O Céu do mês – Novembro 2011

Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil – AWB

O mês de novembro deste ano poderá ser marcado simbolicamente pelo envolvimento da Lua, dos planetas mais brilhantes, os mais afastados do Sol e ainda, brilhantes estrelas em bons espetáculos para ser apreciados no céu noturno. Netuno no dia 09 e Mercúrio no dia 20 estarão estacionários. Mas nada disso será tão interessante quanto o eclipse parcial do Sol que ocorrerá no hemisfério sul. Ele será visível no sul dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, abrangendo localidades no continente africano e na Oceania.



O Eclipse Parcial do Sol

Este é o ultimo eclipse solar que ocorre no ano e poderá ser observado em alta latitude do hemisfério sul, então o fenômeno ocorrerá no sul dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico; Antártida, Sul da Nova Zelândia, Tasmânia, Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, sudoeste da África do Sul e extremo sul da Namíbia.

No instante máximo do eclipse (06:21 TU), o fenômeno estará ocorrendo próximo a Peter I Island, um ponto localizado na região Antártida do Mar de Amundsen.



Planetas, Asteróides e Cometas!

Mercúrio = Logo no primeiro dia deste mês, Mercúrio estará na constelação de Libra, juntamente com Vênus. Entretanto já no segundo dia, ingressará na constelação de Scorpius atravessando aquela área do céu até o dia 08, quando então passa a constelação de Ophiuchus. Sua proximidade a constelação de Scorpius e não é tão grande, pois no dia 10, ele estará a 3,9º norte de Antares. Sua permanência nesta constelação de Ophiuchus também será breve, visto que retornará as fronteiras da constelação de Scorpius até o dia 15 de novembro; seu trânsito por essa área do céu não terminará, porque ele retorna constelação de Ophiuchus. As magnitudes estimadas para Mercúrio neste período são: 01/11 = -0.3, 15/11 = -0.2 e em 30/11 = 3.1.

Vênus = Com uma magnitude de -3.9 localizaremos Vênus ainda na constelação de Libra. Juntamente com Mercúrio, ele também já no segundo dia ingressará na constelação de Scorpius atravessando aquela área do céu até o dia 09 quando também, passa a constelação de Ophiuchus. Transitando naquela área do céu até o dia 24, fará ingresso na constelação de Sagittarius. Vênus ainda estará no seu afélio em 29/11 com uma distância ao Sol em 0.73 UA. Suas elongações são favoráveis a observação de suas fases, variando de 0,942 em 01 de novembro a 0,895 em 30/11.

Marte = Na Constelação de Leo, Marte vem surgindo cada vez mais cedo nas madrugadas. Sua magnitude vem gradativamente apresentando aumentos também (1.1 em 01/11 e 0.8 em 30/11 respectivamente), sendo que seu posicionamento favorece as observações do hemisfério (e conseqüentemente a calota polar) norte. Em 11/11, Marte estará a 1.3° norte de Regulus (mag. 1.41) formando um interessante par com esse alinhamento; Mas muito mais interessante será em 18/11, quando a Lua (fração iluminada = 0,46%), juntar-se-á neste par formando uma bela conjunção.

Júpiter = Resplandecente ainda pela proximidade de sua oposição ocorrida em 28 de outubro último, Júpiter continuará atraindo a atenção dos observadores, pois se encontra com uma magnitude bastante favorável (-2.9) até o dia 21 próximo, quando começa a cair gradativamente, chegando a (-2.8) no dia 30. Entretanto o gigante gasoso Júpiter continua apresentado belos espetáculos no céu; fiquei surpreso ao constatar que durante seu trânsito ainda constelação de Aries, ele ocultará a estrela TYC 626-1030-1 (AR: 01h 58m 48.3100s e Dec: +10° 38' 40.575" - J2000.0) de magnitude 9.6. Infelizmente esse evento não é visível no Brasil.

Saturno = Caso você possa acordar algumas horas antes, dentro do limite dos Crepúsculos matutinos, é possível observar Saturno, mas ainda baixo no horizonte oeste. Aparecendo na linha do nascer a cada dia mais cedo, Saturno pode ser localizado na constelação de Virgo e no dia 15, ele estará próximo a Spica cerca de 4.3° com uma magnitude de 0.7.

Urano = Após sua oposição ocorrida em setembro último o planeta Urano, que foi bastante observado durante nossos Star Parties do Observatório Wykrota, continua sua jornada pela constelação de Pisces. Em 06 de novembro ele estará cerca de 5.7º Sul da Lua que neste dia, estará com 0.80% de fase com uma magnitude 5.8. Essa conjunção é apenas uma referência para buscar sua observação até mesmo com um binóculo, visto que seu ocaso para as regiões do continente sul-americano ocorre na madrugada.

Netuno = Passada a sua oposição, neste mês o planeta Netuno continua com sua magnitude em 7.9 e na constelação de Aquarius. No dia 04 deste mês ele estará localizado apenas 5.6° Sul da Lua, que nesta data apresentará 0.63% de fase. Em 10 de novembro próximo ele estará estacionário.

Ceres e Plutão = Ambos planetas menores encontram-se em posições bastante favoráveis de observação para aqueles que possuem um bom instrumento ótico. Ceres que neste início de mês possui uma magnitude (7.8), após sua oposição ocorrida em 16 de setembro passado, sofrerá uma queda de magnitude (estimada em 8.3) quando no final do mês, permanecendo na constelação de Aquarius. Plutão (14.1) permanece na constelação de Sagittarius, e em 29 de novembro próximo ele estará próximo a brilhante estrela HD 221745 (mag= 5.9) o que facilitará sua identificação.

Asteróides:

De um modo geral, este mês poderá ser considerado muito promissor para as observações dos asteróides, sendo que as oposições ocorrerão em 03/11, (31) Euphrosina (mag 10.2); em 11/11, (68) Leto (mag 9.6); 12/11 o asteróide (40) Harmonia (mag 9.4); 13/11, (14) Irene (mag 10.2) e finalizando este profícuo período, em 24/11, o (63) Ausonia (mag 11.0) poderá estar dentro dos limites de observacionais de equipamentos de médio porte.

A presença da Lua Cheia em 10/11 (20:18 TU) poderá ofuscar as observações planejadas no período de 07 a 14 de novembro, mas as janelas observacionais serão favoráveis antecedendo e procedendo este período.

Cometas:

As expectativas observacionais vão aumentando, na mesma proporção em que as magnitudes do P/2006 T1 (Levy) tornam-se favoráveis. Após a Lua Cheia, ele poderá ser observado na constelação de Lacerta até o dia 28, quando ingressa na constelação de Pegasus.

Constelação:

Pisces


Normalmente quando nos referimos às constelações, estamos mentalmente realizando a mesma interpretação que nossos observadores do céu no passado faziam. É também bastante interessante a associação feita no "Guia de Campo das Estrelas e Planetas" por Donald H. Menzel. Então para falar dessas Águas Celestiais, este mês ilustraremos essa crônica com a grande constelação de Pisces.

Embora não seja uma constelação com inúmeras estrelas brilhantes, Pisces torna-se um bom desafio aos observadores de céu profundo, visto que ali encontramos o M 74, uma Galáxia Espiral de magnitude 9.4 e dimensões: 10.0' x 9.4'. Entretanto um desafio realmente interessante para telescópios de 12” será a observação deste fantástico grupo de galáxias (figura 4) abaixo, cuja mais brilhante, NGC 524 (Mag 10.3) é uma espiral.


Outra particularidade desta constelação é Alpha Piscium (Alrescha 4.1), uma binária fácil de ser observada que, juntamente com seu par secundário (mag. 5.2), descrevem uma órbita de 720 anos em torno de um centro de gravidade comum.

Finalmente a carta celeste dessa gigantesca constelação.


Boas Observações!

Referências:

- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas - Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ) - 1987, 914 P.

- Campos, Antônio Rosa - Almanaque Astronômico Brasileiro 2011, Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais) Belo Horizonte (MG) - 2010, 93P.

- Burnham, Robert Jr. – Burnham´s Celestial Handbook (23567-X, 23568-8, 23673-0)– An Observer´s Guide to the Universe beyond the Solar System – Vol. One – Dover Publications, Inc. New York – USA, 1978.

- Espenak, Fred - http://eclipse.gsfc.nasa.gov - Acesso em 05/10/2011.
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