O asteroide (31) Euphrosyne em 2025

 Antônio Rosa Campos

 Em 4 de maio próximo, o asteroide Euphrosyne estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.441), quando então sua magnitude chegará a 11.84 (CAMPOS, 2024), sendo necessário o uso de instrumentos óticos de médio porte para sua observação. A carta celeste ilustrativa (FORD, 2024) e a tabela abaixo apresentam suas efemérides e a região celeste de busca de sua respectiva localização nesta data.

Como demonstra seu número em ordem de descoberta, Euphrosyne foi descoberto em 1º de setembro de 1854 pelo astrônomo inglês James Ferguson (1710 - 1776) no Observatório de Washington. O seu nome é uma alusão à figura mitológica de uma das três Graças; as outras são Tália e Aglaja. Foi ainda o primeiro asteroide descoberto nos EUA. (Mourão, 1987).

(31) Euphrosyne é um asteroide bem interessante que foi alvo de estudos recentes. Descobriram que ele é mais novo do que muitos outros asteroides, e até tem um satélite que o acompanha! Observações feitas com o Very Large Telescope (+ SPHERE/ZIMPOL) permitiram identificar esse satélite, chamado S/2019 (31) 1. Foram feitas observações entre 15 de março e 10 de abril de 2019, em que o satélite estava a uma separação média de cerca de 0,39 segundos de arco, o que equivale a uma distância projetada de aproximadamente 651 km. Com base nessas observações, a diferença de brilho entre Euphrosyne e seu satélite foi calculada, sugerindo que o satélite tenha cerca de 6 km de diâmetro. A órbita do satélite foi determinada com um período de aproximadamente 1,2 dias, com um semieixo maior de 677 km. (Figura.2)

Fig.2 – Imagem do Very Large Telescope (+ SPHERE/ZIMPOL)

Euphrosyne é quase perfeitamente redondo, o que faz pensar que, em algum momento, ele pode ter se juntado novamente após uma colisão. Essa colisão provavelmente criou uma "família" de pedaços menores que se espalhou pelo espaço. A superfície de Euphrosyne é bem lisa, sem grandes crateras, o que combina com a ideia de que ele é relativamente jovem e tem muito gelo. Além disso, foi descoberto que Euphrosyne possui muita água, com estimativas sugerindo que mais da metade do seu volume é composta por água. Isso é importante para entendermos melhor como esses objetos se formam e o que eles podem nos ensinar sobre essa região do Sistema Solar.

Otimizando Observações Astronômicas

As oposições favoráveis, com elongações acima de 165 graus, proporcionam oportunidades únicas para observações precisas e a criação de Curvas de Luz confiáveis. Observações devem seguir critérios técnicos rigorosos, utilizando estrelas de magnitude visual conhecidas. Em condições ideais, afastados da luz solar direta, asteroides revelam características intrínsecas como tamanho aparente, cor e tonalidade, especialmente com aberturas óticas maiores. A máxima elongação facilita a coleta eficaz de dados noturnos, beneficiando pesquisas astronômicas. Planejamento estratégico durante oposições favoráveis é crucial para explorar oportunidades e compreender a dinâmica do cinturão principal de asteroides.

Boas observações e céus limpos!

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

MOURÃO, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

CAMPOS, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2025. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2024. 146 p. Disponível em: <https://is.gd/Alma2025>  Acesso em 02 Dez 2024.

VERNAZZA, P.; CARRY, B.; VACHIER, F.; HANUS, J.; BERTHIER, J.; YANG, B.; MARCHIS, F.; Equipe HARISSA. Novo satélite em torno de (31) Euphrosyne. Central Bureau Electronic Telegrams (CBET), n. 4627, 2019. Disponível em: https://www.aanda.org/articles/aa/full_html/2020/09/aa38372-20/aa38372-20.html. Acesso em: 19 set. 2024.

FORD, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - https://in-the-sky.org/skymap.php>: Acesso em 14 Jun 2024.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

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