Nebulosa Carina
Aléxia Lage
NGC
3372 ou Nebulosa Carina abrange uma área que contempla alguns outros objetos
conhecidos como a Nebulosa do Homúnculo, a Nebulosa do Buraco da Fechadura e a
Montanha Mística, na constelação de Carina.
Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #005 – Nebulosa Carina.
Essa constelação fez parte originalmente de uma outra antiga, denominada Argo Navis ou Navio. No século XVIII, foi desmembrada nas constelações Carina (ou Quilha), Popa, Vela (ou Velame) e Bússola, pelo astrônomo francês Nicholas Louis de Lacaille, que a considerava muito extensa (RÉ; ALMEIDA, 2000). Na mitologia grega, Argos era o navio de Jasão e os Argonautas, os quais precisavam recuperar o Velocino (é a lã que cobre a pele de um carneiro) de Ouro para que Jasão pudesse assumir o trono (CASTRO, 2018).
Na
vizinhança de Carina, encontram-se as constelações de Centauro, Mosca, Camaleão,
Peixe Voador, Pintor, Popa e Vela (Figura 1).
Figura 1 - Constelação de Carina
conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2019)
Figura
2 - Constelação de Carina com suas estrelas principais. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2019).
A constelação recebeu a
designação oficial de Carina, a
abreviatura Car e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas
letras gregas seguidas pela palavra Carinae
(que indica que a estrela pertence
à constelação de Carina). Conforme mostrado na Figura 2, algumas
estrelas conhecidas são: Canopus (Alpha Carinae ou α Car), Avior (Epsilon Car
ou ε Car), Aspidiske (Iota Carinae ou ι Car), V337 Carinae (q Carinae ou q Car),
PP Carinae (p Carinae ou p Car), Eta Carinae (η Carinae ou η Car), Theta
Carinae (θ Carinae ou θ Car), Ômega Carinae (ꞷ Carinae ou ꞷ Car), Upsilon
Carinae (υ Carinae ou υ Car) e Miaplacidus (β Carinae ou β Car)(CONSTELLATION GUIDE, 2020).
A NGC 3372 encontra-se
na região onde se acha Eta Carinae, conforme mostrado na Figura 3.
Figura 4 – NGC 3372 – Nebulosa Carina - Crédito da foto: ESO - License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ (EUROPEAN SOUTHERN OBSERVATORY, 2009)
No entorno de Eta Carinae,
encontra-se a Nebulosa Carina (Figura 4), também conhecida pelas designações
Nebulosa Eta Carinae, a Grande Nebulosa ou a Grande Nebulosa em Carina e designada
no New General Catalogue como NGC 3372.
A Nebulosa Eta Carinae é
uma grande nebulosa
de emissão, que contém diversos aglomerados abertos de estrelas e região
HII (região de hidrogênio atômico interestelar que é ionizada, sendo normalmente
uma nuvem de gás parcialmente ionizado na qual ocorreu a formação recente de
estrelas). Se compararmos seu tamanho ao da Nebulosa
de Órion, veremos que é 4 vezes maior, muito embora esteja 5 vezes mais
distante que ela. Além disso, é conhecida por ser uma das maiores regiões de
formação estelar na Via Láctea, assim como de explosões de supernovas, conforme
visualizadas em imagens raio X (CONSTELLATION GUIDE, 2019).
A Montanha Mística é um
dos objetos intrigantes existentes na nebulosa. O formato realmente lembra uma brilhante
elevação de 3 anos-luz, de gás e poeira, com um pico cercado por nuvens. Nesse
ponto, podem ser vistos jatos de gás que advém de estrelas nascentes existentes
nessa região.
Já uma menor região de
nebulosidade aparece ao redor da estrela Eta Carinae, sendo designada como
Nebulosa de Homúnculo. A hipótese é de que houve uma erupção da estrela, em
1843, cujo gás foi ejetado ao espaço gerando uma nebulosa ao redor dela, em forma
de ampulheta, de 4 meses-luz de comprimento. Ficou tão brilhante à época, que
durante meses foi visível da Terra, inclusive durante o dia (SILVEIRA, 2019).
Por fim, há ainda a Nebulosa
do Buraco da Fechadura, descoberta pelo astrônomo inglês John Herschel no
século 19. Possui atualmente designação própria no New General Catalogue
como NGC 3324, mas anteriormente compartilhava a designação com a Nebulosa Carina.
Dentro dela, escondidas, há várias formações estelares maciças (THE PLANETS, 2020).
A NGC 3372 pode ser facilmente
observada a olho nu, mas somente em latitudes equatoriais e meridionais, por se
tratar de um objeto visto no céu austral. É o ponto mais brilhante do sul da
Via Láctea, aparecendo excelente em binóculos ou telescópios de qualquer
tamanho (BAKICH, 2016).
O texto foi útil para
você? Agradecemos a todos aqueles que puderem deixar seus comentários com
críticas e sugestões para a coluna e o material por ela disponibilizado.
BAKICH, Michael E. The Eta Carinae Nebula, spiral galaxy M95, and the
Gamma Leonis Group. Disponível em:
<https://astronomy.com/observing/observing-podcasts/2016/04/the-eta-carinae-nebula-m95-and-the-gamma-leonis-group>.
Acesso em: 29 fev. 2020.
CASTRO, Francisco Luis Cardona. Mitología
de las constelaciones. 2019. ed. Barcelona: Ediciones Brontes S. L. , 2018.
Disponível em:
<https://play.google.com/books/reader?id=sCygDwAAQBAJ&hl=pt&pg=GBS.PA6>.
Acesso em: 27 fev. 2020.
CONSTELLATION GUIDE. Carina
Constellation. Disponível em:
<https://www.constellation-guide.com/constellation-list/carina-constellation/>.
Acesso em: 26 fev. 2020.
______. Carina Nebula. Disponível
em: <https://www.constellation-guide.com/carina-nebula/>. Acesso em: 26
fev. 2020.
EUROPEAN SOUTHERN OBSERVATORY. The
Carina Nebula. Disponível em: <https://www.eso.org/public/brazil/images/eso0905a/>.
Acesso em: 29 fev. 2020.
RÉ, Pedro; ALMEIDA, Guilherme de. Observar
o céu profundo. Lisboa: [s.n.], 2000.
SILVEIRA, Evanildo da. Por que a
estrela mais luminosa da galáxia é invisível a olho nu – e como se tornará
aparente . Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-46811288>. Acesso em: 29 fev. 2020.
STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de
Carina. . Boston: Stellarium.org. , 2019
THE PLANETS. Keyhole Nebula - Facts and
Info. Disponível em: <https://theplanets.org/keyhole-nebula-facts-and-info/>.
Acesso em: 29 fev. 2020.