Os Calendários e porque 2020 é um ano Bissexto?


Em meio às festas e aos abraços de fim de ano, em algum momento passam pela cabeça da maioria das pessoas que estamos adentrando em um ano bissexto e comemorando o ano errado?

Em fevereiro, portanto, em vez dos usuais 28 dias, teremos 29 constituindo uma ótima oportunidade para os nascidos no dia 29 comemorarem o aniversário na data certa. Ao contrário que possa parecer, a introdução do ano bissexto surgiu em 238 a.C. em Alexandria no Egito durante a monarquia de Ptolomeu III (246 – 221 a.C.) que decretou a adição de um dia a cada quatro anos para compensar o excesso de seis horas na duração do ano de 365 dias. A raiz do ano bissexto está no Egito. Isso nos reporta ao estabelecimento dos calendários calcados nos ciclos do Sol, da Lua ou na união de ambos. Ninguém hesitaria em dizer que o dia não tem 24 horas e o ano em 365 ou 366 dias, valores que estão impregnados em nossas vidas. 

Para a astronomia, contudo, a rotação da Terra se efetua em 23h 56m 04s e essa diferença de 3m 56s mais longo é que determina o acréscimo de seis horas anuais que, ao fim de quatro anos, resulta em mais um dia. Quanto a duração do ano, observa-se que o ano solar ou ano trópico de 365d 05h 48m é definido como sendo o intervalo de tempo decorrido entre duas passagens consecutivas do Sol pelo chamado equinócio vernal, local em que o Sol cruza o equador celeste que é a projeção no espaço do equador terrestre. Para a astronomia, o que vale é o ano sideral com 365d 06h 09m que é definido como sendo o tempo gasto pelo Sol para retornar a mesma posição em relação as estrelas. 

No contexto desses valores, é evidente que a ausência de números inteiros, pares perfeitos, frações e números quebrados, constituem um grande problema quando da elaboração de um calendário. A história registra mais de 40 calendários no mundo. Atualmente temos os solares, cristãos; os lunares, islâmicos e os Lunissolares, hebreus. Para eles esse será o ano 5780-81 que  começou no pôr do Sol do domingo 29 de setembro de 2019. No calendário chinês o ano será de 1717, Ano do Rato, que irá começar no sábado 25 de janeiro. No calendário islâmico o ano é 1441-2 que começou no sábado 31 de agosto de 2019. Muitos povos iniciaram a contagem do calendário a partir de uma grande revolução, conquista ou evento marcante. Os judeus e muçulmanos adotam fatos históricos.

Herdamos um calendário egípcio que com o passar dos anos acusava um erro acumulativo fazendo com que novo calendário fosse introduzido pelo imperador Julius Caesar no ano -46 a.C. apoiado nos cálculos do astrônomo grego Sosígenes. O Calendário Juliano mesmo produzindo um erro de aproximadamente 3 dias a cada 4 séculos, funcionou  por mais de 16 séculos findo os quais se constatou que as estações do ano não estavam acontecendo na época prevista. O equinócio da primavera no Hemisfério Norte caia por volta do dia 12 de março em vez do dia 21 ou 22 e isto estava causando enorme transtorno para a agricultura. 

Algo precisava ser feito e novo calendário foi instituído em 1582 através de uma bula do papa Gregório XIII. Nele suprimiu-se 10 dias do Calendário Juliano passando o dia 5 de outubro proclamado para ser o dia 15. Outra mudança substancial foi feita: os anos bissextos que ocorriam rigorosamente a cada quatro anos, doravante só seriam bissextos os anos seculares divisíveis por 400.  Estava assim corrigido o erro dos 3 dias a cada 4 séculos produzido no Calendário Juliano. Mesmo assim, com essas mudanças, o Calendário Gregoriano que utilizamos não é perfeito, pois apresenta um erro de um dia a cada 3323 anos. As tentativas de mudança para um novo calendário resultaram infrutíferas pelas razões cima abordadas. Para a humanidade, essa diferença pouco significa, mas para a datação de fatos históricos, em astronomia, ciência espacial e cálculos relativísticos, tal é inadmissível. E para isso entram em cena os relógios atômicos. 

Um fato curioso é que apesar de separarmos o tempo histórico em duas fases, antes e depois de Cristo, não existe o ano zero! A contagem dos anos a partir de um postulado sendo ano 1 do nascimento de Jesus não é correta pelas pesquisas arqueológicas e astronômicas recentes. Para o inicio da Era Cristã, Dionysius Exiguus, monge romeno que vivia em Roma no ano 525 d.C., cometeu um erro de computação em conseqüência da qual a nova era se iniciou com 5 anos de atraso em relação ao nascimento de Jesus Cristo que teria ocorrido no ano  7 a.C. Em seu livro “A Infância de Jesus’, o papa Bento XVI diz que Maria deu a luz entre os anos 7 e 6 a.C. o que concorda com os dados dos pesquisadores. Por fim, como tudo envolve o tempo, você já se perguntou o que é ele? Nesse sentido, recordando o físico alemão Albert Einstein, “o tempo como é conhecido não passa de uma invenção”. Em consequência, pouco importa se estamos em 2020, 2025 ou 2026.
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