O Céu do mês – Fevereiro 2013

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CEAMIG – REA/Brasil - AWB

Este mês será uma dessas oportunidades em que os observadores de todo o planeta ficarão atentos ao céu. Iniciando com as ocultações astronômicas, cuja facilidade de observação é a obtenção de registros extremamente fácil; sendo que as listadas para esse profícuo período serão novamente eventos de extrema beleza, já começando por Spica, que já estará brindando aos observadores da África. Mas não poderemos deixar de mencionar a importância das observações de asteróides que chegarão até a oitava magnitude como será o caso do Asteróide 2012 DA14. A Lua (mesmo minguante neste início de mês), e Saturno (mag. 0.5), na madrugada do dia 03 farão um belo par no céu, aliado ao planeta Marte (mag. 1.2) que fará um par visual com o longínquo Netuno (mag. 8.0). Nosso satélite será novamente a protagonista de uma ocultação diurna do diminuto Plutão no dia 07 deste mês. É passível de se obter alguma chance de registro observacional no norte da América do Sul, região do Caribe e sudoeste da América do Norte; ela ainda estará no perigeu a uma distância a Terra de 365.295 Km). Em 18 de fevereiro observadores do sul da Austrália terão a oportunidade de registrar mais uma ocultação de Júpiter pela Lua, sendo que em 20 de fevereiro próximo poderemos registrar a ocultação da estrela zeta Tauri (mag. 3.0). Oportunamente e ao anoitecer do dia 01 de março respectivamente, teremos a oportunidade de registrar a ocultação de Spica (mag 1.0) já no primeiro dia útil do próximo mês. Mas esse período é extremamente prometedor!



Nota:

Às 00:00 HBV de Brasília (02:00 UTC) do dia 17 de fevereiro próximo, termina o Horário de Verão em parte do território brasileiro, que esteve em vigor nas regiões determinadas pelo Decreto n° 6.558 de 08 de Setembro de 2008.

Assim sendo, as regiões afetas: a) – SUL, estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná; b) SUDESTE, estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais e, c) CENTRO-OESTE, estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, retornam para o Fuso de -03:00 (UTC - Tempo Universal Coordenado).


Ocultação de Spica pela Lua em 01 de fevereiro de 2013

Na noite de 01 de fevereiro próximo, a Lua - 67% iluminada e com uma elongação de 109°, ocultará a estrela Spica (alpha Virginis) de magnitude 1.0  A faixa de visibilidade desse evento que poderá ser observado numa grande extensão do continente africano, encontra-se no artigo de janeiro 2013 do Sky and Observers.

Ocultação de Júpiter pela Lua em 18 de fevereiro de 2013

Na noite de 18 de fevereiro próximo, a Lua + 56% iluminada e com uma elongação de 97°, ocultará o planeta Júpiter (mag. -2.2) e (conseqüentemente) seus principais satélites naturais cuja faixa de visibilidade recairá no sul da Austrália, conforme apresentado na tabela 2 abaixo.

Ocultação de zeta Tauri pela Lua em 20 de fevereiro de 2013

Na noite de 20 de fevereiro próximo, a Lua + 70% iluminada e com uma elongação de 113°, ocultará a estrela zeta Tauri de magnitude 3.0  A faixa de visibilidade desse evento que poderá ser observado numa grande extensão do continente sul americano, encontra-se na resenha do Sky and Observers.

Ocultação de Spica pela Lua em 01 de março de 2013

Na noite de 01 de março próximo, a Lua - 87% iluminada e com uma elongação de 137°, ocultará a estrela Spica (alpha Virginis) de magnitude 1.0. Proporcionando um belo espetáculo aos observadores, esse evento poderá ser observado numa grande extensão do continente americano. (Veja maiores informações na resenha do Sky and Observers).

Planetas!

Mercúrio = Ele estará na constelação de Capricornus mas somente até o dia 04, quando então ingressa na constelação de Aquarius. No dia 16, Mercúrio com uma magnitude de -0.5 chegará a sua fase de dicotomia, atingindo também seu periélio e chegando a 0,30750 UA do Sol; estando em máxima elongação neste dia, o Planeta fará seu ingresso na constelação de Pisces. Então com uma magnitude já estimada em 3.1, estará com uma elongação apenas de 9.3° em 28 de fevereiro.

Vênus = Na constelação de Sagittarius, somente neste primeiro dia, pois no dia 02 já estará na constelação de Capricorni. Suas elongações ainda continuam desfavoráveis a observações visuais, se bem que sua magnitude de -3.9 faz com que esse planeta seja um objeto celeste muito brilhante na madrugada por cerca de 20 minutos antes do nascer do Sol; portanto já na fase crepuscular do céu matutino. A melhor informação sobre Vênus é que ele atingirá o Afélio de sua órbita em 21 de fevereiro, com uma distância ao sol de 0,72820 UA. Cabe ainda mencionar que em 24 deste mês ingressa na constelação de Aquarius.

Lua (Fases) = As fases lunares este mês, estão indicadas em Tempo Universal. Fuso Horário de Verão em Brasília (UT = + 02:00 h).

Marte = Esse planeta começa este mês na constelação de Aquarii e suas elongações fazem com que ele seja observado no entardecer já dentro da fase crepuscular vespertina do dia, sendo que fará no dia 03 um par com o planeta Netuno. Entretanto a magnitude de Netuno (estimada em 8.0), aliado a poluição luminosa tornará quase impossível registrar de algum modo esse alinhamento. Como principal novidade marciana neste período, será o início do verão no hemisfério Sul de Marte que ocorrerá as 02:36 (UT) de 23/02.

Júpiter = Júpiter continuará chamando a atenção dos observadores neste mês, sendo que desta feita observadores localizados no sul da Austrália poderão registrar uma ocultação pela Lua desse brilhante planeta em 18 de fevereiro como acima mencionado. Na constelação de Taurus durante este mês também, suas magnitudes que começam a decair como no mês passado de forma gradativa; mesmo por que seu diâmetro aparente vem diminuindo também, sendo que em 23/02 já será de 39.9” de arco. Então ele estará com magnitudes estimadas em -2.3 em 01/02 e -2.1 em 28/02.

Novamente trata-se a tabela 4 abaixo, as respectivas magnitudes para o início, meio e término do mês às 00:00 (TU) dos satélites galileanos, os quais ressalta neste período a importância do engajamento dos observadores no programa internacional JEE2013, realizada pelo observador norteamericano Scott Degenhardt (scotty@scottysmightymini.com) principal investigador da IOTA (International Observations Timing Association).


Saturno = A cada quinzena Saturno vem na direção do nascente cada vez mais cedo. Então as suas observações já começam a ficar favoráveis a contar do dia 15/02, até mesmo sua magnitude nesta data estimada em 0.9. Sua elongação aumentando neste período favorecerá sobremaneira essas observações. Saturno estará estacionário no dia 19/02 quando então inicia movimento orbital retrógrado. Entretanto seu tamanho aparente já passará de 17.5” de arco em 15/02, chegando a 17.9” no fim do mês.

Urano = As observações de Urano, vão se tornando a cada dia mais difícil na medida em que suas elongações vão diminuindo. Sua magnitude estimada em 5.9 fará com que ele possa ser facilmente identificado na constelação de Pisces, quando em 26 de fevereiro estará a 0.05° da estrela 44 Piscium (mag. 5.7), uma gigante branco-amarelada de classe espectral  G5III, que deverá fazer um belo contraste com a coloração verde do disco do planeta.

Netuno = A magnitude é estimada em 8.0 e a conjunção com o sol está prevista para 21 de fevereiro deste mês; após esse período suas magnitudes e elongações começarão gradativamente a aumentarem, chegando em 28/02 com 6.5°; será necessário de agora em diante esperar que as condições de visibilidade possam favorecer a volta de sua busca no céu. Isso somente será possível novamente quando então a constelação de Pisces voltar a ser visível no céu noturno.

Ceres e Plutão = (1) Ceres ainda permanece na constelação de Taurus, entretanto a magnitude deste planeta anão continuará a decair, chegando a 8.0 em 15/02 e 8.2 já em 28 de fevereiro. Mas aumentando suas elongações e na constelação de Sagittarius poderá ser com alguma carta de busca identificado (134340) Plutão. Ele será novamente oculto pelo disco Lunar em 07 de fevereiro, mas sua pouca magnitude faz com que ele desapareça na intensa luminosidade do luar, pois a fase da lua (-11% Iluminada) nesta oportunidade já será o fator responsável por esse desaparecimento, sua magnitude é estimada em 14.1.

Glossário:

(UA) = Unidade Astronômica. Unidade de distância equivalente a 149.600 x 106m. Convencionou-se, para definir a unidade de distância astronômica, tornar-se como comprimento de referência o semi-eixo maior que teria a órbita de um planeta ideal de m=0, não perturbado, e cujo período de revolução fosse igual ao da Terra.

(a.l) = Ano Luz. Unidade de distância e não de tempo, que equivale à distancia percorrida pela luz, no vácuo, em um ano, a razão de aproximadamente 300.000 Km por segundo. Corresponde a cerca de 9 trilhões e 500 bilhões de quilômetros.

Afélio = Maior distância do Sol de um corpo em órbita ao seu redor.

Dicotomia = Aspecto de um planeta ou de um satélite quando apresenta exatamente a metade do disco iluminada.

Periélio = Menor distância do Sol de um corpo em órbita ao seu redor.


CONSTELAÇÃO:

Canis Major 

Vigilante, fiel e um grande companheiro em qualquer jornada. Assim pode-se definir o Cão como também dar-lhe o título de melhor amigo do homem. Na terra como também no céu a história se repete, pois encontraremos o simbolismo dessa figura no Egito antigo, quando então veremos que a mais brilhante estrela do céu, Sirius (uma estrela branca de magnitude -1.4 e classe espectral A1V), consequentemente alpha Canis Majoris, nesta constelação marca também o início das cheias do Rio Nilo.


Mirzam (1.9) é uma gigante branco azulada de classe espectral B1II-III, o que leva aos astrônomos crerem que essa talvez seja uma estrela velha, visto que deve possuir poucos metais. Mesmo assim estivesse essa estrela a 3,26 anos-luz ela ultrapassaria Sirius em brilho.

Muliphen, outra gigante branco azulada de magnitude 4.1 e classe espectral B8II, será a pata dianteira deste Cão, cujo dorso encontrará na estrela Wezen de magnitude 1.8, classe espectral F8Ia, uma estrela branco amarelada marcará o fim de sua garupa.

Aglomerados e Estrelas 

Tornar-se-á fácil numa primeira análise perceber que está região também oferece belos campos abertos de estrelas, mas embora não seja M41 o mais brilhante; será ele que oferecerá aos observadores uma bela visão com o emprego de binóculos 7 x 50 e também de pequenos telescópios com baixa ampliação. Ele é também um dos melhores objetos que se pode vislumbrar nesta área com essa classe de equipamentos. A imagem abaixo na figura 3 evidencia claramente a presença em seu interior de estrelas de oitava magnitude, mas facilmente perceptíveis em locais afastados da poluição luminosa.

Não é muito complexa a localização do NGC 2354, embora seja muito disperso e possua sua estrela mais brilhante na ordem de 9ª magnitude, sua dimensão de 20.0'x 20.0' e magnitude estimada em 6.5, farão evidenciar sua localização ainda por estar aparentemente próximo a brilhante estrela Wezen (mag. 1.8), uma supergigante amarela e classe espectral F8Ia, cuja luminosidade chega a ser mais de 10 000 vezes a do Sol.
Embora a magnitude do aglomerado aberto NGC 2362 seja estimada em torno de 4.1, sua dimensão de 8.0'x  8.0', faz com que ele evidencie a brilhante estrela Tau Canis Majoris (ou 30 Canis Majoris), uma estrela massiva e supergigante azulada que possui classe espectral O9Ib. Essa estrela ainda não deixa de surpreender aos observadores, visto que além de ser uma variável tipo EB (beta Lyrae) possui também um companheiro de menor magnitude.  

A Companheira de Sirius 

Como mencionado acima, Sirius (alpha Canis Majoris) e a mais brilhante estrela do céu, também possui uma companheira de oitava magnitude, numa distância de aproximadamente 10" de arco. No entanto apesar da grande separação, essa estrela é difícil de ser observada em telescópios de pequeno porte em virtude de seu brilho permanecer ofuscado pela estrela primária (Sirius A). Assim e sob condições excepcionais um telescópio acima de 300 mm será a condição mínima para uma visão clara. A separação varia de acordo com o lento movimento da estrela companheira (Sirius B) cujo período e de aproximadamente de 50 anos. A distância mínima é aproximadamente 2", conforme é apresentado na figura 4 abaixo.

Sirius B, uma estrela Anã Branca

A companheira é notável por várias razões e tornou-se um alvo bastante interessante desde sua descoberta a mais de um século atrás, quando o astrônomo e matemático alemão F.W. Bessel constatou que o movimento próprio de Sirius não se realizava numa linha reta no céu, mas apresentava oscilações devido à ação gravitacional de um pequeno corpo. Deste fato ele deduziu a existência então de uma pequena companheira não observada, embora ambas as estrelas movem-se num centro de gravidade comum. Alvan Clark descobriu essa estrela companheira em 31 de janeiro de 1862.

Canis Major certamente revelará bastante aos observadores os demais brilhantes objetos celestes existentes nesta área do céu. Isso faz com que essa região seja bastante conhecida dos astrônomos que conseguem obter êxito nesta fronteira celeste. Fica fácil agora perceber quais objetos celestes prenderão a atenção dos observadores que apreciam essa resenha. “A caçada continua”!

Boas Observações!

Referências:

- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas - Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ) - 1987, 914 P.

- Campos, Antônio Rosa - Almanaque Astronômico Brasileiro 2013, Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), Belo Horizonte (MG) - 2012, 100P.

- Burnham, Robert Jr. – Burnham's Celestial Handbook. Dover Publications, Inc., 1978. ISBN 0-486-23673-0 pp. 1730–1740.– Inc. New York – USA, 1978.

- Cartes du Ciel - Version 2.76, Patrick Chevalley -  http://astrosurf.org/astropc - acesso em 27/11/2012.

- http://stars.astro.illinois.edu/sow/taucma.html - Acesso em 18/01/2013.

- http://www.aavso.org/vsx/index.php?view=detail.top&oid=5513 – Acesso em 18/01/2013

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