A chuva de meteoros Ursídeos (015 URS) é um fluxo anual característico do final de dezembro, associado ao **cometa 8P/Tuttle, cujo período orbital é de aproximadamente 13,6 anos. O radiante localiza-se na constelação da Ursa Menor, embora o nome tradicional e oficial reconhecido pela IAU e IMO seja simplesmente “Ursídeos”. Essa distinção decorre da convenção internacional que suprime o termo “Menor” para evitar ambiguidade com outras constelações de mesmo gênero.
Figura 1. Imagem ilustrativa do céu noturno; não mostra o radiante real das Ursídeas (015 URS).
O cometa 8P/Tuttle foi descoberto em 1790 e constitui o corpo-pai responsável pelos detritos que cruzam a órbita terrestre, gerando a corrente meteórica dos Ursídeos. A associação foi confirmada por Jopek (2011) com alta confiabilidade, e detalhada por Jenniskens (2006) como um exemplo de fluxo cuja atividade se mantém mesmo quando o cometa encontra-se no afélio. A poeira ejetada há séculos continua a produzir surtos periódicos de meteoros brilhantes, sobretudo quando a Terra cruza regiões mais densas da corrente.
🌠 Condições de observação e fase lunar
A atividade das Ursídeas se estende de 17 a 26 de dezembro, com máximo previsto para 22 de dezembro às 10h UTC (λ⊙ = 270°.7). A velocidade meteórica pré-atmosférica (V∞) é de 33 km/s, classificada como baixa-média na escala (11–72 km/s). Essa velocidade resulta em meteoros de brilho moderado e rastros persistentes, geralmente amarelados ou esverdeados.
Em 2025, as condições serão notavelmente favoráveis: o máximo ocorrerá dois dias após a Lua Nova (20 dez – 01:44 UTC), garantindo céus escuros e sem interferência lunar. O terminador lunar — a linha que separa a parte iluminada da parte escura da Lua — estará próximo ao limbo oriental, permitindo observações prolongadas durante toda a madrugada. Embora o radiante seja circumpolar para o hemisfério norte, observadores do hemisfério sul poderão registrar meteoros rasantes, especialmente nas regiões setentrionais do Brasil.
A taxa horária zenital (THZ ou ZHR) típica é de cerca de 10 meteoros/hora, podendo atingir 50 meteoros/hora em surtos ocasionais. Grandes outbursts ocorreram em 1945, 1986 e 2000, com picos associados à interação da Terra com filamentos densos deixados por antigas passagens do cometa.
🌠 Condições de visibilidade — Brasil e América do Sul
O radiante das Ursídeas (α = 217° / δ = +76°) situa-se em uma declinação extremamente alta, o que torna sua visibilidade no hemisfério sul bastante limitada. Para observadores localizados nas latitudes mais baixas do Brasil setentrional (Roraima, Amapá e norte do Pará), o radiante pode ser detectado muito baixo no horizonte norte, entre 02h e 04h (HLB), principalmente sob céus escuros e horizontes desobstruídos.
Nas latitudes médias e altas do hemisfério norte (EUA, Canadá, Europa e Ásia setentrional), o radiante é circumpolar, permanecendo visível a noite inteira. Nessas regiões, as condições serão ideais em 2025, pois o pico da atividade coincide com a Lua Nova.
Apesar da dificuldade de observação em latitudes austrais, as Ursídeas merecem atenção por representarem uma corrente meteórica ativa e cientificamente relevante, testemunhando a persistência de partículas associadas a cometas periódicos.
🌠 Considerações práticas
- Velocidade (V∞): 33 km/s — baixa-média
- Atividade: 17 – 26 dezembro 2025
- Máximo: 22 dezembro 2025 – 10h UTC
- Radiante (J2000): α = 217° / δ = +76°
- THZ ou ZHR: ~10 meteoros/hora (podendo atingir 50 em surtos)
- Corpo-parental: Cometa 8P/Tuttle
- Observação favorecida: Hemisfério Norte
- Fase Lunar: Lua Nova (20 dez 2025)
- Melhor janela: madrugada de 21 para 22 dezembro, antes do amanhecer
As Ursídeas marcam o encerramento do calendário anual de chuvas meteóricas com um espetáculo discreto, porém histórico. O vínculo com o cometa 8P/Tuttle reforça a natureza cíclica das correntes meteoroides e ilustra como fragmentos cometários continuam ativos, cruzando a órbita da Terra séculos após sua ejeção.
🔭 Boas observações e céus limpos!
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Referências:
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RENDTEL, J. (Ed.). International Meteor Organization — Meteor Shower Calendar 2025. IMO Info (3.1-24). Potsdam: International Meteor Organization, 2024. Disponível em: <https://www.imo.net/resources/calendar/>. Acesso em: 19 nov. 2025.
JOPEK, T. J. Meteoroid Streams and Their Parent Bodies. Memorie della Società Astronomica Italiana, v. 82, p. 310–320, 2011. Disponível em: <https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2011MmSAI..82..310J>. Acesso em: 19 nov. 2025.
JENNISKENS, Peter. Meteor Showers from Broken Comets. ESA SP-643 – Dust in Planetary Systems. Noordwijk: ESA Publications Division, 2007. Disponível em: <https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2007ESASP.643....3J>. Acesso em: 19 nov. 2025.
VAUBAILLON, Jérémie. Meteor Outburst Predictions for 2025. IMCCE, Paris Observatory, 2024.
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