O Céu do mês - Março 2015

arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil – AWB

No hemisfério austral, existe um costume musical em dizer que “águas de março fecham o verão” em alguns países e principalmente na América do Sul. Quente e muito seco em algumas regiões, será assim que finalizar-se essa fase com a chegada do equinócio de março (este equinócio marca o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hemisfério sul). Desde já fica o convite para aproveitar o entardecer de 22 de março, para apreciar e registrar a fantástica tela celeste quando então, o brilhante Vênus e a Lua, juntar-se-ão próximos ao diminuto disco de Marte. Enquanto isso nossa grade de ocultações fica cada vez mais repleta, quando novas oportunidades de registrar as ocultações de Lambda Geminorum, (Subra) Omicron Leonis e Zubenelhakrabi (Gamma Librae), ocorrerão entre outras ainda na primeira quinzena; embora poucos observadores terão a oportunidade de acompanharem a ocultação da brilhante Aldebarãn (0.9) em 25 de março. Mesmo assim, observadores do hemisfério norte acompanharão o primeiro eclipse sol, embora sua faixa de totalidade esteja recaindo sobre o mar da Noruega, poderá ser observado em toda Europa, partes da Ásia e norte da África. Enquanto isso, Júpiter novamente prenderá a atenção da maioria dos observadores de superfície planetária; uma vez que os eventos mútuos e os trânsitos provocados pelo movimento de seus principais satélites naturais (galileanos) são os responsáveis por isso, juntamente com a movimentação pelo seu meridiano da Grande Mancha Vermelha (do inglês GRS = Great Red Spot).  Nestes primeiros dias, observadores localizados no hemisfério norte, terão a oportunidade de apreciarem o inusitado cometa SOHO C/2015 D1, que chamou a atenção dos astrônomos nos últimos dias de fevereiro último (uma história imperdível está publicada em: http://skyandobservers.blogspot.com.br/2015/02/o-inusitado-cometa-soho-2875.html. Retornando ao hemisfério sul, está é uma boa época para a busca de mais objetos interessantes, então a apresentação de um grande peixe voador (Volans) merecerá ser melhor ser apreciada. Noites estreladas para todos! 


O Eclipse Total do Sol

Em 20 de março teremos a ocorrência do primeiro eclipse total do Sol, quando então observadores de toda a Europa, partes da Ásia e norte da África, terão a oportunidade registrar mesmo de forma parcial este evento, exceto observadores localizados no arquipélago que compõem o território das Ilhas Feroe.  Veja maiores informações e sobre as circunstâncias de visibilidade nas diversas regiões acima mencionadas em: http://skyandobservers.blogspot.com/2015/03/o-eclipse-total-do-sol-de-20-de-marco.html.

Ocultações de estrelas pela Lua 

Lambda Geminorum

Em 01 de março a Lua +81% iluminada e com a elongação solar de 128°, ocultará a estrela lambda Geminorum de magnitude 3.6 e tipo espectral A3V. Esse evento poderá ser observado na África, Europa e América do Norte de acordo com a figura A, apresentada no quadro 1.

(Subra) Omicron Leonis

Em 04 de março a Lua +97% iluminada e com uma elongação de 161°, ocultará a estrela omicron Leonis (Subra) de magnitude 3.5. Esse evento poderá ser observado na África e norte da América do Sul de acordo com a figura B, apresentada no quadro 1.

Zubenelhakrabi (Gamma Librae)

Em 11 de março a Lua -71% iluminada e com a elongação solar de 115°, ocultará a estrela Zubenelhakrabi (Gamma Librae) de magnitude 3.9 e tipo espectral G8.5III. Esse evento poderá ser observado ao sul do oceano pacífico (Nova Zelândia e Austrália) de acordo com a figura C, apresentada no quadro 1. A tabela 2 apresenta ainda as circunstâncias gerais de visibilidade para algumas das principais localidades em ambos dos países.


Rho Sagittarii

Em 15 de março a Lua -29% iluminada e com a elongação solar de 65°, ocultará a estrela Rho Sagittarii de magnitude 3.9 e tipo espectral K1III. Esse evento poderá ser observado no Norte da América do Norte de acordo com a figura D, apresentada no quadro 1.

Dabih Major (beta Capricorni)

Em 16 de março a Lua -19% iluminada e com a elongação solar de 52°, ocultará a estrela Dabih Major de magnitude 3.1 e tipo espectral F8V+A0. Esse evento poderá ser observado de forma diurna na América Central (Costa Rica, Cuba, Ilhas Cayman, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica, Nicarágua e Panamá), na América do Norte (Estados Unidos e México) e também na Oceania (Polinésia Francesa) de acordo com a figura E, apresentada no quadro 1. 

Ancha (Theta Aquarii)

Em 18 de março a Lua -18% iluminada e com a elongação solar de 25°, ocultará a estrela Ancha (Theta Aquarii) de magnitude 4.2 e tipo espectral G8. Esse evento poderá ser observado de forma diurna na América do Norte e Central, bem como nos oceanos atlântico norte e região equatorial do pacífico de acordo com a figura F, apresentada no quadro 1. 

Hyadum II (delta 1 Tauri)

Em 25 de março a Lua +27% iluminada e com a elongação solar de 63°, ocultará a estrela Hyadum II (delta 1 Tauri) de magnitude 3.8 e tipo espectral K0-IIICN0.5. Esse evento poderá ser observado na região austral do oceano pacífico incluindo a costa oeste da América do Sul (Peru) e Oceania; ilhas oceânicas do pacífico (Polinésia Francesa e Ilhas Cook), Nova Caledônia (região Melanésia) bem como ainda a Nova Zelândia (Já ocorrendo na parte diurna do dia) de acordo com a figura G, apresentada no quadro 1. A tabela 3 apresenta ainda as circunstâncias gerais de visibilidade para algumas das principais localidades em ambos dos países.

Aldebarãn (alpha Tauri)

Ainda em 25 de março a Lua +30% iluminada e com a elongação solar de 66°, ocultará a brilhante estrela Aldebarãn (Alpha Tauri) de magnitude 0.9 e tipo espectral K5+III. Esse evento poderá ser observado na região do Ártico, norte da Ásia, norte da Península Escandinava, norte da Groenlândia e norte da América do Norte de acordo com a figura H, apresentada no quadro 1.

Lambda Geminorum

Novamente em 28 de março a Lua +60% iluminada e com a elongação solar de 101°, ocultará a estrela lambda Geminorum de magnitude 3.6 e tipo espectral A3V. Esse evento poderá ser observado na costa oeste da América do Norte (USA – Sul da Califórnia) e norte do oceano Pacífico (Arquipélago do Havaí) e Ilhas Aleutas e mar de Bering. Já em território asiático ela ocorrerá entre o crepúsculo matutino na península de Kamchatka, região do mar de Okhotsk, sendo que na região da ilha Sacalina, sudeste da Rússia, Japão, China, Mongólia, norte do Vietnã, Laos e Tailândia, o evento ocorre durante o período diurno conforme a figura I, apresentada no quadro 1.

(Subra) Omicron Leonis

Novamente em 31 de março a Lua +85% iluminada e com uma elongação de 134°, ocultará a estrela omicron Leonis (Subra) de magnitude 3.5. Esse evento poderá ser observado somente no oceano pacifico (Ilhas do Havaí) de acordo com a figura J, apresentada no quadro 1.
A tabela 4 apresenta ainda as circunstâncias gerais de visibilidade para algumas das principais localidades no Arquipélago do Havaí.

Ocultação de Urano em 21 de Março (Desaparecimento)

Em 21 de março a Lua +2% iluminada e com a elongação solar de 15°, ocultará o planeta Urano (5.9). A fase de desaparecimento do planeta poderá ser observada de forma diurna numa extensa região do Sul da Ásia, oriente médio e África. Entretanto a fase de desaparecimento do planeta poderá ser observada na Birmânia (atual Mianmar). O quadro 2 apresenta as circunstâncias gerais de desaparecimento para a cidade de Yangon. 

Ocultação de Marte em 21 de Março (Desaparecimento)

Ainda em 21 de março a Lua +3% iluminada e com a elongação solar de 21°, ocultará o planeta Marte (1.3). A fase de desaparecimento do planeta poderá ser observada na Argentina e Chile, bem como ainda partes da Antártica. O quadro 3 apresenta as circunstâncias gerais de desaparecimento para as algumas localidades na região austral da América do Sul. 


Planetas, asteroides e cometas!

As fantásticas noites deste mês vem sendo objeto de comentários de muitas pessoas que procuram as atividades observacionais oferecidas pelos clubes, centro, grupos e núcleos de astronomia ao público, sem falar nestas atividades quando oferecidas pelos planetários também. Mas o que desperta a atenção dos presentes e a presença do gigantesco e brilhante Júpiter (-2.6) e os eventos dos satélites galileanos favoráveis as observações com pequenos telescópios. Em especial chamo a atenção para os eventos de ocultação entre Ganimedes, Europa, Callisto que ocorrerão neste período. Uma efeméride completa destes eventos (exemplo na figura. 2 abaixo) para todo o ano de 2015, poderão ser obtida nas páginas do Almanaque Astronômico Brasileiro (disponível para download em: http://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2015.pdf) do CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais). 

A ciência, sempre é benevolente e respeitando todos os seus ciclos, novamente brindará neste período os admiradores do céu crepuscular vespertino com outro alinhamento planetário ao entardecer do dia 22 próximo, sendo que o brilhante Vênus (-4.0), Marte (1.3) e a Lua (-7.5) com uma elongação de 34.0º, fase = 0.084 e idade de 2.5d; protagonizarão outra conjunção planetária próximo a linha do ocaso, conforme podemos vislumbrar na figura 3 abaixo.

A contar da segunda quinzena deste mês, Urano (5.9) estará mergulhado na claridade solar devido a suas elongações estarem a cada dia diminuindo para sua conjunção com o Sol no próximo mês; tornando assim difícil suas observações com nossos pequenos telescópios. Por outro lado, podemos voltar a procurar no céu, antecedendo o nascer do Sol o planeta Mercúrio (-0.1) que nesta época estará em meio as estrelas da constelação de Aquarius; sendo que sua proximidade com Ancha (Theta Aqr) de magnitude 4.1 e 42 Aqr (5.3) revelará também naquela interessante região celeste a presença do longínquo Netuno (8.0), entretanto faço a sugestão para que reiniciemos essa busca após o dia 20 próximo, quando então suas elongações ficarão mais favoráveis mesmo porque esse período antecederá alguns minutos do nascer do Sol. 
Saturno (0.4) de fácil visibilidade na constelação de Escorpião (tabela 5), além de encontrar-se estacionário em 14/03, proporciona juntamente com a Lua na noite de 11/03 próxima um alinhamento com a Lua que poderá ser facilmente acompanhado durante o restante daquela noite e madrugada seguinte (já no dia 12) pelos observadores que dão seus primeiros passos no reconhecimento e estudos da dinâmica celeste.
Sol = O quadro 3 abaixo, apresenta alguns elementos úteis a observação solar neste mês como: e (P.H) = Paralaxe Horizontal , (PO°) = Ângulo de Posição da extremidade Norte do disco solar, (+) E; (-) W, (BO°) = Latitude heliográfica do centro do disco solar (+) N; (-) S, (LO°) = Longitude heliográfica do meridiano central do Sol e ainda, (NRC) Número de Rotação Solar de Carrington da série iniciada em novembro 1853 9,946.
Lua = As fases lunares neste mês, ocorrerão nas datas e horários abaixo mencionadas em Tempo Universal de acordo com a figura 4:

A ocorrência das apsides (Perigeu e Apogeu) lunares dar-se-á neste mês na seguinte sequência: Apogeu em 05/03 às 07:36 (TU), quando a Lua estará a 406.385 km do centro de nosso planeta. Perigeu em 19/03 às 19:39 (TU), quando a Lua então estará somente 357.583 km do centro da Terra.

Ainda mergulhados na constelação de Sagitário, os planetas menores (134340) Plutão (14.2) e (1) Ceres (magnitude: 9.1), começam lentamente a ganhar condições de uma busca observacional; (134340) Plutão estará atravessando um campo de estrelas cujas respectivas magnitudes, são mais brilhantes (em torno de 9.6) que este longínquo planeta menor. (1) Ceres de certa forma análoga, estará entre estrelas de igual magnitude também; entretanto (1) Ceres será de fácil localização na madrugada de 26/03 próximo, devido sua proximidade com o Aglomerado Globular M75 de magnitude 8.6, este bem conhecido dos apreciadores de Objetos Deep-Sky.

Asteroides

Neste mês teremos a oposição favorável às observações óticas de três asteroides do cinturão principal, sendo que em 06/03 próximo o asteroide (7) Iris (mag. 8.9), poderá ser localizado próximo a estrela 61 leo  de magnitude 4.7 na constelação de Leão; já na noite seguinte e também nessa mesma constelação, o asteroide (17) Thetis (mag. 10.8), estará bem próximo a estrela 78 Leo de magnitude 3.9; a presença da Lua (fase = -0.986) e magnitude de -12.5 naquela área do céu talvez possa dificultar um pouco a localização de ambos asteroides, mas nada que chegue a atrapalhar de modo significativos os observadores que utilizarem aberturas de 200mm ou maiores. Entretanto a fase lunar será mais favorável quando da ocorrência da oposição de 44 Nysa (mag. 9.4); na constelação de Virgem próximos as conhecidas estrelas Zaniah (Eta Vir) de magnitude 3.8 e Zavijava (3.6), 16 Vir de magnitude 4.9 será uma ótima referência. A fase da Lua então será de +0.038 o que não intervirá na localização e estimativa de magnitude deste asteroide. 

Cometas

SOHO (C/2015 D1)

A inesperada descoberta do cometa SOHO (C/2015 D1), que provisoriamente foi denominado de SOHO 2875, novamente chamou a atenção dos astrônomos para as surpresas que ocorrem em regiões próximas ao Sol; demonstrando mais uma vez, a eficiência dos instrumentos LASCO (Large Angle and Spectrometric Coronagraph) C2 e C3, a bordo daquela missão (SOHO é um projeto de cooperação internacional entre a ESA – Agencia Espacial Europeia e a NASA – Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço, USA). 

Desta forma, o Minor Planet Center (MPC) através da MPEC 2015-D73 (Feb. 24, 17:20 UT), já apresenta os elementos orbitais, quando torna-se possível apresentar as efemérides constantes da tabela 6 abaixo:
Observando e revendo essas imagens sedutoras por diversas oportunidades, e não somente pelo fato da descoberta naquela região do espeço do inusitado Cometa SOHO C/2015 D1, fica irresistível não apreciar a CME (Ejeção de Massa Coronal, do inglês = Coronal Mass Ejection), ocorrida em 20 fevereiro 2015-15:30TU (Universal Time) no filme abaixo; mostrando que este cometa (por um intervalo de tempo pequeno) talvez teria-se-ia desintegrado, a exemplo de outros cometas em outras oportunidades.

Lovejoy (C/2014 Q2)

Agora um objeto celeste boreal conforme podemos vislumbrar pelas efemérides abaixo mencionadas na tabela 7, o cometa Lovejoy (C/2014 Q2), continua como um dos objetos mais registrados fotograficamente no hemisfério norte. 

Sua proximidade em 21 de fevereiro passado com a nebulosa planetária M76 (nebulosa do pequeno Haltere) na constelação de Perseus, registrada pelo observador Rolando Ligustri (Itália) mostra como é de rara beleza este objeto celeste (figura 5), ainda mais que ele avizinhou-se de ricos campos de estrelas e valiosos objetos de céu profundo (Deep-Sky).

CONSTELAÇÃO:

Volans

Essa talvez seja a constelação de Volans uma seara ideal para aqueles que apreciam fazer suas perquirições nesta região do hemisfério Austral. Penso que nisso estejam presentes fatores que motivaram observadores como o francês Nicholas Louis de Lacaille, o escocês James Dunlop, o inglês John Herschel e tantos outros que, naquela época (como na atualidade) a conhecerem mais detalhadamente essa constelação da região circumpolar sul.

Limitam esta região celeste ao sul por Chamaleon (Camaleão), a leste por Mensa (Mesa), Doradus (Dourado), e Pictor (Pintor) e ao norte e oeste por Carina (Quilha) ocupa uma área de 141 graus quadrados (figura 6). Esta constelação foi introduzida pelo astrônomo John Bayer (1572-1625); Peixe Voador. (MOURÃO, 1987).
Embora não contenha muitas estrelas brilhantes ela será de fácil reconhecimento; entretanto se basearmos pela regra usual de estrelas mais brilhantes de uma constelação, veremos que Alfa Volantis (uma subgigante clássica de magnitude 4.0 e tipo espectral A5 que se encontra cerca de 124 anos-luz de distância) contraria essa regra, pois se trata da 4ª estrela mais brilhante dessa constelação; Caso semelhante já foi destacado aqui como na constelação de Sagitário (Campos, 2012) quando destacamos aquela região do céu. Beta Volantis então sendo a mais brilhante (uma gigante alaranjada de magnitude 3.7 e classe espectral K1III) estrela dessa constelação; Gamma 2 Volantis (uma gigante amarela de classe espectral K0III e magnitude também de 3.7) é o principal componente de um sistema múltiplo de estrelas que se encontra cerca de 141 anos luz de distância; sendo seu segundo componente mais brilhante Gamma 1 Volantis (uma anã branca, classe espectral F0) de magnitude 5.6. Zeta Volantis e a principal componente (um sistema binário), cuja magnitude de 3.9 e classe espectral K0III e uma gigante amarela que se encontra também cerca de 141 anos luz de distância. Delta Volatis então é uma estrela supergigante branca de magnitude 3.9 e classe espectral F6II que se encontra cerca de 737 anos luz de distância; Epsilon Volantis é uma estrela subgigante azul de magnitude 4.3 e classe espectral B6IV que se encontra cerca de 559 anos-luz de distância, sendo também um sistema de estrelas múltiplo. 

As galáxias NGC NGC 2442 / NGC 2443 

Esmaecidas para telescópios de pequena abertura, também Volans será um bom desafio observacional para aqueles observadores que se dipõem de alguma forma a utilizarem aberturas de 250mm ou mais (melhor ainda será a utilização de CCD). Então eles terão duas galáxias espirais barradas, sendo SBb ou SBc. De magnitude 10.4 e 11.2. Aí e que existe uma icógnita! Trata-se realmente de dois objetos distintos ou será somente uma única galáxia cuja forma verdadeiramente distorcida é comprovada? 

Essa galáxia nessas aberturas óticas é facilmente reconhecida pelos seus braços espirais assimétricos. Muito provavelmente a aparência deformada dessa galáxia ocorra devido a interação gravitacional com outra galáxia, embora isso não seja confirmado (ESO, 2011).

SN 1999ga e SN 2011fn

Em 1999 ocorreu no braço mais compacto desta galáxia a explosão de uma supernova (SN 1999ga), quando observadores australianos utilizando um telescópio refletor de 0.61m do Perth Observatory estimaram sua magnitude em: 18,5 +/- 1.(Cf. IAUC 7316); todavia imagens do imagens do Hubble de 2001 e obtidas pelo ESO no final de 2006, evidenciam que a supernova já se enfraqueceu e não é mais visível (ESO, 2011).

Em 29 junho de 2011 entretanto, Stuart Parker (Oxford, Canterbury, Nova Zelândia) como parte do programa de BOSS (Backyard Observatory Supernova Search) através de Greg Bock (Windaroo, Queensland, Australia), relatam a descoberta de uma possível Supernova, através de imagem CCD não filtrada tomada com um telescópio refletor de 350mm Celestron C14 f / 6.3 (+ câmera CCD ST10) (Cf. IAUC 2814); apresentada na figura 7 abaixo.

R, S, T e X Vol - Variáveis de Longo Período 

O incentivo a realização de observações e registros dentro por parte de astrônomos amadores sempre é uma constante em diversas associações. Vem deste encorajamento uma grande contribuição com programas observacionais verdadeiramente científicos em sua maioria geralmente ao alcance daqueles observadores, proprietários de instrumentação ótica de pequena e média abertura.

Obviamente seguindo o exemplo do mês anterior, separamos neste post duas estrelas LPV (Variáveis de Longo Período, do inglês = Long Period Variables) existentes na constelação de Volans que poderão facilmente ser monitoradas com pequeno instrumental; são elas: R, S, T e X Vol, todas variáveis do tipo M (Omicron Ceti = gigantes variável com espectros de emissão característica do tipo tardia (Me, Ce, Se); encontraremos na tabela 8 efemérides geradas também pela AAVSO para o período 2015 – 2022 / 2023.

A variável eclipsante WZ Volans

Quando observamos a diversidade de estrelas variáveis existentes e principalmente nesta região celeste, deparamos com diversos tipos e classificações; entretanto os observadores já acostumados a essa prática observacional, farão opções dos registros ao alcance de sua instrumentação. Durante a seleção de variáveis especificamente desta constelação, (obviamente além das acima que foram mencionadas) prendeu minha atenção a eclipsante WZ Vol.

Com um período “relativamente curto (226.25d)” teremos uma boa oportunidade de realizar as estimativas de WZ Vol, ainda este ano, conforme podemos verificar na figura 8 baixo; aproveitei ainda esta oportunidade para incluir uma Carta de Busca certificada pela American Association of Variable Star Observers (AAVSO) na intenção de promover as observações dessa estrela. 


Na classificação baseada na forma das curvas de luz, variáveis do tipo EA/GS são sistemas eclipsantes do tipo Algol (Beta Persei). Os componentes destes sistemas são esféricos ou ligeiramente elipsoidais. É possível especificar através de suas curvas de luz o início e o fim dos eclipses. Entre os eclipses a luminosidade permanece quase constante ou varia insignificantemente devido a efeitos de reflexão, à ligeira elipticidade dos componentes ou as variações de carácter físico do sistema. Pode não haver mínimo secundário. Podem-se observar uma grande variedade de períodos desde os 0.2 dias até mais de 10000 dias. As amplitudes de luminosidade são também bastante diferentes e podem atingir várias magnitudes (ANDRADE et al, 2000). Já GS são sistemas com um ou ambos os componentes gigantes e supergigantes; um dos componentes pode ser uma estrela da sequência principal (AAVSO/vsots, 2015). 

Uma grande quantidade de informações ainda são disponíveis, mas estou certo que após uma breve leitura deste post, fará com que apreciemos aquela região celeste antevendo uma próspera região observacional. Cabe aqui finalizando um oportuno questinamento. Será compensador uma melhor apreciação das nuances que guardam esse grande peixe voador? Tenho certeza que sim! 

Boas Observações!

Referências:

- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica. Rio e Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1987,  914P.

- CAMPOS, Antônio Rosa. Almanaque Astronômico Brasileiro 2015. Belo Horizonte: Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), 2014. Disponível em: <http://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2015.pdf> Acesso em: 08 dez. 2014.

- ____________. Sky and Observers, Belo Horizonte; Agosto 2012: Disponível em: < http://skyandobservers.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html> Acesso em 26 Jan 2015.

- BURNHAM Jr, Robert. – Burnham's Celestial Handbook. Dover Publications, Inc., 1978. ISBN 0-486-23673-0 p. 2110.– Inc. New York – USA, 1978.

- AMORIM, Alexandre. REA/BRASIL, Florianópolis, set. 2014. Disponível em < http://rea-brasil.org/cometas/prog2015.htm>. Acesso em: 12 jan. 2015.

- ____________. Anuário Astronômico Catarinense 2015. Florianópolis: Ed: do Autor, 2014. 180p.
  
- CHEVALLEY, Patrick. SkyChart / Cartes du Ciel - Version 3.8, March. 2013. Disponível em:   <http://ap-i.net/skychart/start?id=en/start>. - Acesso em: 11 Jan. 2015.

- LIGUSTRI, Rolando. Astroligu60 – Imagem C/2014 Q2. Disponível em: < http://www.astrobin.com/full/158034/0/>. Acesso em: 23 Fev. 2015.

- SOHO. The Solar & Heliospheric Observatory. Disponível para download em: 

- WILLIAMS, Gareth V. MPC/IAU. M.P.E.C. 2015-D73. Disponível em: <http://www.minorplanetcenter.net/mpec/K15/K15D73.html> - Acesso em: 27 Fev. 2015

- MARSDEN, Brian G. IAUC 7316 in 1999 November 23; CBAT/IAU. Disponível em < http://www.cbat.eps.harvard.edu/iauc/07300/07316.html> Acesso em: 11 dez. 2014.

- GREEN, Daniel E.W. IAUC 2814 in 2011 September 11; CBAT/IAU. Disponível em < http://www.cbat.eps.harvard.edu/iau/cbet/002800/CBET002814.txt> Acesso em: 27 Jan. 2015. 

- American Association of Variable Star Observers, AAVSO/vsots, The International Variable Star Index: 2005-2013. Disponível em: < http://www.aavso.org/vsx/index.php?view=detail.top&oid=5638 > - Acesso em: 12 jan. 2015.

- General Catalog of Variable Stars (GCVS) Sternberg Astronomical Institute, Moscow (Sep., 2009, Epoch 2000): Disponivel em: < www.handprint.com/ASTRO/XLSX/GCVS.xlsx> – Acesso em: 08 dez 2014.

- <
Postagem Anterior Próxima Postagem