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segunda-feira, 1 de junho de 2020

A ocultação da Nebulosa da Lagoa M8 pela Lua em 07 de junho 2020.


Em 07 de junho próximo a Lua -98% iluminada e com a elongação solar de 162°, ocultará a Nebulosa de Emissão M8 (Nebulosa da Lagoa). Conforme podemos observar numa visão global apresentada na figura 1, esse fenômeno proporcionará um belo espetáculo aos observadores munidos com pequenos instrumentos óticos (CAMPOS, 2019) como: binóculos, lunetas e telescópios; esse evento poderá ser observado em uma boa parte da superfície terrestre.


Desta forma, os observadores localizados próximos a costa leste da América do norte (Bahamas, Bermudas e Estados Unidos), poderão acompanhar a fase de reaparecimento desta nebulosa, conforme apresentado na tabela 1.


Já os observadores localizados na região do istmo da América Central e região do Caribe (Aruba, Barbados, Belize, Cuba, Ilhas Cayman, Republica Dominicana, El Salvador, Guadalupe, Guatemala, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Trinidad e Tobago, Porto Rico e São Cristóvão e Nevis) de igual forma acompanharão a fase de reaparecimento, conforme apresentado na tabela 2.


Na região norte e noroeste da América do Sul (Brasil, Colômbia, Suriname e Venezuela) alguns observadores localizados no norte e nordeste do Brasil, poderão acompanhar ambas as fases do fenômeno, sendo que as demais regiões somente o Reaparecimento e observável, conforme apresentado na tabela 3. 


Cruzando a faixa mesoatlântica no hemisfério norte, Las Palmas de Gran Canaria no noroeste de África será a única porção europeia em que observadores desta localidade poderão observar o reaparecimento desta nebulosa conforme as circunstâncias apresentada na tabela 4.


Nesta região porém os observadores localizados no arquipélago que compõem a nação de Cabo Verde perto da costa noroeste da África, juntamente com observadores localizados na costa do Senegal observarão ambas as fases (Desaparecimento e Reaparecimento) deste fenômeno; entretanto, Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana, Marrocos, Níger, Nigéria e Togo, já observarão o Reaparecimento já dentro da fase crepuscular vespertina do dia com o Sol muito próximo do nascente, conforme as circunstâncias mencionadas na tabela 5.


Além das circunstâncias de gerais de visibilidade e também desaparecimento e reaparecimento acima mencionadas, apresentamos o mapa global (figura 2) com a faixa de visibilidade do fenômeno a qual abrange além das regiões mencionadas, ilhas e reservas naturais biológicas localizadas no oceano Atlântico e Mar Mediterrâneo. 


Circunstâncias Gerais de visibilidade no Brasil

Não podemos deixar de mencionar ainda que além das localidades mencionadas na tabela 3, este evento também será visível em outras localidades do Brasil. Assim sendo, encontra-se disponível (figura 3 - Ilustrativa) para download no link: https://is.gd/occ_m8_supl_2aab2020 as condições de desaparecimento e reaparecimento para 226 municípios localizados nas regiões norte e nordeste do Brasil.


A imagem realizada pelo astrofotógrafo José Carlos Diniz foi obtida com um telescópio GSO 8" f/8 RC carbon fiber Ritchey-Crètien e Canon T3i Modified, montagem: Sirius HEQ5; Resolução: 1151x768, Frames: 20x180", Captura: 1.0 horas em 2 de Julho de 2016, durante o EBA (Encontro Brasileiro de Astrofotografia) daquele ano realizado em Padre Bernardo - GO, Brasil. Para conhecer mais: https://www.astrobin.com/263715/?nc=user

M8 Nebulosa da Lagoa

A Nebulosa da Lagoa (Messier 8, NGC 6523) é uma nebulosa de emissão na constelação de Sagitário de magnitude visual 5.8 cujas dimensões 80'x40', a torna um objeto celeste muito fácil de ser observada com instrumentos de pequeno porte e até mesmo binóculos; ela encontra a 4.1⁰ da estrela Alnash (Gamma Sgr).

O incentivo cada vez mais constante para que sejam realizadas e registradas suas observações visuais sempre e oportuno de ser reiterado; desta forma segue abaixo as recomendações de sites e de grupos existentes que poderão colaborar na orientação dos astrônomos iniciantes neste tipo de registro.

Sites recomendados:

"Como observar"
"formulário de reporte"
(ocultações de estrelas por asteroides).

No Facebook:

“Ocultações Astronômicas”.

Este grupo destina-se à divulgação e discussão de eventos astronômicos na área de 'Ocultações'. Ocultações de estrelas e planetas pela Lua, ocultações de estrelas por asteroides e as técnicas empregadas para o registro destes eventos.

Boas Observações!

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2020. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2019. 146p. Disponível em: <https://is.gd/Alma_2020> Acesso em 02 Dez 2019.

Padilha Filho. A. A ocultação de TYC 5667-00417-1 por 236 Honoria. Sky and Observers, jul 2016. Disponível em:< https://sky-observers.blogspot.com/2016/07/a-ocultacao-de-tyc-5667-00417-1-por-236.html >, Acesso em 22 mai. 2017.

Herald, D. Occult4 v4.1.0.27 (24 March. 2014) Uptade v4.2.0 available in: <http://www.lunar-occultations.com/occult4/occultupdate.zip> Acesso em: 28 Abr. 2016.

Diniz, J. Carlos.  M8 - Nebulosa da Lagoa! Out 2019! E-Mail [Personal Communication]. Message received by arcampos_0911@yahoo.com.br em: 09 Out. 2019 11:39 (AM).

Largue o cel e olhe para o céu #9

Galáxia do Sombrero

Aléxia Lage


Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #008 – M 104 – Galáxia do Sombrero

M 104 ou NGC 4594 é uma galáxia espiral, conhecida como Galáxia do Sombrero e se localiza na constelação de Virgem (Virgo). Assim, serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação.
Para entender a origem do nome Virgem e sua conformação, é preciso entender a influência das mitologias greco-romana nas denominações celestes. O poeta grego Hesíodo a considerava como sendo Dice, a personificação da Justiça. Ela era filha de Zeus, o pai dos deuses, e de Têmis, a deusa-guardiã dos juramentos dos homens e da lei.  De acordo com o mitógrafo Arato, inicialmente ela era imortal e conviveu com os homens na Terra, que a chamavam de Justiça. Quando eles deixaram de respeitar a justiça, ela se retirou para as montanhas. Com o decorrer do tempo, os humanos foram se envolvendo em guerras e ela definitivamente os abandonou e subiu aos céus. Esta constelação foi associada em outras versões com Deméter/Demetra, divindade protetora da agricultura, porque segura uma espiga de grãos em uma de suas mãos (Figura 1). Outros lhes consideravam Ísis (deusa egípcia), Atárgatis (deusa síria da fertilidade) e Tyche (que representa o acaso, a fortuna, sejam eles bons ou ruins) (CONSTELLATION GUIDE, [s.d.]; ERATÓSTENES, 1999).


Figura 1 - Constelação de Virgem conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Virgem pode ser vista em latitudes entre +80° e -80° (CONSTELLATION GUIDE, 2020a), tendo como constelações vizinhas Serpens (a parte da cabeça da serpente), Boötes, Coma Berenices, Leo, Hydra, Crater, Corvus e Libra (CONSTELLATION GUIDE, [s.d.])(Figura 2).


Figura 2 - Constelações de Virgo, Serpens (a parte da cabeça da serpente), Boötes, Coma Berenices, Leo, Hydra, Crater, Corvus e Libra, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha vermelha delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)
Oficialmente, a constelação recebe a designação Virgo, a abreviatura Vir e as estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas seguidas pelo genitivo Virginis. As estrelas principais de Virgem são: Spica (α Virginis ou α Vir), Zazijava (β Virginis ou β Vir), Porrima (γ Virginis ou γ Vir), Minelauva (δ Virginis ou δ Vir), Vindemiatrix (ε Virginis ou ε Vir), Heze (ζ Virginis ou ζ Vir), Kang (κ Virginis ou κ Vir), Syrma (ι Virginis ou ι Vir), Zaniah (h Virginis ou h Vir),  Rigilawwa (μ Virginis ou μ Vir), τ Virginis ou τ Vir, ν Virginis ou ν Vir, e 109 Vir (Figura 3) (RÉ; DE ALMEIDA, 2000) (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).

Figura 3 - Constelação de Virgem conforme visualizada no software Stellarium e as suas principais estrelas. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Em Virgem, localiza-se um dos dois pontos onde o equador celeste cruza com a eclíptica, denominado Ponto de Libra (Figura 4).

Figura 4 – Localização do Ponto de Libra na constelação de Virgem. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)
É também nesta constelação que se localiza Sombrero, uma galáxia espiral que se parece com um chapéu mexicano. Essa similaridade se deve ao formato que ela possui. A parte central é composta por um bojo brilhante e esbranquiçado, cheio de bilhões de estrelas muito antigas, responsáveis pelo brilho intenso nessa região. É cercado por faixas grossas de poeira e gás hidrogênio, nas quais se formam as estrelas de NGC 4594, contendo a maioria do gás molecular frio dessa galáxia e também as estrelas mais novas e mais luminosas. Envolvendo isso tudo, acha-se um halo de aglomerados globulares e estrelas, que aparece reluzente em imagens de luz visível e cuja massa e tamanho são compatíveis com uma grande galáxia eclíptica, como revelado pelas imagens do Telescópio Espacial Spitzer da NASA (Figura 5) (CONSTELLATION GUIDE, 3013b).

Figura 5 – M 104 – Galáxia do Sombrero - Crédito da foto: ESO/IDA/Danish 1.5 m/R. Gendler and J.-E. Ovaldsen – License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/  (ESO/IDA/DANISH 1.5 M/R. GENDLER AND J.-E. OVALDSEN, 2015)

M 104 está localizado próximo ao limite da constelação de Virgo com Corvus (Figura 6) e foi descoberto em 1781 pelo astrônomo francês Pierre Méchain. Embora Charles Messier tenha observado esse DSO, ele não o incluiu originalmente em seu catálogo. Em 1912, Vesto Slipher, astrônomo americano do Lowell Observatory, observou que a galáxia tinha um redshift muito grande, o que demonstrava que ela estava fora da Via Láctea e se afastando de nós, o que provava que o Universo está em expansão (THE PLANETS, 2020). Em 1921, o astrônomo francês Camille Flammarion a incluiu no catálogo Messier, pois havia descoberto registros do próprio Messier sobre essa galáxia. NGC 4594 também contém quase 2000 aglomerados globulares, entre 10 a 13 bilhões de anos de idade. Está a 29,3 milhões de anos-luz da Terra, com magnitude visual aparente de +8.98 e sua massa é de cerca de 800 bilhões de vezes a do Sol. Ao centro de M 104 se encontra um buraco negro supermassivo, descoberto na década de 1990 (CONSTELLATION GUIDE, 3013b; MESSIER OBJECTS, 2015).
Figura 6 – Localização da Galáxia do Sombrero na constelação de Virgem. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)

Sombrero não pode ser visualizado a olho nu, mas pode ser observado por meio de binóculos (7x35, por exemplo) ou um telescópio de 100mm de abertura. O bojo central da galáxia pode ser melhor visto em um telescópio de tamanho médio, sendo que para distingui-lo é necessário pelo menos um de 200mm. Já a faixa de poeira somente é visível em telescópios maiores, a partir de 250mm de abertura (CONSTELLATION GUIDE, 3013b).

O texto foi útil para você? Agradecemos a todos aqueles que puderem deixar seus comentários com críticas e sugestões para a coluna e o material por ela disponibilizado.

EDIÇÕES ANTERIORES

Referências:

CONSTELLATION GUIDE. Constellation List. Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/constellation-list/>. Acesso em: 25 abr. 2020a.

CONSTELLATION GUIDE. Sombrero Galaxy - Messier 104. Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/sombrero-galaxy-messier-104/>. Acesso em: 24 maio. 2020b.

CONSTELLATION GUIDE. Virgo Constellation: Myth, Stars, Facts, Star Map, Location. Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/constellation-list/virgo-constellation/>. Acesso em: 24 maio. 2020.

ERATÓSTENES. Mitología del Firmamento (Catasterimos). Tradução: Guerra, Antonio Guzmán. Madrid: Alianza Editorial, 1999.

ESO/IDA/DANISH 1.5 M/R. GENDLER AND J.-E. OVALDSEN. The Sombrero Galaxy. Disponível em: <https://www.eso.org/public/brazil/images/sombrero/>. Acesso em: 24 maio. 2020.

MESSIER OBJECTS. Messier 104: Sombrero Galaxy, 10 set. 2015. Disponível em: <https://www.messier-objects.com/messier-104-sombrero-galaxy/>. Acesso em: 31 maio. 2020

RÉ, P.; DE ALMEIDA, G. Observar o céu profundo. Lisboa: Plátano, 2000.
STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de Virgem. Boston: Stellarium.org, 2020. v. 0.20.1

THE PLANETS. Sombrero Galaxy Facts. Disponível em: <https://theplanets.org/sombrero-galaxy/>. Acesso em: 31 maio. 2020.

O asteroide (44) Nysa em 2020.


Em 05 de agosto próximo, o asteroide Nysa estará com seu posicionamento favorável às observações (fase da Lua = -0.980), quando então sua magnitude chegará a 10.4 (CAMPOS, 2019), portanto dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de médio porte. A tabela abaixo apresenta suas efemérides e bem como uma carta celeste ilustrativa (CHEVALLEY, 2017), objetivando sua localização nos próximos dias.

 

Como demonstra seu número em ordem de nomeação indicado acima entre parênteses, 44 Nysa foi descoberto em 27 de maio de 1857 pelo astrônomo Herman Goldschmidt (1802-1866) no Observatório de Paris. (MOURÃO, 1987).

Hermann Mayer Salomon Goldschmidt teve seu nome imortalizado na superfície lunar, quando uma cratera localizada próxima do polo norte lunar (diâmetro: 113 km, profundidade: 1,3 km, coordenadas selenográficas LAT: 73° 00' 00"N, LONG: 003° 48' 00"W) foi nomeada oficialmente em 1935 pelo Working Group for Planetary System Nomenclature (WGPSN), da International Astronomical Union (IAU). Os descobrimentos de Hermann Goldschmidt são ao total 14 asteroides.

Esse relevo foi registrado fotograficamente em 07 de agosto de 2011, (22:58:02 UT). Essa imagem poderá ser visualizada em: http://vaztolentino.com.br/imagens/7590-O-grande-descobridor-de-asteroides-Hermann-GOLDSCHMIDT

Notas:

1 = (ua)* Conforme a Resolução da IAU 2012 B2, acolhendo proposta do grupo de trabalho “Numerical Standards for Fundamental Astronomy”, redefiniu-se a unidade astronômica de comprimento correspondendo à distância media da Terra ao Sol equivalendo assim a 149.597.870.700 metros, devendo ser representada unicamente por au (“astronomical unit”) (OAM, 2015).

2 = As coordenadas equatoriais ascensão reta e declinação (J2000.0) são apresentadas no formato HH:MM:SS (hora/grau, minuto e segundo).

3 = A fase lunar acima mencionada assume os seguintes valores: 0.000 = Nova; +0.500 = Quarto crescente; 1.000 = Cheia e -0.500 = Quarto minguante.

4 = Na carta celeste acima apresentada encontram-se ilustradas as presenças dos asteroides: (64) Angelina, mV: 12.1; (521) Brixia, mV: 12.3 e (532) Herculina, mV: 9.6; portanto todos acessíveis à observação com instrumentos de médio porte.

Referências:

Mourão, R.R.F. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

Campos, A.R. Almanaque Astronômico Brasileiro 2020. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2019. 146p. Disponível em: <https://is.gd/Alma_2020> Acesso em 02 Dez 2019.

Chevalley, P. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 4,0, March. 2017. Disponível em:  <https://www.ap-i.net/skychart/en/news/version_4.0>. - Acesso em: 04 Jan. 2019.



Tolentino, R.J. V. Vaz Tolentino Observatório Lunar. O grande descobridor de asteroides Hermann GOLDSCHMIDT. ago. 2011. Disponível em: <http://vaztolentino.com.br/imagens/7590-O-grande-descobridor-de-asteroides-Hermann-GOLDSCHMIDT> - Acesso: 13 Nov. 2017.

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