Omega Centauri
Aléxia Lage
Para que você possa guardar um resumo sobre o assunto desta coluna, baixe gratuitamente a ficha que contém dados astronômicos sobre o objeto em foco, de forma que possa sempre consultá-los quando precisar. Você pode baixar o arquivo aqui: Ficha de Catalogação #007 – NGC 5139 – Omega Centauri
NGC
5139 é um Aglomerado Globular, conhecido
como Omega Centauri e se localiza na constelação do Centauro (Centaurus). Assim,
serão apresentadas primeiramente informações sobre essa constelação.
Para entender a origem do nome Centauro e sua conformação, é preciso referenciar a tempos idos, quando se cultuavam divindades cujas histórias ficcionais constituíram as mitologias greco-romana.
Na
mitologia, há criaturas consideradas como monstros, com partes ou proporções
sobrenaturais, às vezes combinando membros de diferentes animais. Por essa
razão, eram vistos com temor, pois também lhes atribuíam a ferocidade dos
animais. Dentre esses seres havia o Centauro, cuja cabeça e tronco seriam
humanas, com o restante do corpo de um cavalo. Apesar de se tratar de um
monstro, era o único deles para os quais se reconheciam boas qualidades, como
Quíron, centauro que se tornou famoso por suas habilidades com a caça,
medicina, música e a arte da profecia. Entretanto, havia outros mais
grosseiros, que teriam causado um conflito enorme em um casamento, devido ao
comportamento violento (BULFINCH,
2002).
Em
relação à constelação, não se sabe exatamente à qual dos centauros os gregos e
romanos se referiam. Segundo o poeta romano Ovídio, a constelação de Centauro
representa Quíron, embora outras fontes o associem com a constelação de
Sagitário. Ainda segundo essas fontes, Centaurus representaria um dos centauros
menos civilizados (CONSTELLATION
GUIDE, 2020a).
Figura 1 - Constelação do Centauro conforme visualizada no software Stellarium. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)
Figura 2
- Constelações de Centaurus, Lupus, Circinus, Antlia, Crux, Musca, Carina,
Vela, Antlia e Hydra, conforme visualizadas no software Stellarium. A linha
vermelha delimita a área de cada constelação. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)
Oficialmente, a
constelação recebe a designação Centaurus, a abreviatura Cen e as
estrelas pertencentes a ela podem ser referenciadas pelas letras gregas
seguidas pelo genitivo Centauri. As estrelas principais de Centauro são:
Rigil Kentaurus ou Toliman (α Centauri ou α Cen), Hadar ou Agena (β Centauri ou
β Cen), ε Centauri ou ε Cen, Alnair (ζ Centauri ou ζ Cen), ν Centauri ou ν Cen, h Centauri ou h Cen, Menkent (θ Centauri ou θ Cen), Muhlifain (γ Centauri ou γ Cen) e δ
Centauri ou δ Cen (Figura 3).
Figura 3 - Constelação de Centauro conforme visualizada no software Stellarium e as suas principais estrelas. Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020)
Omega Centauri, por sua
vez, foi originalmente catalogado como uma estrela pelo astrônomo grego
Ptolomeu, em sua publicação conhecida como Almagesto. Já em 1677, Edmund Halley
o identificou como nebulosa (ESA/HUBBLE, 2008). Em 1826, o astrônomo
escocês James Dunlop o descreveu como um “um bonito globo de estrelas muito
gradualmente e moderadamente comprimido para o centro”. Na década de 1830, John
Herschel o identificou como um aglomerado globular (abreviado como GC, do inglês, Globular
Cluster) (CONSTELLATION GUIDE, 2014).
Porém, o NGC 5139 é
considerado um aglomerado globular diferente e, por esse motivo, sua
classificação como tal foi sempre uma dúvida. Um GC típico é constituído por
até um milhão de estrelas velhas de uma única geração, sendo intensamente ligadas
pela gravidade na periferia das galáxias. Entretanto, Omega Centauri se
apresenta de uma forma bem diferente, pois gira mais rápido, é muito achatado e
possui diversas gerações de estrelas. Além disso, é 10 vezes mais massivo que
os grandes aglomerados. Sua massa quase chega a ser de uma pequena galáxia. Por
isso, alguns cientistas acreditam que originalmente poderia ter sido uma
galáxia anã, e como consequência de seu encontro com a Via Láctea, teria ficado
sem as suas estrelas exteriores, restando apenas o seu núcleo (ESA/HUBBLE, 2008).
Esse comportamento
anômalo levou os astrônomos a suspeitarem que Omega Centauri poderia estar
abrigando um buraco negro intermediário em seu centro. Outras hipóteses
consideradas foram que poderia haver uma maior concentração de estrelas perto
do centro do aglomerado ou uma estrutura orbital central radialmente influente.
Assim, a partir de imagens realizadas pelo Hubble Space Telescope e dados
obtidos pelo telescópio Gemini South no Chile, em 2008, eles realizaram
simulações e concluíram que realmente pode existir um buraco negro no seu
interior, embora saibam que simulações matemáticas mais detalhadas necessitam
ser realizadas para descartar as outras hipóteses de maneira segura (NOYOLA; GEBHARDT; BERGMANN, 2008).
NGC 5139 está a 15.800
milhões de anos-luz da Terra, sendo o maior, o mais brilhante e o mais massivo aglomerado
globular encontrado em nossa galáxia, contendo mais de 10 milhões de estrelas
em cerca de 150 anos-luz de diâmetro. Estima-se que tenha cerca de 12 bilhões
de anos, abrigando milhões de estrelas da população II (CONSTELLATION GUIDE, 2014), isto é, pertencentes
às primeiras gerações de estrelas, que possuem poucos metais e, principalmente,
tendo em sua composição o hidrogênio, hélio e menos de 3% dos metais existentes
nas gerações estelares mais recentes (RÉ; ALMEIDA, 2000).
Figura 4 – NGC 5139 – Aglomerado Globular Omega Centauri – Crédito da foto: ESO – License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ (ESO, 2008)
A NGC 5139 pode ser
localizada tomando-se por referência a estrela Gacrux, da constelação do
Cruzeiro do Sul, estando cerca de 13° à nordeste dela (Figura 5).
Figura 5 – Localização da NGC 5139 em relação à estrela Gacrux, da constelação do Cruzeiro do Sul Fonte: (STELLARIUM DEVELOPERS, 2020).
Omega Centauri pode ser vista a olho nu, como uma estrela fraca e difusa, mas somente em áreas com o céu escuro e preferencialmente em localidades situadas mais ao sul (MCCLURE, 2020). Com binóculos de 10 × 50, poderão ser visualizadas muitas estrelas concentradas em uma pequena área (SKY & TELESCOPE, 2016). Com um telescópio de 200 mm, pode-se ver centenas de pontinhos de luz contra uma névoa ao fundo. Em um telescópio de 300 mm ou superior, o aglomerado é realmente uma maravilhosa visão de estrelas resplandecentes que preenchem o campo de visão (CLARK, [s.d.]).
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você? Agradecemos a todos aqueles que puderem deixar seus comentários com
críticas e sugestões para a coluna e o material por ela disponibilizado.
EDIÇÕES ANTERIORES
Referências:
BULFINCH, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2002.
CLARK, Maurice. NGC 5139 Omega Centauri.
Disponível em: <http://www.phys.ttu.edu/~ozprof/5139dslr.htm>. Acesso em:
26 abr. 2020.
CONSTELLATION GUIDE. Centaurus
Constellation. Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/constellation-list/centaurus-constellation/>.
Acesso em: 21 abr. 2020a.
______. Constellation List.
Disponível em: <https://www.constellation-guide.com/constellation-list/>.
Acesso em: 25 abr. 2020b.
______. Omega Centauri – NGC 5139.
Disponível em:
<https://www.constellation-guide.com/omega-centauri-ngc-5139/>. Acesso
em: 22 abr. 2020.
ESA/HUBBLE. Black hole found in
enigmatic Omega Centauri. Disponível em:
<https://www.spacetelescope.org/news/heic0809/>. Acesso em: 26 abr. 2020.
ESO. The globular cluster Omega
Centauri. Disponível em:
<https://www.eso.org/public/brazil/images/eso0844a/>. Acesso em: 25 abr.
2020.
MCCLURE, Bruce. Spica is your guide
star to Omega Centauri. Disponível em:
<https://earthsky.org/tonight/spica-guide-to-omega-centauri>. Acesso em:
24 abr. 2020.
NOYOLA, Eva; GEBHARDT, Karl; BERGMANN,
Marcel. Gemini and Hubble Space Telescope Evidence for an Intermediate Mass
Black Hole in omega Centauri. The Astrophysical Journal, v. 676, n. 2,
p. 1008–1015, 17 jan. 2008. Disponível em:
<http://arxiv.org/abs/0801.2782>. Acesso em: 26 abr. 2020.
RÉ, Pedro; ALMEIDA, Guilherme de. Observar
o céu profundo. Lisboa: [s.n.], 2000.
SKY & TELESCOPE. How To Get a
Glimpse of Omega Centauri. Disponível em: <https://skyandtelescope.org/observing/stargazers-corner/glimpse-omega-centauri-02192016/>.
Acesso em: 26 abr. 2020.
STELLARIUM DEVELOPERS. Constelação de
Centauro. Stellarium. Boston: [s.n.]. , 2020.
Muito bom. Na fig 5 tem como colocar alguma forma gráfica a representação de ângulo entre a estrela e o aglomerado para facilitar melhor a compressão.
ResponderExcluirOi Alexia tudo bem?
ResponderExcluirDesculpe-me a ignorância e a falta de conhecimento, e perdoe-me se eu estiver errado.
No índice #7 apresenta Caixa de Jóias, porém o texto e a Ficha de Catalogação são os mesmos de Ômega Centauri #8.
Poderia tirar-me essa dúvida. Grato pela atenção desde já agradeço.