O asteroide (65) Cybele em 2025

 Antônio Rosa Campos

No dia 14 de janeiro próximo, o asteroide Cybele estará em posição favorável para observações (fase da Lua = -0.998), quando então sua magnitude atingirá 12.04 (CAMPOS, 2024), estando assim dentro dos limites de magnitudes observáveis por instrumentos ópticos de médio porte. A carta celeste ilustrativa (FORD, 2024) e a tabela abaixo apresentam suas efemérides e a região celeste de busca de sua respectiva localização nesta data.


 

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 65 Cybele foi descoberto em 08 de março de 1861 pelo astrônomo alemão Ernest Wilhelm Tempel (1821 - 1889) no Observatório de Marselha. Seu nome e homenagem à maior das deusas frigias do Oriente próximo. Importada da Grécia e de Roma, personificou-se sob diferentes nomes: Mãe Grande, Mãe dos Deuses, a Grande Deusa, a potência vegetativa e selvagem da natureza. (MOURÃO, 1987).

As observações realizadas durante a ocultação de AGK3 19 599 deste asteroide ocorrida em 17 de outubro de 1979, registram ocultações secundárias atribuídas a um satélite de diâmetro 11 km localizado a 917 km do centro de (65) Cybele. As observações realizadas em três observatórios nesta ocasião  demonstrou-se que o asteroide tem uma forma irregular.

Em abril de 2015, Lorenzo Franco (Observatório de Balzaretto, IAU Code: A81) e Frederick Pilcher Organ Mesa Observatory (Las Cruces, NM - USA) apresentaram uma forma e um modelo do eixo de rotação para o asteróide 65 Cybele. Esse modelo foi elaborado com o processo de inversão da curva de luz, usando dados fotométricos densos combinados obtidos durante quinze aparições de 1977 a 2014 e dados esparsos da USNO Flagstaff. A análise dos dados encontrados encontrou um período sideral P = 6,081434 ± 0,000005 horas (Franco e Pilcher, 2015).

Ernst Wilhelm Leberecht Tempel (1821-1889) foi um astrônomo caçador de cometas e asteroides, autodidata em desenho e astronomia, descobriu e recuperou cometas realizando sua primeira descoberta em abril quando descobriu o cometa C/1859 G1, além de descobrir 5 asteroides: (64) Angelina e (65) Cybele em 1861; (74) Galatea em 1862; (81) Terpsichore em 1864 e (97) Klotho em 1868, todos em Marselha, onde trabalhou por longo tempo no observatório dirigido por Jean Valz. Da mesma forma, passou um curto período na Itália auxiliando no Observatório de Bolonha de Lorenzo Respighi. 

Em 1871, após sua partida definitiva para a Itália, ele foi contratado por Giovanni Schiaparelli no Observatório de Brera. Lá, continuou seus registros observacionais de cometas; entre outros, destaca-se a confirmação da nebulosidade das Plêiades e a co-descoberta da Grande Mancha Vermelha de Júpiter (HAMEL, 2007).

O Imperador brasileiro e astrônomo amador D. Pedro II manteve correspondência com ele. Em 1964, o artista Max Ernst publicou uma série de gravuras com o título "Maximiliana ou a prática ilegal da astronomia" em homenagem a Tempel (MOURÃO, 1987).

Otimizando Observações Astronômicas

As oposições favoráveis, com elongações acima de 165 graus, proporcionam oportunidades únicas para observações precisas e a criação de Curvas de Luz confiáveis. Observações devem seguir critérios técnicos rigorosos, utilizando estrelas de magnitude visual conhecidas. Em condições ideais, afastados da luz solar direta, asteroides revelam características intrínsecas como tamanho aparente, cor e tonalidade, especialmente com aberturas óticas maiores. A máxima elongação facilita a coleta eficaz de dados noturnos, beneficiando pesquisas astronômicas. Planejamento estratégico durante oposições favoráveis é crucial para explorar oportunidades e compreender a dinâmica do cinturão principal de asteroides.

Boas observações e céus limpos!

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

MOURÃO, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

CAMPOS, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2025. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2024. 146 p. Disponível em: <https://is.gd/Alma2025>  Acesso em 02 Dez 2024.

FORD, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - https://in-the-sky.org/skymap.php>: Acesso em 14 Jun 2024.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

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