O Céu do mês – Janeiro 2013

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CEAMIG – REA/Brasil - AWB

Um novo ano! O céu, nosso anfitrião não poupará neste início de ano os observadores mais atentos a sutilezas que estão reservadas neste profícuo período. Novamente a lua ao início da noite neste primeiro dia, fará com a Brilhante Regulus (1.41) um alinhamento bastante interessante, quando então estará essa brilhante estrela a 5.6° norte do disco lunar. E falando em nosso satélite natural ela proporcionara aos observadores de grande parte da Austrália, incluindo Ilha Christmas ou Ilha do Natal e Cocos, bem como também o sudoeste da Indonésia, uma ocultação da brilhante Spica (1.00) em 05 de janeiro; essa ocultação ocorrerá de forma diurna na Nova Zelândia (exceto na cidade de Auckland) inclusive Chatham Island. Muito embora ela seja a protagonista de uma ocultação diurna do diminuto Plutão no dia 11 deste mês, será também a responsável pela ocultação do gigantesco planeta Júpiter, quando grande parte dos observadores localizados na América do Sul poderá acompanhar esse fenômeno. Certamente o grande caçador não passará despercebido das jornadas observacionais que ocorrerão nestas noites, tornando-se assim uma ótima oportunidade do reconhecimento de suas principais estrelas.



A Ocultação de Spica pela Lua em 05 de janeiro de 2013

Em 05 de janeiro próximo a Lua -43% iluminada e com uma elongação de 82°, ocultará a estrela Spica (mag 1.0). A faixa de visibilidade do evento recai sobre no sul dos oceanos Pacífico e Indico, cortando uma grande porção do território da Austrália e sudoeste da Indonésia, conforme apresentado na figura 2.

As tabelas 2 e 3 abaixo, apresentam as circunstâncias para algumas localidades da Austrália e também da Indonésia.

A Ocultação de Júpiter pela Lua em 22 de janeiro de 2013

Na noite de 22 de janeiro próximo, a Lua + 78% iluminada e com uma elongação de 124°, ocultará o planeta Júpiter (mag. 2.3) e (conseqüentemente) seus principais satélites naturais (Veja maiores informações na resenha do Sky and Observers).

Planetas!

Mercúrio = O planeta começa este início de ano na constelação de Sagittarius, mas sua elongação faz com que ele esteja mergulhado no clarão da luz solar. Sua respectiva magnitude no dia 1° é -0.6 e ao final do mês já estará estimada em -1.1. Mercúrio estará no afélio de sua órbita quando então chegará a distância de 0.466702 UA, já alcançando sua conjunção superior dia 18. Neste instante sua distância a Terra será de 1.42167 UA. Ele estará na constelação de Capricornus a partir do dia 19 onde permanecerá até o fim deste mês.


Vênus = Este planeta estará na constelação de Ophiuchus somente até o próximo dia 6, quando então chegará a constelação de Sagittarius. Sua elongação vem diminuindo a cada dia; mas isso não será um grande problema devido a sua magnitude em torno de -3.9. Vale destacar que Vênus cruzará o plano da eclíptica na descendente para o sul no dia 17 próximo.


Lua (Fases) = As fases lunares este mês, estão indicadas em Tempo Universal. Fuso Horário de Verão em Brasília (UT = + 02:00 h).


Marte = Estará na constelação de Capricornus por quase todo este mês Sagittarius, mas no dia 30 ingressa na constelação de Aquarius. Suas observações ainda poderão ser realizadas na primeira parte da noite após o ocaso do Sol, visto que suas elongações também vão gradativamente diminuindo também. Sua magnitude para esse período está estimada em 1.2. Marte chegará ao periélio de sua Órbita (quando então ficará mais próximo do Sol) no dia 24 próximo, quando sua distância será de 1.38149 UA.

Júpiter = Júpiter continuará chamando a atenção dos observadores neste início de ano, novamente será o gigante gasoso o grande protagonista de uma ocultação pela Lua no dia 26 próximo, sendo que nesta oportunidade, grande parte dos observadores localizados no continente sul americano, acompanhará esse evento. Na constelação de Taurus durante este mês, suas magnitudes começam a decair, mas de forma sutil, então elas estão estimadas em -2.7 no início deste ano; -2.6 no dia 15 e -2.5 no dia 31 próximo.

Novamente trata-se a tabela 4 abaixo, as respectivas magnitudes para o início, meio e término do mês às 00:00 (TU) dos satélites galileanos.

Saturno = Durante essa primeira quinzena ainda, o planeta Saturno poderá ser observado durante o início das madrugadas, já na constelação de Libra sua magnitude ainda pode ser estimada em 1.3, mas já no fim deste mês sua elongação já em torno de 88°, fará com que ele seja no horizonte leste antes da meia-noite. Sua magnitude, entretanto neste fim de mês já chegará em 1.2. 

Urano = Na constelação de Pisces, sua elongação ainda faz com que O planeta Urano seja um objeto a ser observado, pois sua magnitude de 5.8 faz com que ele permaneça ainda dentro do limite visual a visão desarmada, mas a aplicação de um binóculo 7x50 ou um telescópio de 100 mm trará aos observadores um conforto observacional deste planeta. No fim deste mês sua magnitude começa a cair um pouco sendo estimada em 5.9.

Netuno = A magnitude continua estimada em 7.9 e a primeira quinzena ainda será a ideal para a busca deste distante planeta na constelação de Aquarius, suas elongações estarão favoráveis somente até o fim deste mês.

Ceres e Plutão = Ceres ainda permanecerá na constelação de Taurus, entretanto sua magnitude (após ter passado por sua oposição em 18 de dezembro último) começa a decair sendo que neste início de ano pode ser estimada em 7.1, chegando a 7.4 no dia 15 e estimada em 7.7 no fim de janeiro. Plutão, as elongações neste início de ano não favorecem a qualquer tentativa observacional do diminuto Plutão; estas somente começam a ficar favoráveis nos últimos dias de janeiro. Ele esta na constelação de Sagittarius, sendo sua magnitude estimada em 14.1. 
Notas: 

(ua) = Unidade Astronômica. Unidade de distância equivalente a 149.600 x 106m. Convencionou-se, para definir a unidade de distância astronômica, tornar-se como comprimento de referência o semi-eixo maior que teria a órbita de um planeta ideal de m=0, não perturbado, e cujo período de revolução fosse igual ao da Terra.

(a.l) = Ano Luz. Unidade de distância e não de tempo, que equivale à distancia percorrida pela luz, no vácuo, em um ano, a razão de aproximadamente 300.000 Km por segundo. Corresponde a cerca de 9 trilhões e 500 bilhões de quilômetros.

CONSTELAÇÃO:

Orion 

É conhecida pela grande maioria dos amantes da mitologia e também dos astrônomos a história deste caçador celeste.  Na realidade para muitos também essa constelação quase que dispensa apresentações como também não iremos esgotar de uma única vez os temas observacionais que esse caçador celeste guarda em seu alforje.

Na base desta constelação temos a brilhante estrela dupla Rigel, uma supergigante branco azulada de classe espectral, B8Ia. A companheira possui uma magnitude de 6.8, mas que necessita uma grande ampliação para possamos separar esse par; e também Saiph, essa uma supergigante azul de classe espectral,  B0.5Ia.  Ambas encontram-se a uma distância de cerca de 750 a 800 anos luz de distância do Sol respectivamente.

Marcando o início do braço esquerdo temos a gigante azul Bellatrix de classe espectral B2III e como a empunhar um grande escudo de defesa, temos na seqüência as seguintes estrelas: 1 Orionis (3.1), que possui o nome próprio de Tabit; 2 Orionis (4.3);  3 Orionis (3.6), 7 Orionis (4.7); 8 Orionis (3.7), 9 Orionis (4.7) e 10 Orionis (4.4). Em contra partida a supergigante vermelha Betelgeuse (0.5) de classe espectral M1-2Ia-Iab, marcará o braço direito em suspensão a uma clava pronta para o golpe fatal. Formarão essa seqüência as estrelas:  54 Orionis (4.4); 61 Orionis (4.1); 67 Orionis (4.4); 70 Orionis (4.4) e 62 Orionis (4.6).


M42 e M43 

Como podemos perceber numa rápida visualização no mapa desta constelação (Figura. 4) acima, em Orion podemos facilmente e com a aplicação de um binóculo 7 x 50 a existência de inúmeros objetos de céu profundo (Deep Sky); mas é quase um dever mencionar M42 (Grande Nebulosa de Orion, uma gigantesca nebulosa de emissão), pois além de sua percepção a visão desarmada, esse berçário de novas estrelas tornar-se-á quase um objeto de necessária observação durante os diversos Star Parties que ocorrem em todo o globo. Assim também não escapará a visão telescópica M43. Alguns autores mencionam M43 como parte integrante de M43 visto que separa-se da nebulosa principal (M42), por uma faixa de poeira interestelar; a fotografia realizada pelo astrônomo amador Vitor Brasil Sabbagh do CEAMIG - Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais -, no poluído céu de Belo Horizonte, apresenta esse detalhe conforme vemos na figura 5. Desta forma M43 (também uma nebulosa de emissão) ela será uma fração de M42.


O Admirável Trapézio

Muitas estrelas múltiplas são conhecidas dos astrônomos e poderemos citar diversas; certamente Theta 1 Orionis deva ser uma das mais conhecidas e interessantes ao alcance de pequenos telescópios. As quatro componentes mais brilhantes foram um quadrângulo conhecido como “Trapézio” sendo que diversos catálogos de estrelas duplas designam 4 estrelas por A, B, C e D. a Figura 6 abaixo ilustra bem esse celestial arranjo.

A estrela “C” (HD 37022), classe espectral O6p é na realidade a primária do grupo com uma magnitude 5.1 e “A” (HD 37020), classe espectral B0.5V) é a terceira com magnitude de 6,7.  A estrela “D” e a segunda em magnitude 6.7 que se assemelha a estrela “A”. A estrela mais fraca, “B” é uma binária eclipsante com um período de 6,471 dias, e é também uma conhecida estrela variável (BM Orionis) como veremos em seguida. A estrela “A” foi identificada em 1975 como uma binária eclipsante também, com um período de 65,432 dias e uma variação entre 6,7  a 7,7.

Já um pouco fora dos limites visuais dos telescópios de médio porte, temos E (magnitude 11.1) e F (magnitude 11.5); Já as estrelas G e H são observáveis com a aplicação grandes instrumentos, sendo registradas através de Câmaras CCD.

Variáveis no Trapézio
As surpresas nesta região do trapézio não param e como era de se esperar, num berçário de recém nascidos e M42 existem uma boa quantidade de estrelas variáveis. Algumas dentro do limite visual de pequenos instrumentos, outras já na seara de médios e grandes instrumentos. Obviamente dentro desta gigante constelação, outras estrelas variáveis existem, mas na tabela 5 abaixo é destacada  somente as que ali são conhecidas. Bem como um mapa para onde estrelas de comparação de magnitudes são apresentadas sem o ponto decimal, assim sendo 116 é na realidade 11.6.

V361 – Existe o maior interesse na descoberta de um grande número de estrelas tênues avermelhadas, incluindo algumas variáveis erradas, espalhadas ao longo da região da nebulosa de Orion. A maioria delas parecem ser estrelas variáveis da classe T Tauri, usualmente assim consideradas por ser estrelas muito jovens, outras são estrelas do tipo UV Ceti. Uma estrela semelhante é V361 Orionis, localizada a leste 2,2 ' de Theta-2, quando muito ativa pode atingir no máximo em alguns poucos dias, na figura 8 abaixo um gráfico dessa curva de magnitude. 

Certamente aquele meio interestelar deverá revelar muito ainda para as próximas gerações de astrônomos, assim como é bastante interessante conhecer as particularidades de cada uma dessas estrelas recém nascidas. Desta forma então podemos iniciar uma belíssima temporada observacional. "A la chasse"!.

Boas Observações!

Referências:

- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas - Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ) - 1987, 914 P.

- Campos, Antônio Rosa - Almanaque Astronômico Brasileiro 2013, Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), Belo Horizonte (MG) - 2012, 100P.

- Burnham, Robert Jr. – Burnham's Celestial Handbook. Dover Publications, Inc., 1978. ISBN 0-486-23673-0 pp. 1730–1740.– Inc. New York – USA, 1978. 

- Astronomical Software Occult v4.1.0.1 (David Herald - IOTA) - acesso em 27/11/2012.

- Cartes du Ciel - Version 2.76, Patrick Chevalley -  http://astrosurf.org/astropc - acesso em 27/11/2012.

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