Em 21 de setembro próximo, o asteroide Circe estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = -0.879), quando então sua magnitude chegará a 12.36 (CAMPOS, 2023), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio porte. Abaixo apresentamos uma carta celeste ilustrativa (FORD, 2023), seguida das efemérides objetivando a sua localização na data acima mencionada.
Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 34 Circe foi descoberto em 6 de abril de 1855 pelo astrônomo francês Jean Chacornac (1823-1872), no Observatório de Paris. O nome é homenagem à célebre feiticeira Circe, filha do Sol de Perseida, que reinava na ilha de Ea, onde Ulisses desembarcou. Para detê-lo a seu lado, Circe fez com que os companheiros do herói bebessem um licor que os transformou em porcos. Apaixonando-se pelo herói, Circe teve com ele vários filhos, de acordo com as lendas, e fez o possível para que Ulisses permanecesse mais tempo junto dela. (MOURÃO, 1987).
Jean Chacornac foi um dedicado astrônomo observacional. Originalmente comerciante em Lyon e depois em Marselha, Benjamin Valz então diretor do Observatório de Marselha, permitiu que ele usasse os telescópios. Chacornac estudou manchas solares e em 1852 descobriu um cometa (C/1852 K1). A partir daí ele se dedicou totalmente à astronomia, auxiliando Valz na descoberta de planetas menores.
Chacornac foi transferido para Paris como parte da reforma promovida por Urbain Le Verrier no Observatório de Paris em 1854, onde mais notavelmente publicou 36 mapas da eclíptica (1860-1863). Chacornac era conhecido como um trabalhador incansável e foi bastante considerado por cientistas como Jean-Bernard-Léon Foucault, mas foi um dos numerosos astrônomos que no devido tempo, incorreram no desagrado de Le Verrier.
Em 1863, Chacornac retirou-se para Villeurbanne, perto de Lyon, onde construiu um observatório privado com um telescópio refletor estilo Foucault voltando se para às observações solares. A partir disso, ele concluiu incorretamente que as manchas solares eram causadas por cadeias de vulcões em erupção (TOBIN, 2007).
Notas:
1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).
2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).
3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.
Referências:
Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
Tobin, W. (2007). Chacornac, Jean (Update). In: Hockey, T., et al. The Biographical Encyclopedia of Astronomers. Springer, New York, NY. https://doi.org/10.1007/978-0-387-30400-7_257 - Acesso em 26 Jul. 2023.
OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.
IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.