O céu do mês – Abril 2014

arcampos_0911@yahoo.com.br
CEAMIG – REA/Brasil – AWB

Geralmente nessa época do ano as mais belas constelações do céu são as companheiras dos observadores de um modo geral, mas certamente eles serão mais beneficiados neste período e não somente pela ocorrência do Eclipse Total Lunar em 15/04 e ainda do Eclipse Anular do Sol em 29/04, mas também pela espetacular oposição de Marte em 08 de abril. Neste dia ainda teremos a oposição do planeta menor (1) Ceres que poderá ser facilmente localizados com pequenos instrumentos óticos em meio as brilhantes estrelas da constelação de Virginis; muito embora a Lua esteja em sua fase cheia neste dia, isso não será um grande obstáculo devido a magnitude visual (7.0) neste período. Dentre os asteroides que ficarão em evidência será (4) Vesta o que mais chamará a atenção dos observadores devido a sua magnitude. Desta vez a ocorrência das ocultações de Lambda Virginis pelo disco lunar em 16 de abril e do planeta Saturno em 17 de abril, certamente fará com que os observadores fiquem animados; entretanto a ocorrência de 02 eclipses neste mês, sendo que o primeiro ocorrerá em 15/04 próximo o eclipse total da Lua, visível na maior parte do ocidente e também em 29/04 o eclipse anular do Sol, cujo cone de sombra recairá sobre o território australiano juntar-se-ão a esses excepcionais acontecimentos. E por falar em planetas e visando o aspecto observacional simplificamos numa tabela seu posicionamento para o meio deste mês, embora quando ocorrer algum destaque observacional, eles deverão ser mencionados. Tudo isso como fruto da Revolução Industrial responsável por inúmeras mudanças que podem hoje serem avaliadas; sendo que no céu, Lacaille numa homenagem ao físico alemão Otto von Guerick fez a representar por Antlia; então conheceremos um pouco mais algumas características dessa Máquina Pneumática.

As ocultações de estrelas e planetas pela Lua neste Mês

Hyadum II (delta 1 Tauri) 

Em 04 de abril, a Lua +20% iluminada e com a elongação solar de 53°, ocultará a estrela Hyadum II (delta 1 Tauri) de magnitude 3.8 e tipo espectral K0-IIICN0.5. Esse evento poderá ser observado na América do Norte (Canadá e Estados Unidos), de acordo com a figura A, apresentada no quadro 1. 

lambda Geminorum

Em 07 de abril, a Lua +51% iluminada e com a elongação solar de 91°, ocultará a estrela lambda Geminorum de magnitude 3.6 e tipo espectral A3V. Esse evento poderá ser observado na Ásia e leste Europeu de acordo com a figura B, apresentada no quadro 1.

Lambda Virginis

Em 16 de abril próximo, a Lua - 99% iluminada e com uma elongação de 169°, ocultará a estrela Lambda Virginis de magnitude 4.5 e (tipo espectral A1). Esse evento poderá ser observado do leste da África (Ilhas do Oceano Atlântico), norte e nordeste da América do Sul, toda a América Central e parte sul da América do Norte. Veja maiores informações em sobre as circunstâncias de visibilidade nas diversas regiões em: http://skyandobservers.blogspot.com.br/2014/04/a-ocultacao-de-lambda-virginis-pela-lua.html.

Zubenelgenubi (alfa Librae)

Em 16 de abril, a Lua -97% iluminada e com a elongação solar de 161°, ocultará a estrela Zubenelgenubi (alfa Librae) de magnitude 2.8 e tipo espectral A3IV. Esse evento poderá ser observado no norte da Rússia de acordo a figura C, apresentada no quadro 1.

A ocultação de Saturno em 17 de abril

Em 17 de abril, a Lua - 96% iluminada e com uma elongação de 156°, novamente ocultará o planeta Saturno cuja magnitude estará estimada em 0.2 Esse evento poderá ser observado da América do Sul (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai) e ilhas situadas no sul dos oceanos Atlântico e Pacífico. Veja maiores informações em sobre as circunstâncias de visibilidade nas diversas regiões em: http://skyandobservers.blogspot.com.br/2014/04/a-ocultacao-de-saturno-pela-lua-em-17.html.

Rho Sagittarii

Em 21 de abril, a Lua -60% iluminada e com a elongação solar de 102°, ocultará a estrela Rho Sagittarii de magnitude 3.9 e tipo espectral K1III. Esse evento poderá ser observado da América do Norte (Canadá, México e Estados Unidos) de acordo com a figura D, apresentada no quadro 1.

Dabih Major (beta Capricorni)

Em 22 de abril, a Lua -48% iluminada e com a elongação solar de 88°, ocultará a estrela Dabih Major de magnitude 3.1 e tipo espectral F8V+A0. Esse evento poderá ser observado da América Central e América do Norte de acordo com a figura E, apresentada no quadro 1. 

Eclipses, Planetas, asteroides e cometas!

A magnitude de Vênus (-4.2) favorecerá bastante a localização em sua proximidade do disco do planeta Netuno (mag. 7.9) na madrugada de 12/04 próxima, quando então o planeta Vênus estará separado 0.7° N de Netuno; muito embora em 14/04 os planetas Mercúrio (mag. -0.5) e Urano (mag. 5.9) estejam também configurando uma conjunção já dentro de crepúsculo matutino, suas elongações dificultarão uma tentativa observacional, mesmo com suas respectivas magnitudes estando relativamente brilhantes. 

Desde a última oposição favorável do planeta Marte, todos os observadores ficaram na expectativa desta nova oposição; isto ocorreu já em 2012, através de uma mensagem eletrônica (04/03/2012) do observador Nelson Falsarella (São José do Rio Preto – SP, Brasil), pode-se perceber no período dessas oposições o bom diâmetro aparente dessas oposições afélicas, que vem correndo desde 2012, quando seu diâmetro foi de 13.89”. Este ano então, Marte estará com seu diâmetro aparente estimado em 15.16” e sua distância a Terra será de 0.617554 ua.

A distância a Terra de 1.635800 u.a do planeta menor (1) Ceres e sua máxima elongação de 166.0° do Sol, farão com que ele fique também em evidência na constelação de Virgem, conforme podemos vislumbrar em suas efemérides para este mês na tabela 4 abaixo. Mas será o asteroide (4) Vesta que estará com uma magnitude excepcional já dentro da visibilidade a visão desarmada em 14 de abril. Veja maiores informações em sobre as circunstâncias observacionais em: http://skyandobservers.blogspot.com.br/2014/03/o-asteroide-4-vesta-em-2014.html. O registro das ocultações de estrelas por asteroides chamam bastante a atenção dos astrônomos que se dedicam a essas observações, pelo fato das recentes descobertas de asteroides duplos, asteroides com satélites e da mais recente delas; a existência de 02 anéis em torno do asteroide (10199) Chariklo, anunciada no último dia 26 numa conferência a imprensa no Observatório Nacional / MCTI, no Rio de Janeiro, Brasil em o que torna esse asteroide (com estrutura anelar semelhante a Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) um objeto Sui Generis no Sistema Solar até o momento.


Lua = As fases lunares este mês, ocorrerão nas datas e horários abaixo mencionadas em Tempo Universal de acordo com a figura 2:

A ocorrência das apsides (Perigeu e Apogeu) lunares dar-se-á neste mês na seguinte seqüência: Apogeu em 08/04 às 14:53 (UT); Lua estará a 405.501 km  do centro de nosso planeta e Perigeu em 23/04 ocorrendo às 00:28 (UT), quando a Lua então estará somente 369.764 km do centro da Terra.

Júpiter continuará dominando o céu noturno na primeira parte da noite neste período, (pelo menos até seu ocaso) então as respectivas magnitudes dos satélites principais, poderão ser estimadas conforme apresentadas na tabela 5; enquanto isso o espetacular planeta Saturno vem apresentando suas elongações cada vez maiores para a oposição favorável que ocorrerá em 10 de maio próximo.
Os Eclipses

Neste mês teremos a ocorrência de 02 eclipses, sendo que o primeiro será o total da Lua em 15 de Abril, quando então observadores de todo o Hemisfério Ocidental, estarão em condições favoráveis a sua observação. Este é o primeiro de uma série de quatro eclipses lunares totais consecutivos que ocorrerão em 2014 e 2015.

No instante máximo do eclipse [Fase 4] às 07h:45m:40s UT, a Lua encontra-se no zênite de um ponto no oceano Pacífico, a sudoeste das Ilhas Galápagos (figura 4); O Eclipse será visível tanto na América do Sul e do Norte. Já os observadores localizados no ocidente do oceano Pacífico, não verão as primeiras fases do eclipse porque elas vão ocorrer antes de nascer da Lua. Da mesma forma que a dos observadores localizados na Europa e na África não poderão acompanhar o evento, pois a Lua já estará no ocaso.

Em 29 de abril, teremos a ocorrência de um eclipse anular do Sol que será visível apenas no hemisfério sul, assim mesmo em partes da Antártida, Oceano Indico e também da Oceania (inclui também o extremo sul da Indonésia e o Timor Leste). Seu instante máximo ocorre sobre a Antártida, sendo que o território australiano terá uma visão privilegiada deste evento, conforme podemos vislumbrar na figura 5 abaixo.

Os Cometas

Os observadores localizados no hemisfério norte poderão acompanhar o cometa C/2012 K1 Pan STARRS na constelação de Bootes (Boo) até o dia 27/04, a partir dessa data ele ingressará na Ursa Maior (UMa); suas respectivas magnitudes serão 9.5 em 20/04 e já no dia 30 estará estimada em 9.2; embora menos favorável devido a suas magnitudes sejam maiores, 10.8 em 20/04 e 10.9 em 30/04, o cometa C/2012 X1 LINEAR estará na constelação de Aquarius (Aqr) até o dia 27, ingressando em Capricornius (Cap) já no dia 28/04. As fase da Lua (vide figura 2), estarão causando dificuldades antes deste período. 

CONSTELAÇÃO:

Antlia

Geralmente quando tenho a oportunidade de falar com meus amigos(as) e também apaixonados pela ciência que estuda o céu, sobre as constelações e seus respectivos contextos históricos, ficará uma grande lacuna neste assunto não deixar de mencionar Niçolas-Louis La Caille. Nestes posts mensais, fica claro que ele foi um homem apaixonado pela evolução científica e industrial nascente em seu século. Antlia, uma constelação austral situada próximo ao pólo sul celeste (figura 6), é limitada pela Vela, a oeste por Pyxis (Bússola), ao norte por Hydrus e a leste por Centaurus; embora não seja (em princípio) muito fácil sua localização no céu, visto que sua principal estrela, alpha Antliae e uma gigante alaranjada, com magnitude de 4.2 e tipo espectral K4III que encontra-se a uma distância de 366 anos luz do Sol. 

Chamará ainda nossa atenção próximo também daquela região, a Delta Antliae (mag. 5.5 e tipo espectral B9.5V), na realidade uma estrela tripa (física) constituída de uma componente branco azulada, mas cuja separação irá requerer instrumentos de maior abertura. Ajudam também na identificação dessa constelação as seguintes estrelas: Epsilon Antliae de magnitude 4.5, tipo e classe espectral K3III; Iota Antliae de magnitude 4.6, tipo e classe espectral K0III e Theta Antliae de magnitude  4.8 tipo e classe espectral A8V+F7II-III.

A Galáxia Espiral NGC 2997 

Certamente a busca por objetos extremamente brilhantes não será nesta região celeste uma das mais profícuas, entretanto aquele observador localizado em latitudes que tenham uma boa visibilidade dessa constelação terá sua busca recompensada, se fizer a aplicação de telescópio de boa abertura ótica (superior a  200mm ou 8 polegas). Será também um bom conselho, esperarmos que a fase da Lua seja favorável a observação de objetos de céu profundo (Deep Sky) pouco luminosos. 

Theta Antliae será uma ótima referência, se a estabilidade da imagem ficar boa na noite que planejarmos essa busca, certamente longe de qualquer fator de poluição luminosa,  fará com que a NGC 2997, uma fantástica galáxia espiral, cuja magnitude aparente é de 9.4 e de dimensões: 9,2’ x 6.6’, apareça no campo da nossa ocular. Ela é a galáxia mais brilhante de um grupo de objetos que estenderá até constelação de Hydra. A aparência ovalizada dessa galáxia, fará com que seja revelada sua estrutura interna com dois braços proeminentes, que devem originar-se no seu núcleo. 

É certo que Lacaille, não tinha a menor idéia dessas imagens de céu profundo, quando delineou em sua época essa constelação em sua obra Coelum Australe Stelliferum, publicada em 1763, e essas novas informações, longe de diminuir a importância daquela obra, ao contrário demonstra quanto foi importante aquele desmembramento realizado por ele. Assim a homenagem a Otto von Guerick denominando essa constelação com seu invento, mostra o quanto outros; e ele próprio caminhavam a frente de seu tempo. 

Boas Observações!

Referências:

- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas - Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ) - 1987, 914 P.

- Campos, Antônio Rosa - Almanaque Astronômico Brasileiro 2014, Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), Belo Horizonte (MG) - 2013, 111P.

- Cartes du Ciel - Version 2.76, Patrick Chevalley -  http://astrosurf.org/astropc - acesso em 19/02/2013.


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