Antônio Rosa Campos
arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil – AWB
Enfim chegamos! Certamente a comunidade mundial de astrônomos e admiradores da ciência astronômica neste memorável momento para a pesquisa espacial hoje pode começar a dizer que "e um prazer (e também uma alegria) em conhecer" esses objetos celestes e os demais satélites naturais que a 31.9027 u.a (unidades astronômicas) vem ganhando destaque na imprensa mundial.
A história deste planeta anão que até 24 de agosto de 2006 (ocasião da 26ª Assembleia Geral da IAU - União Astronômica Internacional) foi considerado como o nono e último dos planetas clássicos (por assim dizer) do Sistema Solar, mistura-se a descoberta das pequenas irregularidades no movimento observado de Urano e Netuno, estes descobertos em 13 de março de 1781 por William Herschel e em 23 de setembro de 1846 por Johann Gottfried Galle e também e Louis d'Arrest no Observatório de Berlim, após as análises matemáticas feitas por Urbain Jean Joseph Le Verrier.
As descobertas em torno de Plutão
Obviamente o frisson causado em torno das análises matemáticas realizadas por Urbain Le Verrier e consequentemente, a descoberta de 23 de setembro de 1846 em Berlim levaram mais especulações com relação à existência de outros planetas ainda mais distantes. O astrônomo norte-americano Percival Lowell (1855-1916), conhecido pelos seus trabalhos sobre o planeta Marte, em 1915 indicou a trajetória provável de um planeta transnetuniano (Plutão), o qual foi efetivamente descoberto em 1930 (figura. 1) por Clyde William Tombaugh (1906 - 1997) a seis graus da posição prevista (MOURÃO, 1987).
Com uma órbita bastante elíptica ele teve seu periélio em 1989, fazendo de Netuno realmente o último planeta do Sistema Solar, como agora e conhecida a sequência em ordem de afastamento do Sol. Mas as surpresas dessa região do Sistema Solar continuaram a chegar uma vez que um espectrograma de Plutão, obtido em 1944 por Gerard Peter Kuiper (1905–1973), demonstrou haver em Plutão uma atmosfera; em 13 de abril de 1978 o astrônomo norte-americano James Walter Christy, utilizando o telescópio astrométrico de 1,55 metros do Observatório Naval dos EUA, em Flagstaff, Arizona descobriu seu imenso satélite natural Caronte, que possui uma órbita circular de 6,4 dias ao redor de Plutão, a uma distância média de 20 mil quilômetros.
Na medida em que a pesquisa observacional também chegou ao espaço através do Telescópio Espacial Hubble, uma equipe de busca liderada por Alan Stern e Hal Weaver encontrou em maio e junho de 2005, dois novos e pequenos satélites orbitando a cerca de 44000 km de distância de Plutão; catalogados provisoriamente de S/2005 P1 e S/2005 P2 em 2006 foram nominados Hydra e Nix. Ainda graças às observações realizadas por integrantes da equipe Missão Novos Horizontes, utilizando o Telescópio Espacial Hubble (figura 2), foram descobertos ainda em torno de Plutão em 2011 e 2012 respectivamente mais dois (também pequenos) satélites naturais Kerberos e Styx.
A Missão Novos Horizontes
Lançada a bordo de um foguete Atlas V em 19 de janeiro de 2006 da Base da Força Aérea dos EUA em Cabo Canaveral, Flórida em 19 de janeiro de 2006; desde essa data uma longa jornada começou (perfazendo uma duração de 3642 dias) e seus resultados já são notórios, sendo que as imagens captadas pela Long Range Reconnaissance Imager (Lorri) são nossos olhos naquela região do Sistema Solar como podemos identificar na figura 3 abaixo Plutão (esquerda) e Caronte (direita).
Nesta imagem (figura 4), podemos observar algumas caraterísticas circulares e formas poligonais bem sugestivas como apresentadas na figura 4 que poderiam ser possíveis falésias. Esta imagem inclui um diagrama que apresenta o polo norte de Plutão, equador e meridiano central.
Caronte, entretanto apresenta em seu relevo abismos, crateras, e uma região polar norte escura como apresentada na figura 5 abaixo, nesta imagem realizada em 11 de julho de 2015. Esta imagem também inclui um diagrama que apresenta o polo norte de Caronte, equador e meridiano central, com as características informadas.
Iluminando a fronteira dos mundos
Pessoalmente, a manhã de quinta-feira de 07 de julho de 2005 seria mais um dia comum na minha rotina pessoal de trabalho, quando me deparei com uma comunicação para participação (figura 6) em um esforço histórico rumo a Plutão (e além)!
A ideia do disco que contém 434.738 nomes agora chega a plutão. Isso me lembrou das missões Voyager 1 e 2 bem como do esforço de Carl E. Sagan (1934 – 1996), para que através daquelas missões, pudéssemos começar a buscar novos conhecimentos do Sistema Solar para além da órbita de Saturno. Nestes 10 anos portanto, acompanho (mais ansioso e bem alegre no momento) o esforço e dedicação com que a nave espacial New Horizons chega naquela região do espaço (figura 7).
Completamos o reconhecimento do sistema solar? Creio que uma parte sim, embora muita coisa ainda exista para ser pesquisado.
Referências:
- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987, 914P.
- HAMILTON, Calvin J. Netuno. Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/solar/neptune.htm> Acesso em: 13 Julho 2015.
- ZOLFAGHARIFARD, Ellie. O'CALLAGHAN, Jonathan. MAILONLINE, 13 may 2015, Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3079045/Meet-family-Nasa-probe-spots-Pluto-s-moons-Kerberos-Styx-time-ahead-daring-flyby-later-year.html#ixzz3fojWQ2P5> - Acesso em 13 Julho 2015.