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CEAMIG – REA/Brasil - AWB
Além do solstício de dezembro, marcando o início do verão no hemisfério sul, o Céu neste derradeiro mês de 2012, trará o brilhante Júpiter como uma de suas principais atrações, pois protagonizará com a Lua mais uma excepcional ocultação, cuja faixa de visibilidade cortará grande parte da África ocidental e também da América do Sul. Alpha Virginis e o planeta Mercúrio também serão ocultados pelo disco lunar no dia 09 e 12 respectivamente, sendo que uma ocultação do diminuto e longínquo Plutão poderá ser acompanhada instantes antes do nascer do Sol, mais precisamente no sudeste da Ásia, englobando a Índia, Paquistão e o Sri-Lanka. Talvez por esses fenômenos celeste cortarem uma vastidão oceânica, e a Baleia um dos mais dignos e belos representantes dessas águas; será ela uma excepcional anfitriã neste mês, onde poderemos conhecer um pouco mais essa constelação.
Ao exemplo dos anos anteriores, nas próximas horas deverá estar disponível para download o Almanaque Astronômico para o ano de 2013; é igualmente importante informar que as modificações foram realizadas atendendo a necessidade observacional, bem como também agradecer pelas manifestações recebidas do bom acolhimento das edições anteriormente publicadas.
Dentro do possível as notas mensalmente postadas nestas páginas atenderão o um complemento dos fenômenos visíveis além das fronteiras do Brasil, abrangendo o contorno americano e ruma para uma contemplação maior dos que também tenham visibilidade nos demais continentes, muito embora não sejam todos os fenômenos abordados, mas que não deixarão de ser mencionados de alguma forma.
A Ocultação de Spica pela Lua em 09 de dezembro de 2012
Em 09 de dezembro próximo a Lua -21% iluminada e com uma elongação de 54°, ocultará a estrela Spica (mag 1.0) no período diurno. A fixa de visibilidade do evento recai sobre no sul dos oceanos Atlântico e Pacífico, cortando o Sul do continente latino americano (Argentina e Chile), conforme apresentado na figura 2.
A Ocultação de Mercúrio em 12 de dezembro de 2012
Em 12 de dezembro próximo a Lua, ocultará o planeta Mercúrio (mag -0.5). A fixa de visibilidade do evento recai sobre o continente antártico, conforme apresentado na figura 3.
A Ocultação de Júpiter pela Lua em 26 de dezembro de 2012
Na noite de 26 de dezembro próximo, a Lua + 95% iluminada e com uma elongação de 154°, ocultará o planeta Júpiter (mag. 2.3) e (conseqüentemente) seus principais satélites naturais (Veja maiores informações na resenha do Sky and Observers).
Mercúrio = Começa esse mês na constelação de Libra, novamente ele encontrar-se em dicotomia (meia-fase) neste primeiro dia. Será interessante também, pois o planeta atingira sua máxima elongação em 04 de dezembro, desta feita com 20.6° Oeste e uma magnitude de -0.5; ela ainda fará uma rápida passagem pela constelação de Escorpião no período de 13 a 16 de dezembro, quando chegará nos limites da constelação de Ophiuchus. Esta permanência ali também será breve, visto que alcança a constelação de Sagitário no dia 29 ficando ali até o final deste mês, com sua elongação, contudo diminuído para uma nova conjunção com o Sol.
Vênus = Este planeta estará na constelação de Libra até o dia 18 deste mês quando então, também fará uma breve passagem naquela região celeste pelo menos até o dia 22/12, chegando nesta data à constelação de Ophiuchus, permanecendo ali até o fim deste mês. Suas respectivas elongações continuam diminuindo chegando no dia 15 com 24.9°, o que é também um fator com que faz suas magnitudes serem estimadas em -4.0 neste dia e -3.9 no dia 31/12.
Lua (Fases) = As fases lunares este mês, ocorrerão nas datas e horários do fuso horário de Brasília (UT = + 03:00 h) mencionadas de acordo com o quadro 1:
Marte = Estará na constelação de Sagittarius até o dia 25 próximo, quando então ingressará na constelação de Capricórnio, ficando ali até o final deste mês. Como sua elongação vem diminuindo cada vez mais neste período, seu ocaso vem ocorrendo cada vez mais cedo também; isso faz com que Marte; deixe a esfera celeste noturna cada dia mais cedo, entretanto sua magnitude continua em torno de 1.2.
Júpiter = Júpiter será novamente o grande protagonista dos eventos celeste este mês. Ele vem chamando bastante atenção dos observadores, visto que desde o mês de setembro quando seu diâmetro aparente atingiu mais de 40 segundos de arco, chegando nessa oposição com 45.3”, conforme apresenta a Figura 4 abaixo. A conseqüência imediata então será a magnitude de -2.8 apresentada pelo planeta nesta época e também de sua distância a Terra que será de 4.068837 ua.
Novamente trata-se a tabela 2 abaixo, as respectivas magnitudes para o início, meio e término do mês às 00:00 (TU) dos satélites galileanos.
Na tabela 3, podemos encontrar novamente os horários (UT – Tempo Universal) previstos dos trânsitos da Grande Macha Vermelha (GRS) para este período.
A ocultação desse planeta pela lua em 26 de dezembro será sem dúvidas uma das oportunidades observacionais mais fantásticas neste restante de ano.
Saturno = Ainda visível durante as madrugadas, Saturno vem aos poucos aumentando sua elongação, que terminou o mês anterior com 31.9° W, mas chegará ao final do ano com 60.4° W, sua magnitude continua estima em 0.6 por todo esse mês; Saturno também terminará no próximo dia 06/12 sua passagem pela constelação de Virgo ingressando em seguida na constelação de Libra.
Urano = O planeta Urano estará em sua máxima declinação sul (1.2°) no dia 11/12, sendo que estando estacionário em 13/12, inicia o seu movimento prógrado em relação à eclíptica e ao equador. Sua magnitude de 5.8 na constelação de Pisces, ainda facilita bastante sua localização na primeira parte da noite, pois a sua elongação será de 84.9° E no último dia deste mês.
Netuno = Ainda será possível localizar Netuno neste período, ficando atentos na fase da Lua nova, pois sua elongação ainda é considerada oportuna para essa finalidade, sua posição pouco variou, pois continua na constelação de Aquário e com magnitude estimada de 7.9.
Ceres e Plutão = O pequeno planeta Ceres estará até 02/12, quando então ingressará na constelação de Taurus após essa data, ficando ali até o fim do mês. A sua oposição ocorrerá em 18 de dezembro próximo, quando então Ceres estará com a magnitude de 5.9 e a uma distância de 2.668586 UA do Sol. Plutão As elongações do diminuto planeta Plutão neste mês de dezembro vem diminuindo sensivelmente, pois ele estará em conjunção com o sol no próximo dia 30/12, separado apenas 3.3° graus deste (muito embora a real distância entre ambos seja de 33.340309 UA). Mas observadores localizados no sudeste da Ásia poderão acompanhar uma ocultação de Plutão pelo disco Lunar, ondea faixa de melhor visibilidade ocorre em Bangladesh, Nepal, Índia, Sul da China, Paquistão e no Sri-Lanka conforme apresentado na figura 5.
Nas demais nações do continente africano, o evento ocorrerá durante a luz do dia, impossibilitando assim seu monitoramento.
Notas:
(ua) = Unidade Astronômica. Unidade de distância equivalente a 149.600 x 106m. Convencionou-se, para definir a unidade de distância astronômica, tornar-se como comprimento de referência o semi-eixo maior que teria a órbita de um planeta ideal de m=0, não perturbado, e cujo período de revolução fosse igual ao da Terra.
(a.l) = Ano Luz. Unidade de distância e não de tempo, que equivale à distancia percorrida pela luz, no vácuo, em um ano, a razão de aproximadamente 300.000 Km por segundo. Corresponde a cerca de 9 trilhões e 500 bilhões de quilômetros.
CONSTELAÇÃO:
Cetus
Muito embora a lenda que cerca a história dessa constelação, não penso que sejam as baleias animais monstruosos como foi apregoado, aliás, pelo que tivemos a oportunidade de acompanhar algumas décadas passadas, nós próprios éramos os verdadeiros predadores dos mares. A constelação embora extensa, em princípio não vai chamar muito a atenção dos observadores num primeiro momento devido a não existência de estrelas brilhantes, mas essa concepção será bastante alterada se apenas buscar em Mira – Omicron Cet – (a Maravilhosa), todo o histórico dessa estrela variável para perceber o quanto é importante sua compreensão.
Será bastante interessante em nosso entendimento sobre essa constelação (figura 6, abaixo), saber que 5 estrelas marcam a cabeça de Cetus e desse delineamento podemos destacar Menkar (2.5), Kaffaljidhma (3.4), Xi2 Cet (4.2), Mu Cet (4.2) e Lambda Cet (4.7); dessas estrelas Menkar (Alpha Cet), uma gigante vermelha de classe espectral M1.5IIIa, será o nariz dessa baleia celeste; já Kaffaljidhma, de classe espectral A3V é uma dupla física, com uma companheira de magnitude 7.3, estará na outra extremidade da base da cabeça.
Na outra extremidade desta constelação temos a seguinte composição de estrelas que representará a grande cauda desse cetáceo; entretanto é bastante tentador dizer que Mira (3.0) está no coração essa gigante constelação. Assim Baten Kaitos (3.7) uma gigante de cor laranja poderá ser tomada como marco inicial nesta área da constelação. Eta Cet (3.5) outra estrela gigante alaranjada, marcará os contornos iniciais de uma das barbatanas caudais, assim como Pi Cet (4.2) sinalizará a outra extremidade que serão finalizadas quando vislumbramos Tau Cet (3.5), uma na amarela muito parecida com o Sol e também próxima. Esse contorno celeste será finalização com mais uma estrela gigante alaranjada, pois Diphda (2.0) ou Deneb Kaitos como também é conhecida, possuiu a classe espectral G8V.
A Nebulosa 246
Embora podemos perceber em M 77 aplicando-se um telescópio refletor newtoniano de 140 mm e aumentos na ordem de 140 a forma ovóide de uma galáxia espiral, chamo a atenção dos observadores para o NGC (new General Catalogue) 246. Essa nebulosa planetária apelidada de nebulosa do Crânio, foi descoberta em 1785 por William Herschel e está localizada cerca de 6° ao norte-nordeste de Deneb Kaitos e cerca de 1,5 ° ao sul-sudeste de Phi 1 Ceti.
A nebulosa é relativamente pequena e fraca. Com um pequeno telescópio a débil luz da nebulosa é quase dominada pelas estrelas sobreposta em primeiro plano. Telescópios maiores apresentam a nebulosa de forma mais clara, especialmente quando aplicado um filtro específico para a observação destes objetos de céu profundo.
A complexa estrutura trançada do anel azul do exterior de NGC 246, visível nesta imagem obtida pelo Spitzer Space Telescope – IRAC (NASA / JPL – Caltech / J. Hora (Harvard-Smithsonian CfA) na figura 7, apresenta a resultante da ação de ondas de choque, onde os gases em alta velocidade são empurrados para fora a partir da quente estrela central (~ 200000 K) e podem também contribuir para o caos visível. Colisões entre estes ventos rápidos e as capas chocando-se poderiam explicar os lobos distintos verdes escuros e vazios visíveis na metade da concha interior.
Essa expansão desigual ao longo dos eixos principais da nebulosa mostra uma visível assimetria: a estrutura externa do NGC 246 tem a forma de um anel oval. Sua borda (superior) parece mais brilhante e nítida do que a sua borda traseira (inferior). A estrela binária central é ligeiramente deslocada para ponta, como os astrônomos previram. (Para mais detalhes sobre a dinâmica das nebulosas planetárias, e esse objeto em particular, ver os trabalhos de Muthu et al. E Soker et al.).
Boas Observações!
Referências:
- Mourão, Ronaldo Rogério de Freitas - Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ) - 1987, 914 P.
- Campos, Antônio Rosa - Almanaque Astronômico Brasileiro 2012, Ed. CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), Belo Horizonte (MG) - 2011, 104P.
- Burnham, Robert Jr. – Burnham's Celestial Handbook. Dover Publications, Inc., 1978. ISBN 0-486-23673-0 pp. 1730–1740.– Inc. New York – USA, 1978.
- http//www.daviddarling.info/encyclopedia/S/Skull_Nebula.html – Acesso em 07 Out 2012.
- Astronomical Software Occult v4.1.0.0 (David Herald - IOTA) - acesso em 27/11/2012.
- Cartes du Ciel - Version 2.76, Patrick Chevalley - http://astrosurf.org/astropc - acesso em 27/11/2012.
- Astronomical Software Occult v4.1.0.0 (David Herald - IOTA) - acesso em 27/11/2012.
- Cartes du Ciel - Version 2.76, Patrick Chevalley - http://astrosurf.org/astropc - acesso em 27/11/2012.