O asteroide (34) Circe em 2025

 Antônio Rosa Campos

Em 30 de dezembro próximo, o asteroide Circe estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0,740), quando então sua magnitude chegará a 11.77  (CAMPOS, 2024), sendo necessário o uso de instrumentos óticos de médio porte para sua observação. A carta celeste ilustrativa (FORD, 2024) e a tabela abaixo apresentam suas efemérides e a região celeste de busca de sua respectiva localização nesta data.

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 34 Circe foi descoberto em 6 de abril de 1855 pelo astrônomo francês Jean Chacornac (1823-1872), no Observatório de Paris. O nome é homenagem à célebre feiticeira Circe, filha do Sol de Perseida, que reinava na ilha de Ea, onde Ulisses desembarcou. Para detê-lo a seu lado, Circe fez com que os companheiros do herói bebessem um licor que os transformou em porcos. Apaixonando-se pelo herói, Circe teve com ele vários filhos, de acordo com as lendas, e fez o possível para que Ulisses permanecesse mais tempo junto dela. (MOURÃO, 1987).

Jean Chacornac foi um dedicado astrônomo observacional. Originalmente comerciante em Lyon e depois em Marselha, Benjamin Valz então diretor do Observatório de Marselha, permitiu que ele usasse os telescópios. Chacornac estudou manchas solares e em 1852 descobriu um cometa (C/1852 K1). A partir daí ele se dedicou totalmente à astronomia, auxiliando Valz na descoberta de planetas menores.

Chacornac foi transferido para Paris como parte da reforma promovida por Urbain Le Verrier no Observatório de Paris em 1854, onde mais notavelmente publicou 36 mapas da eclíptica (1860-1863). Chacornac era conhecido como um trabalhador incansável e foi bastante considerado por cientistas como Jean-Bernard-Léon Foucault, mas foi um dos numerosos astrônomos que no devido tempo, incorreram no desagrado de Le Verrier.

Em 1863, Chacornac retirou-se para Villeurbanne, perto de Lyon, onde construiu um observatório privado com um telescópio refletor estilo Foucault voltando se para às observações solares. A partir disso, ele concluiu incorretamente que as manchas solares eram causadas por cadeias de vulcões em erupção (TOBIN, 2007).

Otimizando Observações Astronômicas

As oposições favoráveis, com elongações acima de 165 graus, proporcionam oportunidades únicas para observações precisas e a criação de Curvas de Luz confiáveis. Observações devem seguir critérios técnicos rigorosos, utilizando estrelas de magnitude visual conhecidas. Em condições ideais, afastados da luz solar direta, asteroides revelam características intrínsecas como tamanho aparente, cor e tonalidade, especialmente com aberturas óticas maiores. A máxima elongação facilita a coleta eficaz de dados noturnos, beneficiando pesquisas astronômicas. Planejamento estratégico durante oposições favoráveis é crucial para explorar oportunidades e compreender a dinâmica do cinturão principal de asteroides.

Boas observações e céus limpos!

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

MOURÃO,  Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2025. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2024. 146 p. Disponível em: <https://is.gd/Alma2025>  Acesso em 02 Dez 2024.

FORD, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - https://in-the-sky.org/skymap.php>: Acesso em 14 Jun 2024.

TOBIN, W. (2007). Chacornac, Jean (Update). In: Hockey, T., et al. The Biographical Encyclopedia of Astronomers. Springer, New York, NY. https://doi.org/10.1007/978-0-387-30400-7_257 - Acesso em 26 Jul. 2023.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

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