Nebulosa da Hélice
A Nebulosa da Hélice é uma nebulosa planetária e se localiza na constelação de Aquarius. Aquarius é uma palavra latina que significa “o portador da água” (CONSTELLATION GUIDE, 2021). Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação.
Para entender a origem de Aquarius e sua conformação (Figura 1), é preciso compreender a influência das mitologias nas denominações celestes. Há quatro versões diferentes para explicar sua origem (RIDPATH, 2018):
1. Aquarius seria Ganimedes, filho do rei Tros. Era considerado o menino mais bonito e, por isso, em certa ocasião, enquanto cuidava das ovelhas do pai, Zeus o viu e se apaixonou. Transformando-se em uma águia, Zeus levou o menino, ou em outra versão, Zeus teria enviado uma águia para levá-lo. A águia, neste caso, é representada pela constelação vizinha, Áquila.
2. Em outra versão, Ganimedes teria sido levado por dois admiradores. Eos, a deusa do amanhecer, levou Ganimedes primeiro, mas posteriormente Zeus o roubou. Ganimedes então se tornou o garçom dos deuses no Olimpo.
3. Já na versão de Germânico César, Aquarius foi identificada como Deucalião, filho de Prometeu.
4. Para Higino, Aquarius era Cecrops, um antigo rei de Atenas.
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| Figura 1 - Constelação de Aquarius conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021). |
Aquarius pode ser vista em latitudes entre +65° e -90°, tendo como constelações vizinhas Pisces, Pegasus, Equuleus, Delphinus, Aquila, Capricornus, Piscis Austrinus, Sculptor e Cetus (Figura 2) (CONSTELLATION GUIDE, 2021).
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| Figura 2 - Constelações de Pisces, Pegasus, Equuleus, Delphinus, Aquila, Capricornus, Piscis Austrinus, Sculptor e Cetus, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha branca delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021). |
Oficialmente, a constelação recebe a designação Aquarius, a abreviatura Aqr e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pelo genitivo Aquarii. As estrelas principais de Aquarius são: Albali (ε Aqr), Albulan I (μ Aqr), Sadalsuud (β Aqr), Sadalmelik (α Aqr), Sadachbia (γ Aqr), Sadaltager (ζ Aqr), Eta Aquarii (h Aqr), Hydor (l Aqr), Psi-1 Aquarii (j1 Aqr), 94 Aqr A, b1 Aqr, Ancha (q Aqr), Sigma Aquarii (s Aqr), Tau Aquarii (t Aqr), Skat (d Aqr), c2 Aqr e Iota Aquarii (i Aqr) (Figura 3) (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021).
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| Figura 3 - Constelação de Aquarius conforme visualizada no software Stellarium e as suas principais estrelas. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021). |
É nesta constelação que se localiza a Nebulosa da Hélice, também denominada no New General Catalog como NGC 7293 (Figura 4) (Figura 5).
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| Figura 4 – Nebulosa da Hélice. Fonte: (ESO, 2009). |
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| Figura 5 - Localização da Nebulosa da Hélice na constelação de Aquarius. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2021). |
A Nebulosa da Hélice foi descoberta pelo astrônomo alemão Karl Ludwig Harding no século XIX. Trata-se de uma nebulosa planetária e, por causa da sua aparência, ganhou o apelido de “Olho de Deus”. Medindo cerca de 2,87 anos-luz, possui magnitude visual aparente de +7,6. Sua idade é cerca de 10.600 anos e está distante 695 anos-luz (CONSTELLATION GUIDE, 2011).
Apesar de ser classificada como nebulosa planetária, ela nada tem a ver com um planeta. Essa denominação tem a sua origem na observação de nebulosas deste tipo no século XVIII. Os astrônomos, devido aos equipamentos de sua época, acharam-nas parecidas com planetas gigantes. Então, como de fato surge uma nebulosa planetária? Ela resulta da evolução estelar de uma estrela de baixa massa (entre 1 e 8 massas solares) que se transforma neste tipo de nebulosa, no final de sua fase como gigante vermelha, quando ela se torna muito instável, começa a pulsar e os ventos solares ejetam as suas camadas externas. Essas camadas vão se afastando da estrela e o núcleo remanescente é muito quente (mais de 100 mil graus centígrados), sendo constituído por uma estrela anã branca. A estrela gera radiação ultravioleta que aquece as suas camadas externas fazendo-as com que brilhem (NATIONAL SCHOOLS’ OBSERVATORY, 2021) (WILLIAMS COLLEGE, 2021). Foi na Nebulosa da Hélice que também foram descobertos primeiramente os nós cometários. São condensações bem definidas encontradas dentro de uma nebulosa planetária com um núcleo de poeira e gás e também uma cauda. A extremidade superior do núcleo é brilhante (O’DELL et al., 2003). Os nós se estendem da estrela central em uma direção radial. Acredita-se que a NGC 7293 contenha cerca de 20.000 nós cometários (CONSTELLATION GUIDE, 2011).
NGC 7293 aparenta ser uma nuvem esverdeada e nebulosa por meio de binóculos. Entretanto, para resolver a sua forma de anel, é necessário utilizar um grande telescópio amador. Já as faixas radiais só podem ser vistas com telescópios terrestres maiores (CONSTELLATION GUIDE, 2011).
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Referências:
CONSTELLATION GUIDE. Aquarius Constellation: Stars, Myth, Facts, Location, Deep Sky Objects. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.constellation-guide.com/constellation-list/aquarius-constellation/. Acesso em: 7 set. 2021.
CONSTELLATION GUIDE. Helix Nebula (NGC 7293): Facts, Location and Images. [S. l.], 2011. Disponível em: https://www.constellation-guide.com/helix-nebula-ngc-7293-caldwell-63-in-aquarius/. Acesso em: 7 set. 2021.
ESO. The Helix Nebula*. [S. l.], 2009. Disponível em: https://www.eso.org/public/images/eso0907a/. Acesso em: 7 set. 2021.
NATIONAL SCHOOLS’ OBSERVATORY. Planetary Nebula. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.schoolsobservatory.org/learn/astro/stars/cycle/planetary. Acesso em: 26 set. 2021.
O’DELL, C R et al. Knots in planetary nebulae. Revista Mexicana de Astronomía y Astrofísica, [s. l.], v. 15, p. 29–33, 2003.
RIDPATH, Ian. Aquarius. In: STAR TALES. 2 ed. expandida [Kindle]ed. Cambridge: The Lutterworth Press, 2018. p. 60–63. E-book. Disponível em: Acesso em: 7 set. 2021.
STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de Aquarius: conformação, constelações vizinhas, principais estrelas e localização. Versão 0.21.1. Boston: Stellarium.org, 2021. Stellarium. E-book. Disponível em: https://stellarium.org/pt/. Acesso em: 26 set. 2021.
WILLIAMS COLLEGE. Planetary Nebulae. [S. l.], 2021. Disponível em: https://web.williams.edu/Astronomy/research/PN/nebulae/nebulaegallery.php. Acesso em: 26 set. 2021.
