soubemos que haviam utilizado o projeto do observatório para outras finalidades ... decerto lucrativas. Mas ás vezes como muito bem diz o ditado, “não há nada como um dia depois do outro”, no início de 1992, graças ao empenho da Associação dos Astrônomos Amadores de Piracicaba, AAAP, e da ESALQ – USP em ceder o terreno, o prefeito José Machado resolve construir o Observatório Astronômico de Piracicaba que é inaugurado em 02/10/1992 contando com a luneta Steinheil, uma cúpula de 4.80 m de diâmetro, biblioteca e material pedagógico por mim oferecidos. O Observatório que viu seu nome ampliado para Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum, OAPES, homenageando assim seu fundador já falecido, completou em 2017, 25 anos de atividades ininterruptas com uma invejável folha de serviços prestados as escolas, população, turismo bem como trabalhos científicos. A luneta Steinheil, exemplo notável de mecânica fina com óptica excepcional, único dessa marca e porte no País, leva o nome de João Octavio Nebias e do seu Observatório Astronômico Bandeirante.

Referências:

- SANTOS, Paulo Marques. IAG - Memória sobre sua Formação e Evolução, Editora Eduasp, USP, 2005.
- TRAVNIK, Nelson Alberto Soares. Uma Luneta Única no Brasil, Uranometria Nova, SP, 28/01/2008.
- TRAVNIK, Nelson Alberto Soares. A História Desdobrada do Observatório de São Bento, revista Astronomy Brasil, 2007.

(*) Nelson Alberto Soares Travnik, é astrônomo responsável pelo Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum - OAPES e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

O Eclipse Total do Sol em 08 de abril de 2024.

Antônio Rosa Campos Em 08 de abril próximo, teremos a ocorrência do segundo eclipse neste ano; visível na América Central (México) e na porç...