Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil - AWB
Junho de 2012 certamente será um mês marcado por muitos anos na história da astronomia pela ocorrência dos importantes fenômenos celeste que ocorrerão nesta época. Essa certeza ficará óbvia quando rapidamente apreciarmos a tabela dos eventos que irão ocorrer visto: a importância, raridade e beleza plástica, que envolverão a dinâmica destes acontecimentos. Então o aspecto do céu de junho tornar-se-á a moldura ideal onde o brilhante Vênus, fará um conjunção com Mercúrio dentro em breve que veremos na constelação de Taurus; um Eclipse parcial da Lua visível no oceano Pacífico, o Trânsito de Vênus pelo disco do Sol que poderá ser observada em grande parte da superfície do mundo e culminando com toda essa agenda, a chegada do Solstício (Verão no Hemisfério Norte e Inverno no Hemisfério Sul), poderá coroar um período de grandes observações astronômicas.
Alinhamento planetário de Mercúrio e Vênus
Já no anoitecer deste dia 01, os planetas Mercúrio (mag. -1.7) com elongação de 5.9° e Vênus (mag. -3.9) com elongação de 7.8°; alinhar-se-ão, instantes antes de seu ocaso numa conjunção bastante serrada; Isso poderá ser apreciado na linha do horizonte no sentido oeste, mas ambos estarão mergulhados na luz do crepúsculo vespertino, visto que o Sol deverá ter realizado seu ocaso neste dia cerca de 23 minutos antes de Vênus também desaparecer no horizonte.
Essa pequena e rápida janela observacional deve estar ainda bem comprometida pelo alto nível da poluição atmosférica, que é mais contrastada com as cores crepusculares naquela área do céu.
Eclipse parcial da Lua
O primeiro eclipse da Lua neste ano será parcial (tabela 2) e os observadores localizados no oeste do Oceano Pacífico na costa oeste das Américas poderão acompanhar a lua parcialmente eclipsada no ocaso.
Já o leste asiático não acompanhará o seu início, mas todos aqueles observadores que estiverem localizados nas ilhas do pacífico, Austrália e regiões adjacentes poderão acompanhar todo o fenômeno. (figura 3).
Trânsito de Vênus pelo disco do Sol
A exemplo do que ocorreu no último trânsito em 2004, no dia 05 (Hemisfério Oriental) para 06 de junho (Hemisfério Ocidental) próximos, teremos novamente a passagem de Vênus pelo disco solar. Uma grande proporção de observadores espalhados pelo planeta poderão acompanhar esse evento, conforme sua localização geográfica nos horários descritos na figura 4.
O TRÂNSITO OCORRE NO POENTE = América do Sul, América Central, Ilhas da Região do Caribe e América do Norte. Países: Colômbia, Equador, Venezuela, Panamá, Guatemala, Honduras e países da região caribenha, México, EUA e Canadá.
Nota (1): No Brasil o evento somente é visível com o Sol no ocaso no estado do Acre (inclusive a capital Rio Branco) e oeste do estado do Amazonas.
Nota (2): No norte da América do Norte, na Colúmbia Britânica, grande maioria do território noroeste do Canadá e sul da Groenlândia, o evento será visível em sua totalidade.
O TRÂNSITO OCORRE NO ZÊNITE = Pacifico ocidental (Inclusive o Hawai - EUA), leste da Ásia e da Austrália, Nova Zelândia, Tasmânia e região da Polinésia.
O TRÂNSITO OCORRE NO NASCENTE = Europa, Ásia central e ocidental, leste da África e da Austrália Ocidental.
Solstício de Junho
Este ano, o inverno no hemisfério sul, terá seu início em 20/06/2012 às 23:05 (UTC); a duração desde período será de 92,75 dias quando então as condições de observação do céu (no hemisfério sul) são extremamente favoráveis, visto que as condições climáticas não se modificam com tanta frequência. Assim esperamos (a exemplo dos anos anteriores) que as noites sejam límpidas e bastante proveitosas, sob o ponto de vista observacional.
Planetas!
Mercúrio = Como Mercúrio chegou à constelação de Taurus no dia 21 do mês anterior, ele permanecerá ali (formando o alinhamento planetário com Vênus) até o dia 07, passando a constelação de Gêmeos ficando ali até 24/06. Sua elongação tornar-se-á mais favorável no dia 15 quando então será de 19.8°, mas sua magnitude em torno de -0.4, mas a essa época ele já deverá estar adentrando na constelação de Câncer. Sua máxima elongação ocorrerá em 30/06 e será de 25.7°, mas sua magnitude estará em torno de 0.5, mas facilmente localizado como astro vespertino.
Vênus = Após o alinhamento planetário, Vênus estará neste período encaminhando-se para transitar pelo disco do Sol no dia 05; sendo que, sua elongação em 01/06 será de 7.8° e sua magnitude de -3.9. Entretanto á no dia 15/06 será possível observar Vênus por cerca de 40 minutos antes do nascer do Sol em 15/06 com uma magnitude de -4.1 numa elongação de 14.0°. Ele então visível como um astro matutino brilhará no céu das madrugadas com uma magnitude de -4.4 e elongação de 31.4° no dia 30/06. O mais fantástico disso é que ele, estando transitando pela a constelação de Taurus, cenário ideal para esses acontecimentos encontrar-se-á mergulhando no aglomerado aberto das Hyades após o dia 20/06.
Lua (Fases) = As fases lunares este mês, ocorrerão nas datas e horários do fuso horário de Brasília (UT = + 03:00 h) mencionadas de acordo com o quadro 1:
Marte = Com um diâmetro aparente cada vez menor (7.87” em 01/06 e 6.63” em 30/06), Marte não trará grandes surpresas ao observador nesta época. Sua elongação ainda favorável as observações no princípio da noite (93.8° em 01/06), faz com que ele seja um atrativo no céu noturno, embora suas magnitudes começam a baixar rapidamente 0.5 em 01/06, 0.7 em 15/06 e 0.8 já no dia 30. Ele deverá estar na constelação do Leão, quando na noite do dia 11 deste mês, poderá ser observado a 0.8° Sul de 77 Leonis (mag. 4.0); ele permanecerá nesta constelação até o dia 21, quando então passará a constelação de Virgem estando já no dia 28 a 0.2° Sul de Zavijava (mag. 3.6).
Júpiter = Na constelação de Taurus desde a primeira quinzena do mês anterior, Júpiter fará uma passagem cercada de acontecimentos naquela área do céu. Sua magnitude de -2.0 e constante neste período, mas suas elongações em vão melhorando sensivelmente, (13.5° em 01/06, 23.7° em 15/06 e 34.7° em 30/06) muito embora somente possa ser observado horas antes do nascer do Sol. Ele então estará localizado a 0.8° Sul de 13 Tauri (mag. 5.6) em 02/06; 0.6° Sul de 14 Tauri (mag. 6.1) em 04/06; 5.0° Sul das Plêiades (M 45) no dia 07/06 e em 26/06 2.0° Sul de 37 Tauri (mag. 4.3).
Saturno = Apesar de sua magnitude estar lentamente diminuindo (0.5 em 01/06 e 0.7 em 30/06) ele continua sendo o privilegiado em nossas observações; na constelação de Virgo ele fará com conjunto muito belo com Spica (1.0) e agora com a presença do luar em nesta madrugada. Saturno em 18/06 estará em sua máxima declinação norte, sendo que nos dias 25 e 26 encontrar-se-á estacionário reiniciando seu movimento prógrado em relação a eclíptica (05:00 TU de 25/06) e em relação ao equador às 06:00 UT de 26/06.
Urano = Se é ainda um pouco incômodo buscar Urano pela madrugada na constelação de Cetus, então vamos aguardar um pouco mais, mas na realidade o que está ocorrendo é que Urano vem a cada dia aumentando sua elongação, (63.2° em 01/06, 76.2° em 15/06 e 91.2° em 30/06) e isso fará com que ele no final desde mês possa ser observado no horizonte leste antes da meia noite. Sua magnitude de 5.9 estará estimada em 5.8 ao término deste mês.
Netuno = Conforme comentamos na resenha do céu do mês de maio último, doravante Netuno poderá ser observado antes da meia noite no horizonte leste, e essas condições ficarão ainda melhores após a segunda quinzena deste mês, pois suas elongações de 111.3° em 15/06 e 125.8° em 30/06 mostram isso. Então a referência dada anteriormente dentro da constelação de Aquarius, continua de boa serventia, visto que em 15/06, ele estará exatamente a meio caminho entre Theta Aquarii (4.1) e 50 Aquarii (5.7), bem como ainda, entre as estrelas Rho Aquarii (5.3) e 50 Aquarii (5.7) formando essas estrelas um “X”, onde localizaremos o planeta no cruzamento desses imaginários eixos.
Ceres e Plutão = Ainda a pouco Ceres, ingressou na constelação de Áries mas, sua permanência nesta constelação será muito breve pois já no dia 04 próximo, estará chegando na constelação de Taurus, sendo que ali ele estará somente à 0.5” Sul de 5 Tauri, uma gigante alaranjada de magnitude 4.1, pois facilitará reconhecer-lhe com essa magnitude de 9.1 no fim do mês. Em 13 de junho ele estará à 0.9” Sul de uma pequena galáxia elíptica de tamanho 48.0"x 24.0" e magnitude de 14.4. Mas um pouco dificultado para uma localização rápida está Plutão na constelação de Sagittarius, sua magnitude não irá variar, sendo estimada em 14.0 mesmo com sua maior aproximação a Terra, ocorrendo em 27/06, com uma distância de 31.240 UA e sua respectiva oposição ocorrendo no dia 29 deste mês. Para sua localização continuará valendo a dica dada nesta resenha, quando publicamos em março uma carta de busca para sua localização muito próxima ao Aglomerado Aberto M 25.
Notas:
(UA) = Unidade Astronômica. Unidade de distância equivalente a 149.600 x 106m. Convencionou-se, para definir a unidade de distância astronômica, tornar-se como comprimento de referência o semi-eixo maior que teria a órbita de um planeta ideal de m=0, não perturbado, e cujo período de revolução fosse igual ao da Terra.
(a.l) = Ano Luz. Unidade de distância e não de tempo, que equivale à distancia percorrida pela luz, no vácuo, em um ano, a razão de aproximadamente 300.000 Km por segundo. Corresponde a cerca de 9 trilhões e 500 bilhões de quilômetros.
CONSTELAÇÃO:
Libra
A constelação de Libra talvez não seja uma região muito interessante no céu, mas ela guarda uma agradável surpresa aos observadores que de certa forma, estão atentos ao estudo das estrelas binárias e estrelas variáveis, quando conhecemos um pouco mais de maneira pormenorizada esses objetos. O grupo das principais estrelas naquela área celeste, estão por demais ligadas a origem do nome desta constelação que antes fazia parte do Escorpião, daí suas principais estrelas inicialmente significarem “Garras”, ela foi separada por ser uma excelente mediadora pois, a 2000 anos durante o equinócio do outono, o Sol se encontrava em Libra. Como no equinócio as noites e os dias são de igual duração (Mourão, 1987) nada mais justo que Zubenelgenubi seja o “prato austral” da balança e Zubeneschamali seu “prato boreal”.
Zubenelgenubi é uma subgigante branco-azulada de magnitude 2.7 e dupla ótica, acompanhada de outra estrela de magnitude 5,3 branca, observáveis com um binóculo. Já Zubeneschamali é uma dupla espectroscópica de magnitude 2.6; branco-azulada é classificada quanto a sua luminosidade no sistema MK (Morgan, Keenan e Kellman, 1943) como “V”. Zubenelakrab é uma estrela gigante de magnitude 3.9 e seu tipo espectral, G8 torna-a muito semelhante ao Sol.
Contribuindo na composição dessa constelação teremos numa extremidade Theta Lib (4.1) uma gigante amarela de magnitude 4.1, mas muito semelhante a Zubenelakrab e noutro lado, Sigma Lib uma gigante vermelha do tipo espectral M3 de magnitude visual de 3.2. Irão ajudar a completar ainda essa balança Tau Lib, uma anã branco azulada de magnitude 3.6; Upsilon Lib uma gigante alaranjada de magnitude 3.5 e por fim (ou começo!) Delta Lib de magnitude 4.9.
Delta Librae
Presente neste mês junho realmente, e poder apresentar essa verdadeira preciosidade conhecida como Delta Librae de magnitude visual 4.9 e classe espectral B9.5V.
O brilho eclipsante de estrela variável do tipo Algol foi descoberto por Schmidt em 1859. Ele tem um raio de amplitude de pouco mais de uma magnitude (4,79 - 5,93 Fotográfica) e um período de 2,32735 dias (figura 6). A queda para o mínimo requer cerca de 6 horas e a estrela principal é no mínimo cerca de 66% obscurecida por seu companheiro maior, porém mais fraco. Apenas um espectro do tipo A0 ou A1 é visto, mas o brilho superficial calculado de sua companheira corresponde à classe G ou K. Possivelmente no início de um estudo fotométrico do sistema, os seguintes fatos foram derivados:
Ambas as estrelas estão separadas por cerca de 4.5 milhões de milhas, e o componente brilhante está cerca de 1,5 milhões de milhas do centro de massa do sistema. Na curva de luz (figura 6), encontramos o mínimo secundário usual (cerca de 0.1 de magnitude), que ocorre quando a estrela mais brilhante está parcialmente oculta e demostrando que a estrela "escura" não é verdadeiramente escura em tudo, mas tem uma luminosidade pelo menos várias vezes que o Sol. Há também a elipticidade comum e os efeitos de reflexão, que impedem a curva de luz de ser totalmente plana fora do eclipse. O brilho da superfície da estrela mais fraca é quase o dobro da estrela quando ao lado da primária, devido à luz refletida formada do componente mais brilhante. Este efeito, combinado com as formas um tanto ovóide das estrelas quando vistas próximas da elongação, faz com que a luz total do sistema aumente muito, depois que cada eclipse é finalizado.
Paralaxes Trigonométricas sugerem uma distância para Delta Librae de 160-200 anos-luz, o que é de acordo com a distância em cerca de 225 anos-luz derivada dos critérios luminosidade espectroscópicas. A estrela mostra um movimento anual cerca de 0,06", a velocidade radial é de 24 milhas por segundo em aproximação.
Boas Observações!
Referências:
- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas - Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ) - 1987, 914 P.
- Campos, Antônio Rosa - Almanaque Astronômico Brasileiro 2012, Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), Belo Horizonte (MG) - 2011, 104P.
- http://hubblesite.org/ - Acesso em 26/01/2012.
- http://eclipse.gsfc.nasa.gov/OH/transit12.html - Acesso em 31/01/2012.
- http://eclipse.gsfc.nasa.gov/OH/OH2012.html#LE2012Jun04P - Acesso em 01/02/2012