Em 2 de outubro próximo ocorrerá o quarto Eclipse deste ano, cuja região de visibilidade para este fenômeno engloba as regiões austrais no hemisfério sul, com o instante máximo às 18:46:13 (TU). A duração do eclipse anular será de 7m 25.4seg, fazendo com que este seja o terceiro eclipse de maior duração até o ano de 2040.
A Faixa Central da Totalidade em Detalhes
O ponto culminante deste eclipse, incidirá sobre o Oceano Pacífico nas coordenadas: 22° 11' 07,2" S, 114° 19' 03,7" W, conforme podemos vislumbrar na Figura 1. Na porção continental, este eclipse encontrará o extremo sul da América na região de Aysén, ao sul do Chile. A cidade mais próxima à faixa central é Cochrane, que está mais próxima ao Parque Nacional Laguna San Rafael.
Cruzando a fronteira internacional, a faixa central do eclipse sobre a Cordilheira dos Andes encontrará uma área conhecida por Paso del Águila, localizada na Província de Santa Cruz. Naquela região, podemos também mencionar as cidades de Los Antiguos, às margens do Lago Buenos Aires; a localidade de Cueva de las Manos e de Bajo Caracoles, bem como ainda Gobernador Gregores. Mas, em direção à faixa litorânea nesta região, encontrará a cidade histórica de Puerto San Julián, conhecida por sua associação à viagem de Fernão de Magalhães em 1520. Mergulha então no Atlântico, perdendo sua visibilidade em algum ponto do oceano a cerca de 1580 km a leste do arquipélago das Ilhas Malvinas e 550 km ao norte das Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, após percorrer 14.130 km.
As áreas de visibilidade parcial
Este eclipse anular será observado parcialmente nas seguintes regiões: Oceania (Ilhas Cook, Nova Zelândia e Polinésia Francesa); América do Norte (Havaí e México) incluindo todo o arquipélago havaiano; América do Sul: além de Argentina e Chile, como mencionado anteriormente, abrangerá também a Bolívia, Brasil, Paraguai, Peru e Uruguai. É fundamental ressaltar as condições gerais de visibilidade parcial deste eclipse.
A visibilidade na Oceania
A Ilha Norte da Nova Zelândia, juntamente com suas principais localidades, será uma região privilegiada para observar este eclipse. Embora ele esteja em sua fase inicial, será possível acompanhá-lo nas localidades mencionadas. Gisborne e East Cape proporcionarão uma boa visibilidade do eclipse ao longo da linha oceânica do Pacífico. O primeiro contato, instante máximo e quarto contato, respectivamente, serão melhor observados das Ilhas Cook e Polinésia Francesa, conforme mencionado na Tabela 1 abaixo.
A visibilidade no Pacífico central
O Arquipélago Havaiano, composto por oito ilhas principais situadas no Oceano Pacífico, terá a visibilidade da fase máxima deste eclipse. Honolulu, localizada na ilha de Oahu e capital do Havaí, terá uma visão privilegiada da última fase (quarto contato) deste eclipse. Já na península da Baja Califórnia, no México, essa visibilidade será um pouco mais privilegiada, embora uma pequena parte da parcialidade possa ser observada, conforme apresentado na Tabela 2.
A visibilidade na América do Sul
Nas regiões austrais da América do Sul, teremos as áreas mais privilegiadas para a observação deste eclipse. Lembrando que a faixa de totalidade, estimada em 266 km de largura, corta a América do Sul na região de Aysén, ao sul do Chile, conforme mencionado anteriormente. Assim, podemos verificar de forma objetiva na tabela 3 abaixo que Punta Arenas, no Chile, na região de Magalhães, e Ushuaia, a cidade mais austral da Argentina, localizada na Ilha Grande da Terra do Fogo, serão as únicas localidades inseridas no Limite Sul deste eclipse, evidenciando que a linha de totalidade estará mais ao norte, abrangendo uma parte significativa da Patagônia.
Circunstâncias Gerais de visibilidade no Brasil
Não podemos deixar de mencionar que, além das localidades mencionadas na Tabela 3, este evento abrange de forma geral uma vasta extensão das regiões Centro-oeste, Nordeste (extremo Sul da Bahia), Sudeste e Sul do Brasil. Assim os horários de primeiro contato, Instante Máximo e quarto contato para as localidades brasileiras acima abordas e outras 656 cidades que abrange estas regiões encontram-se incluídas no Almanaque Astronômico Brasileiro de 2024 (figura 2 – Ilustrativa), que está disponível para download gratuito no seguinte link: https://drive.google.com/file/d/1M8iuzi67xYPrKj_uNjQRhsGtyOxGJ5rO/view?usp=sharing
É a periodicidade e recorrência com que os eclipses se repetem aproximadamente na mesma sequência, embora a sua visibilidade seja deslocada em cerca de 120º para oeste, na superfície terrestre. Compreende 6.585,32 dias, ou 18 anos, 11 dias e 8 horas, e é aproximadamente igual ao ciclo de regressão dos nodos da órbita lunar, no curso do qual os centros do Sol e da Lua, e a linha dos nodos quase voltam às mesmas posições relativas (MOURÃO, 1987). Cada série normalmente dura de 12 a 15 séculos e contém 70 ou mais eclipses lunares.
Saros Série 144
Assim sendo sob esse contexto, o Saro deste eclipse que iniciou a serie 144 ocorreu com um eclipse parcial no hemisfério sul em 11 de abril de 1736 e terá seu término com a ocorrência de um eclipse parcial no hemisfério norte em 5 de maio de 2980. Então esse evento é o de número 17 de 70 ocorrências desta série (ESPENAK & MEEUS, 2023) a qual compartilha características semelhantes com outros eventos que já ocorreram no passado e que ocorrerão no futuro. Esta informação adiciona profundidade à compreensão do fenômeno e destaca a regularidade e previsibilidade dos eventos astronômicos.
Conclusão
A ocorrência destes eclipses certamente proporciona a todos os nós (amadores e profissionais da astronomia) a apreciação de um fenômeno de rara beleza para aqueles que por ventura estejam dentro de seu cone de sombra (na faixa de totalidade) ou mesmo nas regiões em que se tenha o privilégio de acompanhar esse fenômeno de modo parcial como acima mencionado.
Certamente esses observadores novamente darão razão ao astrônomo norte-americano, o conhecido “caçador de eclipses” Jay Myron Pasachoff quando compara a diferença entre observar um eclipse solar parcial e um total; à sensação é de assistirmos uma ópera ou ficar do lado de fora do teatro; não devemos pensar que Pasachoff está exagerando, entretanto o registro científico de qualquer evento astronômico, quando compartilhado é extremamente gratificante, visto que além de observador, passamos também a condição de participantes do fenômeno (CAMPOS, 2023).
Boas Observações!
Referências:
MOURÃO, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
CAMPOS, Antônio Rosa (Org.). Almanaque Astronômico Brasileiro 2024. Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (CEAMIG), 02 de dezembro de 2023. 163 páginas. Disponível para download gratuito em: [https://drive.google.com/file/d/1M8iuzi67xYPrKj_uNjQRhsGtyOxGJ5rO/view?usp=sharing]. Acesso em: 02 Dez. 2023.
___________. Sky and Observers: O Eclipse Anular do Sol em 14 Outubro 2023. Disponível em: <https://is.gd/eclipse_out_2023> Acesso em 25 Dez. 2023.
ESPENAK, Fred; MEEUS, Jean. Previsões de Eclipse de Fred Espenak e Jean Meeus (GSFC da NASA). Eclipse Saros 144. https://eclipse.gsfc.nasa.gov/SEsaros/SEsaros144.html. Acesso em: 28 Dez. 2023.
Google Maps. (2023). Map Annular Eclipse of 02 Oct 2024 [1012 x 707 906Kb Captura de tela]. Recuperado de https://www.google.com/maps/d/u/0/edit?mid=1PKcsLm8slS4F4euAAABtV14flljWmTI&ll=-7.838754284864411%2C-102.54611672819141&z=3 - Acesso em: 27 Dec. 2023.