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quarta-feira, 1 de março de 2017

Nebulosa de Órion, um berçário de estrelas, planetas e vida.

Nelson Alberto Soares Travnik (*)
nelson-travnik@hotmail.com
Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum

No fim do verão e no outono ao anoitecer, alto no céu, podemos admirar talvez a mais bela constelação: Órion, “o Caçador”. É uma das poucas constelações que permite associar o nome ao desenho que faz no céu. Várias civilizações a viram como “o Caçador Gigante”. Em nosso hemisfério “o gigante” apresenta-se de “cabeça para baixo”. No hemisfério norte ele está de pé. No contexto da evolução estelar, vemos nessa constelação estrelas jovens, adultas e idosas. Entre miríades delas vistas ao telescópio, despontam a vista desarmada, as quatro mais brilhantes: Betelgeuse, Rigel, Bellatrix e Saiph.  Localizar Órion é uma tarefa extremamente fácil e gratificante, pois é no cinturão do ‘gigante’ que são vistas as famosas e inconfundíveis, Três Marias: Mintaka, Alnilam e Alnitak. Contudo a maior atração está reservada para três pálidas estrelas que representam “A Espada do Caçador”. Para nós, ela é vista acima do cinturão. É uma região preferida dos astrônomos tanto visualmente como na obtenção de fotografias de extraordinária beleza. No momento em que vocês leem essas linhas, alguém no mundo a está fotografando tal como também alguém que está ouvindo uma música de W.A. Mozart. O ponto alto dessa região é a Grande Nebulosa de Órion, uma gigantesca região de gases e poeira com aproximadamente 30 anos-luz, formando o que se chama de nuvem molecular. É considerada um local secreto da natureza onde nascem estrelas continuadamente, um verdadeiro berçário, passível de gerar 1000 sóis igual ao nosso! Muitas delas irão possuir discos protoplanetários que irão gerar a formação de sistema solares tal como o nosso.  A nebulosa de Órion é um celeiro de vida! Ela se encontra a 1500 anos-luz da Terra e parece bem visível em razão de estar próxima a estrelas muito quentes onde o hidrogênio ionizado pela radiação ultravioleta provinda das estrelas a faz brilhar por fluorescência. Algumas nebulosas são produto de estrelas massivas que explodem violentamente, as supernovas, capazes de em segundos, emitir mais luz que uma galáxia inteira! Existem outras classes de nebulosas, produto de estrelas que tendo ‘queimado’ todo seu hidrogênio e hélio no interior, são incapazes de manter o equilíbrio gravitacional e começam a expulsar suas camadas externas formando colossais anéis de gases e poeira – as nebulosas planetárias. Esse material contém todos os elementos que no futuro irão contribuir para formação de novas estrelas.  A morte de estrelas como o nosso Sol, está confinada em uma primeira etapa a uma classe de estrelas conhecida como anã branca – com diâmetro similar ao terrestre, mas com densidade elevadíssima onde um centímetro cúbico pesa uma tonelada! Uma vez iniciada a queima do carbono, o processo continua sozinho na matéria densa e tencionada da estrela. Em poucos segundos a estrela se converte na maior parte em níquel e em outros elementos entre silício e ferro. A estrela colapsa e se transforma em uma anã negra, seu destino final.

O que aprendemos em Órion

No Universo, nas Estrelas, na Terra e no homem, as atividades cíclicas continuam incessantemente; puros agentes de uma contínua complexidade – a evolução. Em Órion vemos o cemitério e a maternidade. O nascimento e a morte intimamente ligados como a vida na Terra e do homem. 
A grande Nebulosa de Órion e o que aprendemos com ela

No Universo esses eventos se desenvolvem naturalmente, obedecendo a um ciclo analógico e não como simples repetição. Assim também o espírito nunca é o mesmo depois de sucessivas etapas de aprimoramento – a reencarnação. Em Órion temos muito a aprender de onde viemos, o que somos e nosso destino final. Sabemos que somos feitos de poeira de estrelas e que a evolução nos conduz a seres que a partir da inteligência e do pensamento, nos provém de um espírito imortal submetidos a evolução espiritual para que, ao final, sejamos espíritos de luz aptos a merecer e ganhar o “paraíso” em mundo elevado onde reinam as maiores, sutis e eternas vibrações de felicidade. O destino final que o Criador reserva para todos os seres de incontáveis mundos habitados. Em Órion aprendemos que as estrelas nascem, vivem, morrem e fornecem ao final, elementos para formação de outros luminares. Lembramos ai palavras do Codificador: “Nascer, viver, morrer, renascer e progredir sempre, tal é a Lei”. Um dos maiores laboratórios que conhecemos no Universo, a Nebulosa de Órion, demonstra claramente o porquê de tal frase que emoldura o túmulo do Mestre Lionês no Cemitério Père Lachaise em Paris.

(*) Nelson Alberto Soares Travnik é astrônomo e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

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