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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Largue o cel e olhe para o céu #27

 Nebulosa da Roseta


Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #026 - Nebulosa da Roseta

A Nebulosa da Roseta localiza-se na constelação de Monoceros (Unicórnio, em latim). A constelação foi originalmente introduzida pelo cartógrafo e clérigo alemão Petrus Plancius, em 1612, tendo sido criada para preencher a área existente entre duas grandes constelações, Orion e Hydra.  A escolha de Plancius por um unicórnio deve-se ao fato de que este ser mítico aparece no Antigo Testamento da Bíblia, embora a constelação em si não esteja associada a qualquer mito (CONSTELLATION GUIDE, 2020).

Na sua vizinhança, encontram-se as constelações de Hydra, Canis Minor, Gemini, Orion, Lepus, Canis Major e Puppis (Figura 1). 

Figura 1 - Constelação de Monoceros conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022)

Figura 2 - Constelação de Monoceros com suas estrelas principais. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022)

A constelação recebeu a designação oficial de Monoceros, a abreviatura Mon e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pela palavra Monocerotis (que indica que a estrela pertence à constelação de Monoceros). Conforme mostrado na Figura 2, algumas estrelas conhecidas são: α Monocerotis (Alpha Monocerotis ou α Mon), γ Monocerotis (Gamma Monocerotis ou γ Mon), δ Monocerotis (Delta Monocerotis) ou δ Mon), ζ Monocerotis (Zeta Monocerotis ou ζ Mon), ε Monocerotis A (Epsilon Monocerotis A ou ε Mon A ) e β Monocerotis (Beta Monocerotis ou β Mon) (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022).

Figura 3 - Localização da Nebulosa da Roseta, no focinho do unicórnio, conforme mostrado na ilustração. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2022)

Na constelação de Monoceros, a Nebulosa da Roseta se localiza no focinho do unicórnio (Figura 3). Seu nome se deve à aparência semelhante a uma flor de rosa ou a uma roseta (desenho estilizado da flor, utilizado em esculturas desde os tempos antigos). Para outros, se assemelha ao crânio humano e por isso recebeu o apelido de “Caveira” (CONSTELLATION GUIDE, 2013) 

Figura 04 – Nebulosa da Roseta (PASTEUR-FOSSE, 2021).

Trata-se de uma nebulosa de emissão com uma grande nuvem de gás e poeira próxima a uma grande nuvem molecular (Figura 04). Possui diversas denominações NGC associadas com regiões da nebulosa: NGC 2237, NGC 2238, NGC 2239 (nome obsoleto para NGC 2244), NGC 2246 e NGC 2244, este último sendo o aglomerado aberto brilhante localizado dentro da nebulosa (CONSTELLATION GUIDE, 2013).

A cerca de 500.000 anos atrás,  acredita-se que as estrelas do aglomerado NGC 2244 formaram uma nebulosa circundante (NIGHTSKYINFO, 2015). A Nebulosa da Roseta possui magnitude aparente de 9.0,  está aproximadamente 5.200 anos-luz distante da Terra, com cerca de 65 anos-luz de raio, ou seja, mais de um grau de diâmetro, aproximadamente cinco vezes o tamanho da Lua Cheia. Possui massa estimada em cerca de 10.000 massas solares, uma das  nebulosas de emissão mais massivas conhecidas. Contém estrelas jovens muito quentes em sua região central, que emitem quantidades intensas de radiação de raios-X (CONSTELLATION GUIDE, 2013)

Devido ao seu tamanho que abrange 80×60 arcminutos, a nebulosa é difícil de ser observada por meio de telescópios devido ao seu pequeno campo de visão. Com binóculos, os tufos da nebulosa tornam-se claramente visíveis quando são observados sob céus muito escuros. O aglomerado NGC 2244, quando observado por binóculos ou um pequeno telescópio, aparece como um grande agrupamento contendo 20 estrelas mais brilhantes que a magnitude 11 e mais de uma dúzia de membros mais fracos (NIGHTSKYINFO, 2015).

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EDIÇÕES ANTERIORES

Referências:

CONSTELLATION GUIDE. Monoceros Constellation: Facts, Story, Stars, Deep Sky Objects. [S. l.], 2020. Disponível em: https://www.constellation-guide.com/constellation-list/monoceros-constellation/ttps://www.constellation-guide.com/constellation-list/monoceros-constellation/. Acesso em: 2 fev. 2020. 

CONSTELLATION GUIDE. Rosette Nebula and NGC 2244. [S. l.], 2013. Disponível em: https://www.constellation-guide.com/rosette-nebula/. Acesso em: 21 dez. 2021. 

NIGHTSKYINFO. NGC 2244 e a Nebulosa de Rosette. [S. l.], 2015. Disponível em: http://www.nightskyinfo.com/archive/rosette_nebula/. Acesso em: 6 fev. 2022. 

PASTEUR-FOSSE, Samuel. Le nébuleuse de la Rosette. [S. l.], 2021. Disponível em: https://unsplash.com/photos/ZECuLXuwZu4. Acesso em: 6 fev. 2022. 

STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de Monoceros: conformação, constelações vizinhas, principais estrelas e localização. Versão 0.21.3. Boston: Stellarium.org, 2022. Stellarium. Disponível em: https://stellarium.org/pt/. Acesso em: 31 jan. 2022.


O asteroide (34) Circe em 2022.

Antônio Rosa Campos

Em 21 de fevereiro o asteroide Circe estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = -0.806), quando então sua magnitude chegará a 11.4 (CAMPOS, 2021), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (CHEVALLEY, 2017), objetivando sua localização neste dia.

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 34 Circe foi descoberto em 6 de abril de 1855 pelo astrônomo francês Jean Chacornac (1823-1872), no Observatório de Paris. O nome é homenagem à célebre feiticeira Circe, filha do Sol de Perseida, que reinava na ilha de Ea, onde Ulisses desembarcou. Para detê-lo a seu lado, Circe fez com que os companheiros do herói bebessem um licor que os transformou em porcos. Apaixonando-se pelo herói, Circe teve com ele vários filhos, de acordo com as lendas, e fez o possível para que Ulisses permanecesse mais tempo junto dela. (MOURÃO, 1987).

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2022. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2021. 122p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2022 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/17Dy_NOtMyJMDFelunEhPGrbzQuZQG_rf/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2021.

Chevalley, P. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 4,0, March. 2017. Disponível em:  <https://www.ap-i.net/skychart/en/news/version_4.0>. - Acesso em: 04 Jan. 2019.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

O asteroide (20) Massalia em 2022.

Antônio Rosa Campos

Em 05 de fevereiro, o asteroide Massalia estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.173), quando então sua magnitude chegará a 8.4 (CAMPOS, 2021), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de pequeno porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (THE SKY LIVE, 2022), objetivando sua localização neste dia.

 

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 20 Massalia foi descoberto em 19 de setembro de 1852 pelo astrônomo pelo astrônomo A. de Gaspari, no Observatório de Nápoles. Em 1985, o astrônomo Dmitri Lupishko, anunciou que astrônomos da Universidade de Kharkov, na Ucrânia, haviam observado que este asteroide se deslocava no sentido contrário aos demais asteroides. (MOURÃO, 1987).

Annibale de Gasparis teve seu nome imortalizado na superfície lunar, quando uma cratera de impacto de 30 km de diâmetro e 1,08 km de profundidade, localizada nas coordenadas selenográficas LAT: 25° 54' 00” S e LONG: 050° 42' 00” W, foi nomeada oficialmente em 1935 como DE GASPARIS pelo Working Group for Planetary System Nomenclature (WGPSN), da International Astronomical Union (IAU). Também o sistema de canais de origem tectônica, conhecido com Rimae de Gasparis (93 km de comprimento e coordenadas selenográficas LAT: 24° 36' 00" e LONG: 051°06' 00") foi nomeado pela IAU em 1964, em sua homenagem.

Diretor do Osservatorio Astronomico di Capodimonte (IAU Code 044), em Nápoles de 1864 até 1889, em 1851 foi agraciado com a Medalha de Ouro da Royal Astronomical Society, sendo ainda laureado om o Prêmio Lalande, em 1851 e 1852. O asteróide "4279 De Gasparis", pertencente ao cinturão principal e descoberto em 1982 pelo Osservatorio San Vittore (IAU Code 552) de Bolonha, foi nominado em sua homenagem. 

O Observatório Lunar Vaz Tolentino fotografou a cratera DE GASPARIS, a Rimae De Gasparis e sua região, com apenas 1 frame, em 10 de junho de 2014 às 00:09:34 UT. Essa imagem poderá ser vista em: http://vaztolentino.com/conteudo/824-Cratera-DE-GASPARIS

E importante ainda mencionar que durante o período de sua oposição ocorrida em 2019, (20) Massalia foi registrado por câmaras fotográficas e pequeno instrumental, isso da região urbana de Porto Alegre, RS – Brasil, conforme reporta o observador brasileiro Carlos Arlindo Adib com as seguintes estimativas: 20190408 às 04:18 TU, mag. 10.5 (usando 102 e 108).


Na exposição fotográfica realizada pelo astrofotógrafo brasileiro Gilberto Klar Renner apresentada na figura 2, o asteroide Massalia encontra-se identificado com a letra inicial “M” muito próximo a estrelas: (HIP = Hipparcos catalogue) HIP: 79785, mV: 6.61, de cor azul, classe espectral B9V com as coordenadas equatoriais: AR=16 16 58.766, Decl: -21 18 14.87 (J2000.0) e ainda HIP: 79945 (AR=16 19 7.722 e Decl: -20 13 5,05 (J2000.0), uma gigante alaranjada mV= 6.29, classe e tipo espectral K0III; ambas localizadas na constelação de Escorpião.

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2022. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2021. 122p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2022 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/17Dy_NOtMyJMDFelunEhPGrbzQuZQG_rf/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2021.

The Sky Live (HP) - https://theskylive.com/planetarium - Acesso em 12/ Jan 2022.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

Tolentino, R.J. V. CRATERA DE GASPARIS, Vaz Tolentino Observatório Lunar, jun. 2014. Disponível em: <http://vaztolentino.com/conteudo/824-Cratera-DE-GASPARIS> - Acesso: 13 Nov. 2017.

Adib, C.A. Correspondência Pessoal (e-mail: Fw: Visualização de 32 Pomona por fotografia (texto em .txt). <adibcd@yahoo.com> to: <Sky & Observers <skyandobservers@gmail.com> em 28 de mai de 2019 17:23.

O asteroide (11) Parthenope em 2022.

Antônio Rosa Campos

Em 11 de fevereiro o asteroide Parthenope estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.722), quando então sua magnitude chegará a 9.9 (CAMPOS, 2021), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de pequeno porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (THE SKY LIVE, 2022), objetivando sua localização neste dia.

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 11 Parthenope foi descoberto em 11 de maio de 1850 pelo astrônomo italiano Annibale De Gaspari (1819 - 1892) no Observatório de Nápoles. (MOURÃO, 1987).

Annibale de Gasparis teve seu nome imortalizado na superfície lunar, quando uma cratera de impacto de 30 km de diâmetro e 1,08 km de profundidade, localizada nas coordenadas selenográficas LAT: 25° 54' 00"S e LONG: 050° 42' 00"W, foi nomeada oficialmente em 1935 como DE GASPARIS pelo Working Group for Planetary System Nomenclature (WGPSN), da International Astronomical Union (IAU). Também o sistema de canais de origem tectônica, conhecido com Rimae de Gasparis (93 km de comprimento e coordenadas selenográficas LAT: 24° 36' 00" e LONG: 051°06' 00") foi nomeado pela IAU em 1964, em sua homenagem.

Diretor do Osservatorio Astronomico di Capodimonte (IAU Code 044), em Nápoles de 1864 até 1889, em 1851 foi agraciado com a Medalha de Ouro da Royal Astronomical Society, sendo ainda laureado om o Prêmio Lalande, em 1851 e 1852. O asteróide "4279 De Gasparis", pertencente ao cinturão principal e descoberto em 1982 pelo Osservatorio San Vittore (IAU Code 552) de Bolonha, foi nominado em sua homenagem. 

O Observatório Lunar Vaz Tolentino fotografou a cratera DE GASPARIS, a Rimae De Gasparis e sua região, com apenas 1 frame, em 10 de junho de 2014 às 00:09:34 UT. Essa imagem poderá ser vista em: http://vaztolentino.com/conteudo/824-Cratera-DE-GASPARIS

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2022. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2021. 122p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2022 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/17Dy_NOtMyJMDFelunEhPGrbzQuZQG_rf/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2021.

The Sky Live (HP) - https://theskylive.com/planetarium - Acess: 12/ Jan 2022.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014.

Tolentino, R.J. V. CRATERA DE GASPARIS, Vaz Tolentino Observatório Lunar, jun. 2014. Disponível em: <http://vaztolentino.com/conteudo/824-Cratera-DE-GASPARIS> - Acesso: 13 Nov. 2017.

Ora, direis ouvir estrelas em Campinas?

 Nelson Alberto Soares Travnik

Que a contemplação do céu em uma noite pura e tranqüila encanta e fascina, é sabido desde o alvorecer da humanidade. Os desenhos e gravuras dos astros em algumas cavernas pré-históricas, são um testemunho desses tempos longínquos. Isso proporcionou aos povos mais tarde, conhecimentos imprescindíveis na elaboração dos calendários e conhecer o mecanismo das estações do ano para saber a hora de plantar e colher. Nas latitudes elevadas era uma questão de sobrevivência. Da observação visual aos proporcionados mais tarde pela construção de instrumentos ópticos aliados as modernas tecnologias atuais de ampliação e digitalização de imagens, os conhecimentos sobre o universo deram um salto gigantesco. Nos últimos anos a descoberta de planetas orbitando outras estrelas, levou a conclusão que são infinitos os mundos habitados e que nosso habitat é comparável a um grão de poeira ao sabor dos ventos do deserto.

Mas não somente perscrutar o universo através de meios ópticos em terra e no espaço através dos telescópios e sondas espaciais, a introdução da radioastronomia provocou uma verdadeira revolução nos conhecimentos astronômicos. Tudo começou em 1931 com a primeira observação de ondas de radio provenientes do céu pelo engenheiro norte-americano, Karl Guthe Jansky (1905-1950) que trabalhava na investigação de problemas de comunicação entre as cidades de Nova York e Londres. Analisando um ruído análogo a uma fraca estática de radio vindo da constelação do Sagitário, identificou mais tarde a fonte como sendo Sagitarius A. Isso permitiu estudar os fenômenos das ondas eletromagnéticas freqüência radio permitindo detectar a chamada radiação cósmica de fundo primordial que é observada em todo o céu e que teria dado origem ao Big Bang, a grande explosão. Essa descoberta foi realizada por dois pesquisadores norte-americanos, Arno Penzias e Robert Wilson dos Laboratórios Bell. A descoberta valeu para a dupla o Prêmio Nobel de Física de 1978. Em 1609, Galileu Galilei (1564-1642), ao lançar seus olhos para o céu através de uma rudimentar luneta por ele construída, jamais poderia imaginar que descobriríamos mais tarde tantas coisas sobre o universo ao observar um ruído que não pode ser visto com nossos olhos.

Os radiotelescópios podem ser móveis, imóveis ou em cadeia. O maior móvel é de Effelsberg na Alemanha com uma antena de 100 metros de diâmetro. O maior imóvel é o que fica na região montanhosa de Guizhan na China com antena de 500 metros de diâmetro. Em cadeia atualmente, ‘o maior ouvido do universo’ é o ALMA, “Atacama Large Milimeter Array”, localizado a 5000 metros de altitude na Zona de Chajmantor, Atacama, Chile. Com 66 antenas de 12 metros de diâmetro, ele pode registrar imagens inéditas de nascimentos de estrelas, galáxias e estudar e descobrir moléculas que se formam no espaço entre as estrelas em ondas milimétricas e sub-milimétricas que pouquíssimos telescópios conseguem. É um maiores “ouvidos” do nosso planeta, apto a um dia receber a tão aguardada mensagem: também estamos aqui! E se existem pessoas incrédulas, vale lembrar aqui as palavras de Carl Sagan (1934-1996): “Ausência de evidência, não é evidência de ausência”.

No Brasil, os primeiros passos da radioastronomia foram dados pelo francês Pierre Kaufmann (1938-2018), pioneiro no ensino e pesquisa. É dele o primeiro radiotelescópio construído em 1959 ao lado do Planetário do Ibirapuera em São Paulo. Em 1970 foi o responsável pelo projeto e construção do Radiotelescópio de Itapetininga em Atibaia, SP. Com uma antena de 14 metros de diâmetro operando em ondas milimétricas, ele é ainda o maior do Brasil e é operado pelo INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A radioastronomia é também um campo fértil nas áreas do ensino e divulgação. Nesse sentido, Campinas pode se orgulhar de possuir um radiotelescópio pedagógico único no País com antena de 12 metros de diâmetro. Ele é parte do Museu Aberto de Astronomia, MAAS, situado no Pico das Cabras a 1100 metros de altitude em frente ao Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini. Ele está sintonizado na janela da emissão do hidrogênio em 1420 MHz que é comum no universo e que é usada para emitir como rastrear possíveis mensagens provenientes de uma civilização extraterrestre.  Os ‘sons do universo’ vai para um computador e é projetado em uma tela onde os visitantes ouvem as explicações sobre o que está sendo mostrado. Antes é dada uma aula sobre o que é a radioastronomia e sua história.

O MAAS está aberto à visitação todos os sábados, domingos e feriados. São também atendidas visitas escolares em todos os níveis e grupos interessados. Regularmente são oferecidos cursos de astronomia. Informações em: informacoes@picodascabras.com.br

O Eclipse Total do Sol em 08 de abril de 2024.

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