O Eclipse Total da Lua em 04 de abril 2015

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CEAMIG – REA/Brasil - AWB

I – Introdução

Em 04 de abril, teremos a ocorrência do primeiro eclipse total da Lua. Observadores de toda a Ásia, Oceania, oceano Pacífico e regiões mais a oeste das Américas terão a oportunidade de registrar este evento, conforme apresentado na Figura 1. O evento será observado em sua totalidade para os observadores localizados na região do oceano Pacífico.


Já observadores localizados no oeste da Austrália e regiões do sudeste da Ásia terão essa visibilidade com a Lua no nascer; observadores localizados na costa oeste das Américas observarão o evento no ocaso. Os instantes de contato primários e as principais fases deste eclipse também são apresentados na figura acima, com tempos estimados em UTC (Tempo Universal Coordenado).

II – Imersão e Emersão de crateras

Da mesma forma, na tabela 1 abaixo, são apresentados, em tempo universal coordenado, os horários previstos para os contatos com o centro de crateras e outros acidentes lunares mais facilmente identificáveis no relevo lunar.


III – Ampliação e dimensões da Umbra

Segundo o físico Hélio de Carvalho Vital, coordenador da área de eclipses da REA/RJ (Rede Brasileira de Astronomia Observacional), a magnitude umbral deste evento difere muito pouco do valor 1, abaixo do qual ele seria parcial. A diferença é inclusive menor que as oscilações normalmente encontradas nas dimensões da umbra.

Será total ou não esse eclipse? Na verdade, é difícil afirmar, pois a magnitude umbral dele difere muito pouco do valor 1, abaixo do qual ele seria parcial. A diferença é inclusive menor que as oscilações normalmente encontradas nas dimensões da umbra.

Além disso, segundo Hélio Vital, a Lua totalmente eclipsada cruzará de forma rasante o extremo norte da umbra. Nessas condições, tornam-se muito elevadas as incertezas dos contatos U2 e U3 (fase total), e mesmo se eles ocorrerão ou não. De forma que é possível que aqueles que observem este evento fiquem na dúvida se o disco lunar terá ou não mergulhado inteiramente na umbra ou se a calota da Lua ao norte, mais brilhante, terá permanecido todo o tempo apenas na penumbra.

Estes cálculos foram realizados, ampliando-se em 1,376% o valor da paralaxe lunar, o qual corresponde à média encontrada em nossas análises de vários eclipses. Além disso, optou-se pelo uso do valor teórico para o achatamento da umbra projetada sobre o disco lunar, como deduzido pelo astrônomo belga Jean Meeus, especialista em mecânica celeste. Para este eclipse, ele é igual a 1/211,1. Ressalta-se que tal valor é superior àquele associado ao geóide, o que reduz a previsão para a duração da fase total para apenas 25 segundos. Além disso, caso a umbra se apresente com diâmetro ligeiramente abaixo de seu valor médio, a totalidade pode nem mesmo ocorrer.

IV – Avaliações da coloração segundo a Escala de Danjon

Outro fato curioso é que a Lua permanecerá muito brilhante durante todo o evento, inclusive com sua borda ao norte branco-azulada, e caso não haja influência significativa de aerossóis provenientes de grandes explosões vulcânicas, sua magnitude visual no meio do eclipse deverá ser mv=-3,5±0,5.

Felizmente, temos como avaliar isso. O astrônomo francês André-Louis Danjon (1890 - 1967) propôs uma escala de cinco pontos úteis para avaliar o aspecto visual e o brilho da Lua durante a fase de totalidade dos eclipses lunares. Os valores "L" (inseridos na tabela 2) para várias luminosidades são definidos da seguinte forma:


V – Conclusão

Se teremos um eclipse mais claro ou escuro, certamente a gigantesca tela lunar revelará essa informação aos observadores somente durante a ocorrência deste eclipse. Da mesma forma que os eclipses de 09 de dezembro de 1992, 29 de novembro de 1993 e 16 de maio de 2003 mostraram-se significativamente mais escuros que o previsto. Os eventos vulcânicos responsáveis por esses efeitos foram identificados, destacando-se dentre eles: a violenta explosão do Monte Pinatubo em junho de 1991 e a erupção do Monte Reventador em novembro de 2002 (VITAL, 2007).

Caso algum observador nesta área possa realizar algumas cronometragens de imersão e emersão das crateras ou mesmo realizar estimativas da coloração utilizando a Escala de Danjon, a coordenadoria de Eclipses da REA, que foi criada em 2003, acolherá seus dados da melhor forma possível, visto que a influência de explosões vulcânicas ocorridas neste princípio de ano está sendo capaz de injetar novamente uma grande quantidade de cinzas na estratosfera terrestre.


Boas Observações!

Referências:

- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2015. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2014. Disponível em: <http://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2015.pdf> Acesso em 03 dez. 2014.

- VITAL, Hélio Carvalho. E-Mail (Correspondência Pessoal). 06 Out. 2014, 19:08 (HLB).

- ___________. Monitorando Explosões Vulcânicas na tela Lunar. REA/Brasil. REPORTE Nº 12, págs. 67/69. 2007. Disponível em:  http://www.rea-brasil.org/reportespdf/reporte12-artigo11.pdf Acesso em: 05 mar. 2015.
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