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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

O Almanaque Astronômico Brasileiro de 2023.

Caros(as) amigos(as), Adsumus!

Como ocorre todos os anos nesta data em que comemoramos o Dia da Astronomia no Brasil, informo que já está disponível para download o "Almanaque Astronômico - 2023".

O endereço é:

https://is.gd/Alma_2023

<URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/1g5Xx3ckEtmfmdbDM7C4o1CdlJ0FophHx/view?usp=sharing

Nesta oportunidade eu agradeço novamente todas as manifestações recebidas e o carinho com que as edições anteriormente publicadas foram recebidas, Ressalto que sugestões de melhoria são sempre bem recebidas e implementadas na medida do possível. 

Desde o ano anterior a inclusão de sugestões observacionais de Objetos de Céu Profundo mês a mês em aprimoramento da 5ª seção (Aspecto e os fenômenos do Céu) vem ocorrendo, bem como outras sugestões se fazem sentir novamente devido a cooperação dos integrantes da Turma Aquila que sempre participaram das atividades levadas a termo pelo GREC (Grupo de Reconhecimento e Estudos do Céu), grupo que tem por missão: "Criar e manter a cultura da observação e reconhecimento da esfera celeste“. 

A útil plataforma de comunicação digital deste site eletrônico que permite a rápida atualização dessas postagens possibilita a disseminação em tempo hábil, que "pari passu" atua como elo valioso para consultas e complementação dos elementos deste Almanaque Astronômico que em 2023 comemora 20 anos de efetiva circulação. 

Nesta edição do 20º (vigésimo) ano de circulação contínua desta publicação, nossa capa conta com a magnífica imagem de M104 (A galáxia do Sombreiro)realizada no ESO no Chile (disponível em: https://cdn.eso.org/images/screen/sombrero.jpg); uma galáxia espiral com núcleo brilhante rodeado por um disco achatado de material escuro de magnitude visual aparente 8.0, que fica a 30 milhões de anos-luz de distância. Perceptível a telescópios Objeto de Céu Profundo é utilizado para averiguar a qualidade ótica dos telescópios oriundos da Oficina de ATM do CEAMIG.

Novamente eu desejo sempre que essa publicação seja útil ferramenta para todos(as) aqueles amigos(as) que fazem da astronomia uma festa e uma inspiração constante, peço ainda que disseminem essas efemérides no âmbito de suas respectivas associações, clubes, grupos, núcleos, observatórios e planetários; endereços certeiros em que a ciência astronômica e sua prática observacional é uma constante.

E oportuno também a época para desejar a todos(as), votos de um excelente natal e um ano de 2023 cheio de saúde, paz, harmonia e prosperidade.

Um grande e fraternal abraço,

Antônio Rosa Campos

"Aquele que não comunica aos outros o que conhece parece com a murta do deserto, cujo perfume se perde para todos... Até o último dia então serei inteiramente da ciência e dos meus semelhantes." François Arago

Largue o cel e olhe para o céu #37

 Messier 78


Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #036 - Messier 78

Messier 78 é um objeto do céu profundo que se localiza na constelação Orion (Órion). Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação.

Falta pouco tempo para a chegada do verão no hemisfério sul. Com a chegada dessa estação, será possível visualizar no céu uma das mais belas constelações: Órion. Facilmente reconhecível pela sua região central em forma de ampulheta, a constelação é constituída por estrelas brilhantes que facilitam sua identificação, mesmo em ambientes com considerável poluição luminosa. Por esse motivo, é muito indicada para aqueles que pretendem iniciar-se na prática observacional do reconhecimento do céu. Além disso, também é muito rica em Objetos do Céu Profundo (DSO), sendo ainda mais tentador desejar observá-la por meio de binóculos ou telescópios.

Vamos conhecer primeiro um pouco mais sobre a constelação na qual a nebulosa se encontra? Para entender a origem do nome Órion e sua conformação, é preciso voltar a tempos remotos, quando se cultuavam divindades cujas histórias ficcionais constituíram as mitologias greco-romana:

Órion, filho de Netuno, era um belo gigante e poderoso caçador. Seu pai deu-lhe o poder de andar pelas profundezas do mar ou, segundo outros dizem, de caminhar sobre sua superfície. (...) Órion viveu, como caçador, com Diana, de quem era favorito, chegando-se mesmo a dizer que ela quase se casou com ele. O irmão da deusa, muito desgostoso, censurava-a, frequentemente, mas em vão. Certo dia, observando Órion que vadeava o mar apenas com a cabeça acima d'água, Apolo mostrou-o a sua irmã, afirmando que ela não seria capaz de alvejar aquele objeto negro sobre o mar. A deusa caçadora lançou um dardo, com pontaria fatal. As ondas empurraram para a terra o cadáver de Órion e, percebendo, com muitas lágrimas, seu erro, Diana colocou-o entre as estrelas, onde ele aparece como um gigante, com um cinto, a espada, a pele de leão e uma clava. Sírius, seu cão, o acompanha, e as Plêiades fogem diante dele.” (BULFINCH, 2002) 

Com essa descrição, fica mais fácil então compreender como os antigos enxergaram o gigante no céu. Veja na Figura 1 a conformação da constelação Orion:

Figura 1 - Constelação Orion conforme visualizada no software Stellarium. Note a imagem do caçador-gigante, que reproduz com precisão a descrição contida no texto citado anteriormente. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022)

Orion pode ser vista em latitudes entre +85° e -75°, tendo como constelações vizinhas Gemini, Taurus, Eridanus, Lepus e Monoceros (Figura 2) (CONSTELLATION GUIDE, 2021).

 

Figura 2 - Constelações de Gemini, Taurus, Eridanus, Lepus e Monoceros, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha branca delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022)

A constelação recebeu a designação oficial de Orion, a abreviatura Ori e as estrelas pertencentes a essa constelação podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pela palavra Orionis (que indica que a estrela pertence à constelação de Órion). As estrelas mais facilmente reconhecidas, conforme mostrado na Figura 3, são: Betelgeuse (α Orionis ou α Ori), Meissa (l Orionis ou l Ori), Bellatrix (γ Orionis ou γ Ori), Tabit (1 Ori), Alnitak (ζ Orionis ou ζ Ori), Alnilam (ε Orionis ou ε Ori), Mintaka (δ Orionis ou δ Ori), Hatysa (i Orionis ou i Ori), Saiph (κ Orionis ou κ Ori) e Rigel (β Orionis ou β Ori).

 

Figura 3 - Constelação Orion conforme visualizada no software Stellarium e as suas principais estrelas. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022)

Em Orion, há um asterismo muito conhecido popularmente no Brasil como as Três Marias (composto pelas estrelas Alnitak, Alnilam e Mintaka). É ainda reconhecido também pelas denominações Três Reis Magos ou Cinturão de Órion (veja a Figura 4). Portanto, para ficar claro, as Três Marias não são uma constelação por si só, mas um agrupamento de estrelas pertencentes à constelação de Órion.

Figura 4 – Localização do Cinturão de Órion e do objeto Messier 78, conforme visualizadas no software Stellarium. onte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022)

É nesta constelação que se localiza Messier 78, sendo também identificada no New General Catalog como NGC 2068 (Figura 5). Sua descoberta foi realizada por Pierre Méchain, em 1780. Trata-se de uma nebulosa de reflexão difusa, a mais brilhante do céu. Está distante aproximadamente 1.600 anos-luz de nós, possui magnitude visual de +8.3. Em termos de área, ocupa 8’ x 6’ de arco, que corresponde a um diâmetro linear de 10 anos-luz (MESSIER OBJECTS, 2015).


 
Figura 5 – Messier 78 Fonte: (ESO/IGOR CHEKALIN, 2011)

Um aspecto interessante a ser notado é a cor azulada da nebulosa. Ela ocorre porque há estrelas jovens azuis ao centro e porque as pequenas partículas de poeira possuem uma maior refletividade na cor azul. Vale ainda destacar que a nebulosa sedia muitas estrelas muito jovens que, na sua maioria, ainda não atingiram sua posição de equilíbrio na sequência principal (STOYAN et al., 2008). A nebulosa Messier 78 está localizada em uma região de objetos conhecida como Complexo de Nuvem Molecular de Órion, que inclui outras nebulosas como NGC 2064, NGC 2067 e NGC 2071, sendo M 78 a nebulosa de reflexão mais brilhante do grupo (MESSIER OBJECTS, 2015).

A nebulosa M 78 pode ser facilmente localizada, estando aproximadamente 2° a nordeste da estrela Alnitak, que se localiza no Cinturão de Órion (ver Figuras 3 e 4). Com binóculos 10 x 50, Messier 78 aparecerá como um objeto fraco e, mesmo assim, precisará de céus escuros para que se consiga visualizá-lo. Já com grandes binóculos e telescópios pequenos, será possível visualizar uma mancha de luz similar a um cometa, com duas estrelas de magnitude visual 10 a iluminando. Cabe destacar que, com uma abertura de 70 mm e uma ampliação de 16 vezes, já seria suficiente para revelar sua característica aparência de cometa, com as duas estrelas. Com um telescópio de 100 mm, dependendo-se das condições, poderão ser vistas a névoa ao redor de M 78 e a nebulosa de reflexão próxima NGC 2071. Já com um de 200 mm, já se começa a observar os detalhes de Messier 78 (MESSIER OBJECTS, 2015) (STOYAN et al., 2008).

O texto foi útil para você? Agradecemos a todos que puderem enviar seus comentários, críticas e sugestões para a coluna e o material por ela disponibilizado, por meio do e-mail skyandobservers@gmail.com.

EDIÇÕES ANTERIORES


Referências:

BULFINCH, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. 418 p.

CONSTELLATION GUIDE. Orion Constellation (the Hunter): Stars, Facts, Myth, Location. 2021. Disponível em: https://www.constellation-guide.com/constellation-list/orion-constellation/. Acesso em: 18 dez. 2022.

ESO/IGOR CHEKALIN. Messier 78: a reflection nebula in Orion. 2011. Disponível em: https://www.eso.org/public/images/eso1105a/. Acesso em: 2 nov. 2022.

MESSIER OBJECTS. Messier 78. 2015. Disponível em: https://www.messier-objects.com/messier-78/. Acesso em: 2 nov. 2022.

STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação Orion: conformação, constelações vizinhas, principais estrelas e localização. Boston Stellarium.org, 2022. Disponível em: https://stellarium.org/pt_BR/.Stellarium Astronomy Software

STOYAN, Ronald; BINNEWIES, Stefan; FRIEDRICH, Susanne; SCHROEDER, Klaus-Peter. M 78. Em: Atlas of the Messier Objects Highlights of the Deep Sky. New York: Cambridge University Press, 2008. p. 269–71. ISBN: 978-0-511-42329-1. Acesso em: 20 nov. 2022.

O asteroide (100) Hekate em 2022.

Antônio Rosa Campos

Em 27 de dezembro o asteroide Hekate estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.182), quando então sua magnitude chegará a 12.4 (CAMPOS, 2020), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio porte. A tabela 1 abaixo apresenta suas efemérides para este dia bem como ainda um mapa celeste ilustrativo na figura 2 (HEAVENS ABOVE.COM, 2022) apresentando FoV = 60º e Mv=5, com detalhe de FoV = 2º e Mv=12 objetivando sua localização neste dia.

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, Hecate foi descoberto em 11 de julho de 1868 pelo astrônomo pelo astrônomo norte-americano James Graic Watson (1838 - 1880), no Observatório de Ann-Arbor. Seu nome é uma referência a Hêcate, que na mitologia grega, foi primeiramente associada a Artemis, divindade lunar, presidindo aos bens materiais e ao dom da eloquência, à vitória nas guerras e nos jogos; mais tarde tida como tríplice Hécate, entidade infernal, presidiu as magias e aos encantamentos. (MOURÃO, 1987).

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2022. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2021. 122p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2022 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/17Dy_NOtMyJMDFelunEhPGrbzQuZQG_rf/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2021.

Heavens Above (Home Page). Available: <https://www.heavens-above.com/MinorPlanet.aspx?desig=100&lat=0&lng=0&loc=Unspecified&alt=0&tz=UCT> - Acesso em 24 Jan 2022.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

O Eclipse Penumbral da Lua em 25 de março de 2024.

Antônio Rosa Campos Em 25 de março, ocorrerá o primeiro eclipse da Lua de 2024, cuja Abrangência de visibilidade geográfica recai sobre as A...