Circunstâncias Globais do Trânsito de Mercúrio pelo disco solar em 11 de novembro 2019.



I – Introdução

Desde o invento do telescópio em 1609 as observações dos trânsitos dos planetas inferiores Mercúrio e Vênus pelo disco solar vem sendo acompanhadas e se efetuam a intervalos sucessivos de 8, 105,5, 8 e 121,5 anos num ciclo de 243 anos (MOURÃO, 1987), se constituindo em eventos de rara beleza oferecendo novamente a oportunidade para que possamos registrar de alguma forma, ou mesmo disseminar entre aqueles partícipes da ciência astronômica esses e outros eventos que a dinâmica celeste ao longo de sua história vem registrando.

II – Registros no Brasil

Desde a participação do astrônomo brasileiro Francisco Antônio de Almeida Júnior na missão francesa para o registro do trânsito de Vênus pelo disco solar ocorrida em 09 de dezembro de 1874, escrevendo posteriormente “A paralaxe do Sol e as passagens de Vênus (Rio de Janeiro, 1878)” (MOURÃO, 2004) a participação efetiva do Brasil na oportunidade de registro em um novo trânsito de Vênus em 06 de dezembro de 1882, num esforço internacional para se conhecer a distância do Sol que o registro das passagens de Vênus e Mercúrio vem intensificando-se.

No Brasil, além dos trabalhos realizados pelo astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935-2014), registros observacionais do trânsito de Mercúrio em 09 de maio de 1970, foram levadas a termo também pelos observadores: Ernesto Reisenhofer (1907-1978) e Stellita Starling Reisenhofer no Observatório Kappa Crucis (figura 1) em Belo Horizonte utilizando um refrator de 150 mm f/d = 15 obtendo uma sequência de 5 fotografias realizadas com anteparo conforme demostra o registro realizado às 12:00:44 (TU), figura 2 abaixo.

Esta passagem ainda foi observada por Nelson Alberto Soares Travnik no Observatório Flammarion em Mathias Barbosa – MG (figura 3), o trânsito foi registrado às 10:51:00 (UT) por um Refrator Zeiss de 4” F/15 conforme apresentado na figura 4.

III - Circunstâncias Globais em 11 de novembro de 2019

A representação gráfica da figura 5, apresenta os instantes de contato externo quando o disco de Mercúrio toca externamente o bordo do Sol no início do trânsito e ao seu final quando o sol deixa o disco solar.

As condições gerais de visibilidade para diversas localidades para esse próximo trânsito, encontram-se descritas na sequência de tabelas existentes nos respectivos links abaixo informados subdivididos por abrangências continentais.

IV - África 

No continente africano esse trânsito será observado em todas as nações (Angola, Argélia, África do Sul, Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Cabo Verde, Etiópia, Egito, Gabão, Gana, Líbia, Marrocos, Maurício, Mauritânia, Moçambique, Níger, Nigéria, Quênia, Reunião (Ilha), Ruanda, Senegal, São Tomé e Príncipe, Tanzânia, Togo, Tunísia, Uganda. Zâmbia e Zimbábue), deste continente (Link para download: https://is.gd/transit_mercury_nov_2019_afr).

V - América Central

Na região da América central esse trânsito será observado em: Aruba, Barbados, Costa Rica, Cuba, Ilhas Cayman, Republica Dominicana, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, São Cristóvão e Nevis, Trinidad e Tobago (Link para download: https://is.gd/transit_mercury_nov_2019_cam).

VI - América do Norte

Na América do Norte todo o trânsito será visível (Bermudas, Canadá, Estados Unidos e México) e com o objetivo de facilitar essa busca as localidades nos Estados Unidos da América, foram distribuídas geograficamente pelos estados americanos (Link para download: https://is.gd/ttransit_mercury_nov_2019_nta).

VII - América do Sul

Na América do Sul o transito poderá ser observado também de todas as localidades (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela) Link para download: https://is.gd/ttransit_mercury_nov_2019_sam). Chamo a atenção ainda para os observadores localizados no Brasil, que no Almanaque Astronômico de 2019 encontram-se as circunstâncias gerais de visibilidade para 1089 municípios existentes nas regiões centro oeste, norte, nordeste, sudeste e sul.

VIII – Ásia

No continente asiático esse fenômeno poderá ser observado das seguintes nações: Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Paquistão, Turcomenistão e Iêmen  (Link para download: https://is.gd/transit_mercury_nov_2019_asa) bem como  também a região do Cáucaso do Norte na Rússia.

IX – Europa

No continente europeu esse trânsito será observado em todas as nações (Albânia, Alemanha, Andorra, Armênia, Áustria, Azerbaijão, Bélgica, Belarus, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Republica Checa, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Hungria, Ilhas Faroé, Islândia, Itália, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Malta, Moldávia, Mônaco, Noruega, Países Baixos (Holanda - Netherlands), Polônia, Portugal, Reino Unido (Escócia e Irlanda), Romênia, Sérvia, Suécia, Suíça e Ucrânia; (Link para download: https://is.gd/transit_mercury_nov_2019_eur)  isso inclui também as porções européias da Rússia e Turquia. 

X - Oceania

Na região da Oceania, esse trânsito poderá ser acompanhado em sua fase final nas regiões do leste; isso engloba Ilhas Cook, Nova Zelândia e a Polinésia Francesa (Link para download: https://is.gd/transit_mercury_nov_2019_oca).

XI - Importância

Atualmente a distância da Terra ao Sol (u.a = Unidade Astronômica) já está determinada conforme  a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros.

A importância das observações hoje realizadas reverbera, novamente aos astrônomos valor histórico que elas representam, entretanto elas serão de grande validade para que possamos validar a metodologia de cálculo empregada no software desenvolvido pelo físico brasileiro Hélio de Carvalho Vital, cujo donwload gratuito poderá ser realizado acessando: http://www.geocities.ws/lunissolar2003/Helios_Transits.zip. Então contamos com a sua colaboração enviando-lhe os resultados observacionais.

Boas observações.

XII - Referências:

Mourão, R. R. F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- _________, Contribuições do Brasil para se conhecer a distância do Sol. Scientific American Brasil, Vol. 2 nº 23, p. 48/55. Abril. 2004 . Ed Duetto. SP. Brasil.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2019. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2018. 197p. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1MDUD98pgALzQFNmM200ftLQRuVDS0Vsu/view> Acesso em 02 Dez 2018.

Amorim, A.. Anuário Astronômico Catarinense 2019. 1. ed. Florianópolis: Ed: do Autor, 2018. 188p.

Herald, D. Occult4 v4.1.0.27 (24 March. 2014) Uptade v4.2.0 available in: <http://www.lunar-occultations.com/occult4/occultupdate.zip> Acess in 28 Abr. 2016.

Vital, H.C.. Programa para Cálculo de Circunstâncias Locais de Trânsitos Planetários - E-Mail [Personal Communication]. Message received by arcampos_0911@yahoo.com.br 07 Abr. 2016 (9:14) AM.

Tolentino, R.J. V.. Re: Monitoramento da Mancha Solar AR 2533. - E-Mail [Personal Communication]. Message received by arcampos_0911@yahoo.com.br 27 Abr. 2016 (13:45)

Travnik, N. A. S.. Arquivos - E-Mail [Personal Communication]. Message received by arcampos_0911@yahoo.com.br 15 Abr 2016 7:15 (AM).

IAG – Observatório Abraahão de Morais. Última atualização em 27 de Março de 2013 (14:05). (Website). Disponível em: <http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html> - Acesso em 18 Ago. 2015.

Postagem Anterior Próxima Postagem