Messier 41 - NGC 2287
M41, também conhecido como NGC 2287, é um aglomerado aberto
localizado na constelação de Canis Major (Cão Maior) (Mark Fisher, 1999). Assim, serão apresentadas primeiramente
informações sobre essa constelação.
Arato de Solos, poeta grego, em seu poema “Phaenomena”, no qual
aborda as constelações e os sinais meteorológicos, refere-se a Canis Major como
sendo o cão guardião de Órion, o caçador (representado pela constelação de
Orion), de pé e apoiado em suas patas traseiras, cuja ponta de sua mandíbula seria
marcada pela estrela Sirius (Mair, 2017)). Para Ridpath (2018), Canis Major
parece estar atravessando o céu perseguindo a lebre (representada pela
constelação Lepus), que se encontra aos pés de Órion, enquanto Canis Minor
parece ter perdido o faro ou então estaria no encalço de outras possíveis
presas (Figura 1).
Canis Major pode ser visto em latitudes entre +60° e -90. Em sua vizinhança, encontram-se as constelações Monoceros, Orion, Lepus, Columba e Puppis (Figura 2).
A constelação recebeu a designação oficial de Canis Major, a
abreviatura CMa e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas
letras gregas seguidas pela palavra Canis Majoris (que indica que a estrela
pertence à constelação de Canis Major). Conforme mostrado na Figura 3, algumas
estrelas conhecidas são: Sirius (α CMa ou Alpha Canis
Majoris), Mirzam (β CMa ou Beta Canis
Majoris), Furud (ζ CMa ou ζ Canis Majoris), Adhara (ε CMa ou ε Canis Majoris), Aludra
(η CMa ou Eta Canis
Majoris), Wezen (δ CMa ou Delta CMa),
Tau Canis Majoris (ou τ CMa)
e Al Zara (ou 24 CMa) (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022).
O aglomerado M41 (Figura 4) é um dos objetos mais notáveis em Canis Major, sendo o único da lista de Messier presente nessa constelação, destacando-se como um dos mais brilhantes objetos de céu profundo desse catálogo (Astroshop.pt, 2001; Star Walk, 2022). Ele contém cerca de 100 estrelas de diferentes tonalidades e cores em, aproximadamente, 25 anos-luz de diâmetro (Mark Fisher, 1999). M41 também abriga pelo menos duas anãs brancas, o que o torna um objeto interessante para estudos sobre a evolução estelar (Plotner, 2017).
M41 apresenta uma magnitude aparente de 4,5, o que o
torna visível
a olho nu em condições de céu escuro (Astroshop.pt, 2001; Star Walk, 2022),
estando distante da Terra cerca de 2300 anos-luz (Messier Objects, 2015). Um
aspecto particularmente interessante do M41 é a presença de um par de estrelas
no centro do aglomerado, cuja coloração laranja é perceptível mesmo em céus
urbanos (Astroshop.pt, 2001). O aglomerado se distribuir em uma área de 38
minutos de arco, ficando com um tamanho próximo ao da Lua Cheia quando a vemos
no céu (Messier Objects, 2015). A idade
estimada do M41 varia entre 190 e 240 milhões de anos, tornando-o relativamente
jovem em termos astronômicos (Sessions; Voices, 2023).
A descoberta do M41 é atribuída a Giovanni Battista Hodierna, que o
catalogou antes de 1654. No entanto, há
especulações de que o aglomerado possa ter sido observado por Aristóteles já em
325 a.C., o que o tornaria o objeto de céu profundo menos brilhante já
registrado na antiguidade clássica. Charles Messier incluiu o M41 em seu famoso
catálogo em 16 de janeiro de 1765 (freestarcharts.com, [s. d.]).
Para localizar M41, os observadores podem usar como
referência a estrela Sirius,
a mais brilhante do céu noturno. O aglomerado está posicionado aproximadamente
4 graus ao sul de Sirius (Sessions; Voices, 2023) (Figura 5).
M41 é visível a olho nu em condições de céu escuro, aparecendo como uma
mancha difusa (Sessions; Voices, 2023). Como nos revela o site Freecharts.com,
com binóculos 10x50 pode-se visualizar um grande borrão nebuloso com pelo menos
6 estrelas distintas. Binóculos maiores
de 20x80 revelarão muito mais estrelas. Já um telescópio de 100 mm, em baixa
ampliação, mostrará cerca de 50 ou mais estrelas contra um fundo manchado.
Telescópios de 150 a 200mm revelarão um aglomerado multicolorido com muitos
membros mais fracos visíveis (freestarcharts.com, [s. d.]).
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Referências:
ASTROSHOP.PT. M41 — Aglomerado estelar na região extrema. [S. l.], 2001. Disponível em: https://www.astroshop.pt/revista/pratica/observacao/ceu-profundo-a-partir-da-cidade/m41-m-aglomerado-estelar-na-regiao-extrema/i,1282. Acesso em: 11 nov. 2024.
FREESTARCHARTS.COM. Messier 41 - M41 - Open Cluster. [S. l.], [s. d.]. Disponível em: https://freestarcharts.com/messier-41. Acesso em: 11 nov. 2024.
MAIR, G. R. Aratus,
Phaenomena. [S. l.], 2017. Disponível em: https://www.theoi.com/Text/AratusPhaenomena.html#A. Acesso em: 26 fev. 2022.
MESSIER OBJECTS. Messier
41. [S. l.], 2015. Disponível em: https://www.messier-objects.com/messier-41/. Acesso em: 11 nov. 2024.
NOIRLAB/NSF/AURA. M41,
NGC 2287. [S. l.], 2020. Disponível em: https://www.noirlab.edu/public/images/noao-m41/. Acesso em: 11 nov. 2024.
PLOTNER, Tammy. Messier 41 - the NGC 2287 Open
Star Cluster. In: UNIVERSE TODAY. 8 maio 2017.
Disponível em: https://www.universetoday.com/34750/messier-41-open-cluster/. Acesso em: 11 nov. 2024.
RIDPATH, Ian. Canis
Major. [S. l.], 2018. Disponível em: http://www.ianridpath.com/startales/canismajor.html. Acesso em: 20 fev. 2022.
SESSIONS, Larry; VOICES, EarthSky. M41: A faint star cluster near bright
Sirius. [S. l.], 2023. Disponível em: https://earthsky.org/tonight/fuzzy-object-near-star-sirius-is-a-star-cluster/. Acesso em: 11 nov. 2024.
STAR WALK. Cão Maior: Guia da Constelação. [S.
l.], 2022. Disponível em: https://starwalk.space/pt/news/canis-major-constellation-guide. Acesso em: 11 nov. 2024.
STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação Canis Major: conformação, constelações vizinhas, principais estrelas e localização. versão 0.21.3. Boston: Stellarium.org, 2022. Stellarium. Disponível em: https://stellarium.org/pt/. Acesso em: 20 fev. 2022.