I – Introdução
Em 16 de maio, teremos a ocorrência do segundo eclipse de 2022, cuja região de visibilidade total para este fenômeno engloba Ásia, Austrália, Oceano Pacífico e também grade parte das Américas, conforme apresentado na figura 1.
Os instantes de contato primários e as principais fases deste eclipse, também são apresentados com tempos estimados em UTC = Tempo Universal Coordenado (em inglês: Coordinated Universal Time) sendo que a figura apresenta também as condições de umbra e penumbra e o instante da totalidade {4}.
A duração total deste eclipse encontra-se estimada em 03h27m (fase umbral), quando então regiões do oeste da América do Sul (exceto parte do nordeste do Brasil), América Central e do Norte (exceto nordeste e norte do Canadá) poderão acompanhar o eclipse próximo a linha do poente (CAMPOS, 2021).
O fenômeno em seu instante máximo, ocorrerá sobre a América do Sul, sendo o território boliviano (figura 2) já próximo a Cordilheira dos Andes um ponto privilegiado próximo as coordenadas 19°00'00.0"S 64°00'00.0"W; a duração da totalidade deste eclipse encontra-se estimada em 84.9 minutos (Espenak et al; 2022) sendo que todo o evento (umbra e penumbra) encontra-se representado na figura 3.
II – Avaliações da coloração segundo a Escala de Danjon
Outro fato curioso é que a Lua nesta oportunidade não deverá ficar brilhante durante a fase de totalidade, isso deverá ocorrer (VITAL, 2022) devido a influência significativa de aerossóis provenientes de grandes explosões vulcânicas e presentes na atmosfera, podemos visualizar isso claramente na sequencia de fotografias (figuras 4, 5 e 6) realizadas da cidade de Saquarema, RJ - Brasil, durante o crepúsculo vespertino de fevereiro de 2022.
Segundo as estimativas realizadas pelo físico brasileiro Hélio Carvalho Vital, este eclipse vai escurecer significativamente, sendo que a expectativa é que reduza em 1,5+-0,5 magnitudes o brilho da Lua no meio da totalidade. Segundo ele, será um eclipse escuro por duas razões:
(1) a Lua atravessará uma região mais interna e escura da umbra;
(2) haverá um escurecimento adicional da estratosfera devido aos aerossóis da erupção em Tonga.
Felizmente temos como avaliar essa coloração. O astrônomo francês André-Louis Danjon (1890 - 1967) propôs uma escala de cinco pontos úteis para avaliar o aspecto visual e o brilho da Lua durante a fase de totalidade dos eclipses lunares. Os valores "L" (inseridos na tabela 1) para várias luminosidades são definidos da seguinte forma:
m=0.0+-0.8
L=1.6+-0.2
=> Eclipse vermelho escuro.
III – Imersões e Emersões
Uma atividade bastante gratificante e facilmente realizada pelos observadores proprietários de pequenos instrumentos de abertura ótica será a cronometragem da imersão e emersão da umbra pelos principais pontos da superfície lunar. “Você pode fazer uma contribuição importante para a ciência”. Assim sendo utilize aumentos em torno de 20x por polegada de abertura ótica de seu instrumento, não devem ser utilizados aumentos superiores a 60x, pois esses diminuem a nitidez da fronteira da umbra/penumbra e geralmente introduzem erros sistemáticos nas cronometragens.
Novamente as estimativas realizadas por Hélio Vital e descritas no Almanaque Astronômico Brasileiro de 2022, são apresentadas na tabela 2, contendo as estimativas para este fenômeno para Imersão e Emersão das principais crateras observadas. Você poderá ainda utilizar a figura 7 onde está postado um mapa lunar com a localização destas características do relevo lunar.
IV – Conclusão
Um eclipse mais claro ou escuro, certamente a gigantesca tela lunar revelará essa informação aos observadores somente durante a ocorrência deste eclipse. Da mesma forma que os eclipses de 09 dezembro de 1992, 29 de novembro de 1993 e 16 maio de 2003 mostraram-se significativamente mais escuros que o previsto. Os eventos vulcânicos responsáveis por esses efeitos foram identificados, destacando-se dentre eles: a violenta explosão do Monte Pinatubo em Junho de 1991 e a erupção do Monte Reventador em Novembro de 2002 (VITAL, 2007).
Boas Observações!
Referências:
Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
Campos, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2022. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2021. 122p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2022 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/17Dy_NOtMyJMDFelunEhPGrbzQuZQG_rf/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2021.
__________. O Eclipse Total da Lua em 04 de abril 2015! – Sky and Observers. Disponível em https://goo.gl/a854A4 Acesso em: 16 Dez. 2017.
Chevalley, Patrick. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 3.8, March. 2013. Disponível em: <http://ap-i.net/skychart/start?id=en/start>. - Acesso em: 26 Nov. 2015.
Vital, Hélio. [Magnitude umbral do eclipse de 16/05/2022]. WhatsApp: [Mensagens Privativas com o autor]. 6 Fev. 2022. 15:49. 16 mensagens de WhatsApp.
___________. Monitorando Explosões Vulcânicas na tela Lunar. REA/Brasil. REPORTE Nº 12, págs. 67/69. 2007. Disponível em: http://www.rea-brasil.org/reportespdf/reporte12-artigo11.pdf Acesso em: 05 mar. 2015.
___________. REA (Lunissolar) - Available in: < http://www.geocities.ws/lunissolar2003/2021Nov19_Obs_Analys.htm > Acess in: 06 Fev. 2022.
Espenak, Fred; Meeus. Jean. - NASA ECLIPSE WEB SITE. Available: <https://eclipse.gsfc.nasa.gov/LEsaros/LEsaros131.html> - Acesso: 06 Fev 2022.