Largue o cel e olhe para o céu #30

 Messier 4 - NGC 6121


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Messier 4 é um aglomerado globular brilhante e se localiza na constelação Scorpius (Escorpião). Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação.

‎Na mitologia, um escorpião teria picado o caçador Órion levando-o à morte. Porém, segundo Erastóstenes, há duas versões de como isso poderia ter ocorrido. Na primeira, Órion teria tentado violentar a deusa da caça, Artêmis. Por esse motivo, ela teria enviado um escorpião para picá-lo. Em outra, a própria Terra teria enviado o escorpião, pois Órion teria se vangloriado de que poderia matar qualquer animal selvagem (RIDPATH, 2018).

Ainda na Grécia antiga, a constelação Skorpios não possuía a conformação atual. Ela era maior e composta por duas partes: uma representando o corpo e o ferrão, chamada Skorpios e a outra, as suas garras (que se chamava Chelae (garras)). Posteriormente, no século I a.C., os romanos separaram as garras da constelação Scorpius (Figura 1) e a transformaram em uma outra, a atual Libra (CONSTELLATION GUIDE, 2021; RIDPATH, 2018).

Figura 1 – Constelação Scorpius, conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021)

Scorpius pode ser vista nas latitudes entre +40° e -90°, tendo como constelações vizinhas Ophiucus, Libra, Lupus, Norma, Ara, Corona Australis e Sagittarius (Figura 2) (CONSTELLATION GUIDE, 2021).

Figura 2 – Constelação Scorpius, com suas constelações vizinhas Ophiucus, Libra, Lupus, Norma, Ara, Corona Australis e Sagittarius, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha branca delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021)

Oficialmente, a constelação recebeu a designação Scorpius, a abreviatura Sco e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pelo genitivo Scorpii. As estrelas principais de Scorpius são (Figura 3): Antares (Alpha Scorpii), Acrab (Beta Scorpii),  Dschubba (Delta Scorpii), Sargas (Theta Scorpii), Kappa Scorpii,  Iota Scorpii, Alniyat (Sigma Scorpii), Paikauhale (Tau Scorpii), Lesath (Upsilon Scorpii), Eta Scorpii, Zeta Scorpii, Fang (Pi Scorpii), Larawag (Epsilon Scorpii), Pipirima (Mu² Scorpii), Fuyue e Shaula (Lambda Scorpii) (CONSTELLATION GUIDE, 2021).

 

Figura 3 – Principais estrelas da constelação Scorpius. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021)

Messier 4 (Figura 4) foi descoberto pelo astrônomo suíço Jean-Philippe Loys de Chéseaux em 1764. Charles Messier, por sua vez, o catalogou em 08 de maio de 1764. Com dimensões aparentes de 26’ de arco, é um aglomerado globular brilhante e proeminente na constelação Scorpius, um dos mais próximos da Terra. No catálogo New General Catalogue, recebeu a designação NGC 6121, estando distante aproximadamente 7200 anos-luz da Terra. Sua idade é estimada em cerca de 12,2 bilhões de anos. Contém dezenas de milhares de estrelas, das mais antigas conhecidas na Via Láctea, sendo cerca de 65 estrelas variáveis (15% do total) e massa total estimada em 100.000 vezes maior que a do nosso Sol. Em 2003, foi descoberto um planeta denominado PSR B1620-26b no aglomerado, que orbita um sistema estelar binário composto por uma anã branca e uma pulsar. A idade do planeta é de cerca de 3 vezes a idade do nosso sistema solar (MESSIER OBJECTS, 2015).

Nas ‎Classes de Concentração de Aglomerado Globular de  Shapley-Sawyer‎, Messier 4 é classificado como de densidade IX (vagamente concentrado, disperso em relação ao centro) (MESSIER OBJECTS, 2015), sendo um dos aglomerados globulares mais abertos  apresentando uma estrutura de barras na região central, que foi percebida  pela primeira vez por William Herschel em 1783. A influência da gravidade se estende por cerca de 140 anos-luz (PLOTNER, 2016).

Aparentemente, o aglomerado contém duas classes distintas de estrelas, o que pode indicar que ele teria passado por dois ciclos separados de formação estelar. M4 também percorre um caminho orbital em nossa galáxia, atravessando o disco e se aproximando do centro galáctico. Ocorre então uma desestabilização gravitacional toda vez que por ele passa, o que pode levar a um escape de estrelas do aglomerado, fazendo com que ele talvez seja muito menor do que já foi antes (PLOTNER, 2016).

Figura 4 – Messier 4 (M4). Crédito da foto: ESO, 2012

Com magnitude aparente de +5,9, é um dos aglomerados mais fáceis de se encontrar no céu à noite. A ocasião ideal para observá-lo no hemisfério sul ocorre durante os meses de maio, junho e junho, quando a constelação se encontra alta no céu. É visível a olho nu em condições excelentes, tendo cerca do mesmo tamanho da Lua Cheia (PLOTNER, 2016).

Para localizá-lo, encontre Antares, a estrela mais brilhante de Escorpião. Messier 4 estará a 1,3° a oeste. Utilizando-se pequenos instrumentos, se parece como um pedaço de luz difuso. Com binóculos 10x50, a região central parece bastante brilhante, cercada por um halo de luz. A barra central pode ser vista em um telescópio de tamanho médio, mostrando estrelas de 11ª magnitude (MESSIER OBJECTS, 2015). Com telescópios médios a grandes, pode-se se ver as estrelas individualmente, assim como a estrutura central da barra (PLOTNER, 2016).

Figura 5 - Localização de M4 na constelação Scorpius. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021)

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Referências

CONSTELLATION GUIDE. Scorpius Constellation. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.constellation-guide.com/constellation-list/scorpius-constellation/. Acesso em: 27 jun. 2021.

ESO. O aglomerado estelar globular Messier 4. [S. l.], 2012. Disponível em: https://www.eso.org/public/brazil/images/eso1235a/. Acesso em: 26 mar. 2022.

MESSIER OBJECTS. Messier 4. [S. l.], 2015. Disponível em: https://www.messier-objects.com/messier-4/. Acesso em: 26 mar. 2022.

PLOTNER, Tammy. Messier 4 (M4) - The NGC 6121 Globular Cluster. Em: UNIVERSE TODAY. 22 fev. 2016. Disponível em: https://www.universetoday.com/31147/messier-4/. Acesso em: 21 abr. 2022.

RIDPATH, Ian. Scorpius. Em: STAR TALES. 2a.ed. Cambridge: The Lutterworth Press, 2018. p. 238. E-book. Disponível em: Acesso em: 28 jun. 2021.

STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de Escorpião: conformação, constelações vizinhas, principais estrelas e localização. Versão 0.21.1. Boston: Stellarium.org, 2021. Stellarium. E-book. Disponível em: https://stellarium.org/pt/. Acesso em: 29 jun. 2021.


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