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quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Largue o cel e olhe para o céu #13

Galáxia de Andrômeda

Aléxia Lage


Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #012 - M 31 - Galáxia de Andrômeda

M 31 é conhecida como Galáxia de Andrômeda e se localiza na constelação de mesmo nome. Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação. 

Para entender a origem da constelação, é preciso compreender a influência das mitologias nas denominações celestes. Andrômeda teria sido uma linda princesa, filha do Rei Cefeu e da rainha Cassiopeia, a qual era extremamente vaidosa e arrogante. Certo dia, a rainha afirmou que era mais bonita que as ninfas do mar, as Nereidas. Elas pediram então a Poseidon, o deus do mar, que a rainha recebesse uma lição, pois já teria passado de todos os limites. Poseidon então enviou um monstro para devastar a região costeira das terras de Cefeu. Desesperado com isso, o rei consultou um oráculo, que lhe recomendou sacrificar sua filha para que o monstro se acalmasse. Andrômeda foi então acorrentada às rochas chorando muito, apavorada com seu destino. De repente, surgiu o herói Perseu, que salvou a princesa e se casou com ela posteriormente. De acordo com alguns mitólogos, teria sido a deusa Atena quem colocou Andrômeda no céu, entre as constelações de Perseu e a de sua mãe, Cassiopeia (Figura 1) (RIDPATH, 2018).
 

Figura 1 - Constelação de Andrômeda conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Andrômeda pode ser vista em latitudes entre + 90° e -40°, tendo como constelações vizinhas Perseus, Cassiopeia, Lacerta, Pegasus, Pisces e Triangulum (CONSTELLATION GUIDE, 2020)(Figura 2). 
 
Figura 2 - Constelações de Andromeda, Perseus, Cassiopeia, Lacerta, Pegasus, Pisces e Triangulum visualizadas no software Stellarium. A linha branca delimita a área de cada constelação. Fonte.(STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Oficialmente, a constelação recebe a designação Andromeda, a abreviatura And e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pelo genitivo Andromedae. As estrelas principais de Andromeda são: Alpheratz (Sirrah ou α Andromedae ou α And), Mirach (β Andromedae ou β And), δ Andromedae ou δ And, Almach (γ Andromedae ou γ And), μ Andromedae ou μ And e ν Andromedae ou ν And  (Figura 3) (RÉ; DE ALMEIDA, 2000).

Figura 3 - Constelação de Andromeda conforme visualizada no software Stellarium e as suas principais estrelas. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

É também nesta constelação que se localiza M 31, a galáxia espiral de Andrômeda (Figura 4).  Catalogada também como NGC 224, tem seu registro mais antigo realizado pelo astrônomo persa Abd al-Rahman al-Sufi, que a descreveu como uma “pequena nuvem”. Localize-se a 8° a noroeste da estrela Mirach (Figura 5), com dimensão aparente de 190’ x 60’, estando distante de nós a 2,54 milhões de anos-luz, sendo a galáxia mais próxima da nossa Via Láctea. Sua magnitude aparente corresponde a 3.44 e contém um trilhão de estrelas, 2 vezes mais que a nossa galáxia, que possui de 200 a 400 bilhões delas. Em cerca de 3,75 bilhões de anos, elas irão colidir, resultando na formação de uma nova galáxia (CONSTELLATION GUIDE, 2011).

Figura 4 – M 31 – Galáxia de Andrômeda - Crédito da foto: Mike Herbaut & the ESA/ESO/NASA Photoshop FITS Liberator (MIKE HERBAUT & THE ESA/ESO/NASA PHOTOSHOP FITS LIBERATOR, [s.d.]).
 
Figura 5 – Localização da Galáxia de Andrômeda na constelação de Andromeda. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)
A Galáxia de Andrômeda possui 14 galáxias satélites, sendo M 32 e M 110 as maiores e mais fáceis de se observar. M 31 contém cerca de 450 aglomerados globulares. Dentre eles, se destaca o aglomerado globular One (G1) com uma magnitude aparente de 13.72, mais brilhante, portanto, que o nosso Omega Centauri. Uma característica peculiar de M 31 é o fato de possuir um núcleo duplo, descoberto pelo telescópio Hubble em 1991. Há duas hipóteses para o segundo núcleo: pode ter sido de outra galáxia que foi incorporada a ela ou de nuvens de poeira que escondem parte de sua região central (CONSTELLATION GUIDE, 2011). 

A Galáxia de Andrômeda é visível a olho nu em uma noite escura, sendo o objeto mais distante de nós que o olho humano pode visualizar sem um equipamento (CONSOLMAGNO; DAVIS, 2018). Utilizando-se binóculos 10 x 50, a galáxia aparecerá apenas como uma nuvem oval com um núcleo brilhante. Pequenos telescópios também revelam apenas o seu núcleo brilhante, mas instrumentos maiores são capazes de mostrar seu tamanho total, que é seis vezes maior que o diâmetro aparente da Lua cheia. As galáxias anãs M 32 e M 110 também podem ser vistas em binóculos (CONSTELLATION GUIDE, 2011).

O texto foi útil para você? Agradecemos a todos aqueles que puderem deixar seus comentários com críticas e sugestões para a coluna e o material por ela disponibilizado.

Referências:

CONSOLMAGNO, G.; DAVIS, D. M. Turn left at Orion. 5. ed. Great Britain: Cambridge University Press, 2018. 

CONSTELLATION GUIDE. Andromeda Galaxy (Messier 31): Facts, Location, Images. Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/andromeda-galaxy-messier-31-m31-ngc-224/>. Acesso em: 27 set. 2020. 

CONSTELLATION GUIDE. Andromeda Constellation: Facts, Myth, Stars, Deep Sky Objects. Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/constellation-list/andromeda-constellation/>. Acesso em: 27 jul. 2020. 

MIKE HERBAUT & THE ESA/ESO/NASA PHOTOSHOP FITS LIBERATOR. M31 Andromeda Galaxy. Disponível em <https://www.spacetelescope.org/projects/fits_liberator/fitsimages/mike_herbaut_1/>. Acesso em: 27 set. 2020. 

RÉ, P.; DE ALMEIDA, G. Observar o céu profundo. Lisboa: Plátano, 2000. 

RIDPATH, I. Star Tales. 2. ed. Cambridge: The Lutterworth Press, 2018. 

STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de Andrômeda. Boston: Stellarium.org, 2020. 

Um comentário:

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