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CEAMIG – REA/Brasil – AWB
Companheiros e companheiras das jornadas observacionais,
Começamos então um novo ciclo anual em que o céu fará com que seus admiradores, sejam sempre agraciados com suas variações e perceptíveis mudanças. E logo neste período a nossa atenção já ficará presa dinâmica celeste provocada pela Lua e os principais planetas de nosso sistema solar. Como comentei que as “perspectivas mostram que 2016 será um daqueles anos fantásticos” vamos então buscar sempre destacar aquelas que não poderemos deixar de alguma forma observar, mesmo que esse registro seja de futuro em última análise, um processo mnemónico para que possamos estabelecer ligações das recordações de coisas boas. Após o periélio da Terra que já ocorre amanhã; já antevendo as observações, Lua, Vênus, Saturno e a brilhante Antares estarão alinhados numa interessante conjunção que brindará os observadores de hábitos matutinos vislumbrados na manhã de 07 de janeiro próximo. Na segunda quinzena deste período, observadores no hemisfério norte (Europa ocidental, extremo norte da África e América do Norte) poderão acompanhar a ocultação da brilhante Aldebarãn. Ela ainda será um grande facilitador para a identificação das estrelas Regulus e também de Spica. Uma ótima oportunidade para que nossos colegas que dão seus primeiros passos na identificação do céu possam iniciar o reconhecimento das constelações que pertencem essas estrelas. Já os observadores mais experimentados poderão apreciar a diversidade de objetos celestes que se encontram na constelação de Auriga (o Cocheiro), pela quantidade de estrelas e também objetos de céu profundo de fácil observação com a maioria de nossos instrumentos óticos. Noites estreladas para todos!
Astronomia ótica e por Rádio em um pequeno observatório amador
O CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais) recebeu com grande alegria em 05 de dezembro passado, a ilustre visita do astrônomo David E. Fields, do Tennessee (USA). Extremamente carismático e alegre o Professor David Fields, (PhD em Física pela Universidade de Wisconsin), é diretor do Observatório Tamke-Allan, fundador e presidente da ORION (Oak Ridge Isochronous Observation Network), membro fundador da TVIW (Tennessee Valley Interstellar Workshop) e pesquisador sênior da I4IS (Initiative for Interstellar Studies).
Nesta oportunidade, David E. Fields (figura 2 - ao lado dos observadores Cristóvão Jacques (a esquerda e Antônio Campos no centro), além de uma apresentação do Tamke-Allan Observatory (para conhecer mais essas atividades, nós recomendamos uma visita ao link: http://www.roanestate.edu/obs/), pode também apresentar interessantes registros observacionais realizados bem como ainda, um pouco mais de seu trabalho com rádio astronomia.
Ocultações de estrelas pela Lua
Zaniah (eta Virginis)
Em 01 de janeiro, a Lua -55% iluminada e uma elongação solar de 95° ocultará a estrela Zaniah (eta Virginis) de magnitude 3.9 e tipo espectral A2IV. Esse evento poderá ser observado no sul do oceano pacífico e durante o crepúsculo na Nova Zelândia, Austrália (grande parte da Oceania) e regiões do Mar de Arafura conforme a figura A, apresentada no quadro 1.
Entretanto em 29 de janeiro novamente, a Lua -78% iluminada e com uma elongação solar de 124º ocultará Zaniah. Esse evento então poderá ser observado em toda a região da África meridional (Isso inclui partes da região sul e setentrional deste continente), ilhas próximas ao continente africano localizadas no oceano Atlântico (Santa Helena e Ascensão), sendo que Cabo Verde poderá observar a fase de "reaparecimento" e Ilhas próximas (incluindo Madagascar e Maurício, Reunião e Comores) no oceano Índico de acordo com a figura B, apresentada no quadro 1.
Zavijava (Beta Virginis)
Conforme mencionamos no mês de dezembro último, nesta noite de 31 de dezembro de 2015 para 01 de janeiro de 2016, a Lua -61% iluminada e com uma elongação solar de 103º ocultará Zavijava de magnitude 3.6, classe e tipo espectral F9V. Esse evento então poderá ser observado de forma diurna na região sul do oceano índico, durante o crepúsculo na região leste costeira da África e no período noturno na região meridional daquele continente de acordo com a figura A, apresentada no quadro 2.
Em 28 de janeiro novamente, a Lua -82% iluminada e com a elongação solar de 130° ocultará Zavijava. Esse evento então poderá ser observado de forma diurna na América do Sul e no Oceano Pacífico (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai) conforme demonstra a figura B, apresentada no quadro 2. As circunstâncias gerais de visibilidade para algumas das principais localidades desta região estão apresentadas na tabela 2 abaixo.
Ocultações lunares diurnas pela Lua
Dabih Major (beta Capricorni)
Em 11 de janeiro a Lua 2% iluminada e com uma elongação de 15°, ocultará a estrela Dabih Major (beta Capricorni) de magnitude 3.1 e tipo espectral F8V+A0. Esse evento poderá ser observado de forma diurna na Nova Zelândia conforme demonstra a figura A do quadro 3.
Ancha (Theta Aquarii)
Em 13 de janeiro a Lua 12% iluminada e com a elongação solar de 41°, ocultará a estrela Ancha (Theta Aquarii) de magnitude 4.2 e tipo espectral G8. Esse evento poderá ser observado também de forma diurna em partes também da Nova Zelândia conforme demonstra a Figura B do quadro 3.
Zubenelhakrabi (Gamma Librae)
Em 05 de janeiro a Lua -18% iluminada e uma elongação solar de 50°, ocultará a estrela Zubenelhakrabi (Gamma Librae) de magnitude 3.9 e tipo espectral G8.5III. Esse evento poderá ser observado na região da Oceania e Sudeste da Ásia, de acordo com a figura A, apresentada no quadro 4.
Hyadum II (delta 1 Tauri)
Em 19 de janeiro a Lua 81% iluminada e com a elongação solar de 128º ocultará a estrela Hyadum II (delta 1 Tauri) de magnitude 3.8 e tipo espectral K0-IIICN0.5. Esse evento poderá ser observado na África do Sul, de acordo com a figura B, apresentada no quadro 4.
Theta 2 Tauri
Em seguida, a Lua +81% iluminada e com a elongação solar de 128°, ocultará a brilhante estrela theta 2 Tauri de magnitude 3.4 e tipo espectral A7 III. Esse evento então poderá ser observado no norte da Ásia, norte da Europa e região norte da América setentrional de acordo com a figura C, apresentada no quadro 4.
Lambda Geminorum
Em 22 de janeiro a Lua -98% iluminada e com a elongação solar de 165º, ocultará a estrela lambda Geminorum de magnitude 3.6 e tipo espectral A3V. Esse evento poderá ser observado no norte da Ásia e norte da América do Norte conforme demonstra a figura D, apresentada no quadro 4.
Aldebarãn (alpha Tauri)
Marcará este mês ainda a ocultação também da brilhante estrela Aldebarãn de magnitude 0.9 e tipo espectral K5+III que ocorrerá em 20 de janeiro com a Lua +82% iluminada e com a elongação solar de 130°. Nesta oportunidade então o evento poderá ser acompanhado em grande parte da América do Norte e Europa de acordo com o apresentado no quadro 5.
No Sistema Solar!
Por um brevíssimo período dos seis primeiros dias deste mês, nossa atenção estará desviada para o ligeiro e diminuto Mercúrio (4.6) que inicia este mês na constelação de Sagittarius, mas já neste segundo dia ele estará na constelação de Capricornius e isso, dar-se-á somente até o dia 08 deste mês retornando novamente para Sagittarius, Essa data também assinala também seu periélio, mas sua elongação abaixo de 15º fará com que sua visibilidade seja ofuscada pela claridade solar. Ele estará em 14 de janeiro em conjunção inferior (elongação 3.2º E) e no dia 15 já no perigeu (0.6674332 ua) da Terra, conforme vislumbramos na tabela 3. Neste interessante registro, como o realizado pelo observador Hélio de Carvalho Vital utilizando uma câmera SX60 HS Canon PowerShot, na cidade do Rio de Janeiro-Brasil, podemos apreciar Mercúrio no crepúsculo vespertino de 15 de dezembro último com o proeminente Pico da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro-Brasil na figura 3 abaixo.
Entretanto nossos observadores após o dia 21 de janeiro poderão novamente perceber Mercúrio no horizonte crepuscular matutino antes do nascer do Sol.
Certamente muitos de nós também ficaremos encantados com o belo alinhamento celeste na manhã do dia 07 de janeiro próximo, quando então Lua (magnitude -7.0 e -8.5% iluminada), Vênus (-4.0), Saturno (0.5) e a brilhante Antares (1.0) na constelação de Escorpião conforme podemos apreciar na figura 4. Entretanto é importante mencionar que neste alinhamento, Lua, Vênus e Saturno encontrar-se-ão na constelação zodiacal de Ophiuchus.
Interessante registrar que nosso planeta encontrar-se-á no seu periélio neste dia 02 próximo, quando então a distância ao Sol será de 0.98330397855710 unidades astronômicas. Como o hemisfério sul da Terra encontra-se sazonalmente na estação do Verão, fato idêntico também marcará o início desta estação, mas no hemisfério norte de Marte (1.1), então ocorrerá também o “solstício de Verão marciano”. O gigantesco Júpiter (na constelação de Leão) e a cada dia com suas elongações bem favoráveis, estará estacionário em 08 de janeiro, sendo que em seguida seu diâmetro aparente cresce para 40 segundos de arco e sua respectiva magnitude estimada em -2.3 continuará aumentando atingindo -2.4 em 30 de janeiro. Quantos aos gigantes gasosos mais afastados, o planeta Netuno (7.9) ainda poderá ser acompanhado nas primeiras horas longo após o ocaso do Sol em meio às estrelas brilhantes da constelação de Aquário onde ele se encontra; é importante mencionar que em 28 de janeiro próximo ele está muito próximo a HD214686, uma estrela branca- amarelada de magnitude 6.8, classe e tipo espectral F7V, essa estrela denunciará facilmente a presença de Netuno naquela região celeste, sendo está uma das raras oportunidades em acompanhar esse planeta nas primeiras horas após o crepúsculo vespertino.
Por sua vez Urano com magnitude visual estimada em 5.8 e na constelação de Peixes poderá ser facilmente identificável 73 Psc (mag. 6.0) e WW Piscium continuam sendo balizadoras para sua fiel localização). Suas elongações favoráveis permitem que ele seja facilmente observado na primeira parte da noite. Da mesma forma, o planeta anão (1) Ceres (mag. 9.3) também poderá ser encontrado na constelação de Capricórnio até o dia 15 próximo sendo que no dia seguinte já estará nos limites da constelação de Aquário.
Chamou a atenção novamente a possível explicação para os brilhantes pontos no interior da cratera Occator (figura 5) com 90 quilômetros de largura (DAWN, 2015); essa estrutura (seja uma espécie de sal, ou argilas ricas em amônia) sem dúvidas demonstra o quanto é importante à continuidade da exploração espacial também em outros corpos do Sistema Solar.
Enquanto isso o longínquo e distante (134340) Plutão na constelação de Sagittarius, agora está imerso na claridade solar e distante cerca de 34.000406 ua da Terra (apogeu em 08 janeiro), mas a missão New Horizons continua a transmitir os dados armazenados de seu sobrevoo ocorrido em julho passado; como esse recente (vídeo abaixo) onde podemos visualizar que a New Horizons capturou uma grande variedade de terrenos com crateras, montanhosas e glaciais.
Sol = O quadro 3 abaixo, apresenta alguns elementos úteis a observação solar neste mês como: e (P.H) = Paralaxe Horizontal, (PO°) = Ângulo de Posição da extremidade Norte do disco solar, (+) E; (-) W, (BO°) = Latitude heliográfica do centro do disco solar (+) N; (-) S, (LO°) = Longitude heliográfica do meridiano central do Sol e ainda, (NRC) Número de Rotação Solar de Carrington da série iniciada em novembro 1853 9,946.
Lua = As fases lunares neste mês, ocorrerão nas datas e horários abaixo mencionadas em Tempo Universal de acordo com a figura 6.
A ocorrência das apsides lunares dar-se-á neste mês na seguinte sequência: Apogeu em 02/01 às 11:54 (UT = Universal Time), quando a Lua estará a 404.277 km do centro de nosso planeta; o Perigeu ocorrerá em 15/01 às 02:11 (UT = Universal Time) quando então a Lua estará somente a 369.618 km do centro da Terra. Entretanto um novo Apogeu ocorrerá em 30/01 às 09:11 (TU), quando então a lua estará somente a 404.552 km do centro da Terra.
Asteroides
Ao que podemos perceber num primeiro momento consultando as páginas listadas no Almanaque Astronômico Brasileiro de 2016 (download livre em: http://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2016.pdf) uma seleção de asteroides importantes terão oposições favoráveis neste ano, então em 13 de janeiro (12) Victoria será um objeto de fácil localização numa região muito conhecida dos observadores, Gomeisa (Beta Canis Minoris) de magnitude 2.8, classe e tipo espectral B8Ve (uma informação bem interessante desta estrela encontra-se em: http://goo.gl/iWTG8o), 6 CMi uma estrela que existe suspeita que seja uma variável (magnitude: 4.4 - 4.5) de tipo espectral K2III e 1 CMi, uma estrela subgigante branca de magnitude 5.3, classe e tipo espectral A5IV (carta de busca e efemérides disponíveis em: http://skyandobservers.blogspot.com/2016/01/o-asteroide-12-victoria-em-2016.html), também nesta data (88) Thisbe, este na constelação de Gemini estará muito bem localizado entre as brilhantes estrelas Wasat (“Delta Gem”: essa estrela e outras binárias daquela constelação, foram mencionadas em: http://goo.gl/t7ZHlh) de magnitude 3.5, classe e tipo espectral F2IV; 56 Gem, uma gigante vermelha de magnitude 5.0, classe e tipo espectral M0IIIab e 81 Gem, uma gigante alaranjada de magnitude 4.8, classe e tipo espectral K4III, serão mais que suficientes para a identificação deste asteroide (carta de busca e efemérides disponíveis em: http://skyandobservers.blogspot.com/2016/01/o-asteroide-88-thisbe-em-2016.html). As surpresas não para aqui, uma vez que na noite seguinte será o asteroide (30) Urania, facilmente localizado também naquela constelação; então novamente Wasat e 77 Gem (Kappa Geminorum) de magnitude 3.5, classe e tipo espectral G9III, uma gigante amarela serão mais que suficientes para essa localização (carta de busca e efemérides disponíveis em: http://skyandobservers.blogspot.com/2016/01/o-asteroide-30-urania-em-2016.html). Bem interessante também mencionar que o asteroide (5) Astraea, cuja oposição ocorrerá em 15 de fevereiro próximo (carta de busca e efemérides já disponíveis em: http://skyandobservers.blogspot.com/2016/01/o-asteroide-5-astraea-em-2016.html) estará no seu periélio em 31 de janeiro próximo (AMORIM, 2015).
Cometas
C/2013 US 10 CATALINA
O Cometa C/2013 US 10 CATALINA, deverá ser novamente o objeto celeste mais fotografado neste início de ano, embora outros cometas já encontram-se com suas respectivas magnitudes dentro do limite de telescópios de médio porte. Como exemplo menciono o Pan-STARRS (C/2013 X1) na constelação de Pegasus com suas magnitudes estimadas entre 10.1 e aumentando chegando a 9.9 ao fim deste mês. Entretanto o C/2013 US 10 CATALINA (Efemérides na tabela 4 ) que ao final deste mês terá sua máxima declinação norte deverá ser acompanhado até o mês de março próximo.
CONSTELAÇÃO:
Auriga
Constelação boreal, compreendida entre as ascensões retas de 4h35min e 7h27min, e as declinações de +27º,9 e +56º, 1; limitada ao sul pelas constelações de Gemini (Gêmeos) e Taurus (Touro), a oeste por Perseus (Perseu), ao norte por Camelopardalis (Girafa) e Lynx (Lince), a leste por Lynx (Lince), e Gemini (Gêmeos); ocupa uma área de 657 graus quadrados. E fácil localizá-la graças à sua estrela de primeira magnitude, Capella, também conhecida como a Cabra, que é a quinta estrela mais brilhante do céu. Está situada a meio caminho entre a constelação de Perseu e Ursa Maior e é comumente representada por um jovem que transporta uma cabra nos ombros e duas crianças no braço esquerdo. A cabra está representada pela estrela Capella e as duas crianças pelas estrelas Eta e Zeta Aurigae. Segundo a velha tradição grega, a cabra e as crianças receberam um lugar no céu em honra a Amaltéia, filha de Melisso, rei de Creta, que, juntamente com sua irmã Melissa, alimentou Júpiter com leite de cabra durante a sua infância. Para outros autores, o Cocheiro é a figura mitológica do filho de Io, Troquilos, a quem se atribui a invenção do carro; Cocheiro. (MOURÃO, 1987).
As definições acima elaboradas pelo astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (1935-2014) são as expressões fantásticas de um grande incentivador e disseminador da astronomia, sendo que podemos numa rápida e breve descrição desta constelação (figura 7), podemos acrescentar os seguintes pontos: Capella (alfa Aurigae) é uma estrela gigante de coloração amarelo dourada de magnitude 0.0 de classe e tipo espectral G5IIIe+G0III; na realidade um sistema múltiplo de estrelas (BURNHAM, 1978). A figura 8 abaixo apresenta o movimento orbital do par 1Aa,Ab cujo período (P) e de 104.02128d ± 0.00016).
Menkalinan (Beta Aurigae) uma variável eclipsante de curto período de magnitude 1.9, classe e tipo espectral A2IV e também um sistema binário, em que duas estrelas de quase igual tamanho e brilho giram em suas órbitas em um período de 3.96003 dias. A estrela foi uma das primeiras espectroscópicas dupla a ser descoberta, identificada pela astrônoma norte-americana Antônia Caetana de Paiva Maury em 1889 (BURNHAM, 1978). Num das extremidades do cocheiro, encontraremos Delta Aurigae, uma gigante alaranjada de magnitude 3.7, tipo e classe espectral K0IIIb e a interessante Epsilon Aurigae, uma supergigante branca, de magnitude 3.0 tipo e classe espectral F0Ia, que entre 2009-2011 chamou a atenção dos observadores em todo o mundo, e que teve finalmente seu disco de poeira revelado após observações e análises realizadas com o Telescópio Espacial Spitzer da NASA. Ponto notável nesta parte da constelação, temos interessante asterismo formado por Epsilon; Eta Aur (também chamada de Hoedus II) uma estrela azul da sequência principal no Diagrama HR de magnitude 3.1, classe e tipo espectral B4V que juntamente com Hoedus I também conhecida por Sadatoni (Zeta Aurigae), essa uma gigante laranja de magnitude 3.6, classe e tipo espectral K4II, apresentam-se numa configuração triangular de estrelas ao sul de Capella; normalmente chamado de “Cabritos”.
Outros pontos asterismos interessantes no interior desta constelação e também nas imediações são também assinalados como é o caso da presença de Alnath (Beta Tauri) uma gigante azul de 1.6, tipo e classe espectral B7III somente para compor o traço do Cocheiro; mas como nossa rápida apreciação pede, vejamos alguns tópicos importantes.
Sistemas duplos e múltiplos de estrelas
Não foi preciso muito esforço para perceber que a constelação do Cocheiro, ao que tudo indica seja também e um celeiro de estrelas duplas, obviamente além de alfa Aurigae acima mencionada, podemos destacar também 5 Aur, 9 Aur, 16 Aur, 26 Aur e 54 Aurigae (veja uma seleção na tabela 5) como os principais sistemas de estrelas duplas e/ou múltiplas que podemos facilmente localizar com pequenos instrumentos óticos. Com razão, alguns observadores apelidaram esses fantásticos sistemas de “Obra prima”.
Variáveis LPV em Auriga
O Cocheiro também guarda boas surpresas também dentro do principio de que nossos observadores possuem instrumentação de pequeno e médio porte. Então eu selecionei dentre as principais estrelas variáveis observadas no mês passado (AAVSO, 2015) nesta constelação e reportadas junto a AAVSO (American Association of Variable Star Observers), as seguintes estrelas: AG, AZ, NO e W Aurigae cujas efemérides para os próximos períodos entre máximos e mínimos encontraremos no quadro 7 abaixo.
A fugitiva “AE Aurigae”
AE Aurigae é uma estrela variável cuja amplitude vária entre 5.78 - 6.08 V, entre máximo e mínimo, tipo espectral 09.5V, suas respectivas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 05h 16m 18.15s e Decl (Declinação): +34º 18' 44.3" (J2000.0) e também uma famosa "Estrela Fugitiva" (figura. 9). Em dezembro de 2011 (veja esse post em: Céu do mês: Dezembro 2011): e fevereiro de 2014 (veja esse post também em: Céu do Mês - Fevereiro 2014), mencionamos essa associação de "estrelas fugitivas" de Orion, sendo que Mu Columbae (magnitude 5.1, tipo espectral 09.5V) possui a velocidade em recessão com cerca de 119 quilômetros por segundo (119 km/s), já a velocidade de 53 Arietis (UW Ari, magnitude 6.12 V, tipo espectral B1.5V) é de aproximadamente 63 quilômetros por segundo, sendo que, AE Aurigae apresenta uma velocidade de 106 km/s.
O fato mais interessante e particular sobre AE Aurigae, (ou como mencionei "AE Aur" na legenda da figura 7 acima), reside no fato dela parecer estar iluminando a nebulosidade difusa de IC 405, talvez por isso mesmo essa é conhecida por "Nebulosa da Estrela Flamejante". Mas isso deve ser o resultado de um encontro casual, uma vez que as velocidades radiais são diferentes entre a nebulosa e AE Aurigae.
Aglomerados Abertos Messier 36, Messier 37, Messier 38 e o NGC 2281
Messier 36
Esse Aglomerado Aberto Messier 36 (apresentado no quadro 8, figura A), também denominado NGC 1960 será de muito fácil observação uma vez que até na luneta de busca ela já poderá ser observado; utilizando binóculos 7 x 50mm ou 10 x 50mm. Sua magnitude visual está estimada em 6.0 e suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 05h37m 23.22s e Decl (Declinação): +34º 08' 25.5" (J2000.0).
Messier 37
Mais brilhante, apresentando a magnitude visual de 5.6, o Aglomerado aberto Messier 37 (apresentado no quadro 8, figura B), que também denominado NGC 2099, apresentar-se-á na luneta de busca de nossos instrumentos de forma difusa, entretanto ao utilizarmos a classificação de Robert Trumpler (concentração, luminosidade e riqueza em estrelas) como: “II 1 r”; onde: “II” = Destacado com pequena concentração central; “1” = Escala de Luminosidade cerrada (as estrelas do aglomerado apresentam aproximadamente a mesma magnitude visual e “r” = rico, mais de 100 estrelas. Suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 05h 53m 22.4s e Decl (Declinação): +32º 33’ 02.1” (J2000.0).
Messier 38
Dentre os objetos Messier acima mencionados, será M 38 (apresentado no quadro 8, figura C), o Aglomerado aberto menos brilhante desses três objetos (magnitude visual de 6.4), mas eu tenho certeza que vocês ficarão surpresos somente localizando na luneta buscadora. Esse objeto celeste de fácil reconhecimento possui cerca de 100 estrelas, sendo a mais brilhante de magnitude 9.5 (ALMEIDA et al, 2000). Suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 05h29m 48.15s e Decl (Declinação): +35º 51’ 36.7” (J2000.0).
NGC 2281
É bem interessante também a informação que os objetos Messier acima mencionados, encontram-se localizados numa faixa onde o braço da nossa galáxia e extremamente rico. Bem fazendo um breve deslocamento dessa região, mas muito próximo a brilhantes estrelas, encontraremos o Aglomerado Aberto NGC 2281 (apresentado no quadro 8, figura G). Mais brilhante que os objetos Messier acima mencionados, pois sua magnitude visual de 5.4 faz com que ele seja facilmente localizado com telescópio de pequeno porte. Suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 06h49m 27.19s e Decl (Declinação): +41º 03' 42.4" (J2000.0).
Nebulosas Difusas IC 405 e IC 410 - (Index Catalogue)
As gigantescas massas de gás e poeira existentes no plano da nossa Via Láctea realmente chama a atenção dos nossos observadores, uma vez que nas suas adjacências (porém dentro do envelope da galáxia, como vimos o NGC 2281) e também na constelação do Cocheiro eles não são exceção. Então vejamos IC 405 e IC 410.
IC 405 - Nebulosa de reflexão e emissão
Essa nebulosa também conhecida como: “Nebulosa da Estrela Flamejante” foi acima mencionada por ocasião da breve descrição da estrela AE Aurigae; sendo que esta nuvem é de cerca de 18' em extensão, o que corresponde a um diâmetro real de cerca de 9 anos-luz. O nome provavelmente surgiu em 1903 em um artigo publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society (O'MEARA, 2002) pelo astrônomo alemão Maximilian Wolf (1863 - 1932).
Estudos realizados em 1958 por Guillermo Haro mostram que exposições fotográficas vermelhas e azuis revelam apresentam algumas características peculiares. Em exposições azuis, o detalhe mais proeminente é o filamento torcido brilhante sendo expelido da estrela no lado sudeste; assim o espectro desta característica indica que a composição é essencialmente poeira, associada com muito pouco gás livre, enquanto que as exposições fotográficas vermelhas mostram um padrão completamente diferente de características de emissões, onde a radiação de gás ionizado é predominante. A presença de nuvens de poeira tão perto de uma estrela tipo 0 novamente indica que a estrela e a nebulosa têm sido associadas há um tempo relativamente curto; presumivelmente a estrutura e o aspecto da nebulosidade acabará por ser grandemente modificada pela radiação da estrela.
Outras contribuições importantes da pesquisa deste astrônomo sem dúvidas foram a descoberta de estrelas brilhantes na região de Orion, (trabalho com William Morgan, em 1953) e estudos de nebulosas planetárias e de tênues estrelas azuis (com Willem Luyten).
Observacionalmente (ele está apresentado no quadro 8, figura E), além de um céu livre dos efeitos da poluição luminosa e atmosférica, eu sugiro utilizar aberturas de 180mm (ou maiores) com ampliação da ordem de 100 vezes, embora sua magnitude visual seja estimada em 6.7 visto que sua respectiva magnitude. Suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 05h17m 25.23s e Decl (Declinação): +34º 33' 32.2" (J2000.0).
IC 410 / NGC 1893
Em uma primeira análise, nós poderemos associar a observação de IC 410 ao NGC 1893 uma vez que alguns catálogos os apresentam como sendo o mesmo objeto, uma vez que no envelope de estrelas do NGC 1893 encontra-se imerso a nebulosa de emissão IC 410 conforme apresentado no quadro 8, figura F. Essa efeito sobreposto muitas vezes nos levará a pensar que essa será uma observação difícil, mas não é. Alguns observadores reportam que as estrelas mais brilhantes cujas respectivas magnitudes são estimadas entre 7.5 e 8.0. Essas estrelas também parecem excitar o complexo de nuvens de poeira dessa nebulosa de emissão.
Experiente observadores reportam que o IC 410 foi detectado em telescópios de 300mm de abertura, mas que aberturas na ordem de 450mm já são mais que suficientes para capturar a nebulosa circundante de IC 410. Outros entretanto, recomendam o emprego de filtros de banda estreita (Narrowband) UHC (Ultra High Contrast) e filtros OIII (Oxigênio III) (CRINKLAW, 1999), o que torna possível discernir diferenças tênues de contraste nesta nebulosa. Sua magnitude visual e estimada em 7.8 e suas coordenadas são: AR (Ascensão Reta)= 05h23m 24.68S e Decl (Declinação): +33º 31’ 20.5” (J2000.0).
Poderíamos ainda fazer diversas considerações observacionais desta constelação e também dos fatos interessantes que marcarão este início de ano, mas de primeiro momento creio que está bem avaliada. O entanto deixo novamente registrado o meu incentivo para que vocês realizem observações sistemáticas da esfera celeste; exemplos como os apresentados pelo astrônomo norte americano David E. Fields no Observatório Tamke-Allan, no Tennessee e também do brasileiro Hélio de Carvalho Vital no registro de Mercúrio com uma câmera fotográfica evidenciam o qual e importante e simples este trabalho.
Boas Observações!
Referências:
- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2016. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2015. 115p. Disponível em http://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2016.pdf: Acesso em 17 Nov. 2015.
- BURNHAM Jr, Robert. – Burnham's Celestial Handbook. Dover Publications, Inc., 1978. ISBN 0-486-23567-X p. 253/296.– Inc. New York – USA, 1978.
- AMORIM, Alexandre. Anuário Astronômico Catarinense 2016. Florianópolis: Ed: do Autor, 2015. 182p.
- CHEVALLEY, Patrick. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 3.8, March. 2013. Disponível em: <http://ap-i.net/skychart/start?id=en/start> . - Acesso em: 26 Nov. 2015.
- ALMEIDA, Guilherme de. RÉ, Pedro. Observar o Céu Profundo. ISBN-972-707-278-X. Ed. Plátano Edições Técnicas, 1ª Edição, Julho 2000; Lisboa Portugal. 339p.
- Dawn Home (NASA-JPL). <http://dawn.jpl.nasa.gov/multimedia/images/image-detail.html?id=PIA20180> - Acess in: 16 Dec. 2015.
- The Watchers » Latest articles., Dez 6 em 9:41 PM. Available in <http://thewatchers.adorraeli.com/2015/12/06/new-close-up-pictures-of-pluto-the-best-for-decades-to-come/> - Acesso em: 16 Dec. 2015.
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