O céu do mês – Março 2016

arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil – AWB

Companheiros e companheiras das jornadas observacionais,

Eu não tenho dúvidas que este mês (assim como abril e maio próximo) ficará marcado por muito tempo na memória de muitos observadores com sendo um dos mais profícuos períodos a observação do céu. Desta forma e já vislumbrando os acontecimentos que estão no limiar de sua ocorrência, de certa parte e até fácil se empolgar para descrever neste post, tão belos e importantes acontecimentos; sabem por qual motivo? “O entusiasmo que move o ser humano e a alegria em estar observando a esfera celeste e a mesma em todos nós, independente estarmos ou não tendo a visibilidade do evento X ou Y”; senão vejamos: 2 eclipses estarão ocorrendo, sendo que das ocorrências destes em 2016, será este evento de 08/09 de março o de maior duração na totalidade; o eclipse do 2º semestre será anular com uma duração um pouco menor; já o eclipse penumbral lunar do dia 23 terá pouca probabilidade de registro, mesmo assim ele estará mais favorável a possíveis observadores na região do oceano pacífico. 

Já antecedendo o nascer do Sol (portanto durante a faixa crepuscular matutina) a Lua, Marte, Saturno e Antares estarão muito bem posicionados para astrofotógrafos madrugadores, sendo que em 07 de março, a Lua, Vênus e Mercúrio estarão também posicionados no céu da manhã; Entretanto logo na primeira hora de 29 de março, esse quadro dos primeiros dias voltará a se repetir até porque Marte vem aumentando sua respectiva magnitude visual, prenunciando a proximidade de sua oposição. E por falar em oposição o gigantesco Júpiter em oposição extremamente favorável; novamente as configurações de seus satélites naturais bem como trânsitos de sombra serão imperdíveis a equipamentos de pequeno porte. A brilhante Aldebarã, juntamente com as estrelas Lambda Geminorum, Apami-Atsa, Zaniah, Zavijava, Zubenelhakrabi e Rho Sagittari (essa já em 01 de abril próximo) estarão possibilitando o registro das ocultações de estrelas pela Lua.  A proximidade do Equinócio de Março, anunciando o início sazonal da primavera no hemisfério norte e do outono na porção austral já indica também que podemos esperar mais uma temporada de céus limpos e noites estreladas, essas certamente serão coroadas de êxito em Star Parties e demais observações astronômicas. Isso instintivamente leva nossos ávidos observadores a um período venatório extremamente benéfico trazendo em nossa mente uma das regiões celestes mais atraentes. Desta forma a constelação boreal Canes Venaciti estará muito bem posicionada e com fantásticos objetos celestes ao alcance de nossos modestos equipamentos observacionais. Noites estreladas para todos!
 

Thomas Bopp e o C/1995 O1 (Hale-Bopp)

A menção deste fantástico cometa certamente levará as reminiscências, observadores daquele que foi o cometa mais observado de todos os tempos; trata-se do cometa C/1995 O1 (Hale-Bopp), descoberto em 23 de julho de 1995 por Alan Hale e de forma independente pelo astrônomo amador Thomas-Bopp. Com muita razão de ser, esse cometa foi o cometa mais observado de todos os tempos da história, isso acontecendo entre 1995 e 2000. Por volta de abril e maio de 1997 devido a sua magnitude visual (tão brilhante, quanto às estrelas mais brilhantes do céu), extensão de sua cauda e a longa duração de visibilidade e fácil localização na esfera celeste, fez com que ele tornar-se o mais brilhante desses objetos no século XX.

Certamente muito poucas pessoas tiveram a oportunidade de conhecer os fatos que culminaram nesta descoberta, narrada ao associado do CEAMIG Victor Brasil Sabbagh pelo próprio Doutor Thomas Bopp (figura. 2) quando ambos se encontraram durante a GJX Gem & Jewelry Show (ocorrida entre 02 a 07 de fevereiro último) em Tucson-Arizona. 

Entusiasmado, ele narrou todos os acontecimentos que culminaram na descoberta do C/1995 O1, com um amigo próximo a Stanfield - AZ, enquanto faziam a “primeira luz” em um refletor dobsoniano 0.44-m f/4.5 com J. Stevens (GREEN, 1995), percebendo naquela noite na constelação de Sagittarius uma pequena nebulosidade muito pálida, desta forma e após uma hora conseguiu notar uma movimentação do objeto, reportando ao Smithsonian Center for Astrophysics para a confirmação, Após essa confirmação segundo o relato do próprio Thomas Bopp, ele inventou uma nova dança na cozinha da casa dele (SABBAGH, 2016).

Astronomia Q&A - Plataforma de troca de conhecimentos de Astronomia

Doravante profissionais e amadores nos campos da astronomia, astrofísica, astronomia e astrofísica teórica, astronomia observacional, astronomia solar, ciências planetárias, astronomia estelar, astronomia galáctica e extragaláctica, cosmologia, astrobiologia entre muitas outras áreas da ciência, que buscam no idioma lusofônico uma forma de contribuírem com a disseminação deste conhecimento, possuem uma excelente plataforma para troca de conhecimentos (ALMEIDA, 2016). 

Esta excelente inciativa voltada para todos aqueles fluentes no idioma português ocorre em um momento excelente quando observamos uma procura cada vez maior de nações que têm neste idioma, língua oficial ou dominante, a abrangência de cerca de 230 milhões de pessoas. Fica então nosso convite a todos aqueles que conheçam, dissemine, façam o compartilhamento e cadastramento nesta nova plataforma; mais ainda: que sejam utilizadores frequentes unindo esforços de colaboração para o conhecimento científico. Seu link é: http://astronomia.galactica.pt/questions.

O Eclipse Total do Sol de 09 de março

Em 09 de março teremos a ocorrência do primeiro eclipse total do Sol de 2016, quando então observadores localizados em regiões do sudeste da Ásia, partes da Austrália e regiões do Pacífico norte, bem como também região das Aleutas (Alasca e bacia do Rio Yukon no Canadá) terão a oportunidade registrar mesmo de forma parcial este evento. Este eclipse e visível como total em regiões da Indonésia (Sumatra, Bornéu, Sulawesi) e numa estreita faixa do oceano pacífico. Veja maiores informações e sobre as circunstâncias de visibilidade nas diversas regiões acima mencionadas em: http://skyandobservers.blogspot.com/2016/03/o-eclipse-total-do-sol-de-09-de-marco.html

Eclipse Penumbral da Lua em 23 de março 2016

Em 23 de março de 2016, ocorrerá o eclipse um lunar penumbral parcial, cuja região de visibilidade se dará em regiões da Ásia, Austrália, oceano Pacifico e oeste das Américas Central e do norte. O instante máximo ocorre as 11:47:14(TU). 

Conforme podemos observar pela figura 4 o Instante Máximo (2) ocorre sobre um ponto no oceano pacífico entre as coordenadas: Latitude: 0º01’00.0”S e Longitude 174º 39’00.0W, encontrando-se cerca de 1100 km a nordeste de Tuvalu e 1000 km a nor-noroeste de Tokelau (CAMPOS, 2015).

Ocultação diurna de Dabih Major (beta Capricorni) pela Lua

Em 05 de março a Lua -13% iluminada e com uma elongação solar de 42°, ocultará a estrela Dabih Major (beta Capricorni) de magnitude 3.1 e tipo espectral F8V+A0. Esse evento poderá ser observado de forma diurna na região da Oceania (Austrália – Ilha da Tasmânia), Nova Zelândia e Ilhas Cook e grande parte da Antártida (exceto a região da Península Antártica) conforme demonstra a figura constante no quadro 1.

As circunstâncias gerais de visibilidade para algumas das principais localidades destas regiões estão apresentadas na tabela 2 abaixo.

Ocultações de estrelas pela Lua (Noturnas)

Rho Sagittarii

Em 04 de março a Lua -21% iluminada e com uma elongação solar de 55°, ocultará a estrela Rho Sagittarii de magnitude 3.9 e tipo espectral F0III/IV. Esse evento poderá ser observado de forma diurna na região do oceano pacífico norte. Já na região do mar das Filipinas ao mar da China Meridional (extremo sul do Japão) o evento ocorre durante o crepúsculo, sendo que no restante do sudeste asiático o fenômeno já poderá ser observado dentro do período noturno de acordo com a figura A, apresentada no quadro 2.

Theta 2 Tauri

Em 14 de março a Lua +36% iluminada e com uma elongação solar de 74°, ocultará a estrela theta 2 Tauri de magnitude 3.4 e tipo espectral A7 III. Esse evento então poderá ser observado de forma noturna no extremo norte do continente norte-americano, Pacífico norte, nordeste e leste asiático; regiões centrais da Ásia (Deserto de Gobi e planalto da Mongólia) acompanharão o evento durante a fase crepuscular; já no restante do continente asiático, Europa e norte da África o evento ocorre na faixa diurna do dia de acordo com a figura B, apresentada no quadro 2.

Aldebaran (alpha Tauri)

Em seguida e novamente marcando esse mês a Lua +38% iluminada e com uma elongação solar de 76º, ocultará a brilhante estrela Aldebaran de magnitude 0.9 e tipo espectral K5+III. Esse evento poderá ser observado de forma diurna da África setentrional (incluindo ilhas do arquipélago das Canárias), o Sul da Europa (parte do mar Mediterrâneo), bem como ainda partes do sudeste europeu, Oriente médio e região do mar Cáspio; já no continente asiático (região central, incluindo o mar de Aral), a ocultação ocorre durante o crepúsculo sendo que regiões ao norte e regiões subcontinentais da Índia, centro e sudeste asiático (exceto regiões do mar da China Meridional), acompanharão estarão da fase noturna do dia de acordo com a figura C, apresentada no quadro 2.

Lambda Geminorum

Em 17 de março a Lua +68% iluminada e com uma a elongação solar de 111º, ocultará a estrela lambda Geminorum de magnitude 3.6 e tipo espectral A3V. Esse evento poderá ser observado no norte da América do Norte (Alasca e extremo norte do Canadá, incluindo a bacia do Rio Yukon), norte e nordeste da Ásia na parte noturna do dia, já em regiões do norte da Ásia e ao norte da região setentrional da Europa (Península Escandinava), observarão esse evento na fase noturna, conforme demonstra a figura D, apresentada no quadro 2.


Zavijava (Beta Virginis) 

Em 23 de março a Lua 100% iluminada e com a elongação solar de 174° ocultará Zavijava (beta Virginis) de magnitude 3.6 e tipo espectral F9V. Esse evento poderá ser observado na região meridional e Sudoeste da região setentrional do continente africano, região das pequenas Antilhas na América Central (Barbados, São Cristóvão e Nevis, Trinidad e Tobago, assim mesmo esta região assistindo somente a fase de reaparecimento) e regiões ao norte e nordeste da América do Sul (Brasil e Venezuela). Informações adicionais encontram-se postadas em: http://skyandobservers.blogspot.com/2016/03/a-ocultacao-de-zavijava-beta-virginis.html

Zaniah (eta Virginis)

Em 23 de março a Lua -100% iluminada e com uma elongação solar de 178° ocultará a estrela Zaniah (eta Virginis) de magnitude 3.9 e tipo espectral A2IV. Esse evento poderá ser observado durante o crepúsculo a nordeste da Nova Zelândia, na região da Samoa Americana, Ilhas Wallis e Futuna, Tonga e Fiji bem como ainda norte e nordeste neozelandês. Já na região do mar da Tasmânia e mar de Coral, (englobando assim Austrália e demais regiões da Oceania); partes do sudeste (Golfo de Bengala) e sul da Ásia (englobando a região subcontinental indiana), a ocultação ocorrerá durante o período noturno abrangendo sua visibilidade até a região insular do Oceano Índico nas Maldivas conforme apresenta a figura E constante no quadro 2.

Zubenelhakrabi (Gamma Librae) 

Em 27 de março a Lua -83% iluminada e com uma elongação solar de 132º ocultará a estrela Zubenelhakrabi (Gamma Librae) de magnitude 3.9 e tipo espectral G8.5III. Esse evento poderá ser observado em sua fase diurna na região da Papua-Nova Guiné (mar de Arafura, mar de Timor e mar da China Meridional). Já na região do Golfo de Sião a ocultação correrá durante do crepúsculo; Entretanto da região central, Sul asiática (inclui-se todo o subcontinente indiano), Oriente Médio até o norte da África; este evento ocorrerá na fase noturna, conforme a figura F, apresentada no quadro 2. 

No Sistema Solar!

Neste mês Júpiter estará mesmo chamando a atenção de nossos observadores na esfera celeste, uma vez que nesta oposição, sua magnitude será de -2.5; como sua distância a Terra encontra-se estimada em 4.4354403 u.a, seu diâmetro aparente será de 44.39”. Por esse mesmo motivo, a sua oposição no próximo ano (ocorrerá em 07 de abril), fará com que Júpiter apresente em diâmetro de 44.19”. Mas essas pequenas diferenças não fazem deste planeta um objeto desinteressante a observação (novamente voltaremos a destacar o planeta e seu conjunto de satélites naturais), assim na tabela 3 e apresentado esses eventos para os próximos anos (2017 – 2021). 
Já os planetas inferiores Mercúrio, com a respectiva magnitude -0.5, na constelação de Aquarius, Vênus com a magnitude de -3.9 na constelação de Capricornus e a Lua, nesta oportunidade com magnitude -5.7 e  também naquela região celeste, estarão protagonizando durante o crepúsculo matutino do dia 07 próximo mais um interessante alinhamento celeste. Esta conjunção conforme apresenta a figura 5 abaixo, ocorre durante a fase crepuscular do dia. 
 

Marte cuja magnitude encontra-se estimada em -0.1 em 18 de março conforme podemos visualizar na tabela 4, encontra-se a cada dia mais próximo da Terra e isso gradativamente faz aumentar sua respectiva magnitude visual; ainda nesta primeira quinzena ele estará com seu respectivo brilho chamando bastante atenção; encontra-se ainda na constelação de Libra de onde se despede, uma vez que de 14/03 a 03/04 ele estará na constelação de Scorpius, facilmente localizado muito próximo as brilhantes estrelas delta Scorpii e Graffias

Novamente eu tenho que destacar e agradecer ao atento observador Hélio de Carvalho Vital que, aproveitando esses post mensais utilizou em 12 de fevereiro último sua câmera Sony HX300, na região urbana da Tijuca do Rio de Janeiro-Brasil, conseguindo obter em essas imagens da Lua (24% iluminada) e de Urano (magnitude 5.9) para realizar essa sequência de imagens apresentadas na figura 6 abaixo.

Segundo Hélio Vital, apenas 4,3° separavam os dois astros quando as fotos foram realizadas entre 22:15 e 22:50 UT daquela noite do telhado do prédio onde mora. Menciona ainda que: “Isso dá uma pálida ideia da dificuldade para registrarmos ambos satisfatoriamente numa mesma foto”, bem como informa: “Nenhum telescópio foi utilizado, somente a câmera sobre um tripé” (VITAL, 2016). Esse importante registro demonstra claramente que fica fácil utilizarmos a Lua e as estrelas brilhantes para a localização correta dos planetas mais distantes do Sistema Solar (mais especificamente Urano e Netuno) com um binóculo ou um instrumento de pequeno porte. 

Desta forma ao voltarmos novamente nossa atenção para a tabela 1, observamos que em 11/03 Urano estará 1.8º Norte da Lua, ou seja bem próximo ao crescente lunar que ocorrerá em 15 de março, conforme podemos verificar na figura 7 (fases da Lua para Março de 2016). Enquanto isso Netuno (magnitude 8.0) estará muito próximo de sua conjunção com o Sol, o que impossibilitará neste período qualquer tentativa de observação deste planeta.  O distante (134340) Plutão ainda manterá sua magnitude de 14.2; permanecendo na constelação de Sagittarius; ele poderá de alguma sorte ser identificado em equipamentos óticos de médio e grande porte no início das madrugadas deste período; enquanto isso na constelação de Aquarius a visibilidade do planeta anão (1) Ceres (mag. 9.2) estará bastante comprometida nesta época; de alguma sorte suas condições de visibilidade começam a melhorar após o dia 25 próximo, antecedendo ao nascer do Sol.

Sol = O quadro 3 abaixo, apresenta alguns elementos úteis a observação solar neste mês como: e (P.H) = Paralaxe Horizontal, (PO°) = Ângulo de Posição da extremidade Norte do disco solar, (+) E; (-) W, (BO°) = Latitude heliográfica do centro do disco solar (+) N; (-) S, (LO°) = Longitude heliográfica do meridiano central do Sol e ainda, (NRC) Número de Rotação Solar de Carrington da série iniciada em novembro 1853 9,946.

Lua = As fases lunares neste mês, ocorrerão nas datas e horários abaixo mencionadas em Tempo Universal de acordo com a figura 7.

A ocorrência das apsides lunares dar-se-á neste mês na seguinte sequência: Perigeu ocorrendo em 10/03 às 07:03 (UT = Universal Time), quando a Lua estará cerca de 359.508 km do centro da Terra e Apogeu ocorrendo em 25/03 às 14:17 (UT = Universal Time), quando a Lua estará cerca de 406.123 km do centro de nosso planeta; em 09/03 juntamente a fase nova, ocorrerá o início da lunação de número 1153.

Os eventos mútuos dos satélites galileanos

Conforme apresentamos no mês anterior, voltaremos novamente nossa atenção ao planeta Júpiter e seus principais satélites naturais. Este mês além de sua oposição teremos uma grande quantidade de eventos mútuos entre satélites envolvendo o próprio disco Joviano. Desta forma procurei simplificar ao máximo essas informações que estão apresentadas abaixo.

Eventos de 04 de março 2016

O primeiro grande evento que destacamos será o duplo trânsito de sombras que ocorrerá em 04 de março quando então às 11:30.5 (UT), ocorrerá o início da Imersão da sombra do satélite galileano Io pelo disco joviano. O satélite Europa Já estará transitando neste instante; o evento de duplo trânsito de sombras será encerrado quando então às 12:38.8 (UT) ocorrerá o término (Emersão) da sombra de Europa cruzando o disco Joviano, conforme podemos destacar na figura 8a abaixo. Este evento terá a duração aproximada de 62.1m. 

Eventos de 07/08 de março 2016

A dinâmica celeste continua e uma nova oportunidade de registrar novamente o duplo trânsito de sombras na superfície de joviana ocorrerá em 08 de março, entretanto podemos observar pela leitura da tabela de fenômenos inseridas na figura 8b abaixo que o satélite Europa já estará (Imersão) transitando pelo disco do planeta júpiter; assim às 00:28.4 (UT) de 08 de março, será a vez de Io iniciar sua Imersão juntamente com sua sombra pelo disco Joviano. O evento de duplo trânsito de sombras terá término quando então as 01:57.4 (UT) ocorrerá o fim do trânsito da sombra e do satélite Io (Emersão). Este evento terá a duração aproximada de 87.6m.

Eventos de 09 de março 2016

Talvez seja o eclipse do satélite galileano Callisto um dos mais raros (mas também de fácil observação) que envolvem a dinâmica orbital destes satélites; então já se encontra destacado na cor índigo da figura 8c abaixo o desaparecimento (4.Ec.D) e o reaparecimento (4.Ec.D) deste satélite. Esta será uma oportunidade observacional que os mais atentos a essa dança galileana certamente não perderão. Já neste mesmo dia, poderemos observar por alguns instantes, mais um duplo trânsito de sombras, desta vez envolvendo os satélites Io e Ganimedes. Conforme a efeméride o instante desse evento inicia-se às 18:57.5 (UT) com o início do trânsito da sombra de Io (Imersão) pelo disco Joviano, mas como poderemos perceber, já às 19:09.5 (UT) a sombra do satélite Ganimedes (Emersão) terminará seu trânsito pelo disco de Júpiter. Este evento terá a duração aproximada de 00:12.0m.

Eventos de 13 de março 2016

Um observador que não esteja bastante atento a essa dinâmica, ao observar o disco Joviano e começar a perquirir suas adjacências com uma instrumentação ótica de pequena abertura, poderá imaginar que 3 de seus principais satélites estarão ocultos pelo disco Joviano. De fato Júpiter em 13 de março em torno de 08:30.0 (UT) dará essa impressão, mas você poderá facilmente constatar que Callisto está cerca de 26.135 raios equatoriais (neste caso Júpiter e a referência) do planeta e ainda que, Io estará transitando juntamente com sua sombra pelo disco Joviano; mas Europa e Ganimedes estarão ainda eclipsados pelo disco do planeta. Conforme podemos observar analisando a figura 8d, essa sequencia começará a finalizar-se às 09:15.5 (UT) quando então Ganimedes surgirá do cone de sombra de Júpiter no lado oriental (E).

Eventos de 15 de março 2016

Antes de mencionarmos os eventos que ocorrerão em 15 de março, chamo a atenção para o interessante alinhamento oriental que ocorrerá em 14 de março, quando então toda a família galileana estará em um só lado do disco de Júpiter; mas o que será importante aqui e o tempo da duração do evento de duplo trânsito das sombras de Io e Europa. A sombra daquele satélite já estará transitando pelo disco Joviano algum tempo (01:45.7m – UT) conforme podemos visualizar na figura 8e, quando então (e após a Imersão), a sombra do satélite Io iniciará também sua imersão, isso ocorrendo as 02:21.2 (UT). Ás 04:33.9 UT ocorrerá à imersão da sombra de Europa finalizando esse evento nesta data. Este evento terá a duração aproximada de 132.7m.

Eventos de 16 de março 2016

Como podemos observar ao analisar a figura 8f, o satélite Ganimedes iniciará a sua Imersão para o trânsito pelo disco joviano às 19:02.4 (UT) e cerca de 00:46 minutos mais tarde será sua sombra que iniciará também essa Imersão. Às 20:37.8 (UT) será por sua vez o satélite Io, que iniciará também sua imersão transitando pelo disco do planeta Júpiter. Consequentemente com sua sombra iniciando sua Imersão às 20:49.7 UT, teremos início ao duplo trânsito de sombra nesta data. Veja os dados na figura 8f.
  
O incrível neste duplo trânsito envolvendo os satélites Io e Ganimedes será além de sua longa duração, será seu término; senão vejamos: às 23:05.3 UT está agendado o término (Emersão) da sombra do satélite Io; Lembrando que esses eventos não são de forma alguma instantâneos e variam de tempo em função da distância a Terra; de forma que poderá ser observada a última réstia desta sombra na borda joviana, quando então estará ocorrendo também o término (Emersão) da passagem da sombra de Ganimedes pelo disco do planeta, uma vez que nas efemérides isso encontra-se previsto para 23:06.7 (UT). Vocês certamente já perceberam a real necessidade de observações e cronometragens criteriosas desses eventos e poderão determinar com maior exatidão o que ocorrerá primeiro. Minha estimativa para a duração desses fenômenos encontra-se entre 135.3 e 137.0 minutos.

Eventos de 17/18 de março 2016

Os desaparecimentos e reaparecimentos do satélite Callisto acima mencionados, ocorreram muito próximos a região polar de Júpiter como foi evidenciado nas figuras acima; nesta nova oportunidade os eventos de trânsito (Imersão e Emersão) e passagem de sua sombra pelo disco joviano, abrangerá nesta oportunidade a região norte do planeta. Novamente, embora não seja um duplo trânsito de sombra, chamo à atenção para a raridade de eventos que envolvem este satélite. Desta forma os horários estão destacados no retângulo índigo da figura 8g abaixo apresentada. Importante ainda mencionar que esse evento terá uma duração estimada de 285.2 minutos. 

O duplo trânsito de sombras neste dia novamente estará envolvendo os satélites Io e Europa.  A sombra deste satélite já estará atravessando o disco joviano, quando então às 15:18.1 (UT) a sombra do satélite Io também fará sua imersão na superfície de Júpiter. Já finalizando a fase de multi evento de sombra nesta data, nos consideramos a emersão da sombra do satélite Io às 17:33.8 (UT), como término. Assim a duração estimada deste evento será de aproximadamente 135.8 minutos.

Eventos de 22 de março 2016

Novamente a dinâmica envolvendo Júpiter e seus satélites galileanos, terá os satélites Io e Europa realizando um novo evento de trânsito duplo de sombra nesta data. O simples exame da figura 8h abaixo apresentada já indicará que ambos os satélites já estarão transitando pelo disco do planeta, sendo que a primeira imersão de sombra será do satélite Io ocorrendo às 04:15.1 (UT); cerca de 07 minutos após essa ocorrência, evento previsto para 04:22.5 (UT), será a vez da sombra do satélite Europa iniciar sua passagem pelo disco Joviano, dando assim início ao evento de dupla sombra.

Então previsto para as 06:30.7 (UT) a sombra do satélite Io, fará a emersão da superfície joviana marcando fim desta ocorrência.  Desta forma a duração estimada deste evento será de aproximadamente 128.2 minutos.
Eventos de 23/24 de março 2016

Como os fenômenos de desaparecimentos e reaparecimentos dos satélites em torno de Júpiter são também ocasionados por seu cone de sombra (isso é constante), a dinâmica agora envolverá os satélites Io e Ganimedes que estarão transitando pelo disco Joviano a partir das 22:19.1 (UT); entretanto como essas ocorrências dar-se-á em 23 de março e importante inserir na tabela de fenômenos ambas datas para maior entendimento do evento, bem como a análise do gráfico tipo saca-rolhas e do instante médio apresentados conjuntamente na figura 8i.

A sombra de Io estará cruzando a superfície teórica de Júpiter muito próxima ao meridiano central (Sistema I = 203.4º e Sistema II 320.7º), quando às 23:46.6 (UT) a sombra do satélite Ganimedes inicia seu trânsito também, dando assim início ao evento de multi sombras. Já na data seguinte este evento terá por término o momento em que ocorrerá a emersão da sombra de Io previsto para 00:59.2 (UT), embora a sombra de Ganimedes ainda percorrerá o disco do planeta por cerca de 32,5 minutos. Entretanto o evento de dupla sombra terá a duração estimada de aproximadamente 73.4 minutos.

Eventos de 25 de março 2016

Novamente os satélites Io e Europa estarão cruzando o disco Joviano, quando às 17:12.1 (UT) ocorrerá a imersão da sombra no disco de Júpiter, aproximadamente 28 minutos após esse instante, (em destaque na figura 8j abaixo) a sombra do satélite Europa às 17:40.6 UT), iniciará sua imersão dando início a mais esse evento de dupla sombra. 

Essa ocorrência será finalizada às 19:27.6 (UT) quando ocorrerá e emersão da sombra de Io pelo lado ocidental. O evento nesta oportunidade, terá a duração estimada de aproximadamente 107.6 minutos.

Eventos de 26 de março 2016

Novamente ocorrerá mais uma nova oportunidade de registrar os desaparecimentos e reaparecimentos do mais exterior dos satélites galileanos. Callisto nesta oportunidade observado na parte ocidental Joviana, desaparecerá sendo ocultado às 01:54.4 (UT) pelo disco do planeta Júpiter. Conforme podemos observar na exposição gráfica e efemérides apresentadas na figura 8k, esta ocultação terá sua finalização prevista para às 04:18.6 (UT), sendo que esse reaparecimento ocorrerá já na parte oriental do planeta tendo uma duração de aproximadamente 144.2 minutos.

A surpresa não terminará com o reaparecimento de Callisto nesta ocultação. Aproximadamente 82 minutos depois o satélite Callisto desaparecerá no cone de sombra de Júpiter, sendo este evento previsto para iniciar-se às 05:41.2 (UT) este novo evento terá termino as 08:36.9 (UT) com uma duração média de 115.1 minutos.

Eventos de 29 de março 2016

Novamente os satélites Io e Europa estarão cruzando o disco Joviano, fazendo com que tenhamos uma visão no lado oriental do planeta dos satélites Ganimedes e Callisto. Analisando as efemérides para esse período apresentada na figura 8l, podemos observar que as 05:40.3 (UT) ocorrerá a imersão de Io em trânsito pelo disco Joviano, esse será um indicativo de que Europa também fará essa imersão que se dará cerca de 19.5 minutos mais tarde. Às 06:09.2 (UT) poderemos observar a imersão da sombra de Io pelo disco Joviano, mas o trânsito duplo das sombras de ambos os satélites somente ocorrerá cerca de 58.7 minutos mais tarde, quando então às 06:59.5 (UT) a sombra de Europa iniciará sua imersão, dando novamente início do evento de dupla sombra.    

Essa ocorrência será finalizada às 08:24.6 (UT), quando então a emersão de Io finalizará esse evento. A duração média deste fenômeno e de 85.4 minutos.

Neste mês tão especial em que temos a oposição de Júpiter e essa profusão de eventos acima mencionados, fica evidente de como podemos observar e identificar sem muitas dificuldades os satélites de Júpiter, acompanhando essa dinâmica com instrumentos óticos de pequena abertura; já algum tempo atrás realizei esse acompanhamento, registro e cronometragens desses eventos utilizando para essa finalidade um refletor newtoniano de 180mm de abertura (F 9.7), aplicando cerca de 100 vezes de aumento; naquela oportunidade reportei essas observações para associações e a centros coletores desses dados, os quais mantem programas observacionais específicos e uma base de dados armazenados. Desta forma sei o quando e importante e de excepcional gratificação pessoal, incentivar a todos a realizarem registros sistémicos desses eventos.

Asteroides

A generosidade do céu este mês traz pelo menos 3 asteroides que estarão fazendo das brilhantes estrelas da constelação de Leo um verdadeiro oásis propício em suas respectivas oposições, muito embora a constelação de Coma Berenice também estará ofertando suas estrelas para a identificação correta destes asteroides; vale ressaltar que todos eles estão dentro do alcance visual de nossos instrumentos óticos. Desta forma em 07 de março (28) Bellona encontra-se localizado na constelação de Leão quase na fronteira com Virgo, bem próximo as estrelas 78 Leonis (mag. 3.9) e 77 Leo (mag. 4.0). Outra fácil referência e a proximidade de Júpiter destas estrelas (carta de busca e efemérides disponíveis em: http://goo.gl/x750QR); dois dias depois, será o momento de procurar o asteroide (37) Fides cuja referência então será a brilhante 78 Leonis e o próprio planeta Júpiter (carta de busca e efemérides disponíveis em: http://goo.gl/MI79sA). Em 15 de março então teremos um dos mais brilhantes asteroides neste período em oposição, (10) Hygiea localizar-se-á também na constelação de Leão, embora as estrelas acima mencionadas sejam conhecidas o brilhante Júpiter será uma ótima referência, eu sugiro utilizarem (carta de busca e efemérides disponíveis em:  http://goo.gl/Ieq0o8) além destas efemérides uma carta de busca mais detalhada desta região, as estrelas de referências neste caso serão: 84 Leo de magnitude 4.3 e muito mais próximo a ele 87 Leo de magnitude 4.7. O único asteroide não localizado naquela constelação, mas muito próximo as confrontações entre Leo e Virgo será (6) Hebe, que encontra-se na constelação de Coma Berenice (carta de busca e efemérides disponíveis em: http://goo.gl/QrKXEH), muito próximo a 6 Com de magnitude visual 5.1. 

Cometas

C/2013 US 10 CATALINA

Os registros fotográficos deste cometa evidenciam que este cometa continua despertando a atenção dos observadores; desta forma é desfavorável os observadores do hemisfério austral, o cometa C/2013 US 10 CATALINA poderá ser encontrado ainda na constelação de Camelopardalis (Cam); entretanto a contar do dia 17/03 ele estará atravessando a constelação de Perseus, apresentamos as efemérides para esse período na tabela 5 abaixo.

Cometa 252 P/LINEAR

Embora as condições de visibilidade sejam muito favoráveis aos observadores do hemisfério austral, podemos esperar que ele realmente torne-se um objeto bem acessível à observação próximo a 10 de março, visto sua magnitude visual estar estima em 12.0 conforme podemos observar analisando a tabela 6. A contar do dia 01 até 09/03 ele estará na constelação de Columba, entre os dias 10 até 15/03 ele estará atravessando a constelação de Pictor. Em 16 e 17/03 encontrar-se-á em Dourado, 18 e 19/03 em Mensa, em 20/03 Octans, 21/03 em Apus, 22 e 23/03 em Ara, 25 e 26/03 em Scorpius, 27 a 30/03 em Ophiuchus e 31/03 na constelação de Serpens (Cauda).

CONSTELAÇÃO:

Canes Venaciti 

Embora essa região celeste já fosse bastante conhecida dos astrônomos no passado, ela chega até os dias atuais (figura 9) tal como foi descrita pela primeira vez pelo astrônomo polonês Johannes Hevelius (1611 - 1687) em seu atlas de 56 folhas “Firmamentum Sobiescianum sive Uranographia”, publicada post mortem em 1690 onde são delineadas sete novas constelações (para aquela época), talvez desmembrada da celebre obra "Almagesto" do astrônomo alexandrino Claudius Ptolemaius (HOCKEY, 2007) do século II de nossa era.

Constelação boreal compreendida entre as ascensões retas de 12h4min e 14h5min, e as declinações de 28.0 e 52.7. Limitada ao sul pela constelação de Coma Berenices (Cabeleira de Berenice), a oeste e ao norte por Ursa Major (Ursa Maior) e a leste por Bootis (Boeiro), ocupa uma área de 465 graus quadrados (MOURÃO, 1987).

Eu creio que levando em consideração nos dias atuais, os efeitos da industrialização e suas consequências (dentre as quais a danosa Poluição Luminosa), o astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935-2014) informa que das estrelas que compõem essa constelação, somente Cor Caroli (nome próprio de Alfa Canum Venaticorum) podemos observar a olho nu. Ele está com razão, pois essa estrela apresenta uma magnitude visual de 2.8. É uma dupla física constituída por duas estrelas branco-azuladas de magnitude 2.9 e 5.5 e de tipos espectrais A0 e F0 (ALMEIDA, 2000). Alpha 2 CVn e também uma das mais conhecidas estrelas variáveis de classe espectral A0pSiEu e com um forte campo magnético, ela apresenta variações entre máximos e mínimos de 2.86 - 2.93 magnitudes, num período de 5.46939 d. Isso possibilita apresentarmos na tabela 7 abaixo uma efeméride para esse mês.   

Alguns autores associam a designação própria da estrela Chara também para Cor Caroli, entretanto podemos utilizar ainda Asterion que também encontraremos essa referência para Beta Canum Venaticorum, uma estrela amarela de magnitude 4.2 classe e tipo espectral G0V. Distante do Sol a aproximadamente 27.53 anos-luz Chara tem o mesmo brilho que nossa estrela. A essa distância ela fornece modestamente uma boa oportunidade para observarmos o que seria o Sol a distancia semelhante, entretanto não há evidências (até 24/02/2016) de exoplanetas em torno dessa estrela, mas convém ressaltar que trata-se de um sistema triplo de estrelas (WDS. 2007). 

LPV em Canis Venaciti

Numa outra extremidade da constelação esta localizada Y CVn uma estrela variável tipo SRB, incluída no Programa Binocular da AAVSO (AAVSO LPV Program) por ser uma estrela variável semirregular do tipo tardia sendo que a amplitude entre máximos e mínimos está 4.86 - 5.88 V magnitude, cuja histórico da curva de luz poderemos visualizar na figura 10.

Numa rápida apreciação da tabela 8 vemos que essa constelação também tornar-se-á uma boa oportunidade para os observadores de estrelas variáveis e novamente a seleção abaixo, são oriundas das circulares obtidas junto a AAVSO (American Association of Variable Stars Observers) bem como também, uma análise na listagem de estrelas variáveis para aquela região celeste e cujas efemérides são apresentadas para os próximos períodos entre máximos e mínimos.


O Céu Profundo em Canis Venaciti

A profusão de belos objetos de céu profundo (Deep-Sky Objects) existentes naquela região do céu, fará dessa constelação um verdadeiro ponto a ser explorado por nossos observadores que estejam dotados com instrumentos de pequena abertura (binóculos e telescópios). 

Aglomerado Globular Messier 3

A visão aguçada do bisbilhoteiro de cometas Charles Messier (1730-1817) fez com ele elaborasse uma série de objetos celestes que redundaria no celebre catálogo cuja primeira edição, constava de 45 entradas em 1769 (HOCKEY, 2007) publicada pela primeira vez em 1774 pela  l'Académie des Sciences (STOYAN et allí, 2008).  Devido ser aquela região distante do braço da nossa Via-Láctea, poderemos localizar apenas o brilhante aglomerado globular M3. Brilhante e majestoso ele é considerado um dos aglomerados globulares mais brilhantes do céu, pois existem relatos de observadores experientes que uma vez afastados dos efeitos da Poluição Luminosa, poderem distinguir-lhe a visão desarmada; isso é perfeitamente viável sob essas condições e sem a presença do luar devido a sua dimensão: 18.6 x 18.6 (muito embora eu considerar sempre esse limite visual em 5.6). Sua magnitude visual e estimada em 6.3, Brilho superficial 11.0 e suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 13h42m57.96s e Decl (Declinação): 28°18'04.6" (J2000.0). 

Classificação de Galáxias

Normalmente quando tratamos do tema galáxias e seus diversos aspectos, os observadores mais experientes associarão a isso a classificação elaborada em 1936 pelo astrônomo norte americano Edwin Powell Hubble (1889 - 1953) que as classificou em vários tipos conforme aparece no de sua autoria "The Realm of the Nebulae" (HOCKEY, 2007) (Yale University Press - 1936). Desta forma essa se tornou a mais simples e utilizada entre muitos observadores. Como sabemos que elas existem em diversas formas e tamanhos, essa classificação possui quatro tipos principais sendo: Elípticas (abreviadamente designadas como do tipo. "E"), Espirais (tipo "S"), Espirais com Barra (tipo "SB") e Irregulares (Ir).

Hubble também percebeu que havia diferenças entre elas (principalmente entre as espirais, espirais com barras e eclípticas) propondo uma subclassificação de acordo com o tamanho de seu núcleo, seu halo e quanto ao aspecto de seus braços;  elas são subdivididas ainda em:  Sa, Sb e Sc onde as letras alfabéticas indicam: (a) núcleo maior, braços pequenos e bem próximos; (b) núcleo e braços menos aproximados e (c) núcleo pequeno e braços bem abertos; utiliza-se em alguns casos Sd designando galáxias espirais cujo núcleo se reduz a uma condensação minúscula de aparência quase estelar envolvida por uma estrutura espiral muito aberta e pouco óbvia (ALMEIDA, 2000). As espirais com barra (SB) foram subdividas da seguinte forma: SBa, SBb, e SBc, onde: (a) possuem um grande núcleo central e os braços são finos e pouco abertos, (b) núcleo de tamanho médio e os braços mais abertos e (c) núcleo central menor e braços espirais consideravelmente abertos. Convém ainda lembrar que existem ainda as subclassificações S0 e SB0 onde Hubble as definiu como lenticulares.

Embora não seja uma classe de apreciação neste estudo não deixaremos de mencionar as subdivisões das galáxias Elípticas (tipo "E") como elas receberam essa classificação por razões evidentes quanto a sua forma uma vez que a sua forma e elipsoide e não possui braços, mas ele subdividiu em classes de E0 a E7, quanto ao seu maior ou menor achatamento. Assim temos E0 que se aproxima da forma esferoidal enquanto as mais alongadas são as E7 (essas podem parecer esféricas caso seu eixo maior esteja voltado para a Terra, mas existem galáxias elípticas de valores intermediários e neste caso recebem as designações E2, E3, até E6. Já que estamos tratando desse tema convém mencionar que as galáxias anãs são classificadas pelo mesmo critério, mas são precedidas de uma letra “d”  (indicativa do inglês = dwarf). Um bom exemplo disso será a Galáxia Anã do Escultor tipo dE3 (ESO 351- G 030) do nosso Grupo Local  que encontra-se cerca de 280 mil anos luz de distância e possui uma magnitude 10.5 encontrada nas seguintes coordenadas: AR (Ascensão Reta)= 01h00m09.35s e Decl (Declinação): -33d42m32.5s (J2000.0).

Galáxias em Canis Venaciti

Agora que temos conhecimento prévio destas classificações e subdivisões podemos detalhar as principais galáxias acessíveis aos nossos equipamentos óticos de uso costumeiro, sejam binóculos ou telescópios. Fatalmente nossa visão através da ocular voltar-se-á para a gigantesca galáxia do Redemoinho NGC 5194 ou mais na mais popular designação M51. Os registros observacionais desta galáxia historicamente chegará ao francês Charles Messier quando ele fez essa descoberta ocorrida em 13 de outubro de 1773, utilizando um refrator de 3,5 polegadas em Paris (STEINICKE, 2012). Ela foi por muitos anos objeto de observação por parte dos astrônomos daquela época, quando buscavam explicar a estruturas dessas formas nebulosas, feito somente realizado por em 1845 William Parsons utilizando um telescópio de abertura bem maior, o “Leviatã de Parsonstown” de 17 metros com espelho de 1,8 m de diâmetro reproduzindo suas formas em desenhos à mão (SCHUBINSKI, 2006) conforme podemos apreciar na figura 11.


Mas é importante destacar neste cenário histórico NGC 5195, William Herschel (1738-1822) observou M51 utilizando aberturas deferentes: 6,2 polegadas e 12 polegadas respectivamente, então ele independentemente encontrou NGC 5195, listando-o como I 186 em seu primeiro catálogo de nebulosas e aglomerados de estrelas (STEINICKE, 2012). 

M51 pode ser facilmente observada (lembro novamente quando as questões de Poluição luminosa) com binóculos 10 x50 e telescópios refletores com uma abertura de 90mm. Essa grande galáxia espiral (Sc) possui a magnitude visual e estimada em 8.40, Brilho superficial 12.90 e suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 13h30m36.18s e Decl (Declinação): +47°06'59.4" (J2000.0). Já seu par a NGC 5195, ambas interagindo gravitacionalmente pode ser resolvido com aberturas de 200mm (lembro novamente quando as questões de Poluição luminosa). Essa companheira hoje classificada como tipo SBO, possui a magnitude visual e estimada em 9.60, Brilho superficial 12.90 e suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 13h30m42.14s e Decl (Declinação): +47°10'59.5 (J2000.0).

Outras Galáxias Espirais

Canis Venaciti e uma região que pode ser facilmente explorada, desta forma uma boa oportunidade será buscar algumas outras espirais que existem naquela região celeste: M63, M94, NGC 4490 (juntamente com sua companheira NGC 4485) e a fantástica M106 para mencionar as principais. Nesta ordem Messier 63 e um objeto de fácil localização, pois se encontra muito próxima da uma estrela HIP 64470 (uma gigante branca amarelada de magnitude visual 6.7) Essa espiral cujo nome familiar é Girassol e classificada como tipo Sb. Sua magnitude visual e estimada em 8.60, Brilho superficial 13.30 e suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 13h16m32.69s e Decl (Declinação): +41°56'52.0" (J2000.0). Messier 94 e uma galáxia espiral também brilhante localizando-se muito próxima a Beta Canum Venaticorum (aquela gigante que acima mencionamos). Com uma concentração central bem visível ela foi classificada também como Sb. Sua magnitude visual e estimada em 8.20, Brilho superficial 13.10 e suas coordenadas são: AR  (Ascensão Reta)= 12h51m40.80s e Decl (Declinação): +41°01'42.7 (J2000.0). NGC 4490 é uma galáxia espiral barrada classificada como SBc, que interage gravitacionalmente com a NGC 4485 (essa uma Irregular de magnitude 11.9) e isso esta levando a formação de estrelas em ambas galáxias . No campo visual de instrumentos de 3000 mm ambas apresentam distintamente suas estruturas

A magnitude visual de NGC 4490 e estimada em 9.80 e o brilho superficial em 12.90, as coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 12h31m24.35s e Decl (Declinação): +41°33'37.9" (J2000.0), enquanto a NGC 4485 tem a magnitude visual estimada em 11.9, brilho superficial 13.2. Suas coordenadas são: AR  (Ascensão Reta)=  12h31m18.35s e Decl (Declinação): +41°36'37.9" (J2000.0).

Messier 106

A descoberta desta galáxia fará novamente com que voltemos à França de 1781; este feito coube ao astrônomo Pierre François André Méchain (1744-1804), um grande descobridor e calculista de órbitas para muitos cometas e que participou de pesquisas importantes em outros trabalhos sobre geodésica na França; suas observações destes corpos celestes necessariamente, o levou a descobrir outros novos objetos nebulosos, que foram incluídos por Charles Messier, no seu catálogo bem conhecido (HOCKEY, 2007). 

A forma exuberante desta espiral barrada semelhante em tamanho e luminosidade à galáxia de Andrômeda (eu aproveito essa oportunidade para convidar-lhe para uma visita ao link: http://goo.gl/etEuyK, contendo informações bem interessantes sobre M31), faz com que alguns observadores mencionarem observar esta galáxia com binóculos 7x50, entretanto telescópios com abertura de 200mm já são suficientes para vislumbrarmos mais detalhes de sua  estrutura. 

A imagem desta galáxia (apresentada na figura 12) ficou bem registrada em minhas lembranças pois numa excepcional noite de Star Party no Observatório Wykrota [859], realizada na noite de 31/05 para 01/06/2014 ela foi largamente observada (mesmo estando quase no limite do horizonte norte), utilizando um telescópio Obsession 18"UC. Preparando para iniciar a digitação deste post, encontrei essa expecional astrofotografia realizada por David O. Rankin (Utah-USA) dessa galáxia a qual tenho a alegria de ilustrar essa descrição de M 106 para todos. Essa gigantesca galáxia tipo SBb, possui a magnitude visual e estimada em 8.40, Brilho superficial 13.60 e suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 12h19m48.98s e Decl (Declinação): +47°12'37.3" (J2000.0).

Como eu afirmei inicialmente, a grandiosidade do céu e as suas diversas nuances aqui mencionadas, não deixarão dúvidas de que este mês será para muitos observadores um daqueles períodos classificados como inesquecíveis, até mesmo porque essa oposição de Júpiter e o fantástico atrativo observacional de seus satélites, já são suficientes para preencher toda uma programação observacional. Mas vislumbrando o limiar dessas e de outras jornadas no futuro, desejo a todos os companheiros e companheiras de jornada votos de sucesso.

Boas Observações!

Referências:

- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2016. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2015. 115p. Disponível em: <http://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2016.pdf> Acesso em 17 Nov. 2015.

- AMORIM, Alexandre. Anuário Astronômico Catarinense 2016. Florianópolis: Ed: do Autor, 2015. 182p.

- SABBAGH, Victor Brasil. Thomas Bopp E-Mail [Personal Communication]. Message received by arcampos_0911@yahoo.com.br 08 Fev. 2016, 03:29(AM).

- GREEN. Daniel E. W. IAU – CBAT/MPC/ICQ Pages. (Central Bureau for Astronomical Telegrams) – Circular No. 6187 (23 July 1995) – Available in: <http://www.cbat.eps.harvard.edu/iauc/06100/06187.html> Acess in: 09 Feb 2016.

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- ALMEIDA, Guilherme de. , Pedro. Observar o Céu Profundo. ISBN-972-707-278-X. Ed. Plátano Edições Técnicas, 1ª Edição, Julho 2000; Lisboa Portugal. 339p.

- AAVSO.ORG. AAVSO LPV Circular for Jan 27, 2016 to Feb 26, 2016! [E-Mail]. Message received by arcampos_0911@yahoo.com.br 26 Feb. 2016, 12:21 (PM).

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