I – Introdução
Em 29 de março de 2025, ocorrerá o segundo eclipse do ano, um eclipse solar parcial, com visibilidade em diversas regiões do hemisfério norte. A faixa de maior cobertura estará localizada no norte da Europa e da Ásia, incluindo países como Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. O eclipse alcançará seu máximo às 10:38 UTC, com percentuais de cobertura solar variando entre 10% e 93%, dependendo da localização. A cobertura mais intensa será observada a nordeste do Canadá nas proximidades da Baía de Baffin, Nunavut e a Península de Foxe.
Fig. 1 - Mapa Global da Visibilidade do Eclipse Parcial do Sol - 29 de Março de 2025.
II – Visibilidade na África
Conforme mencionado, esse fenômeno abrange uma grande região da África Ocidental, o que viabiliza sua visibilidade nas seguintes nações: Argélia, Cabo Verde, Marrocos, Mauritânia, Senegal e Tunísia, conforme podemos visualizar na figura 1 e também na tabela 1 onde podemos ver as circunstâncias geral de visibilidade para algumas localidades deste continente.
De acordo com a figura 1, a visibilidade deste evento abrange uma ampla região do continente americano, incluindo a América do Norte, América Central e América do Sul. Para facilitar a compreensão, os detalhes de visibilidade serão apresentados nas tabelas 2, 3, 4 e 5, correspondendo a cada uma dessas regiões.
III.a - América do Sul
Na América do Sul, uma estreita faixa no hemisfério norte do continente terá condições de observar uma pequena parte deste eclipse. No entanto, vale destacar que o Sol estará muito próximo ao horizonte durante as primeiras horas da manhã, o que pode dificultar a observação em algumas localidades. Nesta faixa de visibilidade estão incluídos países como o Brasil, a Guiana Francesa e o Suriname, conforme detalhado na tabela 2.
III.b – América Central
Na região do Caribe, ocorrerá uma situação semelhante à da América do Sul. Nas ilhas de Barbados, Saint-Martin e Porto Rico, todas localizadas nesta região, será possível observar o eclipse próximo ao horizonte leste. No entanto, devido à baixa altura da Lua no céu, a visibilidade será limitada, especialmente em Barbados e Saint-Martin. Em Porto Rico, o eclipse coincidirá com o nascer do Sol, marcando o final do fenômeno, conforme detalhado na tabela 3.
III.c – América do Norte
O eclipse será mais proeminente nas proximidades da região polar norte, onde apresentará sua maior magnitude, na cidade de Fredericton, localizada na província de New Brunswick (NB), no Canadá está entre essas localidades. Essa área será um dos pontos mais privilegiados para a observação do fenômeno, com boas condições logísticas. Já na capital das Bermudas, Hamilton, situada no Oceano Atlântico Norte, as condições de visibilidade são apresentadas na tabela 4.
As demais localidades do Canadá e agora junta-se uma grande porção terrestre dos Estados Unidos (tabela. 5) uma vez que essas localidades mais próximas a costa do Atlântico Norte também terão a oportunidade de observar esse eclipse, ainda que muito baixo no horizonte leste.
IV – Europa
Para facilitar a análise das condições de visibilidade do eclipse solar de 29 de março de 2025, a Europa foi subdividida em Europa Meridional, Ocidental, Oriental e Setentrional, enquanto as Américas foram divididas em América do Norte, Central e do Sul. Essa organização regional permite detalhar as condições específicas de observação em cada área, garantindo clareza e praticidade para os interessados no fenômeno.
IV.a - Europa Meridional
Na Europa Meridional, a qual também conhecemos como Europa mediterrânea o eclipse será visível em Andorra, Bósnia e Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Espanha, Itália, Malta, Portugal e Sérvia. Localidades como La Coruna na Espanha, La Coruña, Angra, Horta e Ponta Delgada em Portugal apresentam as condições mais favoráveis à observação, permitindo um planejamento eficiente para acompanhar o evento.
IV.b - Europa Ocidental
Na porção Ocidental da Europa, o eclipse será observável na Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Irlanda, Liechtenstein, Luxemburgo, Lituânia, Países Baixos (Holanda), Suíça e Reino Unido (Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte). Podemos observar através de breve análise tabela 7 que localidades mais a oeste terão um pouco mais de 50% do disco solar eclipsado.
IV.c - Europa Oriental
Na Europa Oriental, o eclipse será visível na Bielorrússia, Hungria, Polônia, Romênia, Rússia, Eslováquia, Tchéquia e Ucrânia. Em uma análise detalhada, observamos que as localidades de Igarka e Khatanga, na Rússia, foram incluídas devido à sua localização na região eurasiática, apresentando magnitudes elevadas apesar de suas latitudes extremas. A tabela 8 fornece horários e condições detalhadas para facilitar o planejamento dos observadores.
IV.d – Europa Setentrional
Na região mais Setentrional europeia, o eclipse será visível na Dinamarca, Estônia, Finlândia, Islândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Suécia. Cidades como Aalborg, Vaasa, Reykjavik e Lulea, apresentam magnitudes variando conforme a localização. Assim sendo Reykjavik, na Islândia, apresenta uma das maiores magnitudes (0.736), enquanto cidades como Gotemburgo e Oslo também possuem boas condições de visibilidade. A tabela 9 detalha os horários e fases do eclipse, auxiliando no planejamento dos observadores.
Na figura 2, apresentamos os percentuais de obscurecimento indicados nas tabelas acima; desta forma isso varia entre 0% a 93%, pois reflete a cobertura do disco solar observada em diferentes localidades. Regiões próximas ao Círculo Polar Ártico terão maior obscurecimento, enquanto áreas mais ao sul, como o norte da África, apresentam valores mínimos, evidenciando a variação geográfica na intensidade do eclipse.

V - Observação do Eclipse no Extremo Ártico
Salluit, no extremo norte de Quebec, Canadá, é uma comunidade localizada na região de Nunavut, acessível apenas por via aérea. Cercada por tundras e fiordes, destaca-se por suas paisagens árticas. A vila será um dos pontos mais privilegiados para observar o eclipse parcial do Sol, com uma magnitude de 0,9375 e 93,07% de obscurecimento solar.
O Ciclo de Saros
É a periodicidade e recorrência com que os eclipses se repetem aproximadamente na mesma sequência, embora a sua visibilidade seja deslocada em cerca de 120º para oeste, na superfície terrestre. Compreende 6.585,3 dias (18 anos, 11 dias e 8 horas), e é aproximadamente igual ao ciclo de regressão dos nodos da órbita lunar, no curso do qual os centros do Sol e da Lua, e a linha dos nodos quase voltam às mesmas posições relativas (MOURÃO, 1987). Cada série normalmente dura de 12 a 15 séculos e contém 70 ou mais eclipses lunares.
Série de Saros 149
Assim sendo sob esse contexto, o Saro deste eclipse que iniciou a série 149, ocorreu em 21 de agosto de 1664 com o evento de um Eclipse Parcial do Sol; já o mais o de mais curta duração irá ocorrer em 28 de setembro de 2926 visível apenas na Antártida; este evento também encerra a série 149 sendo que este ciclo terá cerca de 1262,11 anos de duração. Então esse evento é o de número 21 de 71 ocorrências desta série (ESPENAK & MEEUS, 2025), a qual compartilha características semelhantes com outros eventos que ocorreram no passado e que ocorrerão no futuro. Esta informação adiciona profundidade à compreensão do fenômeno e destaca a regularidade e previsibilidade dos eventos astronômicos.
VI - Conclusão
A ocorrência deste eclipse certamente proporcionará aos observadores dessas regiões mencionadas excelentes possibilidades de registros fotográficos. Diante do exposto, mais uma vez podemos citar o astrônomo norte-americano, conhecido como o “caçador de eclipses”, Jay Myron Pasachoff, ao comparar a diferença entre observar um eclipse solar parcial e um total (o que não é o caso deste evento). Segundo ele, a sensação é semelhante à de assistir a uma ópera ou ficar do lado de fora do teatro. Não devemos pensar que Pasachoff está exagerando; no entanto, o registro científico de qualquer evento astronômico, quando compartilhado, é extremamente gratificante, pois, além de observadores, nos tornamos participantes do fenômeno (CAMPOS, 2023).
Os eclipses, de uma forma geral, revelam-se como uma mecânica celeste de harmonia singular. Em todos os casos, ao observar fenômenos similares a este eclipse, os espectadores geralmente ficam fascinados pela sutileza do evento, tornando-se uma oportunidade única para que possamos nos reconectar à natureza, apreciando a interconexão entre os corpos celestes. Não apenas isso, possibilita o mergulho na riqueza científica e estética dos eclipses.
Referências:
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2025. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2024. 146 p. Disponível em: <https://is.gd/Alma2025> Acesso em 02 Dez. 2024.
___________. Sky and Observers: O Eclipse Anular do Sol em 14 Outubro 2023. Disponível em: <https://is.gd/eclipse_out_2023> Acesso em 25 Dez. 2023.
ESPENAK, Fred; MEEUS, Jean. Previsões de Eclipse de Fred Espenak e Jean Meeus (GSFC da NASA). Eclipse Saros 123. Disponível em: https://eclipse.gsfc.nasa.gov/SEsaros/SEsaros149.html. Acesso em: 03 Jan. 2025.
FORD, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - <https://in-the-sky.org/news/eclipses/solar_20250329.png>: Acesso em 03 Jan. 2025.