Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

Personagens da nossa Astronomia

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
(*1935 - )


*Nelson Travnik
Ele está presente em todas as livrarias. Ao longo dos 77 anos que estará completando na sexta-feira, 25 de maio, 2012, já são mais de 85 obras publicadas! Um recorde da astronomia brasileira. Conhecido internacionalmente, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é natural do Rio de Janeiro. No dia em que nasceu, o Sol estava no Touro entre as magníficos aglomerados abertos das Híades e das Plêiades. Sempre presente nos meios de comunicação, ainda é o astrônomo mais conhecido do Brasil.



FORMAÇÃO

O currículo de Mourão é extenso. Desde cedo se interessou pela astronomia e escrevia artigos para a revista Ciência Popular. Fez-se bacharel em física (1959), licenciado em física (1960), doutor em ciências pela Sorbonne de Paris (1967), bolsista e pesquisador em observatórios da Bélgica, França, Portugal e no Chile. A partir de 1956 ingressou no Observatório Nacional do Rio de Janeiro, CNPq – MST, atuando como Astrônomo Chefe de 1968 a 1975.

FILIAÇÕES – INICIATIVAS – PARTICIPAÇÃO

Desde 1961 é membro da Comissão 26 da União Astronômica Internacional, IAU, sobre Estrelas Duplas Visuais e da Comissão 42 sobre História da Astronomia. Foi fundador em 1984 do Museu de Astronomia e Ciências Afins, do qual foi diretor até 1989. É também fundador e Presidente de Honra do Clube de Astronomia do Rio de Janeiro, CARJ, (1976) . É membro da IAU (1961) e atua como pesquisador titular do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Pertence a Sociedade Brasileira de Física, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC, a Sociedade Astronômica Brasileira, SAB, (fundador), a Sociedade Brasileira de História da Ciência (fundador) e a Associação de Jornalismo Científico do Rio de Janeiro (fundador). No exterior é membro de várias associações de astronomia das quais se destacam a Société Astronomique de France, SAF, a Royal Astronomical Society (Londres) e a Società Astronomica Italiana.

HOMENAGENS

São tantas as homenagens e títulos recebidos pelo insigne astrônomo que é difícil enumerar todas. Entre elas vale ressaltar o Prêmio José Reis, instituído pelo CNPq. Em 2005 recebeu o prêmio “Suprema Honra ao Mérito” da Universidade Sokade de Tóquio, Japão. Ainda no Japão, recebeu um segundo prêmio o “Prêmio de Cultura e Paz” da SGI-Soka Gakkai Internacional, prêmio este que havia sido também outorgado a Linus Pauling, Prêmio Nobel da Paz.

PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS

Em seu extenso currículo, vale ressaltar as seguintes :

1956- Observações de Marte durante a oposição de 1956 no ON;

1961- Apresentação de um trabalho sobre Estrelas Duplas Visuais no Simpósio da IAU de 11/12 de agosto em Berkeley, EUA;

1962- Apresentação em julho de 1962 na Assembléia Geral da IAU, trabalho sobre a periodicidade das faixas do planeta Júpiter e a transparência dos anéis de Saturno, que mereceu elogios dos renomados astrônomos A. Dollfus de Paris E V. Moroz da Academia de Ciências de Moscou;

1964- Apresentou um trabalho no “Colloque d’ Calcul Numérique e Mathématique Appliqué de Sille, estabelecendo novas relações a serem utilizadas na ligação do método de Thiele-Innes;

1966- Apresentação de um trabalho sobre novo método de cálculo de órbitas circulares de estrelas duplas visuais no Colloque d’ Calcul Numérique e Mahématique Appliqué de Rouen;

1968- Foi indicado pela Dra. Barbara Middlehurst, da Smithsonian Institution como Coordenador no Brasil do Programa LION (Lunar International Observers Network) para colaborar com observações lunares no Projeto Apollo da NASA-JPL. Envolvendo 23 profissionais e amadores, o programa foi um sucesso e muito elogiado pelos participantes;

1969- Neste ano constatou a existência de um companheiro invisível da estrela dupla Aitken 14 que foi confirmada pelo astrônomo Baize do Observatório de Paris. Na ocasião Mourão levantou a hipótese de que poderia ser um novo sistema solar;

1971- Em junho apresentou dois trabalhos na reunião anual da SBPC em Curitiba, PR, sobre estrelas duplas visuais;

1972- Neste ano de 3 a 7 de abril, participou do Colloque nº 18 da IAU sobre Asteroides, Cometas e Matéria Meteorítica em Nice, França, ocasião em que apresentou um trabalho sobre os efeitos dos erros de medidas no método das dependências utilizado em astrometria fotográfica;

1974- Participou neste ano do Colloque nº 33 da IAU em Oaxtepec, México, onde apresentou duas comunicações sobre os sistemas múltiplos Hussey 1339 e Córdoba 197;

1980- Em seu estágio no Observatório em La Silla, Chile, Mourão descobriu nada menos que 72 novos asteroides. Seu nome está imortalizado no asteroide nº 2590 descoberto em 22 de maio de 1980 pelo astrônomo belga Henri Debehogne.

De todos os trabalhos feitos por Mourão, os de estrelas duplas eram seus preferidos, sua grande paixão e para isto concorreu a utilização das lunetas Cooke de 32 e 46 cm de abertura do Observatório Nacional do Rio de Janeiro.

LITERATURA ASTRONÔMICA

Ao lado de mais de 600 artigos publicados em jornais e revistas, Mourão é e será por longos anos o astrônomo brasileiro e quiçá das Américas, que mais livros escreveu e ainda continua a escrever apesar da idade. Certa ocasião chamei-o de "Flammarion Brasileiro", comparando-o ao "Mestre de Juvisy". De todos os títulos, o destaque fica para o seu ‘Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica’, editora Nova Fronteira, obra exaustiva com 20 mil verbetes e que consumiu muitos anos.


É impossível aos astrônomos e ao leigo interessado, não possuir esta obra em sua estante. É no gênero a mais completa das Américas e que mereceu elogios de algumas das maiores celebridades da astronomia, história e ciência em geral.

A PESSOA

Conheci Mourão desde os tempos da mocidade quando vez por outra visitava o Observatório Nacional para usufruir de seus conhecimentos. O que diferencia Mourão é a maneira gentil e atenciosa que atende a todos, principalmente os astrônomos amadores. Minha identidade com ele é muito grande tanto pela acolhida no ON como ás vezes em sua residência. Isso talvez em parte seja porque somos da mesma idade, do mesmo Estado e por nutrir ambos a mesma paixão pela ciência do céu. Através de suas obras ele é e ainda será por muitas gerações, o que mais desperta mentalidades voltadas a astronomia. Mourão é uma referência e um orgulho para o Brasil.

*Nelson Travnik é astrônomo nos observatórios municipais de Americana e Piracicaba, SP e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

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