Largue o cel e olhe para o céu #11

Nebulosa Ômega

Aléxia Lage


Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #010 - M 17 - Nebulosa Ômega


M 17 é conhecida como Nebulosa Ômega e se localiza na constelação de Sagittarius (Sagitário). Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação. 

Para entender a origem de Sagitário e sua conformação, é preciso compreender a influência das mitologias nas denominações celestes. A constelação é representada como um centauro, uma criatura mítica com a parte inferior como a de um cavalo com quatro patas e, a superior, com o torso e cabeça humanas, com uma capa atada ao pescoço e empunhando um arco e flecha (Figura 01), apontada para a constelação vizinha de Escorpião (Scorpius) (Figura 02). Sagittarius é uma constelação de origem suméria, representando o deus da guerra e da caça, concebido como um arqueiro centauro com asas. Posteriormente, os gregos teriam adotado o centauro, sem as asas (RIDPATH, 2018). Para Eratóstenes, que nós conhecemos como aquele que calculou a circunferência da Terra em tempos idos, tratava-se de Crotus, filho de Eupheme, a enfermeira das musas, e não um centauro, pois este não utilizava arcos, além de possuir uma cauda de sátiro (uma mistura de corpo de homem e bode) (ERATÓSTENES, 1999). Alguns acreditam, erroneamente, que Sagitário representa Quíron, um centauro sábio e erudito, porém ele na verdade é representado na constelação Centaurus. Hyginus, escritor romano, disse que há um círculo de estrelas aos pés de Sagittarius “jogado como por uma pessoa em um jogo”, se referindo à constelação Corona Australis (Figura 02) (RIDPATH, 2018). 

Figura 1 - Constelação de Sagittarius conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Figura 2 - Constelação de Sagittarius, Scorpius e Corona Australis, conforme visualizadas no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Sagittarius pode ser vista em latitudes entre + 55° e -90°, tendo como constelações vizinhas Aquila, Scutum, Ophiucus, Serpens, Scorpius, Telescopium, Corona Australis, Microscopium e Capricornus (CONSTELLATION GUIDE, 2020)(Figura 3). 
Figura 3 - Constelações de Aquila, Scutum, Ophiucus, Serpens, Scorpius, Telescopium, Corona Australis, Microscopium e Capricornus, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha branca delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Oficialmente, a constelação recebe a designação Sagittarius, a abreviatura Sgr e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pelo genitivo Sagittarii. As estrelas principais de Sagittarius são: Rukbat (α Sagittarii ou α Sgr), β1 Sgr e β2 Sgr (dupla ótica), Alnasl (γ Sagittarii ou γ Sgr), Kaus Media (δ Sagittarii ou δ Sgr), Kaus Australis (ε Sagittarii ou ε Sgr),  Kaus Borealis (l Sagittarii ou l Sgr), Nunki (σ Sagittarii ou σ Sgr) e μ Sagittari ou μ Sgr e (Figura 4) (RÉ; DE ALMEIDA, 2000) (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

Figura 4 - Constelação de Sagittarius conforme visualizada no software Stellarium e as suas principais estrelas. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020) 

É também nesta constelação que se localiza M 17, uma nebulosa de emissão, difusa, extensa, e brilhante, constituída por grandes massas de gás, especialmente hidrogênio, que é excitado pela luz de estrelas próximas (Figura 5). 
Figura 5 – M 17 – Nebulosa Ômega - Crédito: ESO.

M 17, catalogada também como NGC 6618, foi descoberta em 1745 pelo astrônomo suíço Jean-Philippe Loys de Chéseaux. Está localizada próxima ao limite de Sagittarius com a constelação Scutum (Figura 6), ocupando uma área de aproximadamente 15 anos-luz de diâmetro e à distância de 5.000 a 6.000 anos-luz da Terra. Sua magnitude aparente corresponde a 6,0, sendo uma das nebulosas mais brilhantes e formadoras de estrelas da Via Láctea, possuindo uma massa de cerca de 800 massas solares. O seu brilho advém de um aglomerado de 35 estrelas jovens e brilhantes, com cerca de um milhão de anos. Entretanto, esse grupo estelar não é observado imediatamente em imagens de luz visível, assim como as estrelas mais jovens, porque ficam ofuscadas pela nebulosidade de gás e poeira. Ômega abriga cerca de 800 estrelas e em suas regiões externas acham-se mais de mil estrelas em processo de formação estelar (CONSTELLATION GUIDE, 2020). 

Figura 6 – Localização da Nebulosa Ômega na constelação de Sagittarius. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020) 

Pela sua magnitude, encontra-se no limite de observação a olho nu, sendo melhor visualizado em telescópios e binóculos de baixa potência (CONSTELLATION GUIDE, 2020). Em telescópios pequenos, ela se mostra como uma pequena barra de luz, com uma pequena extensão em uma extremidade, parecida com uma marca de seleção , só que invertida. No lado oposto, uma fraca nebulosidade de luz envolve um aglomerado de cerca de uma dúzia de estrelas (CONSOLMAGNO; DAVIS, 2018).

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EDIÇÕES ANTERIORES

Referências:

CONSOLMAGNO, G.; DAVIS, D. M. Turn left at Orion. 5. ed. Great Britain: Cambridge University Press, 2018. 

CONSTELLATION GUIDE. Sagittarius Constellation: Facts, Mythology, Stars, Location, Star Map, 2020. Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/constellation-list/sagittarius-constellation/>. Acesso em: 22 jul. 2020

ERATÓSTENES. Mitología del Firmamento (Catasterimos). Tradução: Guerra, Antonio Guzmán. Madrid: Alianza Editorial, 1999. 

ESO. A região de formação estelar Messier 17. Disponível em: <https://www.eso.org/public/brazil/images/eso1537a/>. Acesso em: 22 jul. 2020. 
RÉ, P.; DE ALMEIDA, G. Observar o céu profundo. Lisboa: Plátano, 2000. 

RIDPATH, I. Star Tales. 2. ed. Cambridge: The Lutterworth Press, 2018. 

STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de Sagittarius. Boston: [s.n.]. 
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