Em 20 de dezembro próximo, o asteroide Sylvia estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = -0,002), quando então sua magnitude chegará a 11.79 (CAMPOS, 2024), sendo indicado o uso de instrumentos óticos de médio porte para sua observação. A carta celeste ilustrativa (FORD, 2024) e a tabela abaixo apresentam suas efemérides e a região celeste de busca de sua respectiva localização nesta data.
Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 87 Sylvia foi descoberto em 16 de maio de 1866 pelo astrônomo norte-americano Norman Robert Pogson (1809-1891), no Observatório de Madras. Seu nome é uma homenagem a Sylvie Petiaux-Hugo Flammarion, primeira esposa de Camille Flammarion (1842-1925).
Sylvia, Rômulo e Remo
A ampla variedade de técnicas empregadas nos últimos anos na observação de asteroides e descobertas realizadas, indicaram aos astrônomos Michael E. Brown e Jean-Luc Margot, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, quando utilizaram o sistema de óptica adaptativa no telescópio de 10m WM Keck II em Mauna Kea em 18 de fevereiro de 2001 identificar a presença de um satélite em torno deste asteroide indicando um período orbital na ordem de 4 dias (IAUC 7588).
Após alguns anos Franck Marchis, Departamento de Astronomia, Universidade da Califórnia, Berkeley; e Pascal Descamps, Daniel Hestroffer, e Jerôme Berthier, do Institut de Mécanique Céleste et de Calcul des Éphémérides, Observatoire de Paris, relatam a descoberta de um novo satélite de (87) Sylvia (Marchis et al. 2005, Nature 436, 822) (IAUC 8582); Em agosto de 2005, o Comité de Nomenclatura de Obejetos Menores da IAU (IAU Transactions XXVIA, 2005) aprovou os nomes para este sistema triplo: (87) Sylvia; (87) Sylvia I = Rômulo e (87) Sylvia II = Remo respectivamente (IAUC 8582).
Norman Robert Pogson (1829 - 1891) foi um astrônomo inglês, conhecido pela descobertas de 8 de asteroides: (42) Isis em 1856; (43) Ariadne e (46) Hestia ambos em 1857; (67) Asia em 1861; (80) Sappho em 1864; (87) Sylvia em 1866; (107) Camilla em 1868 e (245) Vera em 1885 (ALMEIDA, 2011). Sua principal contribuição foi a recomendação de um valor padrão para a constante fotométrica, padronizando o sistema de magnitude grega de brilho estelar (SNEDEGAR, 2007). A relação de Pogson, também conhecida como fórmula: (m2 – m1) = 2,5 log (F1/F2), ou lei, de Pogson nos dá uma relação genérica entre magnitudes e fluxos de duas estrelas quaisquer. (NAPOLEÃO, 2018).
Otimizando Observações Astronômicas
As oposições favoráveis, com elongações acima de 165 graus, proporcionam oportunidades únicas para observações precisas e a criação de Curvas de Luz confiáveis. Observações devem seguir critérios técnicos rigorosos, utilizando estrelas de magnitude visual conhecidas. Em condições ideais, afastados da luz solar direta, asteroides revelam características intrínsecas como tamanho aparente, cor e tonalidade, especialmente com aberturas óticas maiores. A máxima elongação facilita a coleta eficaz de dados noturnos, beneficiando pesquisas astronômicas. Planejamento estratégico durante oposições favoráveis é crucial para explorar oportunidades e compreender a dinâmica do cinturão principal de asteroides.
Boas observações e céus limpos!
Notas:
1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).
2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).
3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.
Referências:
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2025. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2024. 146 p. Disponível em: <https://is.gd/Alma2025> Acesso em 02 Dez 2024.
FORD, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - https://in-the-sky.org/skymap.php>: Acesso em 14 Jun 2024.
OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.
IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.
SCHMADEL, L. (2003). Dicionário de nomes planeta menor (6 ed.). Alemanha: Springer. p. 15. ISBN 978-3-540-00238-3.
IAU Transactions XXVIA, 2005; Disponível em: <http://www.ss.astro.umd.edu/IAU/csbn/docs/report_csbn2006.pdf> Acesso em: 05 Nov. 2018.
GREEN, D.W. E. - IAUC 8582 - IAU (CBAT); Disponível em: <http://www.cbat.eps.harvard.edu/iauc/08500/08582.pdf> Acesso em: 05 Nov. 2018.
______________ - IAUC 7588 - IAU (CBAT); Disponível em: <http://www.cbat.eps.harvard.edu/iauc/07500/07588.html> Acesso em: 05 Nov. 2018.
ALMEIDA, Guilherme. Gazeta de Física; Vol 34 - Sociedade Portuguesa de Física - N.os 3/4 / 2011 / Publicação Trimestral - Disponível em: <https://www.spf.pt/magazines/GFIS/108/article/827/pdf> - Acesso em 26 Jul. 2023.
SNEDEGAR, K. (2007). Pogson, Norman Robert. In: Hockey, T., et al. The Biographical Encyclopedia of Astronomers. Springer, New York, NY. https://doi.org/10.1007/978-0-387-30400-7_1107 - Acesso em 26 Jul. 2023.
NAPOLEÃO, Tasso Augusto. - Guia de Estudos "Astrofísica estelar para o Ensino Médio" - Capt. 5. IAG, abril 2018 - Disponível em: <http://www.astro.iag.usp.br/~guia/Astrofisica-Estelar-para-o-Ensino-Medio-Capitulo-5.pdf> Acesso em 26 Jul. 2023.

