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segunda-feira, 1 de março de 2021

Largue o cel e olhe para o céu #18

M51 - Galáxia do Redemoinho


Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #017 - M51 - Galáxia do Redemoinho

M51 é uma galáxia espiral e se localiza na constelação Canes Venatici. Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação. 

‎A origem da constelação e seu nome se devem ao astrônomo polonês Johannes Hevelius, que em 1867 criou a constelação representada por dois cães de caça (Figura 1) no encalço de um urso (constelação Ursa Major) sob o comando de Böotes (constelação Bootes) (Figura 2) (RIDPATH, 2018). Canes Venatici significa “cães de caça” em latim, sendo cada cão denominado com um nome, Asterion e Chara (CONSTELLATION GUIDE, 2021).

Figura 1 – Constelação Canes Venatici, conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

Canes Venatici pode ser vista nas latitudes entre +90° e -40°, tendo como constelações vizinhas Ursa Major, Bootes e Coma Berenices (Figura 2) (CONSTELLATION GUIDE, 2021).

Figura 2 – Canes Venatici, com suas constelações vizinhas Ursa Major, Bootes e Coma Berenices, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha branca delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

Oficialmente, a constelação recebeu a designação Canes Venatici, a abreviatura CVn e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pelo genitivo Canum Venaticorum. As estrelas principais de Canes Venatici são (Figura 3): Cor Caroli (α Canum Venaticorum) e Chara (β Canum Venaticorum) (INTERNATIONAL ASTRONOMICAL UNION (IAU), 2018).

Figura 3 – Principais estrelas da constelação Canes Venatici. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

Com dimensão aparente de 11’.2 x 6’.9, a Galáxia do Redemoinho (Figura 4)‎ está distante cerca de 23 milhões de anos-luz do sistema solar, na constelação Canes Venatici, com 35% do tamanho da Via Láctea e massa estimada em 160 bilhões de massas solares. Recebeu também a designação no New General Catalog como NGC 5194. É também conhecida como Question Mark Galaxy ou ainda como Rosse’s Galaxy, depois que Lord Rosse, em 1845, reconheceu que a conformação desse objeto, ainda identificado como nebulosa, era a de uma espiral. Somente em 1920, ela foi identificada claramente como uma galáxia. A classificação da Galáxia do Redemoinho é Seyfert 2, apresentando um núcleo quasar brilhante, compacto, produzindo um espectro muito peculiar. Acredita-se, ainda, que exista um buraco negro no centro de M51. Como pode ser visto na Figura 5, a NGC 5194 interage com a galáxia anã NGC 5195 (Messier 51b), por meio de uma conexão de poeira. Um detalhe importante é que M51 é a parte integrante mais brilhante do Grupo M51, um agrupamento de galáxias que incluem a Galáxia do Girassol (M63), NGC 5023 e NGC 5229 (MESSIER OBJECTS, 2015).

Figura 4 – Galáxia do Redemoinho (NGC 5194) e a galáxia companheira anã NGC 5195. 

Crédito da foto: NASA, ESA, S. Beckwith (STScI), and The Hubble Heritage Team (STScI/AURA) (NASA et al., 2005).

Figura 5 - Localização da M51 na constelação Canes Venatici. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

M51 não é difícil de ser localizada, pois está próxima do asterismo Caçarola (Big Dipper, em inglês), composta por estrelas da constelação da Ursa Major, estando a 3,5° graus a sudoeste da estrela Alkaid (Eta Ursae Majoris), localizada na extremidade da alça da Caçarola (Figura 6).

Figura 6 – Como localizar M51, utilizando-se como referência a estrela Alkaid do asterismo Caçarola, na constelação da Ursa Major. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

A Galáxia do Redemoinho pode ser vista com binóculos quando houver boas condições para se observar. Utilizando-se binóculos de 10x50, você poderá visualizá-la como uma porção de luz.  Com pequenos telescópios, a galáxia aparecerá como um segmento luminoso e tênue. Com um telescópio de 200mm de abertura, poderão ser vistos o núcleo brilhante da galáxia, o halo, os braços em espiral e a galáxia companheira anã NGC 5195. A partir de um telescópio de 300mm, poderá se ver um conjunto de faixas espirais, regiões H II (nuvens brilhantes de gás hidrogênio ionizado) e a conexão luminosa que interconecta as duas galáxias (MESSIER OBJECTS, 2015).

O texto foi útil para você? Agradecemos a todos aqueles que puderem deixar seus comentários com críticas e sugestões para a coluna e o material por ela disponibilizado.

EDIÇÕES ANTERIORES

Referências:

CONSTELLATION GUIDE. Canes Venatici Constellation. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.constellation-guide.com/constellation-list/canes-venatici-constellation/. Acesso em: 29 maio 2021. 

INTERNATIONAL ASTRONOMICAL UNION (IAU). As Constelações. [S. l.], 2018. Disponível em: https://www.iau.org/public/themes/constellations/brazilian-portuguese/. Acesso em: 28 fev. 2021. 

MESSIER OBJECTS. Messier 51: Whirlpool Galaxy. [S. l.], 2015. Disponível em: https://www.messier-objects.com/messier-51-whirlpool-galaxy/. Acesso em: 14 fev. 2021. 

NASA et al. Out of this whirl: The Whirlpool Galaxy (M51) and companion galaxy. [S. l.], 2005. Disponível em: https://www.spacetelescope.org/images/heic0506a/. Acesso em: 28 fev. 2021. 

RIDPATH, Ian. Star Tales. 2. ed. Cambridge: The Lutterworth Press, 2018. 

STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação Canes Venatici, suas estrelas principais,  vizinhança e localização de M51. Versão 0.20.4. Boston: Stellarium.org, 2020. Stellarium. 

A ocultação de Acrab pela Lua em 05 março 2021

Antônio Rosa Campos 

Na madrugada de 05 de março próximo, a Lua - 60% iluminada e com uma elongação de 101°, ocultará a estrela Acrab de magnitude 2.6 (Figura 1). Proporcionando um belo espetáculo aos observadores munidos com pequenos instrumentos óticos (CAMPOS, 2020) como: binóculos, lunetas e telescópios, esse evento poderá ser observado numa grande extensão da África e do continente sul americano.

 

Desta forma observadores localizados no continente africano (Angola, África do Sul, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Gana, Madagascar, Maurício, Moçambique, Reunião (Ilha), São Tomé e Príncipe, Senegal, Zâmbia e Zimbabwe) poderão acompanhar esse evento em ambas as fases (Desaparecimento e Reaparecimento) conforme descrito na tabela 1.


Já os observadores localizados nas regiões norte e nordeste da América do Sul, (Brasil, Guiana Francesa e Suriname), poderão também acompanhar esse evento em ambas as fases (Desaparecimento e Reaparecimento) conforme descrito na tabela 2.

Circunstâncias Gerais de visibilidade no Brasil

Não podemos deixar de mencionar ainda que além das localidades mencionadas na tabela 2, este evento também será visível em outras localidades do Brasil. Desta forma, encontra-se disponível (figura 2 - Ilustrativa) para download no link: Suplemento Nr 2 – AAB 2021 – Acrab 20210305 as condições de desaparecimento e reaparecimento para 94 municípios localizados nas regiões norte e nordeste do Brasil.

Além das circunstâncias de gerais de visibilidade e também de desaparecimento e Reaparecimento acima mencionadas, abaixo está o mapa global com a faixa de visibilidade do fenômeno que abrange além da América do Sul e África, ilhas situadas próximo a região meso-atlântica e costa sul africana no oceano Índico (figura 3).


Acrab, Beta 1 Scorpii ou 8 Scorpii

Beta Scorpii é uma das melhores estrelas duplas brilhantes no céu para telescópios de pequeno porte, e não será nada difícil de ser encontrada com um bom refrator de duas polegadas (WDS, 2021). 

Magnitudes individuais dos componentes foram medidos como 2,63 e 4,92; separação de 13,7" em Ângulo de Posição de 23°. Há cores de muito pouco contraste neste par, embora C.E Barns chama-os: "Intenso e colorido". Para T.W. Webb eles eram "Pálidos amarelo e verde", W.T. Olcott os chama "branco e azul", Proctor Mary pensou que eles são "branco e lilás", enquanto E.J. Hartung fala deles como um "par pálido e esplêndido amarelo" vistos à luz do dia eles dão a impressão de uma tonalidade amarelada, provavelmente devido ao contraste com o céu azul. Contra o céu escuro da noite a maioria dos observadores irá encontrá-los simplesmente branco talvez com um tom cinzento ou azulado na estrela mais fraca.

A segunda companheira, de magnitude 9,5, foi descoberta por S.W. Burnham com uma abertura de 18,5 polegadas em 1879, e é difícil de observar mesmo em grandes telescópios. Hartung acha que foi possivelmente visíveis com telescópios de 30 centímetros em 1960, desde então fechou um pouco, cerca de 0,5", o ângulo de posição aumentou de 88 graus em 1880 para cerca de 132 graus em 1959.

Evidentemente, as duas estrelas estão em revolução orbital com um lento período, provavelmente se aproximando de 1000 anos. Durante uma ocultação de Beta Scorpii pela lua em 08 julho de 1976, a estrela fraca foi encontrada para ser consideravelmente mais brilhante do que o esperado, provavelmente cerca de magnitude 6.5; ou a estrela é variável, ou a estimativa de magnitude 9,5 foi uma grande subestimativa resultantes da dificuldade de observação. Este par fechado, aliás, é chamado de "A-B"; a terceira estrela em 13,7" é designada "C".

Além desses dois companheiros visíveis, a principal brilhante é uma binária espectroscópica com período de 6.828145 dias. Da órbita conhecida, as massas dos dois componentes parecem ser cerca de 21 e 13 massas solares, e a órbita da componente brilhante é cerca de 8 milhões de quilômetros do centro gravitacional do sistema, com uma excentricidade de 0,27.

Um evento amplamente observado e raro foi a ocultação do sistema Beta Scorpii por Júpiter 13 de maio de 1971. Na ocasião, a componente brilhante passou por trás do disco do planeta muito perto de seu pólo sul, permanecendo escondida durante cerca de 90 minutos, a magnitude 5 do componente "C" de 13,7" foi ocultado quase centralmente por um intervalo de 2,2 horas de "totalidade". No reaparecimento, cada estrela foi vista pela primeira vez como um ponto fraco da luz, aparentemente dentro do disco de Júpiter, a estrela mais brilhante requer cerca de 7 minutos para recuperar o brilho total. Ambas as estrelas brilharam irregularmente com "flares", aparentemente o resultado da estrutura estratificada da atmosfera de Júpiter Durante este evento, um fenômeno ainda mais raro foi observado; a ocultação de Beta Scorpii C pelo satélite de Júpiter Io, a estrela permaneceu ocultada por 4m 11s como observado na Jamaica, e um pouco mais de 5 minutos como pode ser visto a partir do Observatório da Universidade da Flórida. Durante este evento, uma forte evidência foi encontrada para o fim da duplicidade de Beta Scorpii C, de acordo com os astrônomos no McDonald Observatory a estrela é provavelmente um par perto de cerca de 0,10" de separação em AP de 308 graus com um diferença de brilho de cerca de 2 magnitudes. O sistema Beta Scorpii então se torna um quíntuplo, embora apenas o brilhante par A-C possa visto na maioria dos telescópios amadores.

Sites recomendados:

www.rea-brasil.org/ocultacoes

"Como observar"

http://www.rea-brasil.org/ocultacoes/observar.htm

"formulário de reporte"

http://www.rea-brasil.org/ocultacoes/1reporte_ocultacoes_lunares_v2.0c2_portugues.xls (ocultações lunares) ou 

http://www.rea-brasil.org/ocultacoes/reporte_asteroides.xls 

(ocultações de estrelas por asteroides).

No Facebook:

https://www.facebook.com/groups/806932362709528/

Ocultações Astronômicas”.

Este grupo destina-se à divulgação e discussão de eventos astronômicos na área de 'Ocultações'. Ocultações de estrelas e planetas pela Lua, ocultações de estrelas por asteroides e as técnicas empregadas para o registro destes eventos (PADILHA FILHO, 2016).

Boas Observações!

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2021. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2020. 137p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2021 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/1ESmvylsxCV-akd40ttTsAJq2kW_GgVGX/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2020.

Burnham, Robert Jr. – Burnham´s Celestial Handbook (23567-X, 23568-8, 23673-0)– An Observer´s Guide to the Universe beyond the Solar System – Vol. Three – Dover Publications, Inc. New York – USA, 1978.

Padilha Filho. A. A ocultação de TYC 5667-00417-1 por 236 Honoria. Sky and Observers, jul 2016. Disponível em:< https://sky-observers.blogspot.com/2016/07/a-ocultacao-de-tyc-5667-00417-1-por-236.html >, Acesso em 22 mai. 2017.

Herald, D. Occult4 v4.1.0.27 (24 March. 2014) Uptade v4.2.0 available in: <http://www.lunar-occultations.com/occult4/occultupdate.zip> Acesso em: 28 Abr. 2016.

WDS, (Stelle Doppie). Available in: < https://www.stelledoppie.it/index2.php?iddoppia=64938> Acess in: 28 Fev. 2021.

O asteroide (69) Hesperia em 2021.

Antônio Rosa Campos

Em 24 de abril próximo, o asteroide Hesperia estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = +0.860), quando então sua magnitude chegará a 11.2 (CAMPOS, 2020), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (CHEVALLEY, 2017), objetivando sua localização nos próximos dias.


Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 69 Hesperia foi descoberto em 26 de abril de 1861  pelo astrônomo italiano Giovanni Virginio Schiaparelli (1835 - 1910) no Observatório de Milão. O nome é uma homenagem à Hispéria, uma das Hespérides, filhas de Atlas (ou Zeus) e Têmis. Hespéria deriva do grego Hesperos, que significa tarde, e também designou na Grécia o planeta Vênus, quando aparece à tarde, como estrela do Pastor; Hesperia. (MOURÃO, 1987).

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2021. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2020. 137p. Disponível em: https://is.gd/Alma_2021 <URL Alternativa: https://drive.google.com/file/d/1ESmvylsxCV-akd40ttTsAJq2kW_GgVGX/view?usp=sharing> Acesso em 02 Dez 2020.

Chevalley, P. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 4,0, March. 2017. Disponível em:  <https://www.ap-i.net/skychart/en/news/version_4.0>. - Acesso em: 04 Jan. 2019.

OAM (IAG-USP) - http://www.observatorio.iag.usp.br/index.php/mencurio/curiodefin.html - Acesso em 18 Ago. 2015.

IAU (MPC). http://www.minorplanetcenter.net/iau/lists/NumberedMPs000001.html - Acesso em 04 Mai. 2014. 





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