As Coma Berenicídeas (020 COM) constituem uma chuva de meteoros discreta, porém cientificamente interessante, devido à sua longa duração e elevada velocidade de entrada. Ativa entre 5 de dezembro à 4 de fevereiro, apresenta máximo em 16 de dezembro, com radiante situado na constelação de Coma Berenices, nas vizinhanças de Boötes e Leão.
Figura 1 – Imagem ilustrativa do céu noturno; não mostra o radiante real das Coma Berenicídeas (020 COM). Fonte: Meta AI (imagem digital ilustrativa).
Segundo o Meteor Shower Calendar 2025 da International Meteor Organization (IMO), a chuva exibe atividade prolongada e complexa sobreposição com as Leonis Minorídeas de Dezembro (032 DLM). O documento recomenda a unificação das observações dessas regiões de radiante sob o código “COM”, refletindo uma origem comum ou regiões adjacentes de emissão meteórica. A corrente é composta por partículas finas e rápidas, que produzem meteoros alongados e de brilho esbranquiçado.
A velocidade meteórica pré-atmosférica (V∞) é de 64 km/s, o que a classifica como alta segundo a escala padrão (11–72 km/s). Meteoros dessa velocidade costumam gerar rastros breves e luminosos, frequentemente azulados, com duração inferior a um segundo. A taxa horária zenital (THZ ou ZHR) média é baixa (~3 meteoros/hora), mas o fluxo é constante e prolongado, o que permite observações durante mais de 60 dias consecutivos.
Até o momento, nenhum corpo-parental foi identificado para as Coma Berenicídeas. Conforme Jopek (2011), trata-se provavelmente de uma corrente antiga, associada a um cometa de longo período já extinto ou fragmentado, cujo remanescente não é mais observável. Essa hipótese é reforçada por Jenniskens (2007), que descreve fluxos de alta inclinação e velocidade como típicos de cometas desintegrados há séculos.
🌠 Condições de observação e fase lunar
Em 2025, o máximo das Coma Berenicídeas ocorrerá em condições ideais, poucos dias antes da Lua Nova de 20 de dezembro (01:44 UTC). O terminador lunar — a linha que separa a parte iluminada da parte escura da Lua — estará próximo ao limbo oriental, resultando em céus escuros e transparentes durante o pico da atividade. Essa circunstância favorece tanto observações visuais quanto registros fotográficos de longa exposição.
A chuva é observável a partir das 23h (HLB = Hora Legal do Brasil), com o radiante elevando-se gradualmente no quadrante leste e alcançando cerca de 60° de altitude nas primeiras horas da madrugada. A melhor faixa de observação ocorre entre 01h e 04h (HLB), quando o radiante está mais alto e o fundo do céu mais escuro.
🌠 Condições de visibilidade — Brasil e América do Sul
Nas latitudes médias do Brasil Central e Sudeste (–15° a –25°), o radiante das Coma Berenicídeas apresenta elevação ideal, permitindo boas condições para observação e registro fotográfico. No Sul do Brasil, Uruguai e norte da Argentina, o fenômeno pode ser acompanhado com radiante acima de 70°, garantindo ampla cobertura do céu. Em regiões amazônicas e tropicais, o radiante mantém-se acima de 40°, ainda acessível para observações durante a madrugada.
Como a chuva possui atividade fraca, mas prolongada, é ideal para monitoramentos contínuos, especialmente com câmeras automáticas e sistemas de detecção de meteoros por vídeo. Sob céus escuros (Bortle ≤ 4), mesmo observadores visuais poderão registrar meteoros isolados com boa magnitude aparente.
🌠 Considerações práticas
- Velocidade (V∞): 64 km/s — alta
- Atividade: 5 dezembro 2025 – 4 fevereiro 2026
- Máximo: 16 dezembro 2025
- Radiante (J2000): α = 158° / δ = +30°
- THZ ou ZHR: ~3 meteoros/hora
- Corpo-parental: não identificado
- Observação favorecida: Hemisfério Sul e regiões tropicais
- Fase Lunar: próxima à Lua Nova (20 dez)
- Melhor janela: 01h – 04h (HLB), antes do amanhecer
Apesar da baixa taxa de meteoros, as Coma Berenicídeas oferecem aos observadores experientes uma excelente oportunidade de acompanhar uma corrente antiga, de provável origem cometária, sob um dos céus mais escuros de dezembro. Sua longa duração e alta velocidade tornam-na um alvo valioso para registros de vídeo e análises orbitais contínuas.
🔭 Boas observações e céus limpos!
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Referências:
INTERNATIONAL METEOR ORGANIZATION (IMO). Meteor Shower Calendar. Disponível em: <https://www.imo.net/members/imo_observations/shower-calendars/>. Acesso em: 19 nov. 2025.
RENDTEL, J. (Ed.). International Meteor Organization — Meteor Shower Calendar 2025. IMO Info (3.1-24). Potsdam: International Meteor Organization, 2024. Disponível em: <https://www.imo.net/resources/calendar/>. Acesso em: 19 nov. 2025.
JOPEK, T. J. *Meteoroid Streams and Their Parent Bodies. Memorie della Società Astronomica Italiana, v. 82, p. 310–320, 2011. Disponível em: <https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2011MmSAI..82..310J>. Acesso em: 19 nov. 2025.
JENNISKENS, Peter. Meteor Showers from Broken Comets. ESA SP-643 – Dust in Planetary Systems. Noordwijk: ESA Publications Division, 2007. Disponível em: <https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2007ESASP.643....3J>. Acesso em: 19 nov. 2025.
META AI. [Imagem ilustrativa do céu noturno para o texto “A Chuva de Meteoros Coma Berenicídeas (020 COM) em 2025”]. Imagem digital. 2025. Arquivo pessoal de Antônio Rosa Campos.
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