Astronomusic! Os Planetas

Alexandre Silva
alexandreclarinet@gmail.com
CEAMIG - OFMG - BRAMON - SONEAR


Olá amigos!
É com imensa alegria e satisfação que me apresento as queridos leitores do blog Sky and Observers como o novo colaborador deste espaço dedicado a essa ciência maravilhosa que é a astronomia.

Daqui em diante serei o responsável, graças ao irrecusável convite dos nossos queridos Toninho e Breno, por escrever sobre a fantástica ligação entre a astronomia e a música ou a ciência e as artes em geral.

Permitam-me, inicialmente, fazer-lhes conhecer este que vos escreve.

Meu nome é Alexandre Silva. Sou apaixonado por música e astronomia deste a infância e lembro com muita clareza a beleza do céu noturno do nordeste brasileiro, onde nasci, e a dor no dedão do pé ao bater frequentemente nas pedras enquanto caminhava olhando pra cima numa estrada de terra do engenho de cana-de-açúcar onde morava, até a cidade pra estudar música todas as noites.

Bom, hoje sou músico profissional. Atuo como músico da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sou doutorando em música na UFMG, tenho mestrado na Suíça e duas graduações em música (bacharelado-UFMG e licenciatura-UEMG); como astrônomo amador, sou colaborador do SONEAR, sócio do CEAMIG e membro da BRAMON, operando a única estação até o momento no estado de Pernambuco.
Neste primeiro texto quero, de forma especial, aproveitar o momento em que é possível observar a olho nu cinco planetas do nosso sistema solar (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) para mostrar aos leitores uma belíssima obra orquestral baseada nesses planetas os quais formam, juntamente com Urano e Netuno, o maior sistema planetário conhecido pelo homem até hoje.

Nada mais adequado a essa ocasião do que a obra The Planets (Os Planetas) Opus 32, do compositor inglês Gustav Holst (1874-1934).


O compositor Gustav Holst


Holst foi compositor, trombonista e professor de música, estudou no Royal College of Music e apesar da influência de compositores como Wagner e Strauss, ficou conhecido por sua escrita orquestral densa e pessoal.

Holst começou a compor a obra Os Planetas em 1914, porém "Mercúrio, o mensageiro alado" (the winged messenger, como foi chamado por Holst) foi composta apenas em 1916. Um fato curioso é que Holst compôs primeiro "Mars, the bringer of war" (Marte, o mensageiro da guerra, em tradução livre) em 1914; vejam bem... início da primeira guerra mundial.


Contracapa da partitura de "The Planets" listando além das sete partes, os instrumentos necessários à execução da obra


Como foi estreada em 29 de setembro de 1918, neste mês teremos, por uma grande coincidência, 98 anos da estréia da obra Os Planetas. Ela tem sete partes correspondendo aos sete planetas do sistema solar, além da Terra. Quando deu início à obra, Holst sofria constantemente com Neurite no braço direito (uma inflamação dolorosa dos nervos), o que tornava o ato de compor e escrever usando um lápis bastante, digamos, torturante. Esta obra emprega uma gigantesca orquestra usando instrumentos pouco convencionais como flauta baixo, oboé baixo, duas harpas, tuba tenor e um coro feminino na última parte, Netuno. A cada mês escreverei um pouco sobre cada uma dessas partes associando-as ao respectivo planeta do qual Holst absorveu determinadas características e transportou-as para o mundo musical.

E vamos iniciar com Mercúrio! Que aliás, foi protagonista no trânsito o qual pudemos presenciar no dia 09 de maio último, na Praça da Estação, com a presença de centenas de crianças e adolescentes da rede pública municipal de educação e o público em geral, fruto de um trabalho conjunto entre a prefeitura municipal e o CEAMIG. 



Partitura de Mercúrio, o mensageiro alado


Como citei, Mercury the winged messenger, foi composta em 1916, três anos após Mars the bringer of war, a primeira das sete partes, ser composta.

Assim, como Mercúrio, o planeta, o qual possui a velocidade orbital mais elevada entre os planetas do sistema solar (em média 47,87 Km/s, completando sua órbita em 87 dias e 23 horas), a música e as frases que a compõem são também as mais rápidas e curtas, com duração média de quatro minutos em um frenesi de notas em andamento Vivace!

Outro aspecto que podemos notar entre a obra musical e o planeta é que, com magnitude aparente entre -2,6 e 5,7 Mercúrio é um astro que pode ser bastante luminoso e a característica musical utilizada por Holst para ilustrar esse aspecto do brilho foi o uso predominante dos instrumentos da seção das madeiras como flautas, oboés e clarinetes, além da celesta, harpas e glockenspiel.


Mosaico criado pela Nasa para  revelar detalhes da superfície de Mercúrio 



Bem, para finalizar, espero que tenham gostado das informações e desejo que apreciem a escuta da obra.

Grande abraço e até breve.



Fonte:
www.gustavholst.info/compositions
https://en.wikipedia.org/wiki/Gustav_Holst
https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Planets
www.imslp.org/wiki/Main_Page
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercúrio_(Planeta)
http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2279059/Spinning-Mercury-Nasa-reveals-stunning-animation-showing-planet-rotating.html


Postagem Anterior Próxima Postagem