O asteroide (4) Vesta em 2025

Antônio Rosa Campos

Em 3 de maio próximo, o asteroide Vesta estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0,337), quando então sua magnitude chegará a 5.40 (CAMPOS, 2024), tornando-o observável a olho nu sob boas condições de visibilidade. A carta celeste ilustrativa (FORD, 2024) e a tabela abaixo apresentam suas efemérides e a região celeste de busca de sua respectiva localização nesta data.

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 4 Vesta foi descoberto em 29 de março de 1807 pelo astrônomo alemão Wilhelm Olbers (1758 - 1840) no Observatório de Bremen. Seu nome é uma alusão a Vesta, filha de Cronos e de Réia. Deusa da casa, particularmente do lar doméstico. Em Roma suas sacerdotisas (as Vestais) constituíam o corpo sacerdotal mais importante e também objeto do mais alto apreço. (MOURÃO, 1987).

Diferenciação Interna e Mapeamento Geológico de Vesta

A Missão Dawn revelou que o asteroide (4) Vesta possui uma estrutura interna diferenciada, com núcleo, manto e crosta, apresentando semelhanças com os planetas terrestres (KEIL, 2002). Utilizando técnicas de mapeamento geológico avançadas, uma equipe de 14 pesquisadores realizou um mapeamento detalhado da superfície de Vesta (figura. 2), utilizando os dados coletados pela sonda Dawn (lançada em 27 de setembro de 2007). O mapeamento levou cerca de dois anos e meio, permitindo estabelecer uma escala de tempo geológico para Vesta e compará-lo a outros corpos planetários (Ciencia@NASA, 2014). Esse estudo, aliado à análise dos meteoritos HED (Howarditos, Eucritos e Diogenitos, fragmentos da crosta e manto de Vesta), confirmou a complexidade geológica do asteroide, evidenciando uma história de aquecimento extremo e perdas voláteis resultantes dos intensos impactos que sofreu, tornando-o um importante remanescente da formação planetária no sistema solar primitivo (NASA, 2018).

Otimizando Observações Astronômicas

As oposições favoráveis, com elongações acima de 165 graus, proporcionam oportunidades únicas para observações precisas e a criação de Curvas de Luz confiáveis. Observações devem seguir critérios técnicos rigorosos, utilizando estrelas de magnitude visual conhecidas. Em condições ideais, afastados da luz solar direta, asteroides revelam características intrínsecas como tamanho aparente, cor e tonalidade, especialmente com aberturas óticas maiores. A máxima elongação facilita a coleta eficaz de dados noturnos, beneficiando pesquisas astronômicas. Planejamento estratégico durante oposições favoráveis é crucial para explorar oportunidades e compreender a dinâmica do cinturão principal de asteroides.

Boas observações e céus limpos!

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

MOURÃO, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

CAMPOS, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2025. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2024. 146 p. Disponível em: <https://is.gd/Alma2025>  Acesso em 02 Dez 2024.

FORD, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - https://in-the-sky.org/skymap.php>: Acesso em 14 Jun 2024.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014. 

Ciencia@NASA. Science@NASA - Portal en idioma inglés. 13 Dez. 2014. Disponível em: <http://ciencia.nasa.gov/ciencias-especiales/17nov_vestamap/> - Acesso em 13 dez. 2014.

KEIL, K. Geological History of Asteroid 4 Vesta: The Smallest Terrestrial Planet. Asteroids III, University of Arizona Press, 2002.

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