Afinal, o que é a Vida?

Nelson Travnik

Em que pese nossos atuais avanços científicos, a vida é um processo que continua sem uma definição precisa como demonstrou claramente o grande físico austríaco e Premio Nobel, Erwin Schröndinger em seu livro “O que é a Vida”, publicado em 1944, em plena Segunda Guerra Mundial. O homem através da astrobiologia e ciência espacial, procura sinais de vida em alguns astros do sistema solar como no planeta Marte, em Europa satélite de Júpiter e em Titã e Enceladus, satélites de Saturno.


É imperioso saber que o conceito de vida envolve estruturas elementares, caso das bactérias e, ou, em geral, estruturas extremófilas. Extremófilos são organismos que sobrevivem ou até mesmo demandam condições tão extremas para sobreviver que inviabilizariam a presença de formas de vida conhecidas. Eles sobrevivem em ambientes como geysers, fontes de água quente, em vapor d’água e até em lugares impensáveis com elevada radioatividade, em aparente contradição com ambientes considerados amenos para o desenvolvimento da vida.

Considerando pois os aspectos acima delineados, chegamos facilmente a conclusão lógica e racional, que o fator vida é abundante no universo. Sendo assim, por analogia, o longo caminho evolutivo para um ser pensante, é pura questão de tempo.

UM CELEIRO DE VIDA

A astronomia nos mostra que a explosão de uma estrela supernova derrama no espaço os elementos que vão formar novas estrelas e planetas. Elas disseminam pelo espaço cósmico os elementos químicos pesados como o silício, carbono, ferro e níquel entre outros. O universo é pois um celeiro de vida. Descortinando a pluralidade dos mundos habitados proposta inicialmente pelos antigos gregos e mais tarde por Giordano Bruno (1550-1600) e Camille Flammarion (1842-1925), o homem do século espacial volta-se sobre si mesmo, observando que seu planeta, sua existência e suas conquistas nada representam na história do universo. Perante ele somos um grão de poeira no deserto. Mesmo um grão de poeira talvez esteja superdimensionado.

A descoberta dos exoplanetas em numero cada vez maior, conduziu recentemente a uma ‘assustadora’ previsão de que pode haver no universo mais planetas do que estrelas! Não obstante, ainda indo mais além, potentes redes de radiotelescópios, continuam programas de enviar mensagens na expectativa de, em um futuro que eles acreditam não muito distante, receber uma resposta: também estamos aqui!

Das telas de ficção para a realidade, será certamente o maior acontecimento do milênio! Esta nova visão do cosmos graças as pesquisas nas áreas da astronomia e ciência espacial, transformou a maneira de pensar do homem moderno, possibilitando assumir uma postura mais honesta e humilde. Afinal, o que somos nós perante tudo isso? No contexto final, podemos dizer que a astronomia é a única ciência que alarga nossos horizontes, nossa maneira de pensar, permitindo vislumbrar a efemeridade da vida e responder as três perguntas que mais aguçam o espírito humano: De onde vim, onde estou e para onde vou.

Nelson Travnik, astrônomo nos observatórios municipais de Americana e Piracicaba, SP e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.
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