O Céu do mês – Março 2012

Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil - AWB

Se no mês passado comentei que o céu está apresentando um lindo espetáculo, este mês então, ele proporcionará eventos que saltará aos olhos daqueles que se compreendem bem a dinâmica celeste. Com a proximidade do equinócio de março, as janelas observacionais tendem permanecer por maior período de tempo. Assim a atenção para as observações a simples visão desarmada, que fatalmente irão recair para estrelas brilhantes como: Acrux (1.3), Mimosa (1.2) e Gacrux (1.6) no Cruzeiro do Sul, Toliman (0.1) e Agena (0.6) em Centaurus, Canopus (-0.7), Miaplacidus (1.6) e Avior (1.8) em Carina, Spica (0.9) em Virgem, Procyon (0.3) no Cão Menor, Regulus (1.3) em Leão, Arcturus (0.4) em Bootes, Antares (0.9) em Escorpião e ainda Alioth (1.7), Dubhe (1.7) e Alkaid (1.8) na Ursa Maior, continuarão a abrilhantar o céu nesta época do ano em um maravilhoso espetáculo.
A Oposição de Marte em 2012

Este ano, embora não seja uma oposição muito favorável aos observadores nesta parte do planeta nesta época do ano, Marte estará novamente em oposição em 03 de março próximo (Veja maiores informações vejam no artigo do Sky and Observers), quando então sua distância a Terra chegará a 0.6744979 UA, seu diâmetro angular em 13.88” e fase de 0.999%, com uma magnitude de -1.2. Vejam a excepcional imagem (fotografia 1) abaixo da superfície de Marte (podemos facilmente perceber a calota polar) obtida pelo astrônomo João Amâncio Ferreira Júnior na noite de 29 de fevereiro passado.

Planetas!

Mercúrio = Conforme previsto Mercúrio na constelação de Pisces, vem ganhando no horizonte oeste uma condição observacional melhor após sua conjunção com o sol ocorrida em fevereiro. Já neste 1º dia de março às 13:26 (UTC) ele cruzará o equador celeste, sendo que no dia 02 de março às 05:31 (UTC) ele estará no periélio (0.3074 UA). Suas surpresas ainda neste início de mês, não param porque dia 04 às 15:34 (UTC) ele estará em dicotomia (meia fase); chegando sua máxima elongação em 18.2°E, já em 05 de março. Mergulhado novamente na luz do dia ele estará apenas 3.3° do Sol, sendo que sua mínina distância a Terra ocorrerá em 25 de março, estando ele neste dia a 0.6000 UA. As magnitudes nesse período são -0.8 em 01/03 e 2.3 em 15 e 31/03.

Vênus = O posicionamento de Vênus este mês na esfera celeste, fará com que ele e alguns outros integrantes de nosso sistema solar promovam as mais espetaculares configurações e alinhamentos planetários deste mês. Ele estará na constelação de Pisces até o dia 04 próximo, quando então passa para as limitações da constelação de Áries; em 20 de março, ele estará em seu periélio, a 0.718 UA do Sol, no dia 27 alcança sua máxima elongação (46.0° E); sua dicotomia está prevista para 29 de março, passando a constelação de Taurus em 31/03.

Além de estar próxima sua máxima brilhância, suas magnitudes serão: -4.2 em 01 março e chegará a -4.4 no fim deste mês; os alinhamentos e conjunções planetárias na seguinte seqüência: Em 13 de março Júpiter fará um interessante par com Vênus quando a separação de ambos no céu será de 3.0°; o instante máximo dessa conjunção ocorrerá às 19:26 (UTC) conforme figura 2.

A conjunção planetária ainda abrirá a expectativa ao excepcional alinhamento celeste que então a Lua, Vênus (nas proximidades das Plêiades) na noite de 26 de março; Júpiter, um pouco mais afastado deste lindo alinhamento, estará contra pontuando com o aglomerado aberto M-45 nessa excepcional moldura celeste.

Lua (Fases) = Lua (Fases) = As fases lunares este mês, ocorrerão nas datas e horários do fuso horário de Brasília (UT = + 03:00 h) mencionadas de acordo com o quadro 1:



Marte = Transitando pela constelação de Leo, este ano Marte (-1.2) e em oposição dia 03, localizaremos ele próximo a estrela 78 Leonis (3.9). Ele permanece nesta constelação durante todo o mês, mas sua magnitude gradualmente diminuirá para -1.1 em 15/03 e estima-se a mesma com -0.7 no último dia deste mês. Sua proximidade nesta época com a brilhante Regulus (1.4) os tornará num belo par noturno.

Júpiter = Júpiter estará transitando pela constelação de Áries e logo no primeiro dia deste mês, apresentar-se-á com uma magnitude de -2.2, sendo que na noite de 19 de março, posiciona-se bem próximo a 29 Arietis (6.0). Ele continuará nesta constelação até o fim deste mês atravessando um campo bastante interessante de estrelas, quando então sua magnitude e estimada em -2.0. Na tabela 2 abaixo, podemos ainda registrar significativamente o trânsito pelo meridiano central de Júpiter da Grande Mancha Vermelha (GRS).
Saturno = E sempre bom poder dar uma olhada neste planeta. Na linha do horizonte e já dentro de uma faixa horária que nossos observadores podem apreciar, torna-se sempre importante (acabando por roubar a cena celeste durante reuniões de Star Parties), a apresentação desse fantástico planeta principalmente aos mais jovens e as crianças. Já será possível com a utilização de instrumentos de médio porte poder distinguir a sombra do disco do planeta projetada sobre os anéis no lado Leste do disco e anéis; uma boa referência para isso, além das observações, será a identificação em 15/03 (00:00 TU) dos satélites Tethys (10.5), Mimas (13.2) e Enceladus (12.0) naquele sentido (L) e os brilhantes Titan (8.6), Rhea (10.0) e Iapetus (11.1) em sentido oposto (E). Saturno estará na constelação de Virgo com a magnitude de 0.4 no início deste mês, passando então para 0.3 em 31 de março o que indica que está próxima sua oposição.

Urano = Urano estará em sua conjunção superior em 24 de março próximo, então seu posicionamento próximo ao sol e o planeta Mercúrio impossibilitará qualquer tentativa observacional neste período. Na constelação de Pisces ele permanecerá assim até meados de abril, quando então poderá voltar a ser observado no horizonte leste antes do nascer do Sol. Sua magnitude estimada é de 5.9.

Netuno = Como Netuno passou por sua conjunção superior no mês anterior, ele se encaminhará para a oposição que ocorrerá somente em 24 de agosto, entretanto a partir de abril deste ano já será possível encontrar esse planeta no horizonte leste. Atualmente encontra-se na constelação de Aquarius e sua magnitude é estimada em 8.0.

Ceres e Plutão = Ceres esta na constelação de Cetus (Baleia) até 20/03. Após essa data passará a constelação de Pisces; como sua magnitude vem aumentando desde fevereiro último (atualmente 9.1), passará para 9.0 já no dia 20/03, continuando, lenta e gradativamente a aumentar. Plutão na constelação de Sagittarius com uma magnitude de 14.1. Uma boa tentativa de procurar localizar esse pequeno planeta em telescópios de médio porte (240 mm de abertura) será utilizamos como referências o Aglomerado Aberto M-25 (mag. 4.6). Utilizando carta celeste abaixo (figura 4), identificam-se a leste deste aglomerado as estrelas TYC-6275-252-1 (mag. 6.8) e TYC-6277-157.1 (mag. 7.0) que certamente serão boas referências para indicação de sua posição.

Notas:

(UA) = Unidade Astronômica. Unidade de distância equivalente a 149.600 x 106m. Convencionou-se, para definir a unidade de distância astronômica, tornar-se como comprimento de referência o semi-eixo maior que teria a órbita de um planeta ideal de m=0, não perturbado, e cujo período de revolução fosse igual ao da Terra.

(a.l) = Ano Luz. Unidade de distância e não de tempo, que equivale à distancia percorrida pela luz, no vácuo, em um ano, a razão de aproximadamente 300.000 Km por segundo. Corresponde a cerca de 9 trilhões e 500 bilhões de quilômetros.


Constelação:

Câncer

Em fevereiro de 1991, eu preparava para fazer algumas observações com um pequeno telescópio refrator de 10 mm, quando fiquei bastante surpreso ao observar Júpiter e constatar que ele estava mergulhado num grande aglomerado aberto. A plotagem de suas coordenadas (Ascensão Reta e Declinação) numa carta celeste para aquele 15° dia indicou-me que esse aglomerado aberto era M-44.

A partir de então, meu interesse pelos objetos Messier aumentou significativamente, pois até então não tinha observado ainda através de um telescópio aquele excepcional aglomerado. Hoje então, tendo a oportunidade de falar um pouco da constelação de Câncer. Essa reminiscência (gratas lembranças) servirá de preâmbulo para ilustrar os principais asterismos dessa importante constelação.


E importante ainda deixar registrado que no sábado de 25 de fevereiro último, quando realizamos a apresentação destas efemérides aos associados do CEAMIG em seu atendimento a público, o astrônomo João Amâncio Ferreira Júnior utilizando um telescópio LX 200 12”, com projeção afocal, realizou uma excelente fotografia (figura 6) desse aglomerado. De forma idêntica neste mesmo dia, foi fotografado também o M 67 (figura 7).


Com quase um terço das dimensões do aglomerado do Presépio (ou colméia), podemos localizar muito próximo de Acubens (4.2) o aglomerado (também aberto) M 67 (figura 7), sua magnitude de 6.9 pode ser um excelente desafio para binóculos 7 x 50 ou telescópios refletores acima de 180 mm de abertura quando utilizados longe da poluição luminosa.


Embora seja Acubens (alfa Cnc) uma estrela branca distante cerca de 175 anos-luz, e Altarf (beta Cnc) uma gigante alaranjada de magnitude 3.5 sua mais brilhante estrela; Já Asellus Australis e Asellus Borealis (magnitudes 3.9 e 4.7) ajudam a compor o “Y” invertido que forma essa constelação. Mas uma outra preciosidade chamará a atenção dos observadores. Zeta Cnc (mag. 5.6) com um tipo espectral F8V é uma múltipla bastante que chamará a nossa atenção desde que, estejamos um utilizando um telescópio de 180mm. Ambas as componentes são amarelas (por isso o destaque da cor no mapa) e a 3ª estrela componente desse sistema múltiplo tem uma magnitude 6 por isso mesmo, recomendo a utilização dessa abertura um pouco maior para a apreciação desse conjunto.

Boas Observações!

Referências:

- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas - Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ) - 1987, 914 P.

- Campos, Antônio Rosa - Almanaque Astronômico Brasileiro 2012, Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), Belo Horizonte (MG) - 2011, 104P.

- Burnham, Robert Jr. – Burnham's Celestial Handbook. Dover Publications, Inc., 1978. ISBN 0-486-23568-8 pp. 905–43.– Inc. New York – USA, 1978.

- http://resources.metapress.com/pdf- Acesso em 04/01/2012.
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