O Planeta menor (134340) Plutão em 2022.

Antônio Rosa Campos

Em 20 de julho o planeta menor Plutão estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = -0.562), quando então sua magnitude chegará a 14.3 (CAMPOS, 2020). Embora apresentando essa magnitude, ele estará dentro do limite de magnitude observável para instrumentos óticos de médio porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (THE SKY LIVE, 2022), objetivando sua localização neste dia.


 

A história deste planeta anão que até 24 de agosto de 2006 (ocasião da 26ª Assembleia Geral da IAU - União Astronômica Internacional) foi considerado como o nono e último dos planetas clássicos (por assim dizer) do Sistema Solar, mistura-se a descoberta das pequenas irregularidades no movimento observado de Urano e Netuno, estes descobertos em 13 de março de 1781 por William Herschel e em 23 de setembro de 1846 por Johann Gottfried Galle e também e Louis d'Arrest no Observatório de Berlim, após as análises matemáticas feitas por Urbain Jean Joseph Le Verrier.

As descobertas em torno de Plutão 

Obviamente o frisson causado em torno das análises matemáticas realizadas por Urbain Le Verrier e consequentemente, a descoberta de 23 de setembro de 1846 em Berlim levaram mais especulações com relação à existência de outros planetas ainda mais distantes. O astrônomo norte-americano Percival Lowell (1855-1916), conhecido pelos seus trabalhos sobre o planeta Marte, em 1915 indicou a trajetória provável de um planeta transnetuniano (Plutão), o qual foi efetivamente descoberto em 1930 (figura. 2) por Clyde William Tombaugh (1906 - 1997) a seis graus da posição prevista (MOURÃO, 1987).

Com uma órbita bastante elíptica ele teve seu periélio em 1989, fazendo de Netuno realmente o último planeta do Sistema Solar, como agora e conhecida à sequência em ordem de afastamento do Sol. Mas as surpresas dessa região do Sistema Solar continuaram a chegar uma vez que um espectrograma de Plutão, obtido em 1944 por Gerard Peter Kuiper (1905–1973), demonstrou haver em Plutão uma atmosfera; em 13 de abril de 1978 o astrônomo norte-americano James Walter Christy, utilizando o telescópio astrométrico de 1,55 metros do Observatório Naval dos EUA, em Flagstaff, Arizona descobriu seu imenso satélite natural Caronte, que possui uma órbita circular de 6,4 dias ao redor de Plutão, a uma distância média de 20 mil quilômetros.

Na medida em que a pesquisa observacional também chegou ao espaço através do Telescópio Espacial Hubble, uma equipe de busca liderada por Alan Stern e Hal Weaver encontrou em maio e junho de 2005, dois novos e pequenos satélites orbitando a cerca de 44000 km de distância de Plutão; catalogados provisoriamente de S/2005 P1 e S/2005 P2 em 2006 foram nominados Hydra e Nix. Ainda graças às observações realizadas por integrantes da equipe Missão Novos Horizontes, utilizando o Telescópio Espacial Hubble (figura 3), foram descobertos ainda em torno de Plutão em 2011 e 2012 respectivamente mais dois (também pequenos) satélites naturais Kerberos e Styx.

A Missão Novos Horizontes

Lançada a bordo de um foguete Atlas V em 19 de janeiro de 2006 da Base da Força Aérea dos EUA em Cabo Canaveral, Flórida em 19 de janeiro de 2006; desde essa data uma longa jornada começou (perfazendo uma duração de 6007 dias) seus resultados já são notórios, sendo que as imagens captadas pela Long Range Reconnaissance Imager (Lorri) são nossos olhos naquela região do Sistema Solar como podemos identificar na figura 4 abaixo Plutão (esquerda) e Caronte (direita).


Nesta imagem (figura 5), podemos observar algumas caraterísticas circulares e formas poligonais bem sugestivas como apresentadas na figura 5 que poderiam ser possíveis falésias. Esta imagem inclui um diagrama que apresenta o polo norte de Plutão, equador e meridiano central.

Caronte, entretanto apresenta em seu relevo abismos, crateras, e uma região polar norte escura como apresentada na figura 6 abaixo, nesta imagem realizada em 11 de julho de 2015. Esta imagem também inclui um diagrama que apresenta o polo norte de Caronte, equador e meridiano central, com as características informadas.


Iluminando a fronteira dos mundos

Pessoalmente, a manhã de quinta-feira de 07 de julho de 2005 seria mais um dia comum na minha rotina pessoal de trabalho, quando me deparei com uma comunicação para participação (figura 7) em um esforço histórico rumo a Plutão (e além)! 

A ideia do disco que contém 434.738 nomes chegou a plutão. Isso me lembrou das missões Voyager 1 e 2 bem como do esforço de Carl E. Sagan (1934 – 1996), para que através daquelas missões, pudéssemos começar a buscar novos conhecimentos do Sistema Solar para além da órbita de Saturno. Nestes 17 anos portanto, acompanho (mais ansioso e com um otimismo impar) relembrando o esforço e a dedicação com que a nave espacial New Horizons chegou naquela região do espaço e atualmente segue além (figura 8). 

Completamos o reconhecimento do sistema solar? Creio que uma parte sim, embora muita coisa ainda exista para ser pesquisado.

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2022. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2021. 122p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2022 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/17Dy_NOtMyJMDFelunEhPGrbzQuZQG_rf/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2021.

The Sky Live (HP) - https://theskylive.com/planetarium - Acess: 12/ Jan 2022.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

Hamilton, C.J. Netuno. Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/solar/neptune.htm> Acesso em: 13 Julho 2015.

Zolfagharifard, E., O'Callaghan, J. MAILONLINE, 13 may 2015, Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3079045/Meet-family-Nasa-probe-spots-Pluto-s-moons-Kerberos-Styx-time-ahead-daring-flyby-later-year.html#ixzz3fojWQ2P5> - Acesso em 13 Julho 2015.

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