Em 14 de outubro próximo ocorrerá o terceiro eclipse de 2023, sendo que nesta oportunidade um Eclipse Total Anular do Sol ele terá um duração máxima de 5m 17,8s. A faixa de totalidade abrange as Américas do Norte, Central e a América do Sul (Figura. 1) , sendo que a região do Istmo da América Central, um ponto mais favorável a essa duração; isto incidirá sobre a cidade de El Caño no distrito de Natá, província de Coclé, Panamá.
No cone de sombra
A tabela 1 abaixo apresenta o intervalo de tempo (Tempo Universal) entre o início e o fim deste eclipse para todas as regiões continentais em que ocorrerá a visibilidade total deste eclipse.
A tabela 2 abaixo apresenta o intervalo de tempo (TU) entre o início e o fim deste eclipse bem como o percentual máximo do disco solar eclipsado onde a visibilidade será parcial; isso entre 73% e 90% respectivamente. E importante mencionar ainda que percentuais do Sol parcialmente eclipsado, serão tratados de forma individualizada nas tabelas subsequentes.
A região de visibilidade no cone de sombra na América do Norte
Como podemos apreciar no mapa abaixo (figura. 2), esse eclipse iniciar-se-á sua visibilidade em área continental no Oregon, estado costeiro dos EUA , situado na região do Noroeste Pacífico; uma pequena porção do nordeste da Califórnia estará dentro do limite sul da linha central da totalidade. Continuando sua trajetória cortará essa linha central os estados de Nevada e Utah; uma pequena porção do nordeste do Arizona estará no limite sul e o noroeste do Colorado estará no limite norte desta linha. Ela cortará de noroeste para o sudeste o Novo México muito próxima á cidade de Albuquerque localizada no deserto elevado até o Oeste do Texas quando no sentido Oeste em direção ao sudoeste está linha central cortará cidades com San Angelo e San Antonio encontrando por fim a cidade portuária de Corpus Christi chegando ao Golfo do México no Oceano Atlântico quando atravessa aquela região. Ele cortará o leste do México cortando a Península de Yucatán onde estão localizados os estados de Campeche, Yucartán e Quintana Roo.
A região de visibilidade no cone de sombra na América Central
De igual forma, podemos apreciar no mapa a linha central estará cruzando a região norte de Belize cortando todo aquele território sendo que cidades como: Belize, Belmopã, Dangriga e Orange Walk e ilhas como Ambergris Cayo e Half Moon Caye localizadas junto da Barreira de Corais de Belize. E importante mencionar que o limite sul da linha central do eclipse cortará uma pequena porção a nordeste da Guatemala junto a fronteira extrema com o México e Belize, onde se encontra a Reserva da Biosfera Maia (figura 3).
A linha central então faz sua passagem pelo Mar das Antilhas junto à costa leste dos países da América Central ístmica quando então a linha central cortará o Território de Honduras no sentido noroeste chegando a região da Nicarágua, deixando esse país ao sul da cidade de San Juan del Norte rumo a Costa Rica quando então o limite sul estará tangenciando a região costeira daquele país junto a costa do Mar do Caribe, sendo as cidades portuárias de Puerto Limón e Puerto Viejo de Talamanca os locais mais favoráveis a observação naquela região.
A Máxima Duração
Esse limite sul da linha central do eclipse cruzando a fronteira estará então na região mais setentrional do Panamá, cortando a faixa litorânea do mar do Caribe ela encontra a Província de Bocas del Toro Bocas del Toro, Changuinola e Chiriquí Grande; enquanto isso (18:12 TU) na linha central (coordenadas: Lat: 08°57.2´N; Long: 081°02.0´W) em águas do Mar do Caribe a cerca de 14,5 km ao norte da linha litorânea do Parque Nacional Santa Fé; e sobre as coordenadas Lat: 08°30.2´N; Long: 080°38.0´W já na província de Coclé, cidade de El Caño no distrito de Natá quando então serão 18:12 TU, este eclipse terá a duração máxima de 05m17.8s; já próximo a cidade Ciénaga Larga naquela província a linha central encontra a Bahía de Parita localizada no extremo oeste do Golfo do Panamá, quando então chega novamente ao Pacífico encontrando desta vez a costa oeste da Colômbia na América do Sul.
A região de visibilidade no cone de sombra na América do Sul
Das últimas regiões mencionadas no Panamá, à área da costa oeste sul americana banhada pelo Oceano Pacífico, a linha central possuí cerca de 487 km, sendo que a linha delineada para o limites norte (mais próxima a porção continental) possui cerca de 377 km sendo que o limite mais externo naquela região do Pacífico (limite sul) possui 544 km; então uma vez já em território colombiano, cortará também as seguintes cidades: Armênia, Cáli, Cartago, Buenaventura, Palmira, Tuluá e Neiva (figura 4).
No sentido sudoeste a após percorrer cerca de 1.100 km e com uma extensão de cerca de 200 km (entre os limites norte e sul) a linha do limite norte da totalidade chega ao Brasil no noroeste do estado do Amazonas próximo a Iauaretê, um povoado do município brasileiro de São Gabriel da Cachoeira; Já a linha central da totalidade estará 20 km ao norte do leito do Rio Japurá na fronteira com a Colômbia e a linha do limite sul encontrar-se-á 66 km ao sul do povoado de Vila Bittencourt no Amazonas.
A região de visibilidade no cone de sombra no Brasil
Uma vez no território brasileiro, essa largura entre os limites norte e sul chegam a 206 km cortando uma vasta região no noroeste da selva amazônica próximo ao Rio Marié e o Rio Japurá já no sentido leste rumo à foz do Rio Purué na Estação Ecológica de Juami-Japurá; o limite sul então encontrará o leito do Rio Amazonas a 7 km ao sul da localidade de Tonantins, podendo ser esta considerada a primeira localidade no Brasil onde o eclipse poderá ser visível em sua totalidade. Essa faixa ainda atravessa os estados do Pará, norte do Tocantins e sul do Maranhão; região central do Piauí, sul do Ceará e no sentido oeste-leste os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, cortando regiões do norte do Pernambuco chegando assim ao Oceano Atlântico Sul terminado em algum ponto entre as coordenadas Lat: 05°41.0´S, Long: 029°22.7´W.
Os instantes e as circunstâncias na região de visibilidade Total
Certamente observadores munidos com pequeno instrumental e também devidamente protegidos com relação a exposição da luz solar, estarão localizados nesta região de totalidade.
Sem a pretensão de querer mencionar todas as regiões num só lugar, mas com a finalidade de municiar os observadores que encontrar-se-ão nas Américas, a tabela 3 traz as Circunstâncias Gerais de visibilidade nesta região.
Os limites de visibilidade Parcial Norte e Sul
Voltando a uma rápida analise do mapa (figura 1) com a projeção ortográfica da Terra apresentando toda a região da superfície da Terra de abrangência deste eclipse. Então os limites de sombra estarão delineando a visibilidade deste eclipse a qual chamamos de limites norte (representado na parte de cima da figura) e sul (consequentemente na parte baixa desta ilustração); lembrando sempre que naquelas localidades o eclipse e observado de forma parcial.
Esses limites norte e sul podem ser pensados como curvas de magnitude constante de 0,0. As curvas adjacentes são para magnitudes de 0,2, 0,4, 0,6 e 0,8 (ou seja - 20%, 40%, 60% e 80%). Para eclipses totais, os limites norte e sul são curvas de magnitude constante de 1,0. Os limites desta trajetória para os eclipses são curvas de magnitude máxima de um eclipse. Desta forma a magnitude do eclipse é definida como a fração do diâmetro do Sol obscurecida pela Lua no maior eclipse. Para a região central do eclipse, a magnitude é substituída pela razão geocêntrica dos diâmetros da Lua e do Sol.
Desta forma apresentamos nas tabelas subsequentes os instantes do primeiro e segundo contato (ao início do eclipse parcial) e os últimos contatos terceiro e quarto (ao término do eclipse parcial), bem como o instante máximo específico naquelas localidades.
Os limites de visibilidade Parcial na América do Norte
A vasta proporção continental desta região será a maior parte de cobertura apresentada pela sombra (isso inclui também os limites norte e sul), desta forma as tabelas para essa região foram subdivididas sendo que a tabela 4 abaixo inclui o gigantesco território do Canadá e também o México.
Numa rápida análise da tabela acima, podemos verificar que Victoria (BC) localizada na ponta sul da Ilha de Vancouver, na costa do Pacífico do Canadá terá 0,845 Magnitude com cerca de 78.5% visto estar cerca de 395 km ao norte da linha central do eclipse que encontra o continente já no estado do Oregon-EUA.
Os limites de visibilidade Parcial nos Estados Unidos
Embora junto à linha do horizonte no Oceano Pacífico, este evento poderá ser observado nas regiões do arquipélago que forma o Havaí sendo que possivelmente a localidade de Lihue poderá observar uma diminuta fração do disco solar eclipsado e também mergulhado no Oceano. A região montanhosa do Alaska-EUA poderá impedir a visibilidade na cidade de Fairbanks onde cerca de 36,87% do disco solar estará encoberto e sua magnitude será de 0. 4846 uma condição bastante semelhante em magnitude e percentual encoberto que ocorrerá na cidade de Raleigh na Carolina do Norte-EUA, conforme apreciamos na tabela 5.
Os limites de visibilidade Parcial na América Central
A privilegiada região do Mar do Caribe bem como as regiões insulares e Ístmica da América Central, estarão privilegiadas neste evento pois terão no instante máximo o eclipse ocorrendo numa excepcional altura sobre o horizonte. Isso faz com que aquela região da superfície terrestre seja a preferida entre todas para acompanhar este eclipse conforme podemos apreciar na tabela 6 abaixo.
Os limites de visibilidade Parcial na América do Sul
A sombra do limite norte neste eclipse chega então a região da América do Sul pelo município colombiano de Acandí, próximo a fronteira com o Panamá ao noroeste da Colômbia; enquanto que o limite sul estará chegando pelo Oceano Pacífico cerca de 65 km ao norte da cidade chilena de Concepción próximo a foz do Río Colmuyao.
A tabela 7 abaixo apresenta as circunstâncias gerais de visibilidade nesta região, exceto o Brasil que veremos a seguir.
Circunstâncias Gerais de Visibilidade no Brasil
Certamente a outra imensa região territorial que este eclipse será visível é o Brasil (tabela. 8 para as principais capitais), onde uma pequena parte encontra-se dentro do limite norte (regiões norte e nordeste do Brasil) e o restante dentro do limite Sul, fazendo com que esse limite chegue até Bahía Blanca no Mar Argentino.
Na edição deste ano do Almanaque Astronômico Brasileiro - 2023 (figura 5 – Ilustrativa), que você pode fazer o download de forma gratuita, encontra-se mencionadas 991 municípios em todas as regiões do Brasil onde o eclipse e somente visível de forma parcial e 79 localidades que estão localizadas na linha de totalidade deste eclipse.
Parcialidade do Eclipse nas demais regiões
Certamente um eclipse com essa amplitude e duração, ainda guarda surpresas para localidades nas regiões insulares do Oceano Atlântico, uma vez que alguns contatos destas fases parciais serão perfeitamente observáveis em de regiões localizadas na região meso-atlântica e também no noroeste da África.
Desta forma a tabela 9 apresenta três nações distintas, pertencente ao continente africano (Cabo Verde, Mauritânia e Senegal) em que esse eclipse poderá ser acompanhado ao seu término, junto à linha do horizonte.
Já na região meso-atlântica no arquipélago dos Açores, Madeira e também na região das Canárias, será possível que esse eclipse seja observável sua fase de término, conforme as circunstâncias apresentadas na tabela 10 abaixo.
Conclusão
Certamente esses observadores novamente darão razão ao astrônomo norte-americano, o conhecido “caçador de eclipses” Jay Myron Pasachoff quando compara a diferença entre observar um eclipse solar parcial e um total; à sensação é de assistirmos uma ópera ou ficar do lado de fora do teatro; não devemos pensar que Pasachoff está exagerando, entretanto o registro científico de qualquer evento astronômico, quando compartilhado é extremamente gratificante, visto que além de observador, passamos também a condição de participantes do fenômeno.
Boas Observações!
Referências:
Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2023. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2022. 158p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2023 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/1g5Xx3ckEtmfmdbDM7C4o1CdlJ0FophHx/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2022.
____________. Sky and Observers, O Eclipse total do Sol de 20 março 2015: Disponível em: < http://goo.gl/6o7mOv> Acesso em: 01 Fev. 2015.
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Ford, Dominic ©; Website: The In-The-Sky.org Planetarium <Online Planetarium - https://in-the-sky.org/skymap.php>: Acesso em: 12 Nov. 2022.