NGC 2362
NGC 2362 localiza-se na constelação Canis Major (Cão Maior). Arato de Solos, poeta grego, em seu poema “Phaenomena”, no qual aborda as constelações e os sinais meteorológicos, refere-se a Canis Major como sendo o cão guardião de Órion, o caçador (representado pela constelação de Orion), de pé e apoiado em suas patas traseiras, cuja ponta de sua mandíbula seria marcada pela estrela Sirius (MAIR, 2017). Para Ridpath (2018), Canis Major parece estar atravessando o céu perseguindo a lebre (representada pela constelação Lepus), que se encontra aos pés de Órion, enquanto Canis Minor parece ter perdido o faro ou então estaria no encalço de outras possíveis presas (Figura 1).
Canis Major pode ser visto em latitudes entre +60° e -90. Em sua vizinhança, encontram-se as constelações Monoceros, Orion, Lepus, Columba e Puppis (Figura 2).
A constelação recebeu a designação oficial de Canis Major, a abreviatura CMa e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pela palavra Canis Majoris (que indica que a estrela pertence à constelação de Canis Major). Conforme mostrado na Figura 3, algumas estrelas conhecidas são: Sirius (α CMa ou Alpha Canis Majoris), Mirzam (β CMa ou Beta Canis Majoris), Furud (ζ CMa ou ζ Canis Majoris), Adhara (ε CMa ou ε Canis Majoris), Aludra (η CMa ou Eta Canis Majoris), Wezen (δ CMa ou Delta CMa), Tau Canis Majoris (ou τ CMa) e Al Zara (ou 24 CMa).
NGC 2362 foi originalmente descoberto por Giovanni Batista Hodierna, antes do ano de 1654. Posteriormente, foi redescoberto por William Herschel em 1783. Trata-se de um pequeno aglomerado aberto (Figura 4), que abrange uma área de 6 minutos de arco, com 60 estrelas, sendo uma delas de quarta magnitude, Tau Canis Majoris (mag. +4.37) (FREESTARCHARTS.COM, 2022). A maioria das estrelas do aglomerado são enormes estrelas azul-brancas dos tipos O e B, de 1000 a 1500 vezes mais brilhantes que o nosso Sol. Provavelmente, trata-se de um aglomerado muito jovem com menos de 5 milhões de anos que, por causa de sua massa e maior atração gravitacional, se manterá conectado por mais tempo que as Plêiades, antes que suas estrelas se dispersem (VENTRUDO, 2017).
Por ser um grupo de estrelas que se originaram da mesma nuvem molecular, elas possuem, por consequência, a mesma composição química. Apesar disso, as estrelas do aglomerado apresentam diferentes massas, o que implica que a evolução de cada uma delas será diferente. É o caso das estrelas que compõem o sistema múltiplo de Tau Canis Majoris, que são mais massivas e de curto ciclo de vida. Assim, elas gastarão rapidamente o seu combustível nuclear antes das outras estrelas menores do aglomerado, que continuarão ainda a brilhar durante bilhões de anos (ESO, 2019).
Na constelação Canis Major, o aglomerado NGC 2362 se localiza na parte posterior do cão, próximo à sua cauda (Figura 5). É melhor visto das latitudes do sul durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro (FREESTARCHARTS.COM, 2022).
Para localizar o aglomerado, procure um triângulo de estrelas brilhantes a sudeste de Sirius (Wezen, Aludra e Aldhara), na parte posterior do cão da constelação Canis Major. NGC 2362 está à nordeste da estrela mais ao norte, Wezen (Figura 6). Em binóculos ou uma buscadora, NGC 2362 parecerá um apêndice difuso da estrela de quarta magnitude Tau Canis Majoris (VENTRUDO, 2017). Através de binóculos 7x50 ou 10x50 cerca de uma dúzia de estrelas membros podem ser vistos ao redor de Tau CMa. Usar a técnica da visão lateral e/ou mover a estrela brilhante fora do campo de visão aumentará o número de estrelas visíveis (FREESTARCHARTS.COM, 2022). Um pequeno telescópio de 50 a 60 vezes resolverá o aglomerado mostrando cerca de duas dúzias de estrelas azul-brancas brilhantes. Em 100 vezes, o aglomerado se expande para uma bela matriz de estrelas. Um refrator de 80 mm mostrará dezenas de estrelas de sétima magnitude ou mais fracas(VENTRUDO, 2017). Como ocorre com os binóculos, use a técnica da visão lateral e assim você verá muito mais estrelas visíveis. Telescópios maiores revelam todas as estrelas do aglomerado, propiciando uma boa visualização (FREESTARCHARTS.COM, 2022).
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Referências:
ESO. Brilho estelar no Cão Maior. [S. l.], 2019. Disponível em: https://www.eso.org/public/brazil/images/potw1911a/. Acesso em: 20 fev. 2022.
FREESTARCHARTS.COM. NGC 2362 - Open Cluster. [S. l.], 2022. Disponível em: https://freestarcharts.com/ngc-2362. Acesso em: 20 fev. 2022.
MAIR, G. R. Aratus, Phaenomena. [S. l.], 2017. Disponível em: https://www.theoi.com/Text/AratusPhaenomena.html#A. Acesso em: 26 fev. 2022.
STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação Canis Major: conformação, constelações vizinhas, principais estrelas e localização. Versão 0.21.3. Boston: Stellarium.org, 2022. Stellarium. E-book. Disponível em: https://stellarium.org/pt/. Acesso em: 20 fev. 2022.
VENTRUDO, Brian. A Little Cluster in the Big Dog. In: COSMIC PURSUITS. 16 fev. 2017. Disponível em: https://cosmicpursuits.com/1516/ngc-2362-and-winter-albireo/. Acesso em: 20 fev. 2022.