Em 14 de março de 2025, ocorrerá o primeiro eclipse lunar do ano, com visibilidade total abrangendo o Oceano Pacífico, as Américas, Antártida, oeste da África e Europa Ocidental (figura 1).
Durante o evento, a Lua transitará completamente pela sombra da Terra, com a fase total estimada em cerca de 1h06m, conforme detalhado na tabela 1. O instante máximo está previsto para às 06:58:41 (TU), enquanto os contatos P1 e P4 ocorrerão às 03:57:24 (TU) e 10:00:01 (TU), respectivamente (ESPENAK & MEEUS, 2024).
Fase |
Umbra
(U) Início |
Umbra
(U) Total |
Imersão |
U1 - 05:09:28 |
U2 - 06:26:04 |
Emersão |
U3 - 07:32:03 |
U4 - 08:48:19 |
Além das regiões mencionadas, a visibilidade também se estende para partes da Ásia Ocidental e sudoeste da Rússia, desde que as condições atmosféricas sejam favoráveis (figura 2). Acompanhando os horários e as efemérides apresentadas, o eclipse promete ser uma oportunidade única de observação para quem estiver nessas áreas (CAMPOS, 2024).
Fig. 2 - Mapa Global da Visibilidade do Eclipse Total Lunar - 14 de Março de 2025.Este fenômeno, abrange proeminentemente as regiões acima mencionadas desafia, ainda, nossa percepção visual em seu ápice, dada a natureza sutil e complexa da observação. No entanto, vale ressaltar que o evento se revela como uma oportunidade singular para os entusiastas da astronomia.
Novamente as estimativas realizadas pelo físico brasileiro Hélio Carvalho Vital, são apresentadas na tabela 2 abaixo e contém as estimativas para este fenômeno no que tange a Imersão e Emersão das principais crateras observadas.
Tab. 2 - Características Selenográficas das Crateras Durante o Eclipse de 14 de Março de 2025.II – Explorando a Escala de Danjon: Como avaliar o brilho da Lua durante eclipses lunares
Os eclipses lunares são momentos importantes em que podemos observar as nuances do disco lunar, especialmente durante a fase de totalidade. É nessa fase que podemos avaliar o brilho e as cores que ela adquire, algo que desperta a curiosidade tanto de amadores quanto de astrônomos experientes. Para ajudar a descrever essa experiência visual de forma clara e comparativa, o astrônomo francês André-Louis Danjon (1890-1967) criou uma escala simples e eficaz: a “Escala de Danjon”.
Essa escala classifica o brilho da Lua em cinco categorias, representadas pelos valores de “L”, e vai desde um eclipse muito escuro, onde a Lua quase desaparece no céu, até um eclipse impressionantemente brilhante, com tonalidades vibrantes de vermelho alaranjado. Cada nível dessa escala traz um significado único, permitindo entender e registrar a intensidade do fenômeno com precisão.
Na tabela 3 anexa, apresentamos como essa escala é aplicada na prática, relacionando cada valor de “L” com as características visuais observadas durante a fase total do eclipse. Essa ferramenta é amplamente usada e valoriza a experiência de observação, transformando-a em algo que podemos compartilhar e comparar com outras pessoas ao redor do mundo.
Seja você um curioso ou um apaixonado pela astronomia, a Escala de Danjon nos convida a olhar para o céu com atenção, a perceber as nuances da Lua e a registrar essas experiências de forma única.
O Ciclo de Saros
É a periodicidade e recorrência com que os eclipses se repetem aproximadamente na mesma sequência, embora a sua visibilidade seja deslocada em cerca de 120º para oeste, na superfície terrestre. Compreende 6.585,3 dias (18 anos, 11 dias e 8 horas), e é aproximadamente igual ao ciclo de regressão dos nodos da órbita lunar, no curso do qual os centros do Sol e da Lua, e a linha dos nodos quase voltam às mesmas posições relativas (MOURÃO, 1987). Cada série normalmente dura de 12 a 15 séculos e contém 70 ou mais eclipses lunares.
Série de Saros 123
Assim sendo sob esse contexto, o Saro deste eclipse que iniciou a série 123, ocorreu em 16 de agosto de 1087 com o evento de um Eclipse Lunar Penumbral; já o mais o de mais curta duração ocorreu em 16 de julho de 1628, (00h19m56s). Está série e terá seu término em 8 de outubro de 2367, desta forma este ciclo terá cerca de 1280,14 anos de duração. Então esse evento é o de número 53 de 73 ocorrências desta série (ESPENAK & MEEUS, 2024), a qual compartilha características semelhantes com outros eventos que ocorreram no passado e que ocorrerão no futuro. Esta informação adiciona profundidade à compreensão do fenômeno e destaca a regularidade e previsibilidade dos eventos astronômicos.
Os eclipses, de uma forma geral, revelam-se como uma mecânica celeste de harmonia singular (Figura. 3). Em todos os casos, ao observar a Lua, os espectadores geralmente ficam fascinados pela sutileza do fenômeno, tornando-se uma oportunidade única para que possamos nos reconectar às maravilhas da natureza, apreciando a interconexão entre os corpos celestes. Não apenas isso, possibilita o mergulho na riqueza científica e estética dos eclipses.
Referências:
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2025. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2024. 146 p. Disponível em: <https://is.gd/Alma2025> Acesso em 02 Dez. 2024.
VITAL, Hélio de Carvalho, [E-mail pessoal] arcampos0911@gmail.com - Acesso em 15 set 2024.
ESPENAK, Fred; MEEUS, Jean. Previsões de Eclipse de Fred Espenak e Jean Meeus (GSFC da NASA). Eclipse Saros 123. Disponível em: https://eclipse.gsfc.nasa.gov/LEsaros/LEsaros123.html. Acesso em: 27 Dez. 2024.
FORD, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - https://in-the-sky.org/news/eclipses/lunar_20250314.png>: Acesso em 27 Dez 2024.